Guerra das Duas Rosas

A Guerra das Duas Rosas foi o conflito entre duas famílias da nobreza inglesa: York e Lancaster. O fim do duelo deu início ao absolutismo na Inglaterra.
Reis e rainhas da dinastia Tudor, que pôs fim à Guerra das Duas Rosas: Henrique VII, Henrique VIII, Eduardo IV, Maria I, Elizabeth I.
Reis e rainhas da dinastia Tudor, que pôs fim à Guerra das Duas Rosas: Henrique VII, Henrique VIII, Eduardo IV, Maria I, Elizabeth I.
Imprimir
Texto:
A+
A-

A Guerra das Duas Rosas foi um conflito entre duas famílias da nobreza inglesa (York e Lancaster) do século XV pela sucessão do trono. A guerra teve fim com a vitória dos Lancaster e como consequência houve a consolidação da monarquia absolutista na Inglaterra.

Leia também: Reforma Protestante — movimento que surgiu com o monge Martinho Lutero

Resumo sobre a Guerra das Duas Rosas

  • O contexto histórico da Guerra das Duas Rosas se resume na disputa pelo trono originada por causa da instabilidade política criada pela sucessão após a morte de Eduardo III e a sucessão de Ricardo II.

  • As causas da guerra foram a busca por poder e a ocupação do trono pelas famílias York e Lancaster.

  • A guerra recebeu esse nome por conta do símbolo (brasão) das duas famílias, York e Lancaster: a rosa branca e a rosa vermelha.

  • O início da guerra se deu na Batalha de Saint Albans, em maio de 1455, entre os soldados de Henrique VI e Ricardo de York e sua tropa.

  • O rei Henrique VI foi deposto em 1465, capturado e encarcerado na Torre de Londres.

  • Eduardo IV retornou ao trono em 1471 com a ajuda de seu cunhado, Duque de Borgonha, Carlos.

  • A guerra terminou em 1485 com a coroação de Henrique VII, da família Lancaster, com o apoio dos Tudor.

  • A consequência do término foi o estabelecimento da monarquia absolutista inglesa.

Videoaula sobre a Guerra das Duas Rosas

Contexto histórico da Guerra das Duas Rosas

O contexto histórico da guerra tem a ver com a dinastia Plantageneta e os percalços que ocorreram em sua sucessão, especialmente com Ricardo II, que reinou de 1377 a 1399.

Seu antecessor foi Eduardo III, e, após sua morte, seu herdeiro não assumiu, porque também estava morto. A coroa, então, ficou com o neto, Ricardo de Bordeaux, depois chamado de Ricardo II, que tinha apenas dez anos na época, o que fez com que a nobreza inglesa ficasse insatisfeita, especialmente os Lancaster.

Ao longo do tempo, Ricardo II se tornou um tirano que aumentou muitos tributos, o que contribuiu mais ainda para sua impopularidade. Seu reinado acabou por causa do golpe dado pelos Lancaster, em 1399. As décadas seguintes à deposição foram marcadas por disputas entre a nobreza. O reinado de Henrique VI foi o mais marcado por essas disputas.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Henrique de Bolingbroke era o antigo nome de Henrique VI, que era filho de um duque de Lancaster e primo de Ricardo II. Os dois começaram a ter pequenas brigas. Assim, quando o Duque João Gante morreu, o rei usou seus poderes tirânicos e baniu Henrique do país, chegando a retirar, inclusive, sua herança.

Depois de um tempo, Henrique, já regresso à Inglaterra, armou um levante militar contra Ricardo II requerendo suas posses e herança. Com as características já elencadas sobre o rei, o levante foi ganhando força, até que Ricardo II foi deposto, e Henrique VI assumiu o trono.

Após a deposição de Ricardo II, Henrique IV iniciou seu reinado, que durou de 1399 a 1413. Os Lancaster conseguiram ficar um bom tempo no trono, já que, depois de Ricardo, foram reis: Henrique V, de 1413 a 1422, e Henrique VI, de 1422 a 1461 e, posteriormente, em 1470 e 1471.

