Constantino

Constantino foi o imperador romano responsável por consolidar a fé cristã como instituição religiosa mais influente do mundo.

Por Cassio Remus de Paula

Estátua de Constantino sentado em seu trono, segurando uma espada.
Constantino foi o primeiro imperador cristão da história.[1]
Crédito da Imagem: Wikimedia Commons
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Constantino foi um imperador romano que se tornou responsável por alterar dramaticamente os aspectos sociais, religiosos, culturais e políticos do império que representava a cidade de Roma. Uma dessas mudanças consistiu na transferência da capital do império, Roma, para a cidade de Bizâncio, outrora uma colônia grega erigida às margens do Estreito de Bósforo, que conecta a Europa à Ásia — uma decisão que, mais tarde, resultaria na ascensão do Império Bizantino.

No entanto, o feito mais impactante para a história foi a aproximação de Constantino com a fé católica. Por meio dele, o catolicismo recebeu suas primeiras estruturas enquanto instituição religiosa hegemônica, de forma que ele mesmo se converteu à nova religião em seu leito de morte. A aproximação com o cristianismo e as reformas que atribuíram regras ao catolicismo foram essenciais para que a Igreja se tornasse, durante a Baixa Idade Média, a instituição mais poderosa do mundo.

Leia também: Júlio César — uma das figuras mais importantes da história romana

Resumo sobre Constantino

  • Constantino foi o imperador romano responsável por permitir a liberdade religiosa dos cristãos dentro dos limites do império, por meio do Édito de Milão, promulgado em 313 d.C.
  • Em 330 d.C., Constantino transferiu a capital do império em Roma para Bizâncio, no Oriente, devido à sua importância econômica, militar e administrativa.
  • Constantino renomeou Bizâncio para Nova Roma, embora, anos depois, a cidade ficasse mais conhecida por Constantinopla.
  • Constantino ascendeu ao poder como governador único do império em um contexto em que quatro imperadores dividiam a administração dos domínios romanos.
  • Em 325 d.C., ele convocou o Concílio de Niceia, que padronizou as práticas da doutrina cristã executadas pela Igreja Católica.
  • Constantino modernizou o exército romano investindo em tropas mais flexíveis, bem como investiu na construção de estruturas de defesa, principalmente ao redor de Nova Roma.
  • Devido a seus atos de aproximação política com a fé cristã, Constantino concedeu à Igreja Católica um poder que a transformaria, séculos depois, em uma poderosa e rica instituição mundial.

Quem foi Constantino?

Constantino foi um imperador romano que ficou conhecido por aproximar o Império de Roma à religião católica. Além disso, foi ele quem percebeu a importância de Bizâncio para o império, cidade essa onde se fixou e fundou as primeiras bases do que viria a ser o Império Bizantino.

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Contexto histórico do império de Constantino

Constantino ascendeu como imperador de Roma no século IV d.C., época em que uma minoria cristã vivia dentro dos limites romanos — entre 5% e 10% compunham a sua população. A grande maioria dos cidadãos romanos, pelo contrário, seguia a fé pagã, baseada na adoração de diversos deuses. Essa herança politeísta foi grandemente atribuída dos antigos gregos, que, assim como os romanos, já tinham o hábito de erigir centenas de templos em suas cidades.

Os cristãos, contudo, não eram bem-vistos desde mesmo a existência de Cristo, afinal, ele mesmo acabou sendo condenado à morte por confrontar o poder exercido pelos governantes romanos. Desde então, com maior ou menor grau de perseguição, conforme a vontade de cada governante romano, os cristãos foram perseguidos, muitos dos quais foram executados.

O motivo não era aleatório, já que os seguidores de Cristo se negavam a adorar os antigos deuses da cultura romana, ato de resistência que questionava a ordem sociopolítica cuidadosamente policiada pelos imperadores. Ao negarem essa ordem, as autoridades do império eram também colocadas em xeque.

