A Guerra Fria foi o conflito político-ideológico que se estabeleceu entre Estados Unidos e União Soviética após a Segunda Guerra Mundial. Essa polarização marcou o mundo de 12 de março de 1947 (data do discurso de Truman, então presidente dos EUA, anunciando a guerra contra o comunismo) a 26 de dezembro de 1991 (data da renúncia de Gorbatchev, último presidente soviético), causando diversos conflitos em outros países, como as guerras da Coreia, do Vietnã e do Afeganistão, além da divisão de outros, como a Alemanha, que teve até sua capital dividida (pelo Muro de Berlim).
Na América Latina, a Guerra Fria fez com que os EUA, via CIA, patrocinassem diversas ditaduras, inclusive a brasileira, que durou mais de 20 anos. O fim da Guerra Fria só aconteceu com o fim da URSS, e suas principais consequências foram: o estabelecimento do capitalismo como única ordem mundial e a criação de novos países na Ásia e no Leste Europeu.
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Resumo sobre a Guerra Fria
- As causas da Guerra Fria foram as disputas e os conflitos pós-Segunda Guerra Mundial, principalmente a divisão do mundo entre duas potências que despontaram: URSS, socialista, e EUA, capitalista.
- Uma das suas principais características foi a polarização.
- Seus principais acontecimentos foram: a Guerra da Coreia; a Revolução Chinesa; a Crise dos Mísseis em Cuba; a Guerra do Vietnã; e a Guerra do Afeganistão.
- Durante a guerra, um dos países que mais sofreram foi a Alemanha, que foi dividida em duas, e a capital, Berlim, também.
- O Brasil na Guerra Fria ficou no bloco capitalista, embora João Goulart, presidente da época, tenha adotado medidas que nos aproximavam da URSS, o que deu bases para o golpe militar.
- O fim da Guerra Fria se deu com a decadência e, consequentemente, o fim da URSS e da divisão do mundo entre capitalistas e comunistas.
- As consequências da Guerra Fria foram: criação de novos países na Ásia e no Leste Europeu, criação da Otan e estabelecimento do capitalismo como única ordem mundial.
Videoaula sobre Guerra Fria
Quais foram as causas da Guerra Fria?
A Guerra Fria foi uma consequência direta do fim da Segunda Guerra Mundial e de como se configurou o mundo após aquele conflito, com a disputa de duas potências com modelos políticos e econômicos completamente distintos: de um lado, os Estados Unidos (EUA), capitalista, e, do outro, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), socialista. Ambos buscavam conquistar novos países sob seu domínio e estabelecer uma nova hegemonia mundial.
Características da Guerra Fria
- Polarização: o mundo ficou dividido em dois grandes blocos: um adepto ao capitalismo e, portanto, apoiado e apoiador dos EUA, e outro em apoio à União Soviética e adepto do socialismo.
- Grande quantidade de acordos e tratados econômicos e militares: os quais visavam a saídas diplomáticas para a guerra.
- Interferência externa: sendo a Guerra Fria uma disputa por hegemonia e territórios, a interferência externa foi uma marca do período, pois tanto URSS quanto EUA usavam e abusavam de suas influências em diversos países, não só nos próximos. Dessa maneira, foram dados vários golpes de Estado na América Latina e surgiram diversos conflitos na Ásia e na África.
- Corrida armamentista: durante todo o período da Guerra Fria (1947-1991), EUA e URSS disputavam não só via ideologia mas também com armas ameaçadoras. Assim, as tecnologias para tal fim foram extremamente desenvolvidas em ambos os lados ao longo dos anos.
- Corrida espacial: na disputa entre americanos e soviéticos, os dois países também investiram no desenvolvimento tecnológico espacial. Assim, quem primeiramente enviou um satélite (o Sputnik 1, em 1957) bem como um animal (a cachorra Laika, em 1957) e um homem (Yuri Gagarin, em abril de 1961) ao espaço foi a URSS. Já os EUA levaram o primeiro homem à Lua (julho de 1969).
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Quais foram os principais acontecimentos da Guerra Fria
Os acontecimentos mais importantes da Guerra Fria foram: a Guerra da Coreia; a Revolução Chinesa; a Crise dos Mísseis em Cuba; a Guerra do Vietnã; e a Guerra do Afeganistão.
- Guerra da Coreia (1950-1953): foi resultado da divisão, feita pela URSS e os EUA, da península da Coreia e, também, a primeira grande batalha da Guerra Fria. Essa separação, feita artificialmente, colocava o norte sob o domínio comunista e o sul sob o capitalista. A crise entre as duas partes foi aumentando ao longo dos anos, de 1945 a 1950, ocasionando a invasão da Coreia do Norte sob a Coreia do Sul, com o intuito de reunificá-la, tornando-a toda comunista. Apesar desse objetivo, a URSS participou do conflito de maneira velada. Já os EUA entraram de vez em 1950. O território coreano ainda hoje é dividido.
- Revolução Chinesa: a China, desde a década de 1920, passava por uma guerra civil entre nacionalistas, apoiados pelos norte-americanos, e comunistas, com o apoio da União Soviética. Esse conflito cessou por um tempo, mas, com o fim da Segunda Guerra Mundial, foi retomado. Os comunistas saíram vencedores e tomaram o poder em 1949. Com isso, os EUA se viram profundamente ameaçados, o que, posteriormente, ocasionou maior investimento ianque em países como Japão e Coreia do Sul, visando contrapor o avanço comunista no Oriente.
