Saddam Hussein

Saddam Hussein foi ditador do Iraque por mais de duas décadas. Governou violentamente o país e foi capturado por tropas norte-americanas, depois da invasão no Iraque, em 2003.
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Saddam Hussein ficou marcado na história do século XX como um ditador iraquiano que assumiu a presidência de seu país em 1979. Hussein iniciou duas guerras, cometeu crime contra humanidade ao usar armas químicas contra os curdos, e foi deposto do poder quando o Iraque foi invadido por tropas norte-americanas, em 2003.

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Juventude

Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti nasceu no dia 28 de abril de 1917, em um vilarejo chamado Al-Auja, a poucos quilômetros de Tikrit, uma cidade localizada região norte do Iraque.

Saddam Hussein foi uma das figuras mais marcantes da história recente do Iraque.
Saddam Hussein foi uma das figuras mais marcantes da história recente do Iraque.

A infância de Saddam Hussein foi complicada porque ele não chegou a conhecer o seu pai, Hussein Abid al-Majid. Algumas fontes falam que ele morreu, durante o quarto mês da gestação de seu filho, vitimado por um câncer. Entretanto, outras fontes alegam que ele pode ter abandonado a sua família.

A situação se agravou porque sua mãe, Subha Tulfah al-Mussallat, sofreu de forte depressão durante sua gravidez. Isso aconteceu porque, além de perder o marido, ela perdeu o seu filho mais velho, também vítima de câncer. Por conta disso, ela teria tentado abortar e cometer suicídio, mas não teve sucesso em ambas ações.

Quando Hussein nasceu, ele teria sido rejeitado pela mãe, e então passou a ficar sob os cuidados de seu tio, Khairullah Tulfah. O tio teria sido sua referência paterna e dado todos os cuidados necessários para a sua criação. Tulfah também foi uma figura essencial para que Hussein tivesse acesso à educação e para que entrasse na política.

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Militância política

Aos 20 anos, Saddam Hussein abandonou os estudos em Bagdá e filiou-se a um partido que marcou a história do Iraque na segunda metade do século XX. O Partido Ba’ath surgiu na Síria e chegou ao Iraque na década de 1950. Com posições nacionalistas, era contrário ao domínio colonial europeu e defendia a união dos povos árabes em uma grande nação.

O ingresso de Hussein nesse partido aconteceu em 1957, e, no ano seguinte, a monarquia iraquiana foi derrubada. O Partido Ba’ath assumiu diferentes posições no interior do novo governo, uma república. Esse golpe havia sido liderado por Abd al-Karim Qasim, que contou com o apoio do Ba’ath.

A relação do Ba’ath com Qasim ficou ruim quando este se recusou a aceitar os planos de unificação propostos por Gamal Abdel Nasser, presidente do Egito. O projeto de Nasser era o de formar uma grande nação árabe que incorporasse os territórios de Egito, Síria e Iraque. A negativa de Qasim fez do Ba’ath seu inimigo.

Com isso, o partido passou a conspirar contra a vida de Qasim, e Saddam Hussein foi escolhido para liderar um atentado contra a vida do governante iraquiano. O plano de assassinato de Qasim foi executado em outubro de 1959, mas não teve sucesso. Por conta do fracasso e do risco que isso representava, Hussein e outros membros do Ba’ath tiveram que fugir do Iraque.

Hussein foi para a Síria, permanecendo por lá alguns meses, e então se mudou para o Egito, onde ficou por três anos. Seu retorno aconteceu porque, no começo de 1963, um golpe militar se deu no Iraque. O governo de Qasim foi derrubado por um golpe liderado por Abdul Salam Arif.

Esse golpe contou com o apoio do Ba’ath, o que permitiu que os envolvidos no atentado de 1959 pudessem retornar para o Iraque em segurança. Saddam Hussein pôde então retornar ao Iraque, mas tudo mudou no final de 1963, pois Arif deu um autogolpe no país, e o apoio do Ba’ath a ele acabou.

Hussein teve de viver na clandestinidade e participou de uma tentativa frustrada de golpe do Ba’ath. Arif ordenou uma perseguição contra o partido, e, nesse processo, Saddam Hussein acabou preso, em outubro de 1964. Sua permanência na prisão não foi muito longa, pois, em 1966, ele conseguiu escapar.

