Idade Antiga

A Idade Antiga é um dos períodos da história que foram estipulados pelos historiadores modernos. Segundo a periodização tradicional, ela se estendeu de 3500 a.C., quando surgiu a escrita cuneiforme, até o ano de 476 d.C., quando o Império Romano do Ocidente foi desagregado com a queda do último imperador de Roma.

A Idade Antiga foi marcada pelo desenvolvimento de grandes civilizações, como a grega, a romana, a assíria, a suméria, a acadiana, a fenícia, além dos povos indianos, chineses e outros povos espalhados pelos continentes africano e americano. Foi um período de grande desenvolvimento civilizacional para a humanidade e que deixou um enorme legado para ela.

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Resumo sobre a Idade Antiga

• A Idade Antiga é um dos cinco períodos da história, segundo a periodização tradicional.
• Esse período se estendeu de 3500 a.C. até o ano de 476 d.C.
• Os marcos estabelecidos que iniciaram e encerraram esse período foram: o surgimento da escrita cuneiforme e a desagregação do Império Romano respectivamente.
• Entre as grandes civilizações desse período, estiveram: Grécia, Roma, Assíria, Suméria, Egito, entre outras.
• Esse período foi marcado por grande desenvolvimento civilizacional da humanidade.

O que foi a Idade Antiga?

A Idade Antiga ou Antiguidade foi um período da história que, cronologicamente, teve início por volta de 3500 a.C. Todos os períodos têm marcos que são utilizados como balizadores de seu início e de seu término, porém é importante sempre pontuar que esses marcos são aproximativos e levam em consideração acontecimentos que indicam mudanças significativas no longo prazo.

No caso da Idade Antiga, o marco inicial foi o surgimento da escrita cuneiforme, a primeira forma de escrita da humanidade, criada pelos sumérios e utilizada em toda a Mesopotâmia até por volta de 100 a.C. A tradução dessa escrita foi realizada no século XIX e permitiu ampliar consideravelmente o conhecimento sobre a Antiguidade.

A Idade Antiga estendeu-se até o ano de 476 d.C., quando houve a desagregação do Império Romano do Ocidente. Esse acontecimento marcou o fim do Império Romano na Europa Ocidental e deu início ao processo de ocupação desse continente pelos reinos germânicos. Isso permitiu a fusão entre a cultura latina e a cultura germânica e deu forma à Idade Média.

Ao estudarmos a Idade Antiga, podemos referir-nos a qualquer civilização que existiu entre 3500 a.C. e 476 d.C., embora o desenvolvimento das civilizações não seja uniforme e cada uma tenha tido diferentes graus de sofisticação. De toda forma, o foco no estudo da Antiguidade costuma ser as civilizações orientais e as civilizações clássicas.

Quando falamos de civilizações orientais, estamos considerando os povos mesopotâmicos, fenícios, hebreus, persas, egípcios, hititas e muitos outros. No caso das civilizações clássicas, estamos nos referindo aos gregos e aos romanos. No caso dos gregos, costumam ser incluídos os cretenses e os micênicos.

É claro que a Antiguidade vai além disso e podem ser estudadas as civilizações que existiram na Ásia, com destaque para os chineses e os indianos. No caso do continente americano, podem ser estudadas as civilizações pré-colombianas, como os olmecas, zapotecas, chavín etc. O continente africano também teve suas civilizações da Antiguidade, como os cuxitas e os cartaginenses. Apesar de incluídos nas civilizações orientais, os egípcios também eram africanos, já que, geograficamente, o Egito está localizado na África.

Contexto histórico da Idade Antiga

Na historiografia, a Idade Antiga é o período que se iniciou com o surgimento da escrita, o que, sob um ponto de vista histórico mais arcaico, foi o evento e período que também inaugurou a história — uma visão não mais aceita pela historiografia atual. Esse período da Antiguidade ficou marcado por diversas civilizações e por um estilo de vida ainda bastante rudimentar da humanidade.

