Batalha de Kursk

A Batalha de Kursk começou em 1943 como parte da ofensiva alemã denominada Operação Citadela e ficou conhecida por ter tido a maior batalha de tanques de toda a guerra.
Monumento construído em Prokhorovka em homenagem aos que lutaram contra os alemães durante a Batalha de Kursk*
Monumento construído em Prokhorovka em homenagem aos que lutaram contra os alemães durante a Batalha de Kursk*
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A Batalha de Kursk aconteceu em julho de 1943 durante os combates entre alemães e soviéticos na Segunda Guerra Mundial. Foi planejada e iniciada como uma tentativa da Alemanha para retomar o controle das ações no fronte oriental, ficando conhecida por ter tido a maior batalha de tanques de toda a guerra.

Antecedentes

Em 1943, a Alemanha vivia um momento extremamente delicado na guerra. As vitórias e os avanços haviam ficado em 1942, e o que eles encontravam naquele momento era uma luta árdua e um adversário em recuperação. Desde a derrota sofrida em Stalingrado, os alemães haviam sido obrigados a recuar aproximadamente 800 quilômetros do território soviético.

Além das perdas territoriais, eles amargaram duras perdas em vidas humanas e equipamento de guerra. Os soviéticos, ao contrário, viviam o cenário oposto, pois o pior já havia passado, uma vez que agora a indústria nacional supria o Exército Vermelho em larga escala e, a cada dia, mais soldados juntavam-se às fileiras.

No começo de 1943, as forças alemãs haviam sido posicionadas em uma linha de guerra que se estendia por vários quilômetros e estavam nas proximidades das cidades de Orel, Kursk e Kharkov. A ideia dos alemães era realizar uma ofensiva contra uma posição enfraquecida do Exército Vermelho nas proximidades de Kursk. A partir daí, eles imaginaram que seria possível retomar o controle da situação na União Soviética.

O ataque alemão foi adiado por Hitler diversas vezes desde abril de 1943. A situação da luta no Norte da África e a possibilidade de um ataque Aliado na Sicília preocupavam os alemães. Os adiamentos foram realizados por conta das chuvas que atingiam a União Soviética no período e porque aguardavam o envio de blindados que estavam em fabricação na Alemanha.

Adolf Hitler ignorou algumas informações da inteligência alemã, que já havia alertado sobre uma aglomeração de tropas soviéticas, indicando que elas estariam preparadas para receber o ataque. Hitler desconsiderou o aviso e não se preocupou com o fato de que os soviéticos sabiam que os alemães realizariam um ataque. O governo de Moscou já tinha conhecimento disso porque o sistema de inteligência dos Aliados (chamado Ultra) informou sobre a possibilidade de uma ofensiva alemã na região de Kursk.

O ataque

A ofensiva dos alemães contra a posição enfraquecida dos soviéticos em Kursk ficou conhecida como Operação Citadela e começou no dia 5 de julho de 1943. Durante essa batalha, os russos possuíam 3.600 tanques contra 2.700 dos alemães, 2.400 aeronaves contra 2.000 dos alemães e 20 mil peças de artilharia contra 10 mil |1|. Além disso, 1,9 milhão de soviéticos foram posicionados para lutar contra 780 mil soldados alemães |2|.

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Os sucessivos adiamentos do ataque alemão deram aos soviéticos a chance de incrementar suas defesas. Assim, diversas trincheiras foram construídas, e os sistemas antitanque foram devidamente camuflados nos bosques. Os soviéticos também realizaram ataques preventivos com o objetivo de destruir aeronaves alemãs nas pistas de pouso, mas sem sucesso.

Quando os alemães iniciaram o ataque, foram surpreendidos com o fato de que os soviéticos estavam prontos para se defender. Nos primeiros dias do conflito, aconteceram batalhas aéreas grandiosas entre as aviações alemã e soviética. Os alemães também fizeram pesados ataques utilizando blindados.

Também logo no início, os alemães conseguiram impor-se contra os soviéticos e, ao final do terceiro dia de luta, já haviam avançado 29 quilômetros |3|. O Exército Vermelho amargou um número de mortos e perdas materiais superior ao dos alemães, cenário que se estendeu durante toda a guerra. Entretanto, após alguns dias, o ataque dos alemães perdeu intensidade, e os soviéticos prepararam uma contraofensiva para 10 de julho de 1943, conhecida como Operação Kutuzov.

Foi após o início dessa operação que ocorreu a Batalha de Prokhorovka, na qual milhares de blindados alemães e soviéticos se enfrentaram em uma planície gigantesca. Os relatos contam da nuvem de poeira levantada pelos veículos e narram que o combate entre os ataques acontecia com tiros à queima-roupa.

No dia 13 de julho, Hitler reuniu seus generais e anunciou que a Operação Citadela seria cancelada sob o argumento de garantir a defesa da Itália, uma vez que as tropas aliadas haviam desembarcado na Sicília. Como Hitler não confiava na capacidade dos italianos para se defender, ordenou que tropas que lutavam em Kursk fossem deslocadas para assegurar a defesa da Itália. Assim, os alemães sofriam mais uma derrota amarga em solo soviético.

Consequências

A derrota alemã em Kursk custou bastante caro para os planos de Hitler. Após esse fracasso, os alemães enterraram os sonhos de retomar o caminho para conquistar Moscou e o Cáucaso. Aproximadamente 50 mil alemães morreram, número bem pequeno em comparação às perdas soviéticas, que foram de 177 mil em Kursk e 430 mil durante a Operação Kutuzov |4|.

|1| HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 407.
|2| BEEVOR, Antony. A Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 529.
|3| HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 411.
|4| BEEVOR, Antony. A Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 544.

*Créditos da imagem: Forden e Shutterstock

Por Daniel Neves Silva