Conquista da América Espanhola

A conquista da América Espanhola foi marcada pelo uso de violência contra os povos nativos desde a chegada dos espanhóis em 1492.
Quadro de 1892 retrata a chegada dos espanhóis na América, em 1492
Quadro de 1892 retrata a chegada dos espanhóis na América, em 1492
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A conquista da América Espanhola foi o processo de ocupação da América pelos espanhóis e consequente controle sobre as áreas até então ocupadas pelos povos nativos. O avanço dos conquistadores aconteceu pouco a pouco, à medida que eles conheciam e descobriam novas regiões e deu-se, principalmente, pelo uso da violência contra os nativos.


Contexto histórico

Com a chegada dos espanhóis à América em 1492 na expedição liderada por Cristovão Colombo, iniciou-se um grande processo de ocupação desse território. Os conquistadores encontraram na América – chamada de Índias por eles – grandes civilizações que possuíam estruturas políticas e sociais bastante complexas, o que conferiu grandes dimensões ao empreendimento espanhol. A chegada dos espanhóis ao continente americano aconteceu durante o processo das grandes navegações, que ocorreram a partir do século XV em virtude da necessidade de encontrar novas rotas comerciais para expandir o comércio europeu. Aqueles que se arriscaram a cruzar o Atlântico nesse projeto de expansão procuravam a chance de enriquecimento, principalmente com a obtenção de metais preciosos, como ouro e prata.


Características da conquista

Os espanhóis que participaram das expedições de exploração e conquista faziam por vontade própria, portanto, esses empreendimentos consistiam em iniciativas particulares. Ainda assim, essas incursões deveriam receber a autorização da Coroa Espanhola na Casa de Contratação.

O desejo de enriquecimento era o que motivava a participação nesses empreendimentos de conquista. Os chefes das expedições eram, em geral, membros da baixa nobreza espanhola e as tropas eram formadas por soldados e camponeses pobres que procuravam melhores condições de vida.

Em números imprecisos, estima-se que por volta de 100 mil espanhóis tenham cruzado o Atlântico em direção ao Novo Mundo e lá foram responsáveis pela conquista de milhões de nativos. A explicação para que um número tão pequeno de espanhóis conquistasse uma quantidade tão grande de nativos estava na superioridade de suas armas. Os espanhóis possuíam armas de fogo, lanças, espadas de metal e, principalmente, a besta, que davam vantagem para superar os grandes números de nativos em combates. Além disso, séculos de guerra e combate contra os muçulmanos na Península Ibérica deram aos espanhóis um grande conhecimento tático em guerras.

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A besta foi um armamento fundamental para os espanhóis nos combates contra os nativos
A besta foi um armamento fundamental para os espanhóis nos combates contra os nativos

A vitória espanhola também pode ser explicada pela questão biológica, pois o contato dos nativos com os espanhóis era, por vezes, mortal por causa de uma série de doenças que não existiam na América e que atingiram de maneira fulminante os indígenas, matando vários deles rapidamente. O medo também era um outro fator a ser levado em consideração, uma vez que muitos indígenas tinham completo pavor de cavalos, animais que não existiam na América até aquele momento, e pensavam que os espanhóis eram a encarnação de deuses, como no caso dos astecas, os quais acreditavam que os conquistadores liderados por Hernán Cortés eram mensageiros de Quetzacoatl, uma das principais divindades astecas.


Violência

A violência na conquista da América por parte dos espanhóis foi uma forte característica daquele momento e isso ficou evidente com os relatos do frei espanhol Bartolomeu de Las Casas, forte defensor dos indígenas, que agiu em defesa desses povos contra a brutalidade utilizada pelos espanhóis. Durante sua vida, ele escreveu uma série de textos denunciando a violência dos conquistadores e relatando os mais cruéis atos realizados. Segue um trecho de um dos relatos de Bartolomeu de Las Casas:

Seu lugar-tenente assassinou a muitos índios enforcando-os e queimando-os vivos. Lançando outros aos cães, cortando-lhes as mãos, a cabeça, a língua, estando eles em paz, isto somente para lhes incutir terror, a fim de que os servissem e lhes dessem ouro.|1|

Enquanto esteve vivo, Bartolomeu de Las Casas lutou para defender os indígenas e, por causa disso, fez inúmeros inimigos entre os espanhóis e, mesmo alcançando algumas vitórias, não pôde evitar que a violência fosse uma prática comum durante toda a conquista da América Espanhola.

|1| LAS CASAS, Bartomlomé de. O paraíso destruído: A sangrenta história da conquista da América Espanhola. Porto Alegre: L&PM, 2011, p. 72.

Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada ao assunto:

Por Daniel Neves Silva

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