A Guerra das Duas Rosas começou, de fato, em decorrência da disputa pelo trono que ocorreu no império de Henrique VI, pois ele, semelhantemente ao monarca anterior, não tinha muito apoio dos nobres, ao ponto de ser acusado de louco e de fraco. A historiografia descreve que, provavelmente, ele tinha, sim, transtornos psiquiátricos, só não se sabe ao certo quais. As hipóteses apontam depressão e/ou esquizofrenia. Já sua fama de fraco se deu devido à perda da Inglaterra na Guerra dos Cem Anos, contra a França.

Com tudo isso, Henrique VI foi colocado como um governante incapaz, o que o fazia vítima de manipulações. Uma delas, aliás, realizada por sua própria esposa, Margarida de Anjou.

Novamente, a insatisfação dos nobres movimentou erguimentos conspiratórios, que se aproveitavam, principalmente, de sua condição psiquiátrica. Relata-se que durante um de seus “surtos” (que incapacitam os sujeitos por algum tempo e, em seu caso, vinha a incapacidade de governar), Ricardo Plantageneta, Duque de York, assumiu o posto de Lorde Protetor do país, atividade que exerceu por pouco tempo, somente nos anos 1454 e 1455, pois Henrique IV teve plena recuperação e reassumiu o trono. Todavia, Ricardo e Henrique continuavam disputando.

Leia também: Guerra dos Trinta Anos — conflito que surgiu pelas disputas entre católicos e protestantes

Por que a Guerra das Duas Rosas recebeu esse nome?

A Guerra das Duas Rosas (ou somente Guerra das Rosas) foi assim nomeada por causa dos símbolos das duas famílias constantemente em disputa, os Lancaster e os York. O símbolo dos primeiros era uma rosa vermelha, enquanto o dos segundos era uma rosa branca. Com o fim da guerra, Henrique Tudor foi coroado. Ele era descendente dos Lancaster. Então, simbolizando a conciliação, além de se casar com uma York, fundiu as duas rosas em um novo símbolo, chamado “rosa de Tudor”.

Como ocorreu a Guerra das Duas Rosas?

A Guerra das Duas Rosas aconteceu entre os anos 1455 e 1485. Foi um conflito entre civis das dinastias Lancaster e York (ambas descendentes da dinastia Plantageneta), que rivalizavam pelo trono da Inglaterra. A guerra foi encerrada com a ascensão de uma terceira dinastia: os Tudor.

  • Início da Guerra das Duas Rosas

O primeiro combate que estreou, de fato, a Guerra das Duas Rosas foi a Batalha de Saint Albans, em maio de 1455. Nela, o batalhão de Henrique VI foi conduzido ao enfrentamento a Ricardo de York e sua tropa. Ao final, o rei foi vencido.

Por conseguinte, Henrique VI foi preso. Enquanto isso, seu filho, Eduardo de Westminster, e sua mulher, Margarida de Anjou, fugiam. Henrique foi pressionado a reconhecer Ricardo de York como Lorde Protetor. As contendas entre eles continuaram ainda por anos.

Em 1459, ocorreram diversas batalhas: de Blore Heath, Ludford e Northampton. Em uma dessas, em Wakefield, no ano de 1460, os Lancaster conseguiram capturar e matar Ricardo de York e seu filho, Edmundo, Conde de Rutland.

  • Deposição de Henrique VI

Apesar de Ricardo de York ter sido executado, a guerra continuou pelas mãos de seu filho mais velho, Eduardo, que se tornou Duque de York após a morte do pai. Nos combates em Mortimer’s Cross e Saint Albans, ele pode contar com as forças de Ricardo Neville, Conde de Warwick.

Entre essas batalhas, destaca-se a de Towton, em 1461, da qual os York saíram vencedores, e o rei, sua esposa e filho tiveram que fugir para a Escócia. Com isso, Eduardo foi coroado, tornando-se Eduardo IV. A dinastia Lancaster apresentou resistência contra Eduardo IV até 1464. Henrique VI, antigo monarca, foi capturado e encarcerado na Torre de Londres em 1465.

 Retrato de Henrique VI
 Henrique VI foi o terceiro e último rei da Inglaterra da dinastia Lancaster.
  • Retorno de Eduardo IV ao trono

Eduardo IV tornou-se rei em junho de 1461. Sua ascensão deveu-se à aliança com o Conde de Warwick, que, além de já ter muita influência e riquezas, ainda adquiriu mais ganhos durante a guerra. Porém, durante seu mandato, a relação entre os dois esmoreceu, pois Warwick fez negociatas com o rei da França, Luís XI, planejando o casamento entre a filha do francês e Eduardo IV. Este, por sua vez, acabou se casando em segredo com uma mulher da pequena nobreza, Elizabeth Woodville.