Constantino deu um basta à perseguição daquela nova religião, decretando a liberdade de culto a todo cristão que residisse dentro dos limites do império. Mas ele não era o líder absoluto, já que, nesse contexto, o império era dividido por dois governantes no Ocidente e por dois governantes no Oriente, ou seja, tratava-se de um governo tetrarca. Antes de tomar a decisão de abolir a perseguição aos cristãos, Constantino teve de se deparar com um poderoso rival.

Até o ano de 312 d.C., Constantino dividia o Ocidente com Maxêncio, com quem rivalizou e travou uma guerra. Constantino havia declarado que, antes do confronto que derrotaria o rival, na Batalha da Ponte Mílvia, teve um sonho em que Deus lhe orientava que a monograma cristã, ou cristograma, fosse pintada nos escudos de seus soldados. Como resultado positivo para Constantino na guerra contra Maxêncio, ele veio a se tornar augusto ocidental, ou seja, líder máximo da porção ocidental do Império Romano.

Arco de Constantino, em Roma. O monumento foi erigido para celebrar a vitória do imperador sobre Maxêncio.
Arco de Constantino, em Roma. O monumento foi erigido para celebrar a vitória do imperador sobre Maxêncio.

É muito provável que essas confissões de Constantino fossem políticas, já que ele enxergava no cristianismo uma ferramenta que aproximava os homens comuns de seu soberano; afinal, aquela nova religião tinha como figura central uma divindade bondosa e única, algo que o imperador compreendeu que seria útil caso procurasse também exercer o papel de um líder protetor e benevolente.

Não se sabe se esses motivos eram conscientes, mas seu decreto mudou a história de Roma e das religiões: em 313 d.C., decretou enfim o Édito de Milão, garantindo doravante a liberdade de culto dos cristãos romanos.

Alguns anos depois, foi a vez de rivalizar e vencer outro rival, dessa vez o imperador Licínio, líder do Império Romano Oriental recém-unificado. Com todos os inimigos derrotados no governo do Estado, Constantino tornou-se o único líder de todo o Império Romano.

Em 330 d.C., Constantino entraria novamente para a história, dessa vez por transferir a capital do império de Roma para Bizâncio, cidade fundada pelos gregos ainda no século VII a.C. Apesar de renomear Bizâncio como Nova Roma, a referência não foi muito bem assimilada por seus cidadãos, que a renomearam novamente para Constantinopla após a morte do imperador Constantino, a fim de homenageá-lo. Ascendia-se, ao final do século IV, o Império Bizantino, que duraria mais de mil anos.

Veja também: História da civilização romana — tudo o que você precisa saber

Como foi o império de Constantino?

Durante todo o seu governo, Constantino procurou reformar o Império Romano à sua própria vontade, já que agora ele era proclamado o único imperador de todos os territórios dominados. A mudança mais radical tomada por Constantino, no entanto, foi a realocação da capital do império, então representada por Roma, para a antiga colônia grega de Bizâncio.

Os motivos eram estratégicos, já que a cidade representava a principal conexão entre Ocidente e Oriente, ou seja, era um local de ampla atividade comercial. Essa característica manteria a força do império oriental quase intacta, em detrimento da ocidental, que se mostrava cada vez mais diante de uma inevitável queda perante as incursões germânicas.

→ Reformas religiosas de Constantino

Constantino foi responsável por, ao menos, dois grandes atos de aproximação do império com a religião católica: o já citado Édito de Milão, que concedeu liberdade religiosa aos adeptos da fé cristã, e o Concílio de Niceia, em 325 d.C., que consistiu na convocação de todos os bispos católicos, bem como a presença do papa Silvestre I, para resolver uma divergência de doutrinas disseminada entre os cristãos.

A principal delas foi a questão do arianismo, que questionava se Jesus Cristo era, de fato, a representação de Deus na Terra, ou se significava uma figura de menor autoridade perante Deus. Por meio da promulgação de 20 normas — entre as quais, o arianismo foi considerado heresia —, o concílio foi essencial para que Constantino aproximasse a fé católica de seu poder quanto imperador.

