A Doutrina Truman foi um conjunto de estratégias econômicas, militares e políticas implementadas pelo presidente dos Estados Unidos Harry S. Truman durante a Guerra Fria e que buscavam impedir a expansão do comunismo, bem como recuperar as áreas de atuação capitalistas, visando reforçar o poder estadunidense e a sua política imperialista.
Por meio da Doutrina Truman os Estados Unidos criaram o Plano Marshall e concederam auxílios aos países europeus, fazendo da Europa vitrine do capitalismo e ampliando suas áreas de influência no mundo. Fez uso do militarismo com a criação da Otan, conseguindo consolidar o bloco capitalista na Europa.
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Resumo sobre Doutrina Truman
- A Doutrina Truman foi um conjunto de estratégias econômicas, militares e políticas implementadas pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria.
- O nome da Doutrina Truman deve-se ao discurso do presidente do Estados Unidos Harry S. Truman ao Congresso norte-americano, em 1947.
- Caracterizava-se principalmente pela tentativa de impedir a expansão do comunismo soviético no mundo.
- A Doutrina Truman, em conjunto com o Plano Marshall, buscava desmobilizar as ações da URSS no Leste Europeu, enfraquecer movimentos socialistas em países capitalistas e reintegrar os países socialistas ao sistema capitalista.
- A elaboração do Plano Marshall e a criação da Otan levaram à criação do Comecon e do Pacto de Varsóvia por parte da União Soviética.
- A partir da Doutrina Truman, os Estados Unidos passaram a interferir em diversos conflitos ao longo do mundo, ampliando sua área de atuação econômica, política, cultural, social e bélica.
O que foi a Doutrina Truman e quais eram seus objetivos?
A Doutrina Truman foi um conjunto de estratégias econômicas, militares e políticas implementadas pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria (1947-1981). A Doutrina Truman buscava impedir a expansão do comunismo no mundo, bem como recuperar as áreas de atuação capitalistas, visando reforçar o poder estadunidense e a sua política imperialista.
O nome da doutrina deve-se ao discurso do presidente do Estados Unidos Harry S. Truman ao Congresso norte-americano, visando ao apoio financeiro para a recuperação econômica da Grécia e da Turquia, em 1947.
Durante a Doutrina Truman, o uso de uma imagem negativa da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi amplamente explorado pelos Estados Unidos, que, por meio da mídia, convocava os países capitalistas ao combate ao comunismo.
Contexto histórico da Doutrina Truman
Após a rendição da Alemanha, em maio de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os Estados Unidos, Inglaterra e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas realizaram a Conferência de Potsdam, em Berlim. O encontro buscava definir o destino da Alemanha conforme os interesses das potências econômicas mundiais do período. Assim, ficou definido que a Alemanha e a sua capital, Berlim, seriam divididas em quatro zonas de ocupação, administradas respectivamente pela Inglaterra, França, EUA e URSS.
A zona de ocupação inglesa, norte-americana e francesa deu origem à República Federal da Alemanha. A zona soviética deu origem à República Democrática Alemã. A divisão de Berlim tornou-se o símbolo da bipolarização do mundo e das disputas futuras entre os países capitalistas e socialistas. Nessa divisão, os EUA representariam o capitalismo e URSS representaria o comunismo. Além da divisão da Alemanha, a conferência também definiu a criação do Tribunal de Nuremberg para julgar os crimes de guerra e a desmilitarização da região.
Após seis anos de guerra a Europa encontrava-se devastada e sem condições financeiras para a sua recomposição; por outro lado, os EUA haviam se beneficiado durante a guerra, fornecendo suprimento e armamento aos países envolvidos. Por isso, os EUA tinham uma reserva considerável de que poderiam dispor em forma de empréstimos aos europeus por meio de um plano de recuperação econômica.
Em março de 1947, percebendo a expansão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) na região dos Balcãs, o então presidente dos EUA, Harry S. Truman, divulgou, por meio de um discurso, o apoio econômico dos EUA aos países que estivessem sob ameaça soviética, beneficiando imediatamente a Grécia e a Turquia, que passaram então a integrar o bloco capitalista. Tal política recebeu o nome de Doutrina Truman.
Principais características da Doutrina Truman
A Doutrina Truman caracterizou-se pela tentativa de impedir a expansão do comunismo soviético no mundo, pela concessão de empréstimos e auxílios aos países capitalistas por meio do Plano Marshall, pela busca da ampliação das áreas de influência capitalista no mundo, principalmente nas áreas sob influência da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) na Região dos Balcãs, e pelo uso do militarismo, por meio da criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a fim de coagir ações soviéticas e consolidar o bloco capitalista na Europa.
Doutrina Truman x Plano Marshall
Em conjunto com a Doutrina Truman, o secretário de Estado dos Estados Unidos George Marshall lançou um plano que ficou conhecido como Plano Marshall. Foi lançado no dia 5 de junho de 1947 e consistia em um plano de ajuda mútua em toda a Europa Ocidental e também em alguns países do Leste Europeu, cujo objetivo era recuperar a Europa devastada, além de expandir o capitalismo na região.
Tais medidas tinham como objetivo desmobilizar as ações da URSS no Leste Europeu, enfraquecer movimentos socialistas em países capitalistas e reintegrar os países socialistas ao sistema capitalista. Nesse contexto, a URSS dominava sete países do Leste Europeu, entre eles: Tchecoslováquia, Polônia, Albânia e Bulgária.