A Idade Antiga foi um período que antecedeu a diversos avanços no modo de vida da humanidade, tais como o domínio do fogo, o processo de sedentarização, a formação de cidades e de uma sociedade estratificada, o domínio da metalurgia, o próprio surgimento da escrita, entre outros avanços. Esse avanço civilizacional da humanidade possibilitou que diversas civilizações se estabelecessem em diversas partes do planeta nesse período.

Características da Idade Antiga

Considerando as características, as civilizações e as formas de vida humana da Idade Antiga, destacaram-se:

• surgimento das primeiras civilizações;
• formação dos primeiros grandes impérios;
• centralização do poder;
• surgimento dos primeiros códigos legais;
• surgimento e desenvolvimento da escrita;
• economia com base na agricultura;
• consolidação do comércio;
• sociedades estratificadas;
• ampliação do conhecimento etc.

Civilizações da Idade Antiga

A seguir, destacaremos alguns exemplos de civilizações da Idade Antiga. Selecionamos quatro civilizações de grande relevância quando se estuda esse período: Egito, Mesopotâmia, Grécia e Roma.

→ Egito Antigo

A civilização egípcia desenvolveu-se no nordeste do continente africano, às margens do Rio Nilo, cujas cheias proporcionavam à região um solo bastante fértil. A existência do Nilo garantia a possibilidade de sobrevivência humana em um local extremamente hostil: o Deserto do Saara.

Ao longo das margens do Rio Nilo, uma série de comunidades, chamadas de nomos,  desenvolveram-se. Por volta de 3500 a.C., essas comunidades formaram dois reinos, conhecidos como:

• Baixo Egito;
• Alto Egito.

Acredita-se que esses reinos foram unificados em algum momento entre 3200 a.C. e 3000 a.C., e Menés colocou-se como primeiro faraó.

O Egito possuía uma monarquia teocrática e, assim, a religião tinha importância crucial na execução do poder político. O governante, chamado de faraó, era considerado a manifestação de um deus e tinha poderes plenos sobre as terras egípcias. Essa civilização ficou conhecida:

• pela escrita por meio de hieróglifos;
• pela construção de grandes túmulos, as pirâmides;
• pela prática de mumificar os mortos.

Para saber mais sobre o Egito Antigo, clique aqui.

→ Mesopotâmia

A Mesopotâmia não representa uma civilização, mas uma região do Oriente Médio que abrigou uma série de povos da Antiguidade. O termo “mesopotâmia” tem origem grega e significa “terra entre rios”, uma menção ao fato de que as civilizações mesopotâmicas estabeleceram-se nessa região localizada entre dois rios: Tigre e Eufrates.

Entre as principais civilizações mesopotâmicas, destacaram-se:

• sumérios;
• acádios;
• amoritas;
• assírios;
• caldeus.

Desses, os sumérios foram os primeiros a ganhar notoriedade, formando uma civilização mais avançada por volta de 3200 a.C. Eles desenvolveram as primeiras cidades, criaram a escrita cuneiforme, estabeleceram governos locais, fizeram grandes construções etc.

Outras grandes civilizações, como os amoritas, ficaram marcadas por um grande rei chamado Hamurábi. Esse rei governava um pequeno império a partir da Babilônia e ficou conhecido pelo Código de Hamurábi, conjunto de leis escritas que tiveram grande influência na Mesopotâmia. Os assírios ficaram conhecidos por sua grande violência, e os caldeus tiveram o último grande império mesopotâmico. Em 539 a.C., a região foi conquistada pelos persas.

Para saber mais sobre a Mesopotâmia, clique aqui.

→ Grécia Antiga

Os gregos foram um dos grandes povos da Antiguidade e deixaram grandes contribuições na política, filosofia, matemática, história e muitas outras áreas. Essa civilização começou a  desenvolver-se por meio da migração de alguns povos para o sul da Península Balcânica, a partir de 2000 a.C.

Os gregos surgiram da fusão de povos, como:

• cretenses;
• micênicos;
• eólios;
• dórios;
• jônios.

A história grega foi dividida em uma série de períodos. O primeiro deles — o Pré-Homérico — foi marcado pela existência de duas grandes civilizações desenvolvidas por cretenses e micênicos. Os gregos, durante o seu Período Clássico, ficaram conhecidos por terem desenvolvido a pólis, um modelo de cidade-estado, tendo em Atenas e Esparta os exemplos mais marcantes. Essas foram as maiores e mais poderosas pólis da Grécia Antiga, possuindo vastas terras e rivalizando entre si, já que tinham diferentes modelos de organização e diferentes interesses.