Em parte, graças aos lucros recolhidos pelo imperador após a derrota de seus rivais no exército romano, Constantino investiu em reformas para Nova Roma e na construção de grandiosos templos cristãos. Apesar de haver contradições nas fontes históricas, estima-se que Constantino tenha sido o responsável pela construção da Basílica de Santa Sofia, imponente estrutura que veio a se tornar a catedral da capital bizantina; em Roma, no atual Vaticano, ordenou a construção da Antiga Basílica de São Pedro, que perdurou até o século XVI.

A imponente Basílica de Santa Sofia, em Istambul. Sua construção é atribuída ao imperador Constantino.
A imponente Basílica de Santa Sofia, em Istambul. Sua construção é atribuída ao imperador Constantino.

É importante destacar que a liberdade religiosa estipulada por Constantino foi destinada especificamente aos cristãos, e não a todas as religiões; o judaísmo, por exemplo, continuava a ser mal visto devido às suas divergências doutrinárias com o cristianismo (a crença de que Jesus era um profeta, por exemplo). Vale também lembrar que o islã ainda não havia se consolidado, já que suas origens remetem apenas ao século VII.

→ Reformas administrativas de Constantino

Ao abolir o sistema de tetrarquia e se tornar chefe absoluto do império, Constantino reorganizou o Senado (que, ao contrário do modelo tradicional de 600 membros, continha dois mil) e reformou o modelo de prefeitura do pretório (ou Praetorium, instituição romana jurídica e administrativa), que agora permitia que os comandantes da guarda imperial se tornassem influentes funcionários das províncias.

No âmbito econômico, pilhagens dos tesouros de seus antigos rivais, produção de moedas mais baratas e confisco de templos pagãos geraram acúmulo de riquezas para Constantino, ao passo que, paralelamente, a inflação também aumentou; os alimentos anteriormente gratuitos, como o pão, o azeite e a carne de porco, passaram a ser cobrados com preços cada vez mais altos.

A maior reforma administrativa, no entanto, ocorreu com a transferência da capital do império para Nova Roma. Havia diversos motivos para essa mudança, principalmente devido à sua localização, já que significava a conexão entre Ocidente e Oriente, na qual ocorria um constante fluxo comercial; além do fato de Constantino procurar se distanciar o máximo possível de Roma, já que, para incentivar a disseminação do cristianismo, era necessário se afastar das tradições pagãs enraizadas na antiga capital.

Além de todas essas vantagens, a transferência de capital tornava-se essencial perante a iminente ameaça dos persas sassânidas, que rivalizavam com Roma desde o século III. Devido à proximidade com o Oriente Médio, a cidade passou a ser um ponto de observação mais flexível aos potenciais perigos oriundos de potências militares orientais.

→ Reformas militares de Constantino

O exército romano passou por uma rigorosa reforma sob ordens de Constantino. Uma das mudanças mais nítidas em sua estrutura foi a dissolução da guarda pretoriana, que consistia em uma espécie de tropa de elite destinada à proteção pessoal do imperador e sua família. No entanto, essa instituição passou a ser corrupta e potencialmente perigosa ao imperador, a exemplo do assassinato do imperador Pertinax em 193 d.C., cometido pela guarda, que visava vender o seu trono a preços exorbitantes.

Com a dissolução dessa instituição, doravante, cabia a cada imperador empregar os seus guardas pessoais. Os comandantes da guarda imperial, por sua vez, passaram a exercer maior influência ao serem elevados a funcionários de alto cargo, agora responsáveis também pelas finanças.

Também foi de Constantino a modernização tática do exército. Na prática, isso significava que agora dispunha de unidades móveis com maior flexibilização, conforme fosse necessário; as armas e uniformes também se tornaram mais modernos a fim de se conter as invasões germânicas, com destaque à iminente ameaça dos godos.

Graças aos investimentos no setor militar, e também em construções de defesa, como muralhas, fortes e torres, o Império Romano no Oriente prorrogou sua existência por mais de um milênio, apesar de ter sido fortemente abalado pelos godos na Batalha de Adrianópolis, em 378 d.C., sob o governo do imperador Valente.