O conde enxergou como humilhante esse matrimônio sigiloso. Além do mais, isso possibilitou que a família de Elizabeth subisse de posição na sociedade nobre da Inglaterra, fazendo com que a de Warwick (os Neville) perdesse privilégios. Enfim, veio o afastamento definitivo entre os ex-aliados, e, em 1469, o conde se associou aos rivais de Eduardo IV, os Lancaster, e ainda convenceu o irmão do rei a ir junto, traindo-o.

Em 1470, um ano depois, Eduardo IV foi surpreendido por uma revolta contra ele, organizada pelo Conde de Warwick. Por conta disso, o rei precisou sair do país, refugiando-se na Holanda e, posteriormente, na região francesa da Borgonha, onde seu cunhado, Carlos, era duque. Enquanto isso, Henrique VI voltou ao poder.

Com a ajuda de Carlos, Eduardo IV recobrou sua combatividade e, em 1471, coordenou uma campanha para uma invasão em seu país natal. Em pouco tempo, seus homens tomaram Londres, mesmo encarando o esquadrão organizado pelo Conde de Warwick, que morreu nesse combate. Essa batalha ficou conhecida como Batalha de Barnet.

Henrique VI, que já havia retornado à Inglaterra, também conseguiu que sua esposa e filho voltassem. Em seguida, foram reunidos vários partidários dos Lancaster, que participaram da Batalha de Tewkesbury. Os Lancaster foram derrotados, e o filho de Henrique foi morto. Dentro de pouco tempo, Eduardo IV mandou executar também Henrique VI.

Retrato de Eduardo IV
Eduardo IV foi rei da Inglaterra de 4 de março de 1461 a 3 de outubro de 1470.

Fim da Guerra das Duas Rosas

Após a conquista sobre os Lancaster, Eduardo IV governou a Inglaterra até 1483, quando faleceu por causas não reveladas. O sucedimento seria do seu filho, Eduardo V. Contudo, o tio, Ricardo, Duque de Gloucester, foi designado Lorde Protetor da Inglaterra, porque Eduardo V ainda era uma criança. Porém, o tio armou uma emboscada e ordenou a prisão de Eduardo e seu irmão. Além disso, emitiu documento dizendo que o casamento de Eduardo IV era ilegítimo. Assim, ele foi coroado e se tornou Ricardo III. Seus sobrinhos, em seguida, sumiram. Por mais que pareça ser o mais lógico, nunca existiram fontes que comprovassem que o tio mandou matar os sobrinhos.

Ricardo III esteve no trono inglês até 1485. O nome de Henrique Tudor, descendente dos Lancaster, que viria a ser o rei, começou a ser cogitado nessa época. Naquele ano, Henrique Tudor reuniu tropas e armou um esquadrão que ocupou a Inglaterra. Ricardo III tentou defender seu reinado. Desse confronto, Tudor saiu vencedor, e Ricardo III morreu. Esse embate ficou conhecido como Batalha de Bosworth Field.

Os York perderam o poder após essa vitória dos Tudor. Dessa maneira, os Lancaster voltaram ao trono na coroação de Henrique VII.

A fim de acabar com as disputas entre as dinastias, Henrique Tudor se uniu em matrimônio a Elizabeth York, filha de Eduardo IV. Assim, foi encerrada a Guerra das Duas Rosas, iniciada a dinastia dos Tudor e estabelecido o poder absolutista inglês.

Leia também: Absolutismo — o sistema político que defendia o poder absoluto do monarca

Consequências da Guerra das Duas Rosas

A consequência principal da Guerra das Duas Rosas foi o estabelecimento da monarquia absolutista (predominante durante toda a Idade Moderna na Europa) inglesa. Ou seja, o rei passou a governar de maneira absoluta, e todas as pessoas lhe eram fiéis. Ele não era mais, como foi em toda a Idade Média, apenas um líder militar, mas, sim, dotado de amplos poderes. 

Por Mariana de Oliveira Lopes Barbosa