Em resposta ao Plano Marshall, a URSS, liderada por Stalin, buscou ampliar a sua força e área de influência no Leste Europeu. Assim, em 1947, foi criado o Comitê de Informação dos Partidos Comunistas Operários (Kominform), que tinha como principal objetivo unificar a ação dos comunistas no Leste Europeu. Além disso, também foi criado, em 1949, o Conselho de Assistência Econômica Mútua (Comecon), que buscava o desenvolvimento e a cooperação econômica dos países socialistas, almejando manter afastados os países socialistas do bloco capitalista.
Ainda, o Pacto de Varsóvia foi criado como uma resposta à criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Liderada pelos Estados Unidos, a Otan foi criada em 1949 e tinha como objetivo estabelecer uma união militar contra o comunismo. Já o Pacto de Varsóvia foi um acordo assinado em 1955 e tinha como objetivo reforçar militarmente seus países-membros contra o avanço capitalista.
Enquanto o Plano Marshall e o Comecon visavam à economia, a Otan e o Pacto de Varsóvia traziam como resposta a organização de blocos militares. Com o fim da URSS, o Pacto de Varsóvia deixou de existir no início da década de 1990, entretanto a Otan se mantém até a atualidade. A sua existência é motivo de debates no mundo, principalmente hoje, com o conflito e as áreas de tensão envolvendo a Rússia e a Ucrânia.
Consequências da Doutrina Truman
Algumas das principais consequências da Doutrina Truman foram a criação do Plano Marshall (1947), do Kominform (1947), do Comecon (1949), da Otan (1949) e do Pacto de Varsóvia (1955).
Além disso, a partir da Doutrina Truman os Estados Unidos passaram a interferir em diversos conflitos ao redor do mundo, visando impedir a expansão do comunismo soviético e ampliando sua área de atuação econômica, política, cultural, social e bélica. Os Estados Unidos também conseguiram exercer forte influência na Europa por meio da Otan, além de influenciar a política global.
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Exercícios resolvidos sobre Doutrina Truman
Questão 1
(FGV) Em 12 de março de 1947, em mensagem enviada ao Congresso, o presidente norte-americano Harry Truman declarou “que acreditava que a política dos Estados Unidos deve consistir no apoio aos povos livres que estão resistindo à subjugação por minorias armadas ou pressões externas”. Esse é o ponto de partida da Doutrina Truman. Essa doutrina é reforçada em 1949, pois
A) começam a Guerra do Vietnã e a revolução socialista na Mongólia.
B) a Iugoslávia comanda a criação do Pacto de Varsóvia e eclode a revolução iraniana.
C) ocorre a Revolução Chinesa e há o primeiro experimento nuclear bélico soviético.
D) forma-se o Mercado Comum Europeu e Stalin é afastado do poder soviético.
E) a União Soviética invade a Hungria e o Egito nacionaliza o canal de Suez.
Resolução:
Alternativa C.
O discurso proferido pelo presidente Harry Truman insere-se no contexto da Guerra Fria de disputa por áreas de influência entre os EUA e a URSS. A Revolução Chinesa de 1949 e o primeiro experimento bélico soviético deixaram os EUA em alerta.
Questão 2
(UPF) Observe a imagem a seguir.
A charge representa o fenômeno chamado Guerra Fria, que, a partir de 1948, promoveu a divisão do mundo em dois blocos antagônicos: o Bloco Ocidental capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o Bloco Oriental socialista, sob a influência da União Soviética. Sobre esse contexto, considere que as afirmações a seguir listam fatores que contribuíram com o processo de acirramento da rivalidade.
I. A criação do Comecon (1948), em oposição ao plano Marshall (1947).
II. A assinatura do Pacto de Varsóvia (1955) como contrapartida ao seu equivalente ocidental, a Otan (1949).
III. A eclosão de grandes conflitos internacionais (Coreia, Vietnã, Oriente Médio) que levaram ao afastamento do bloco comunista da ONU.
IV. A tentativa de desarmamento mundial, a partir dos Acordos de Camp David, firmados entre os Estados Unidos e a República Popular da China.
Está correto apenas o que se afirma em:
A) I e II.
B) II e III.
C) III e IV.
D) I e IV.
E) II e IV.
Resolução:
Alternativa A.
Os conflitos na Coreia e no Vietnã não afastaram o bloco comunista da ONU, no contexto da Guerra Fria. Além disso, os Acordos de Camp David foram realizados durante a década de 1970, na tentativa de promoção da paz entre Egito e Israel. Os EUA tiveram papel fundamental na intermediação entre os países.
Fontes
BOULOS JUNIOR, Alfredo. História: sociedade e cidadania, 9° ano. São Paulo: FTD, 2009.
CAMPOS, Flávio de; CLARO, Regina; DOLHNIKOFF, Miriam. História: escola e democracia. 1ª ed. São Paulo: Moderna, 2018.
SCHWYZER, Ingrid, SILVA, Luiz Cesar Kreps da. Mundo da História: 9º ano. 1ª ed. Curitiba: Positivo, 2012.
VICENTINO, Claudio; DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, José. História: Ensino Médio 3. 2ª ed. São Paulo: Editora Scipione, 2013.