O cenário de guerra na Ásia e no Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial colocou como principais forças o Japão e os Estados Unidos. A entrada americana na guerra aconteceu após o ataque japonês à base naval de Pearl Harbor. As agressões japonesas faziam parte do programa de expansão territorial e colonização da Ásia defendido pelo Japão ao longo da década de 1930. Os conflitos no cenário asiático ficaram marcados pela violência e resistência obstinada dos japoneses. O confronto entre Japão e Estados Unidos, iniciado em 1941, acabou em 1945 após o lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.
Pré-guerra
O Japão, durante a década de 1930, defendia a sua expansão territorial a partir da força de seus exércitos para que fosse desenvolvido um projeto de colonização em todo o Extremo Oriente. Esse projeto evidenciou o nacionalismo imperialista japonês, que se desenvolveu a partir da reformulação do ensino durante a Restauração Meiji (1868). O imperialismo japonês foi manifestado antes da Segunda Guerra Mundial em eventos como:
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Primeira Guerra sino-japonesa (1894-1895): Japão conquistou a península da Coreia, que pertencia à China;
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Guerra russo-japonesa (1904-1905): conquista da Manchúria e Port Arthur após guerra com a Rússia.
A partir de 1933, o Japão invadiu a China com a intenção de anexar a Manchúria oficialmente ao Império do Japão. A invasão japonesa na China resultou na Segunda Guerra sino-japonesa (1937-1945), na qual o Japão cometeu inúmeras atrocidades contra a população civil chinesa. Dois exemplos de violência cometida pelo exército japonês são os casos de estupro em massa cometidos contra mulheres chinesas e o uso de bombas biológicas em partes da China.
A expansão japonesa previa o confronto contra os Estados Unidos para expulsá-los definitivamente da Ásia (os EUA possuíam bases e soldados instalados nas Filipinas). Isso garantiria ao Japão caminho livre para dominar o sudeste asiático e, assim, ter acesso aos recursos naturais dessas regiões.
Pouco antes da agressão japonesa aos Estados Unidos, o Japão assinou o Pacto Tripartite e tornou-se membro do Eixo e aliado militar da Alemanha e Itália, em 1940. No final de 1941, o Japão atacou a base naval americana de Pearl Harbor e, assim, iniciou o conflito armado contra os Estados Unidos. O ataque forçou a adesão americana à Segunda Guerra Mundial.
Batalhas na Ásia e no Pacífico
Invasão americana na Ilhas Gilbert durante a Batalha de Tarawa em 1943. Foto colorida digitalmente
Pouco antes de atacar os Estados Unidos, o Japão já havia garantido o controle sobre a Indochina Francesa em uma invasão rápida e que contou com pouca resistência das tropas coloniais da França. Quando o ataque a Pearl Harbor aconteceu, o governo japonês veiculou-o a sua população e aos seus aliados do Eixo como uma grande conquista. Entretanto, alguns membros do exército japonês sabiam que as conquistas obtidas em Pearl Harbor eram mínimas ou nenhuma.
De qualquer maneira, no início do conflito, o Japão conseguiu expandir seu Império de maneira avassaladora, derrotando sucessivamente tropas britânicas, americanas e holandesas instaladas no sudeste asiático. Assim, os japoneses conquistaram a Malásia, Birmânia, Cingapura e Hong Kong dos britânicos; as Índias Orientais Holandesas dos holandeses, e as Filipinas dos americanos.
Em todos os casos, os relatos contam a extrema agressividade com a qual os japoneses tratavam civis e prisioneiros de guerra, conforme relata o historiador Max Hastings:
O novo regime de Tóquio caracterizava-se por uma brutalidade que os imperialistas despejados [britânicos], quaisquer que fossem seus defeitos, jamais demonstraram.
Os japoneses passaram a tratar prisioneiros do modo como eles pretendiam seguir na guerra. Depois da queda de Hong Kong, no Natal de 1941, os invasores iniciaram uma orgia de estupros e massacres que se estendeu a freiras e enfermeiras e a pacientes de hospital mortos a baioneta em seus leitos. Cenas similares ocorreram em Java e Sumatra, as maiores ilhas das Índias Orientais Holandesas […]. O exército japonês manteve em suas novas conquistas a tradição de selvageria, estabelecida na China […] |1|.
Apesar das vitórias iniciais, a capacidade de guerra do Japão era muito inferior à capacidade americana em medidas proporcionais das economias dos dois países, ou seja, a economia americana era muito maior que a japonesa e, assim, poderia financiar a guerra por muito mais tempo que o Japão. Isso se mostrou evidente a partir do segundo semestre de 1942, quando os Estados Unidos passaram a reconquistar todos os territórios ocupados pelo Japão entre 1940 e 1942.
Os historiadores consideram a batalha naval de Midway o grande marco da virada americana. Nessa batalha, a Marinha americana afundou quatro porta-aviões japoneses e impôs outras pesadas perdas materiais à Marinha Imperial Japonesa. Nesse momento, o Japão perdeu boa parte da sua capacidade de guerra pelo mar e, diferentemente dos Estados Unidos após Pearl Harbor, não conseguiu recuperar-se.
O avanço americano, entretanto, aconteceu de maneira lenta. Cada reduto ocupado pelos japoneses era defendido de maneira obstinada, o que impunha pesadas perdas de soldados aos Estados Unidos. Apesar disso, novas vitórias aconteceram progressivamente nas seguintes batalhas: Guadalcanal, Tarawa, reconquista das Filipinas, Iwo Jiwa e Okinawa.
Rendição Japonesa
Em 1945, com o fim da guerra na Europa e com o Japão cercado pelas forças americanas, os Aliados reuniram-se para debater o mapa da Europa no pós-guerra e os termos da rendição japonesa. Estimava-se que a invasão territorial do Japão resultaria em grande perda de vida (inclusive maiores do que as que aconteceram na invasão da Normandia, no Dia D) em virtude da resistência japonesa.
O Japão estava sendo castigado pelos bombardeios americanos sobre as suas grandes cidades, além de estar com a economia falida. Apesar disso, recusou a se render. Assim, para evitar uma invasão territorial, os Estados Unidos optaram por lançar as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki. Isso precipitou a rendição japonesa, mas a decisão americana de lançar bombas atômicas sobre civis foi considerada um crime de guerra.
Após a guerra, o comando-geral do Japão foi entregue ao general americano Douglas MacArthur, e o território japonês foi ocupado pelos Estados Unidos até 1952. Os Aliados também organizaram o Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente, no qual juristas de diferentes nações Aliadas julgaram os crimes de guerra cometidos a mando das lideranças japonesas.
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Notas
|1| HASTINGS, Max. O mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 231-232.
*Créditos da imagem: Everett Historical e Shutterstock
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