Mais de 2 mil anos antes da chegada dos conquistadores espanhóis, os incas já tinham uma cultura rica e própria, diferente das de outros povos pré-colombianos. Com o passar dos séculos, os incas alargaram seus territórios e foram assimilando características de outras culturas: chavins, nascas, huaris, paracas, tiahuanacos, mochicas e chimús. Pouco antes da descoberta da América, os incas dominavam um grande território que abrangia litoral e montanhas e haviam desenvolvido uma arte sofisticada, original e de elaborada técnica.
A arquitetura inca destaca-se pela sobriedade. No litoral, os prédios eram construídos de adobe e, na região andina, de pedra. As plantas dos prédios costumavam ser retangulares, embora arqueólogos tenham descoberto construções de formas arredondadas. Datam do período anterior à consolidação do grande império inca (em torno do século XV), algumas construções imponentes como o Templo em degraus de Chavín de Huántar - decorado com baixos-relevos e peças de cerâmica -; a Porta do Sol de Calasaya e o Palácio de Huaca del Sol. Após a consolidação do império, foram erguidos os gigantescos monumentos de Cuzco, trabalhados em pedras encaixadas com precisão quase matemática. Deve-se destacar, como um dos mais belos exemplos da arquitetura inca, as ruínas de Machu Picchu, uma cidade construída nos Andes, talvez em 1450. Esta cidade, só descoberta no início do século XX, tanto pode ter servido como local de cerimônias religiosas, como para que os incas se protegessem dos espanhóis durante as guerras de conquista. Em Machu Picchu destacam-se o conjunto de terraços e o observatório astronômico.
O artesanato têxtil alcançou, entre os incas andinos, um grande apuro técnico. Os tecidos incas destacavam-se pelos estampados variados e de cores vivas. Os incas conheciam a técnica de produção de vários tipos de tecidos graças à facilidade de matéria-prima: cultivo de algodão e as lãs fornecidas pelas lhamas e alpacas. No artesanato têxtil era comum a aplicação de plumas nos mantos e chapéus.
A ourivesaria — e, em geral, o trabalho em metais —, também alcançou alto grau de desenvolvimento. O Museu do Ouro, em Lima, no Peru, guarda objetos de extraordinária beleza. Embora a maior parte das peças tenha sido destruída pelos espanhóis durante a ocupação do território, ainda sobraram mantos sacerdotais bordados a ouro, luvas de ouro (manoplas) também para uso dos sacerdotes, capacetes ornados, copos, taças, pratos, brincos e placas peitorais. O museu também expõe instrumentos cirúrgicos de ouro e um crânio que passou por uma cirurgia para que, uma parte do osso, fosse substituída por uma placa de ouro. No intuito de educar os futuros imperadores, criados em total reclusão, os incas produziram, em ouro, pequenas esculturas que reproduziam atos sexuais. A prata era usada cotidianamente e, dos objetos feitos neste material, restaram poucos exemplares: canecas, jarras, pratos, talheres e enfeites domésticos.
Das artes produzidas pelos incas nenhuma, porém, foi tão original quanto a cerâmica. Os diferentes estilos e técnicas nos permitem, hoje, estudar a evolução do império e a sucessão de culturas que acabaram por criar a cultura inca. Em Chavín e Paracas, as cerâmicas eram entalhadas ou pintadas com figuras de felinos. A espessa cerâmica de Tihuanaco era pintada de vermelho ou cor de laranja e, geralmente, apresentava a forma de uma taça sem pé. Uma serpente se enroscava nesta taça e a cabeça do réptil ultrapassava o limite superior da taça. Em Recuay manufaturava-se uma cerâmica quase branca, com decoração entalhada. Nazca desenvolveu uma cerâmica delicada e de finíssima espessura: bastante polida, era enfeitada com frutos e flores. A cerâmica de Nazca é conhecida mundialmente por utilizar, como elemento decorativo, cabeças humanas reduzidas e mumificadas.
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