A Guerra do Afeganistão de 2001 foi um conflito iniciado com a invasão do Afeganistão por tropas lideradas pelos Estados Unidos. A invasão do Afeganistão fez parte da chamada “guerra ao terror” e foi uma resposta aos atentados de 11 de setembro. Depois de 20 anos de ocupação, os Estados Unidos retiraram suas tropas do país, e o Talibã recuperou o poder afegão.
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Resumo sobre a Guerra do Afeganistão de 2001
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A Guerra do Afeganistão de 2001 teve 20 anos de duração e se encerrou em agosto de 2021.
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Teve início quando o Afeganistão foi invadido por tropas norte-americanas em outubro de 2001.
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A invasão do Afeganistão foi uma represália norte-americana por causa dos atentados de 11 de setembro.
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Os objetivos norte-americanos eram derrubar o Talibã, destruir a Al-Qaeda e capturar Osama bin Laden.
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A retirada norte-americana ocorreu em agosto de 2021, e a guerra teve fim com o Talibã recuperando o poder do Afeganistão.
O que foi a Guerra do Afeganistão de 2001?
A Guerra do Afeganistão de 2001 foi um conflito que teve 20 anos de duração e se iniciou quando o Afeganistão, país da Ásia Central, foi invadido por tropas militares lideradas pelos Estados Unidos. Esse conflito foi parte do que foi nomeado pelo governo norte-americano como “guerra ao terror” e tinha como objetivo derrubar o Talibã do poder afegão e destruir a Al-Qaeda.
A invasão do Afeganistão e, por consequência, a guerra em si foram uma represália dos Estados Unidos por causa dos atentados de 11 de setembro de 2001, responsáveis pela morte de quase 3 mil pessoas. Esse atentado foi organizado pela Al-Qaeda como parte da guerra que essa organização travava contra os Estados Unidos.
Ao longo de 20 anos, o Afeganistão manteve-se ocupado por tropas norte-americanas, que atuavam como forças de segurança enquanto as potências ocidentais procuravam reorganizar a administração do país. Ao longo desse período, estima-se que cerca de 3 mil soldados norte-americanos morreram em combate.
Em agosto de 2021, a saída das tropas norte-americanas do Afeganistão possibilitou o retorno do Talibã ao poder do país. Para saber mais, veja: Talibã e seu retorno ao poder do Afeganistão.
O que é o Talibã?
O Talibã é uma dos atores-chave para que possamos entender o que foi esse conflito que se estendeu por duas décadas. Se trata de uma organização fundamentalista islâmica de caráter nacionalista que surgiu na década de 1990 na região de fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. Era formado, inicialmente, por estudantes que frequentavam escolas religiosas conhecidas como madraças.
Esses estudantes eram da etnia pachto, e a atuação do Talibã se resume aos locais habitados por pachtos. O Talibã surgiu no contexto da Guerra Civil Afegã, conflito travado entre 1992 e 1996. O objetivo do Talibã era tomar o poder do Afeganistão e impor sua visão radical do islamismo sobre a população do país.
Em 1996, o Talibã conquistou Cabul, e grande parte do território afegão passou para o seu controle. Assim, o grupo inaugurou o Emirado Islâmico do Afeganistão, um regime que foi reconhecido por apenas três países. O regime do Talibã ficou marcado pela violência, extremismo e autoritarismo e se estendeu até 2001, ano em que o país foi invadido pelos norte-americanos.
O que é a Al-Qaeda?
Outro ator-chave da Guerra do Afeganistão é a Al-Qaeda, uma organização fundamentalista islâmica que também surgiu na zona de fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. O surgimento da Al-Qaeda remonta diretamente à Guerra do Afeganistão de 1979, conflito iniciado pela invasão do Afeganistão pelas tropas soviéticas.
Os soviéticos invadiram o país para apoiar o governo socialista que estava em seu comando, e isso gerou uma grande reação da população muçulmana. Uma jihad, guerra santa contra os soviéticos, que eram considerados infiéis por não serem seguidores do islamismo, foi convocada para que ocorresse a mobilização dos muçulmanos de todas as partes do mundo para ajudar na resistência afegã contra os soviéticos.
Essa jihad atraiu muitas pessoas para o Afeganistão, como Osama bin Laden, milionário saudita. Ele, junto de Abdullah Azzam, um professor universitário e teólogo palestino, criou uma organização que era responsável pelo recrutamento de jovens dispostos a aderir à jihad contra os soviéticos. Esse grupo ficou conhecido como Maktab al Khidmat lil Mujahidin al-Arab (MAK).
O MAK tornou-se Al-Qaeda no final da década de 1980, quando a guerra já estava no fim. Na década de 1990, tornou-se um inimigo dos Estados Unidos. A Al-Qaeda, diferentemente do Talibã, surgiu com vocação transnacional e, assim, procurava ampliar sua atuação pelo mundo. Em 1996, a Al-Qaeda se estabeleceu no Afeganistão com a permissão do Talibã.