Relação de Constantino com o cristianismo

Constantino, ao decretar o fim da perseguição aos cristãos, passou a se relacionar cada vez mais com aquela nova religião. Desde o Édito de Milão, promulgado em 313 d.C., os cristãos romanos passaram a exercer sua fé de maneira livre por todo o território do império.

Atento ao cristianismo como potencial ferramenta de manutenção de seu império, Constantino passou a estabelecer, cada vez mais, medidas de aproximação entre a religião e a política. Por isso, em 325 d.C., convocou o Concílio de Niceia, no qual estipularia uma identidade oficial para a prática da fé cristã. Doravante, seu governo foi fortalecido pelo investimento em grandes templos cristãos, tanto na antiga capital romana quanto em Constantinopla.

Mesmo assim, ele não forçou os pagãos a se converterem ao cristianismo, já que qualquer obrigatoriedade colocaria sua posição privilegiada em risco, afinal, o paganismo era muito influente dentro dos limites do império. Por outro lado, a heresia à fé católica era passível de perseguições, ao passo que representava, igualmente, um perigo para Constantino.

Mosaico no interior da Basílica de Santa Sofia, com Maria e Jesus ao centro, cercados por Constantino e Justiniano.
No interior da Basílica de Santa Sofia, um mosaico com Maria e Jesus ao centro, cercados por Constantino e Justiniano.[2]

Pouco antes de sua morte, Constantino converteu-se ao catolicismo, ato que o colocou como o primeiro imperador cristão da história de Roma e do subsequente Império Bizantino. Apesar de haver governantes pagãos após Constantino, a perseguição aos cristãos não foi retomada, algo que concedeu aos praticantes da fé católica relativa segurança dentro dos limites do império.

História de Constantinopla

A história da cidade de Constantinopla pode ser compreendida em três principais momentos:

Na ilustração, os otomanos tomam Constantinopla, cidade cujo nome homenageia o imperador Constantino.
Na ilustração, a tomada de Constantinopla pelos otomanos em 1453.[3]

Originalmente, no entanto, Constantinopla não tinha esse nome; suas origens milenares remetem a Bizâncio, cidade erigida por gregos da cidade de Mégara, na época chefiada por Bizas, no século VII a.C. A localização de sua fundação foi a porção leste do Estreito de Bósforo, que conecta o Mar Negro ao Mar de Mármara, exatamente nos limites entre a Europa e a Ásia.

Constantino só chegou a Bizâncio cerca de mil anos mais tarde, em 330 d.C., quando transferiu a capital do Império Romano para o Oriente. A Nova Roma seria pouco tempo depois rebatizada como Constantinopla, em homenagem ao fundador do novo centro político e administrativo do império.

A escolha pela cidade como nova capital não foi aleatória, já que o fluxo comercial de Nova Roma era intenso. Além disso, por detrás de proteções naturais, como o Bósforo, o Mar de Mármara e o Chifre de Ouro, os romanos poderiam agora observar de perto as atividades de seus rivais sassânidas, que ascenderam no Oriente Médio como potência ainda no século III.

Para reforçar a segurança da cidade, Constantino ordenou a construção de uma muralha de 750 hectares. No século V, suas muralhas chegariam a 15 metros de altura, estendendo-se a seu redor por mais de 20 quilômetros de comprimento, protegidas por 394 torres distribuídas por toda a sua extensão.

No entanto, além de Constantino, o imperador mais influente a governar em Constantinopla foi Teodósio I, mais conhecido por dividir o Império Romano permanentemente em duas partes: o ocidente e o oriente romanos. Por cerca de mil anos, os bizantinos protegeram a cidade de incursões germânicas. E, mesmo que muitas de suas tradições se mantivessem enraizadas na cultura grega, os seus habitantes “sentiam-se” romanos, ou seja, adotavam a identidade de tais, apesar de a porção ocidental do império ter ruído no século V.