Depois da fugir da prisão, Saddam Hussein comprometeu-se com a luta pelo poder do Iraque. Ele ainda era membro do Partido Ba’ath, que almejava tomar as rédeas do país. Na ocasião, o presidente iraquiano era Abdul Rahman Arif, irmão do antigo presidente. Nesse momento, Saddam Hussein passou a ser uma figura muito importante nos quadros do Ba’ath.

Em julho de 1968, Hussein tomou parte de um golpe liderado por Ahmed Hassan al-Bakr. Por meio desse golpe, Arif se exilou no Iraque, e o Ba’ath finalmente tomou o poder iraquiano. Ahmed al-Bakr se tornou presidente do Iraque, e Saddam Hussein, o segundo homem do país.

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Saddam Hussein como ditador

Entre 1968 e 1979, Hussein não era o presidente iraquiano, mas, nesse período, foi angariando poder e prestígio para a sua imagem. Nesses mais de 10 anos, ele identificou a forte tendência da sociedade iraquiana para a fragmentação e que isso aumentava a instabilidade política do país. Isso o levou a combater qualquer tipo de oposição política.

A repressão acontecia tanto na sociedade quanto no interior do Partido Ba’ath. Ele também criou uma polícia secreta para monitorar a população iraquiana e impedir que movimentos de oposição ganhassem força. Para garantir mais apoio, ele investiu na modernização e no desenvolvimento da economia iraquiana.

Isso fortaleceu a economia do país, permitindo que o governo iraquiano fornecesse benefícios à população que poucos países da região ofereciam. Por outro lado, Saddam Hussein conseguiu montar uma estrutura de poder que permitia monitorar e esmagar qualquer iniciativa que grupos da oposição esboçasse. Em resumo, era um governo autoritário.

Em 1979, Saddam Hussein obrigou Al-Bakr a retirar-se da presidência, e, assim, ele assumiu oficialmente a presidência iraquiana. Hussein foi um governante autoritário, corrupto e violento. Durante esse período na presidência, ele cometeu crime contra a humanidade ao usar armas químicas contra a população curda que habitava no vilarejo de Halabja.

Essa ataque aconteceu em 1988 e foi uma represália do ditador ao apoio que a população desse vilarejo havia dado a tropas iranianas durante a Guerra Irã-Iraque. Esse conflito, inclusive, foi um desastre para o seu governo. Causou mais de um milhão de mortos, o Irã não foi derrotado, e a economia iraquiana sangrou com os gastos bélicos.

Outro conflito que Hussein iniciou foi a Guerra do Golfo, no qual Iraque e Kuwait se desentenderam por questões relativas ao petróleo e a dívidas que o primeiro contraiu com o segundo durante a Guerra Irã-Iraque. A invasão do Kuwait aconteceu em 1990 e mobilizou os Estados Unidos contra o Iraque.

A intervenção norte-americana rapidamente colocou fim na aventura iraquiana no Kuwait e abalou para sempre as relações entre Iraque e Kuwait.

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Últimos anos

A invasão norte-americana forçou Saddam Hussein a abandonar o poder no Iraque, em 2003.
A invasão norte-americana forçou Saddam Hussein a abandonar o poder no Iraque, em 2003.

Como mencionado, a relação entre Estados Unidos e Iraque, depois da Guerra do Golfo, permaneceu ruim. Os atentados terroristas promovidos pela Al-Qaeda, no dia 11 de setembro de 2001, alteraram radicalmente a posição dos Estados Unidos no Oriente Médio. A atuação norte-americana nessa região tornou-se mais intervencionista.

Com isso, governos hostis aos Estados Unidos, como o iraquiano, passaram a ser vistos como grande ameaça e tornaram-se alvo dos norte-americanos. Utilizando a justificativa da “guerra ao terror”, os Estados Unidos começaram a acusar o Iraque de possuir armas de destruição em massa. A alegação norte-americana era falsa, pois o Iraque não as tinha.

De toda forma, a invasão norte-americana no Iraque aconteceu no começo de 2003. Saddam Hussein foi obrigado a abandonar o poder do país e fugir para Bagdá. Ele se manteve escondido por alguns meses, mas foi capturado por tropas norte-americanas em Ad-Dawr. Ele foi levado a julgamento e condenado por crime contra a humanidade.

A execução de Saddam Hussein aconteceu no dia 30 de dezembro de 2006, e sua morte se deu por enforcamento.

Por Daniel Neves Silva