- Crise dos Mísseis: o período de máxima crise da Guerra Fria. Ocorreu em 1962, em Cuba, que, três anos antes (1959), havia passado pela Revolução Cubana, que gerou o embargo norte-americano e a consequente aliança com a URSS, que, por sua vez, instalou lá uma base de mísseis. Por sua proximidade com o território dos EUA, essa instalação gerou uma crise diplomática entre os dois países, mesmo que essas armas não representassem, de fato, grave intimidação aos americanos, e sim muito mais porque lesavam a propaganda presidencial de Kennedy. Por esse motivo, houve uma ameaça de guerra. Duas semanas depois, os soviéticos removeram os mísseis, e, em contrapartida, exigiram a retirada de mísseis americanos da Turquia.
- Guerra do Vietnã: aconteceu entre os anos de 1959 a 1975. Para os EUA, esse foi o período mais delicado de toda a Guerra Fria, pois, em apoio ao Vietnã do Sul, que estava em conflito contra o Vietnã do Norte, comunista, eles invadiram o último país. Entretanto, esse conflito custou muito aos cofres norte-americanos, além de ter gerado muitas baixas no exército e protestos contrários à guerra. Dessa forma, em 1973, os EUA foram obrigados a se retirar, vencidos, e, em 1976, o Vietnã foi unificado sob a hegemonia do norte.
- Guerra do Afeganistão (1979): se os EUA sofreram grande derrota no Vietnã, a Guerra do Afeganistão (1979) é considerada o “Vietnã dos soviéticos”, já que esses ocuparam o país em apoio ao governo comunista, contrário aos fundamentalistas islâmicos, que agiam, principalmente no interior, em regiões de difícil acesso geograficamente, atrapalhando o contra-ataque soviético, o qual, após uma década, mostrou-se em vão. Economicamente esgotados e já em crise com a URSS, os soviéticos retiraram-se em 1989.
Participação da Alemanha na Guerra Fria
O país alemão foi um ponto nevrálgico do conflito, pois nele foi manifestada de maneira mais explícita a polarização, que o repartiu em zonas de influência ao final da Segunda Guerra. Assim, surgiu a Alemanha Oriental, coligada com a URSS, e a Ocidental, coligada com os EUA. A República Federal da Alemanha (RFA) correspondia à Alemanha Ocidental; e a República Democrática de Alemanha (RDA), à Alemanha Oriental. Essa separação repercutiu na capital, Berlim, a partir de 1961, sendo repartida por um muro.
O Muro de Berlim existiu por quase três décadas. Foi erguido pela Alemanha Oriental, com apoio da URSS, já que a capital ficava do lado Ocidental, o que gerava diversas fugas da população para o outro lado. Sua queda, em 1989, foi um dos maiores símbolos da decadência da URSS, da reabertura e do fim da Guerra Fria.
Brasil na Guerra Fria
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e início da Guerra Fria, o Brasil passou a compor, na nova ordem mundial que dividia o mundo, o bloco capitalista. Apesar disso, João Goulart, então presidente, passou a aplicar, a partir de 1961, uma política externa diferente. Para isso, deu apoio a movimentos estudantis, camponeses, populares e sindicais. Também buscou aproximar-se da URSS, o que gerou conflitos com forças militares, políticas e econômicas brasileiras.
Além disso, no início de 1964, proclamou uma série de reformas sociais (entre elas, a reforma agrária, por exemplo), chamadas de reformas de base. A burguesia brasileira, influenciada pelos EUA, se atentou contra tal política, gerando conspirações golpistas, que culminaram no golpe de 1964, dando início à Ditadura Militar brasileira, que durou mais de 20 anos.
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Fim da Guerra Fria
A economia soviética, a partir de 1970, iniciou sua crise. A já mencionada Guerra do Afeganistão contribuiu para a decadência da superpotência, assim como Chernobyl, o acidente nuclear em 1986, fez com que o Estado gastasse muito e também perdesse (ainda mais) prestígio no cenário diplomático mundial. De tal modo, um plano de reabertura do país começou a ser traçado, porém seu fim só se deu no final de 1991, com a renúncia de Gorbachev, responsável pela perestroika e pela glasnost (medidas de abertura econômica e política da URSS).
Os conflitos entre comunistas e capitalistas a essa altura já estavam também arrefecidos, o que facilitou a abertura para o Ocidente, especialmente economicamente. Com o fim da União Soviética, a Guerra Fria também acabou.
Consequências da Guerra Fria
Com o fim da Guerra Fria e da URSS, foram formados pequenos países no Leste Europeu — como Iugoslávia, Eslováquia, Eslovênia etc. — e em outras regiões do planeta — como Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Estônia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Letônia, Moldávia, Tajiquistão, Turcomenistão, Uzbequistão e Ucrânia. A própria União Soviética voltou a ser Rússia.
Outra consequência da Guerra Fria foi que, economicamente, foi formada a União Europeia pelos países capitalistas da Europa Ocidental e do Comecon (nações socialistas do Leste Europeu). No campo militar, por sua vez, podemos destacar a Organização do Tratado do Atlântico Norte, liderada pelos EUA. Por fim, a polarização anterior passou a ser um regime capitalista generalizado.