A queda do Muro de Berlim foi um dos acontecimentos mais marcantes do final do século XX e aconteceu na virada de 9 para 10 de novembro de 1989. A queda desse muro foi um dos capítulos que marcou a decadência do bloco socialista que existia no leste europeu e deu início a um processo político que culminou na reunificação da Alemanha, em 1990.
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Entendendo a construção do Muro de Berlim
O Muro de Berlim foi um produto da Guerra Fria e foi exatamente pelo enfraquecimento desse conflito político e ideológico que ele ruiu. Sua construção foi uma consequência da divisão da Alemanha, após a Segunda Guerra Mundial. Derrotada, a Alemanha foi ocupada por tropas de quatro países: França, Reino Unidos, EUA e URSS.
Essa ocupação foi determinante para o futuro alemão, uma vez que as zonas ocupadas por franceses, britânicos e norte-americanos ficaram sob influência capitalista e a parte ocupada pelos soviéticos ficou sob influência socialista. Isso fez com que a Alemanha fosse dividida em duas nações (o que também aconteceu com o Vietnã e a Coreia).
A República Federal da Alemanha (RFA) era chamada Alemanha Ocidental, tinha capital em Berlim Ocidental e era aliada dos Estados Unidos. A República Democrática Alemã (RDA), por sua vez, era conhecida como Alemanha Oriental, tinha capital em Berlim Oriental e era aliada da União Soviética. Essa divisão da Alemanha foi uma das grandes marcas da Guerra Fria.
Os dois governos alemães surgiram motivados pela disputa política e ideológica que se desenvolveu entre americanos e soviéticos no pós-Segunda Guerra. A rivalidade foi algo que marcou a relação dos dois países. Logo, tornou-se evidente que a Alemanha Ocidental oferecia uma abertura política maior e também uma economia mais pujante.
Como não existiam barreiras entre as Alemanhas, o fluxo de pessoas acontecia livremente e com a Alemanha Ocidental oferecendo melhores condições de vida à sua população, os habitantes da Alemanha Oriental começaram a mudar-se para lá. Entre 1948 e 1961, cerca de três milhões de pessoas fugiram da RDA para a RFA.
Isso era um grande problema para as autoridades da Alemanha Oriental, principalmente pelo fato de que o país perdia muita mão de obra qualificada com isso. A solução encontrada pela RDA foi realizar a construção de um muro para isolar Berlim Ocidental. Com isso, foi construída uma barreira física que dificultava a fuga de cidadãos da RDA para a RFA. O Muro de Berlim foi oficialmente erguido em 13 de agosto de 1961.
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Por que o muro foi derrubado?
A queda do Muro de Berlim relaciona-se com a desintegração do bloco de nações socialistas no leste europeu. A década de 1980 foi uma década de crise para o bloco socialista em geral e a situação não foi diferente para a Alemanha Oriental. O grande foco da crise era a economia ruim do país e a situação de vida dura da grande maioria da população.
Na década de 1980, a situação econômica da Alemanha Oriental era muito ruim, mas para mascarar a situação, o governante do país, Erich Honecker, fornecia subsídios que mantinha aquecido o consumo da população. O quadro da Alemanha Oriental agravava-se com o fato de que o governo desse país recusava-se a realizar reformas estruturais que eram necessárias.
O país enfrentava aumento na dívida externa, crescimento do deficit comercial e os investimentos no desenvolvimento estrutural do país estavam estagnados. Além disso, a economia da Alemanha Oriental era inteiramente planificada, o que gerava uma grande burocracia que reforçava a estagnação do país.
A situação econômica ruim agravava-se por conta do autoritarismo do governo daquele país. Não havia espaço para a divergência política e a Stasi (polícia política) agia energicamente para perseguir todos os opositores do regime. Esse quadro de crise econômica e falta de liberdade política gerava uma população insatisfeita que desejava sair do país, mas não o podia, porque as fronteiras estavam fechadas.
A insatisfação popular resultou em uma série de manifestações populares nas principais cidades da Alemanha Oriental. Em 1989, por exemplo, Berlim Oriental, Leipzig e Dresden presenciaram as maiores manifestações populares contra o regime da RDA desde a década de 1950. Os eventos de outros países do bloco socialista reforçavam a crise política da Alemanha Oriental.
Em maio de 1989, a Hungria decretou a abertura de suas fronteiras com o Ocidente e isso gerou um grande fluxo de cidadãos da Alemanha Oriental para lá. Essas pessoas que iam para Hungria desejavam aproveitar da abertura das fronteiras húngaras para encaminharem-se até a Áustria. Uma vez na Áustria, elas poderiam solicitar asilo na Alemanha Ocidental.
Os protestos na Alemanha Oriental ganhavam força, já que o regime do país negava-se a realizar reformas, como as que aconteciam na União Soviética na época, por exemplo. No final de outubro, Egon Krenz substituiu Erich Honecker no comando da RDA e realizou uma série de reformas emergenciais, como a anistia aos presos políticos. As mudanças, no entanto, aconteceram tarde demais.
Em 8 de novembro, uma série de ministros da RDA apresentaram sua demissão e o governo apresentou uma proposta de abertura das fronteiras com a Alemanha Ocidental para ser apreciada pelo Parlamento do país. A situação saiu do controle quando, em 9 de novembro, o porta-voz do governo, Günter Schabowski anunciou equivocadamente que as fronteiras com a Alemanha Ocidental estavam abertas de maneira imediata.
O anúncio foi realizado ao vivo em cadeia nacional de televisão durante uma coletiva de imprensa. Nas horas seguintes, milhares de pessoas foram aos postos de passagem exigindo o direito de passar para Berlim Ocidental. Como os guardas não entendiam o que estavam acontecendo, eles impediram a população de atravessar.
Para evitar uma tragédia, o próprio Egon Krenz autorizou a abertura de fronteiras e milhares de pessoas atravessam a passagem para Berlim Ocidental. Eufóricas, as pessoas reuniram-se ao redor do Muro de Berlim e iniciaram a sua depredação. Com o fim das restrições de fronteira, não havia mais motivos para o muro existir, assim a população começou a derrubá-lo na noite do dia 9 de novembro.
A queda do Muro de Berlim foi um ato apenas simbólico, mas marcou o início de um processo político que culminou com a reunificação da Alemanha. O chanceler da Alemanha Ocidental, Helmut Kohl, engajou-se para isso e, no dia 3 de outubro de 1990, a Alemanha reunificava-se e o lado socialista deixava de existir.
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