Os atenienses tinham um modelo democrático, que permitia a participação de todos os cidadãos da sociedade (homens, nascidos em Atenas e filhos de atenienses), enquanto os espartanos adotaram o modelo aristocrático, que permitia a participação de uma diminuta minoria de privilegiados, conhecidos como esparciatas.

A história grega ficou marcada por dois grandes conflitos:

• Guerras Médicas: contra os persas;
• Guerra do Peloponeso: guerra civil entre atenienses e espartanos.

As duas guerras enfraqueceram as pólis e permitiram que estrangeiros, como os macedônicos, conquistassem a região.

Para saber mais sobre a Grécia Antiga, clique aqui.

→ Roma Antiga

A civilização romana surgiu de uma pequena cidade latina que se desenvolveu na Península Itálica, no século VIII a.C. Roma foi uma das grandes civilizações da Antiguidade e teve um território de grandes dimensões que se estendia da Mesopotâmia à Europa Ocidental e da Bretanha até o Norte da África.

A história romana foi dividida em três grandes períodos, que são:

• o monárquico;
• o republicano;
• o imperial.

Da pequena aldeia na região do Lácio, Roma tornou-se uma gigantesca civilização que se expandiu por meio de guerras. As marcas da presença romana, nos locais que eles conquistaram, resistiram por um longo prazo e muitas existem até os dias atuais.

A sociedade romana era bem dividida entre patrícios e plebeus, e, ao longo da história, as desigualdades sociais levaram essas classes a entrarem em choque por diversas vezes. Uma das grandes demonstrações dos embates entre plebeus e patrícios pode ser encontrada nas reformas propostas pelos irmãos Graco.

A decadência romana foi iniciada a partir do século III d.C. e teve relação direta com o enfraquecimento da economia romana. Primeiramente, o poderio de Roma sobre suas províncias  enfraqueceu, e a economia romana esfacelou-se, principalmente pela crise do sistema de escravos, que sustentava a produção romana.

Além disso, o controle romano sobre suas fronteiras começou a declinar, e os povos germânicos e outros bárbaros do limes começaram a penetrar no território romano. Muitos foram agregados ao exército romano e, em troca, recebiam terras no território. As invasões germânicas foram o evento que selou o fim do Império Romano na Europa Ocidental.

Em 476 d.C., o imperador Rômulo Augusto foi deposto pelos hérulos, e os territórios do Império Romano do Ocidente foram ocupados por diferentes povos germânicos. A Idade Média  estabeleceu-se por meio dessa fusão entre a cultura latina e a cultura germânica.

Antiguidade clássica

No que se refere à Idade Antiga, o termo “antiguidade clássica” é usado para se referir às civilizações grega e romana, ambas desenvolvidas no sul da Europa e conhecidas por sua grande base de cultura e conhecimento. No caso de Roma, destaca-se também a expansão territorial que se deu a partir da fase republicana.

Esse termo, no entanto, apesar de ainda ser bastante utilizado para se referir a gregos e romanos, é usado com cautela pelos historiadores e considerado inapropriado, uma vez que é classificado como eurocêntrico, estabelecendo uma relação de qualidade entre as ditas civilizações clássicas e outras civilizações da Antiguidade.

Antiguidade oriental

As civilizações da Antiguidade oriental foram aquelas que se desenvolveram no continente asiático, além do continente africano. Desse modo, menciona-se todas as civilizações dessa faixa territorial, incluindo os egípcios, cananeus, fenícios, filisteus, hititas, hatitas, assírios, sumérios, amoritas, caldeus, acádios, chineses, indianos, elamitas, entre outros.