Mesmo diante de tantas possíveis crises, Constantinopla significou uma das mais importantes cidades de toda a Idade Média. Ainda pouco tempo após a transferência de capital por Constantino, a cidade rapidamente angariou uma população de 500 mil habitantes. A sua riqueza cultural, econômica e artística a transformou possivelmente no ápice das sociedades cristãs de seu tempo.

A sua importância foi tanto que, ao ser tomada pelos turcos-otomanos, em 1453, a Idade Média chegou ao fim, dando lugar à Idade Moderna. A última batalha entre os cristãos e os muçulmanos na cidade ocorreu após um longo cerco ao seu redor, constituído por aproximadamente 120 mil soldados, que, apesar de encontrarem forte resistência de meros 10 mil homens por parte dos bizantinos, conseguiram irromper em suas muralhas devido a uma nova tecnologia revolucionária de sua época — a pólvora, que passou a ser utilizada nos temíveis canhões turco-otomanos.

No entanto, é errôneo pensar que Constantinopla foi destruída pelos muçulmanos. Muito pelo contrário, diversas de suas maravilhas arquitetônicas foram preservadas, restauradas e até mesmo complementadas (como no caso da Basílica de Santa Sofia, que recebeu quatro minaretes, e serviu de inspiração para a construção de outros templos islamitas nos arredores).

Sob domínio otomano, a cidade se tornou sinônimo de tolerância religiosa de sua época, dado o convívio que se estabeleceu entre muçulmanos, cristãos e judeus que nela se fixavam ou transitavam. Desde então, a cidade passou a se chamar Istambul, na atual Turquia, apesar de ter sido oficialmente renomeada apenas no ano de 1930.

Pessoas transitando à beira de um porto em Istambul, antiga cidade de Constantinopla, na Turquia.
Constantinopla atualmente é chamada de Istambul, cidade localizada na Turquia.[4]

Como foi a sucessão de Constantino?

A sucessão de Constantino ocorreu após a sua morte, em 337 d.C., por meio da tripla divisão administrativa do império. O governo de Roma passou a ser exercido por seus três filhos (homens) restantes: Constantino II, Constante I e Constâncio II, junto do auxílio de seus sobrinhos. Os eventos que antecederam esta sucessão, entretanto, não foram pacíficas.

O sucessor direto ao trono do império deveria ter sido o seu filho mais velho, Flávio Crispo, que, por sua vez, acabou sendo vítima de seu próprio pai. De acordo com o historiador grego Zósimo, no século V, a madrasta de Crispo, Flávia Máxima Fausta, teria iniciado um boato de que o primogênito do imperador havia tentado seduzi-la. O motivo seria o excesso de ciúmes, já que considerava que os filhos que ela teve com Constantino não recebiam a devida atenção do pai.

Ao ouvir o boato, Constantino ordenou a execução de Crispo, e, após descobrir a verdade sobre os planos de Fausta, ordenou também o seu assassinato. Neste caso, a mulher adentrou uma sauna para se banhar, quando foi trancada em seu interior e morreu de superaquecimento.

Não são histórias totalmente verificadas, já que há poucas fontes para o que houve de fato. De qualquer forma, a tripartição do poder ocorrida pelos sucessores de Constantino significou também a divisão territorial do império em três partes, da qual o último a se manter vivo foi Constâncio II, que governou Roma sozinho até 361 d.C.

Morte de Constantino

Constantino morreu na cidade grega de Nicomédia em 22 de maio de 337, aos 65 anos de idade, e foi sepultado na Igreja dos Santos Apóstolos, em Constantinopla. Não se sabe exatamente a causa da morte do imperador, já que, na época, a medicina era ainda um conhecimento bastante controverso. De qualquer forma, em seu leito de morte, ele se converteu ao cristianismo e, numa fala surpreendente, admitiu acreditar no arianismo, crença que, conforme vimos antes, foi enfaticamente combatida por ele mesmo durante o Concílio de Niceia.

O batizado de Constantino, aliás, foi realizado por Eusébio de Nicomédia, que havia sido uma das principais figuras a favor do arianismo naquele mesmo concílio. Apesar da fala herética, Constantino foi perdoado pela Igreja Católica alguns anos mais tarde.