Leia também: Estado Islâmico — grupo terrorista derivado da Al-Qaeda
Motivo da Guerra do Afeganistão de 2001
Durante o final da década de 1990, a Al-Qaeda já havia realizado alguns atentados contra os Estados Unidos, mas eram de proporção pequena, e a reação do governo norte-americano era limitada. No dia 11 de setembro de 2001, um enorme atentado foi realizado pela Al-Qaeda dentro do território norte-americano.
Esse atentado começou a ser organizado no final da década de 1990 e foi colocado em prática anos depois. Ao todo, 19 terroristas do grupo sequestraram quatro aviões comerciais, que decolaram da costa leste dos Estados Unidos. As quatro aeronaves, na posse dos terroristas, foram usadas como armas contra alvos simbólicos.
Os alvos atingidos pelos aviões foram:
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As duas torres do World Trade Center, um importante prédio comercial que ficava em Nova York;
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O Pentágono, o prédio que sedia o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, localizado em Washington.
Um quarto avião tinha outro alvo, em Washington. Acredita-se que era o Capitólio, o prédio que sedia o Legislativo norte-americano. Esse quarto avião acabou caindo em uma área vazia quando sobrevoava o estado da Pensilvânia e não atingindo seu alvo porque os passageiros se rebelaram contra os terroristas que sequestraram o avião.
O total de mortes decorrentes dos ataques em 11 de setembro foi de 2996. O presidente dos Estados Unidos na ocasião era George W. Bush, e foi esse governo que assumiu a postura que ficou conhecida como “guerra ao terror”.
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Videoaula sobre atentados de 11 de setembro
Invasão do Afeganistão e início da Guerra do Afeganistão de 2001
Depois dos atentados, o serviço de inteligência dos Estados Unidos deu início a investigações e concluiu que os ataques foram organizados pela Al-Qaeda. Posteriormente, a própria organização terrorista assumiu que o atentado havia sido de sua autoria, o que gerou uma reação norte-americana.
Como mencionado, a Al-Qaeda estava instalada no Afeganistão desde 1996 e tinha o apoio do Talibã. No Afeganistão, residia o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, e lá também existiam as bases de treinamento de novos terroristas dessa organização. O governo norte-americano exigiu que o Talibã expulsasse a Al-Qaeda do Afeganistão e entregassem bin Laden para que ele fosse julgado pelo atentado.
O Talibã se recusou a aceitar o ultimato norte-americano, e isso fez com que os Estados Unidos organizassem a ofensiva militar contra o Afeganistão. Em outubro de 2001, o território afegão foi invadido, e, em dezembro do mesmo ano, o Talibã já havia sido desalojado do poder do Afeganistão. Membros do Talibã e Al-Qaeda fugiram e se esconderam nas montanhas no nordeste do Afeganistão ou foram para o Paquistão.
Os objetivos da invasão norte-americana iniciada em outubro de 2001 eram:
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derrubar o Talibã para reconstruir o Afeganistão com governos democráticos;
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líderes, sobretudo Osama bin Laden. destruir a Al-Qaeda e prender seus
A invasão norte-americana, a princípio, não tinha o apoio da Organização das Nações Unidas, mas, posteriormente, a própria ONU enviou tropas ao Afeganistão para garantir a segurança do país.
A derrubada do Talibã representava o claro enfraquecimento desse grupo. Entretanto, a partir de 2004, o Talibã retomou poderio militar e deu início a uma série de ataques contra tropas norte-americanas no interior do Afeganistão. Foi necessário, então, que os Estados Unidos reforçassem suas posições no país com o envio de mais soldados.
Os esforços para reconstrução do Afeganistão se mostraram inúteis, porque os governos democráticos que surgiram no país tinham sua influência limitada aos arredores de Cabul, a capital. Além disso, a corrupção dos novos governos impediam o desenvolvimento do Afeganistão.
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Fim da Guerra do Afeganistão de 2001
O passar dos anos tornou a Guerra do Afeganistão desgastante para os Estados Unidos, devido à grande presença de cidadãos norte-americanos no Afeganistão, o acúmulo de mortes e os altos gastos do conflito. O governo de Barack Obama prometeu retirar as tropas norte-americanas do Afeganistão, mas não cumpriu sua promessa.
O governo de Donald Trump deu início a negociações com o Talibã para consolidar a retirada das tropas norte-americanas do país. Trump se comprometeu a tirar as tropas norte-americanas do Afeganistão caso o Talibã não aceitasse mais receber a Al-Qaeda no território do país.
No governo de Joe Biden, a retirada foi marcada para acontecer até o final de agosto de 2021. A notícia da retirada norte-americana incentivou o Talibã a realizar uma grande ofensiva militar no Afeganistão. Eles já comandavam grande parte do território afegão e acabaram dominando uma série de outras regiões a partir do mês de agosto.
As tropas norte-americanas se retiraram do Afeganistão de fato em agosto de 2021, e o presidente afegão, Ashraf Ghani, fugiu, temendo ser preso pelo Talibã. Os Estados Unidos abandonaram o Afeganistão do mesmo jeito que o encontraram em 2001: com o Talibã no poder. O único objetivo alcançado pelos norte-americanos no conflito foi a execução de Osama bin Laden, realizada em maio de 2011.
Videoaula sobre Guerra do Afeganistão (1979 à atualidade)
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