Fatos marcantes da Idade Antiga

Entre os fatos marcantes da Idade Antiga, podem ser destacados:

• Invenção da escrita (por volta de 3500 a.C.);
• Unificação do Alto e Baixo Egito (por volta de 3000 a.C.)
• Construção das Pirâmides de Gizé (por volta de 2500 a.C.);
• Elaboração do Código de Hamurábi (por volta de 1750 a.C.);
• Fundação de Roma (753 a.C.);
• Estabelecimento da democracia em Atenas (507 a.C.);
• Guerras Médicas (499-449 a.C.);
• Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.);
• Morte de Alexandre, o Grande (323 a.C.);
• Guerras Púnicas (264-146 a.C.);
• Divisão do Império Romano (395);
• Desagregação do Império Romano (476).

Legado da Idade Antiga

Os acontecimentos e as civilizações da Idade Antiga deixaram um enorme legado para a humanidade. Esse legado se mantém em diversas áreas e aspectos da vida contemporânea. Entre os destaques, estão:

• surgimento da escrita e desenvolvimento de novas formas de escrita;
• leis e códigos penais;
• conhecimento de diversas áreas, como matemática e filosofia;
• surgimento do teatro;
• surgimento de religiões tradicionais, como o cristianismo;
• valorização e avanços na arte e cultura em áreas como arquitetura, literatura, entre outros.

Curiosidades sobre a Idade Antiga

• Os historiadores acreditam que a Guerra de Troia pode ter sido um conflito dos micênicos com os hititas.
• A cidade de Roma foi fundada em 753 a.C., após a união de uma série de tribos de povos latinos.
• A escrita de forma alfabética foi uma invenção dos fenícios.
• Os gregos fizeram uma lista com sete grandes construções que foram definidas como as Sete Maravilhas.
• A maior das Pirâmides de Gizé tem 146 metros de altura.
• Uma das maiores derrotas militares dos romanos aconteceu em 9 d.C., na Batalha da Floresta de Teutoburgo.

Períodos da história

Sempre que estudamos história, percebemos que toda a extensão da história humana foi dividida em períodos, e essa divisão se estruturou durante o século XIX. A criação de períodos para o tempo histórico é uma prática antiga na humanidade, e o historiador Jacques Le Goff já demonstra que na Bíblia existe uma periodização proposta no livro de Daniel.^|1|

Outras propostas de periodização seguiram-se ao longo do tempo até que a história tornou-se uma área do saber profissional e uma matéria de ensino. A transformação da história em matéria de ensino aconteceu na Europa Ocidental, na passagem do século XVIII para o XIX, e, nesse processo, a periodização tornou-se uma ferramenta muito útil.

Isso aconteceu, primeiramente, porque a periodização é uma ferramenta didática muito produtiva para facilitar o ensino e a compreensão dos eventos históricos. Além disso, essa ferramenta foi elaborada para manusear o tempo histórico como uma sucessão de acontecimentos que possibilita visualizar a evolução da humanidade ao longo do tempo.

Essa ideia não faz muito sentido atualmente, uma vez que os historiadores entendem que a passagem de um período para outro não indica evolução ou progresso necessariamente. Assim, entendemos que, mesmo com a mudança de um período para o outro, atrasos ou momentos de recessão podem acontecer.

A periodização que é utilizada atualmente foi ganhando forma ao longo do tempo. Durante o período renascentista, deu-se a ideia de uma história europeia marcada por três grandes períodos, que seriam: Idade Antiga (Grécia e Roma), Idade Média e Idade Moderna (iniciada por meio da cultura renascentista).

Podemos ver que essa ideia, em partes, consolidou-se, e a periodização que utilizamos faz a divisão da história em cinco grandes períodos:

• Pré-História;
• Idade Antiga;
• Idade Média;
• Idade Moderna;
• Idade Contemporânea.

Para saber mais sobre os períodos da história, clique aqui.

Nota

^|1| LE GOFF, Jacques. A História deve ser dividida em pedaços? São Paulo: Editora Unesp, 2015, p. 16.

Crédito de imagem

^[1] Yevhanii Kravchuk / Shutterstock

Fontes

GUARINELLO, Norberto Luiz. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2020.

LE GOFF, Jacques. A História deve ser dividida em pedaços? São Paulo: Editora Unesp, 2015.

MARK, Joshua J. Cuneiform. Disponível em: https://www.ancient.eu/cuneiform/.