Por Me. Cláudio Fernandes
Assim como os astecas e os maias, que se notabilizaram entre as civilizações da América Pré-colombiana com grandiosas e complexas obras de engenharia, a Civilização Inca, que floresceu na América do Sul, sobretudo na região do atual Peru, também foi e continua sendo foco de interesse de estudos na área de história das invenções. Além das construções de habitação, como podem ser vistas na cidade de Machu Picchu, os incas também desenvolveram tecnologias com cordas trançadas capazes de construir pontes.
Recentemente, um pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, John A. Oschendorf, afirmou que historiadores e arqueólogos têm menosprezado a importância desse tipo de tecnologia inca. Há, segundo Oschendorf, uma estimativa de que cerca de 200 pontes feitas com cordas de fibra têxtil possam ter sido construídas com o objetivo de ligar as regiões mais longínquas do império inca com o seu centro, a cidade de Cuzco.
O jornalista John Noble Wilford reproduz o relato de um cronista peruano que testemunhou a confecção de uma dessas pontes. Segue o relato: “Garcilaso de la Vega relatou, em 1604, como os cabos eram feitos. As fibras, escreveu, eram trançadas em cordas do tamanho necessário para a ponte. Três dessas cordas eram costuradas para fazer uma corda maior, e três delas costuradas para fazer uma maior ainda, e assim por diante, os cabos grossos eram lançados através do rio com cordas pequenas e amarrados a saliências de pedra. Três dos cabos grandes serviam de piso para a ponte, que geralmente tinha pouco mais de um metro de largura. Outros dois serviam de corrimãos. Pedaços de madeira eram amarrados ao piso, que depois era coberto de ramos para dar um passo firme a animais de carga.” [1]
Esse processo de fabricação da ponte exigia um contingente de homens habilidosos, com exímio domínio técnico e com precisão e força para o trançamento das cordas. Como os incas habitavam as regiões montanhosas e íngremes do Peru, essas pontes de cordas de fibra tornaram-se imprescindíveis para transpor as falésias e abismos entre uma montanha e outra ou os vãos que se abriam no caminho percorrido em uma mesma rocha (ver imagem no topo de texto).
Muitas dessas edificações resistem até hoje e a técnica que nelas foi empregada ainda é cultivada por nativos peruanos, que dela se valem para construir desde utensílios domésticos até construções mais complexas.
NOTAS
[1]: Wilford, John Noble. Equipe reconstrói ponte inca nos EUA. FOLHA DE SÃO PAULO, São Paulo, Segunda-feira, 14 de mais de 2007.
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