Legado de Constantino

Após a morte de Constantino, uma sucessão de imperadores romanos cristãos tornou-se comum. A relação entre Estado e cristianismo se tornou tão próxima que, a partir da década de 390, sob o governo de Teodósio, o paganismo tornou-se proibido. Isso significava uma radical reforma nos costumes e práticas romanas, representada na destruição de templos e na abolição de rituais e feriados pagãos. Em meados do século seguinte, as práticas pagãs passaram a ser punidas com a morte.

Cruz fixada no Coliseu de Roma, um símbolo do cristianismo e do legado do imperador Constantino.
Roma passou a se tornar a capital do cristianismo no Ocidente.

O legado de Constantino significou a consolidação do cristianismo e catolicismo quanto instituição religiosa. Em outras palavras, conforme aponta o teólogo doutor Érico Tadeu Xavier, Constantino:

[...] acabou por repercutir na expansão posterior da Igreja, por ter tornado o Cristianismo uma religião aceita e protegida pelo Estado Romano. No período em que foi imperador fez uso de estratégias político-religiosas que não apenas puseram um fim às perseguições aos cristãos, mas, também, favoreceram grandemente a igreja cristã, de diferentes maneiras.|1|

Por outro lado, a ascensão da Igreja Católica enquanto instituição de grande influência por toda a Europa significou, principalmente por meio da Santa Inquisição entre a Baixa Idade Média e a Idade Moderna, a execução de centenas de milhares de pessoas consideradas hereges.

Saiba mais: Quem construiu o Coliseu de Roma?

Curiosidades sobre Constantino

  • Constantino foi o primeiro imperador cristão da história.
  • Ele foi o responsável pelo Concílio de Niceia, que determinou as primeiras regras que homogeneizaram as práticas católicas pelo mundo.
  • Entre as definições do concílio, estipularam-se a data da Páscoa e os fundamentos da trindade católica.
  • Constantino transferiu a capital do império de Roma para Nova Roma, que seria mais tarde conhecida como Constantinopla.
  • É muito provável que ele tenha sido o responsável pela criação da Basílica de Santa Sofia.
  • Ao suspeitar de um escândalo entre seu primogênito e sua segunda esposa, Constantino ordenou a execução de ambos.
  • Em seu leito de morte, Constantino renunciou à condenação do arianismo, admitindo acreditar que Jesus não tinha a mesma autoridade de Deus.

Nota

[1] XAVIER, Érico T. O imperador Constantino: Breve estudo da sua vida, influência e contribuições para o Cristianismo. Monumenta: Revista Científica Interdisciplinar. Faculdade UniBF: Paraíso do Norte, v.3, n.1, p.63-75, 2021.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] SvetlanaSF/ Shutterstock

[3] steve estvanik/ Shutterstock

[4] Feel good studio/ Shutterstock

Fontes

BOVO, Elisabetta (Org). História das religiões: Origem e desenvolvimento das religiões. Barcelona: Folio, 2008.

CARLAN, Claudio U. Cidade e Moeda na História: Constantino e Constantinopla, uma nova capital para o Império Romano. Anos 90. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, v.26, 2019.

CARLAN, Claudio U. Constantino e as transformações do Império Romano no século IV. Revista de História da Arte e da Cultura. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, n.11, p.27-35, 2009.

GAARDER, Jostein; HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry. O Livro das Religiões. São Paulo: Cia das Letras, 2001.

MONTEIRO, João G. (Org). O sangue de Bizâncio: Ascensão e queda do Império Romano no Oriente. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016.

VIRGOLINO, Mariana F. Constantino, um imperador de fé. Revista Cantareira. Niterói: Universidade Federal Fluminense, v.17, p.138-141, 2012.

XAVIER, Érico T. O imperador Constantino: Breve estudo da sua vida, influência e contribuições para o Cristianismo. Monumenta: Revista Científica Interdisciplinar. Faculdade UniBF: Paraíso do Norte, v.3, n.1, p.63-75, 2021.

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