História da América

A história da América envolve as culturas originárias, as conquistas europeias, os movimentos de colonização e independência e a formação dos Estados nacionais.
Mural que representa a grandiosa cidade de Tenochtitlán, um marco da história da América e da civilização asteca.
Mural que representa a grandiosa cidade de Tenochtitlán, um marco da história da América e da civilização asteca.
Imprimir
Texto:
A+
A-

A história da América envolve as culturas originárias, as conquistas europeias, os movimentos de colonização e independência e a formação dos Estados nacionais.

Antes da colonização, a América era habitada por sociedades avançadas, como astecas, maias e incas, com desenvolvimentos impressionantes em arquitetura, agricultura e organização social. A colonização, conduzida por potências europeias, como Espanha, Portugal, Inglaterra e França, impôs sistemas econômicos de exploração baseados na mineração, agricultura em larga escala e trabalho forçado, devastando as populações indígenas e alterando radicalmente as estruturas locais.

Na América do Norte, a colonização teve um caráter urbano e autossuficiente; no Caribe e América Central, destacou-se pela exploração intensiva de minerais e do trabalho escravizado; enquanto, na América do Sul, a mineração e a plantation açucareira formaram a base econômica.

Leia também: História do Brasil — fases e principais eventos

Resumo sobre a história da América

  • O descobrimento da América em 1492, liderado por Cristóvão Colombo e patrocinado pela Espanha, iniciou uma era de exploração que transformou as economias e sociedades europeias e indígenas.
  • Embora Cristóvão Colombo seja amplamente creditado pelo descobrimento, há evidências de que os vikings, liderados por Leif Erikson, tenham chegado à América antes, mas foi Colombo quem desencadeou a colonização europeia.
  • Antes da chegada dos europeus, a América era lar de avançadas civilizações, como os astecas, maias e incas, com sociedades sofisticadas, agricultura intensiva, complexos sistemas de governo e conquistas em astronomia e engenharia.
  • A colonização da América foi marcada pela exploração dos recursos, destruição das estruturas indígenas e implantação de sistemas econômicos que beneficiavam as metrópoles europeias, especialmente por meio da mineração e agricultura.
  • A colonização da América do Norte, conduzida principalmente pela Inglaterra e França, caracterizou-se pela criação de colônias autossuficientes e urbanizadas, com laços comerciais com a Europa e maior autonomia local.
  • A colonização espanhola na América Central e no Caribe focou na mineração e na agricultura em larga escala, utilizando trabalho forçado de indígenas e africanos escravizados, o que devastou as populações nativas e estruturou uma economia dependente.
  • A colonização da América do Sul foi centrada na mineração e no sistema de plantations, especialmente no Brasil, onde Portugal e Espanha impuseram regimes exploratórios baseados no trabalho escravizado e na exportação de matérias-primas.
  • O processo de descolonização da América, iniciado entre o final do século XVIII e início do XIX, foi impulsionado pelos ideais iluministas e pelos movimentos revolucionários, que inspiraram as colônias a buscarem autonomia frente às metrópoles europeias.
  • A descolonização da América do Norte teve início com a independência das Treze Colônias em 1776, após a Guerra de Independência, que resultou na formação dos Estados Unidos e inspirou outras lutas pela liberdade no continente.
  • Na América Central e no Caribe, o processo de descolonização foi complexo e marcado por revoltas locais e intervenções externas, sendo o Haiti o primeiro país independente após uma revolta de escravizados em 1804.
  • Na América do Sul, líderes como Simón Bolívar e José de San Martín conduziram movimentos de independência no início do século XIX, formando novas repúblicas que buscavam a construção de uma identidade autônoma e livre da Europa.

Contexto histórico do descobrimento da América

Desembarque de Cristóvão Colombo em São Salvador, em 1492.
Desembarque de Cristóvão Colombo em São Salvador, em 1492.

Em 1492, a chegada de Cristóvão Colombo ao continente americano representou uma virada monumental para a história mundial. Financiada pelos reis católicos da Espanha, sua expedição visava encontrar uma rota alternativa para as riquezas das Índias Orientais, mas, em vez disso, descobriu o que mais tarde seria conhecido como Novo Mundo.

Esse evento marcou o início de um intenso processo de exploração e colonização que modificou drasticamente a estrutura econômica, política e social, tanto das civilizações locais quanto das potências europeias. Esse encontro entre dois mundos acelerou o desenvolvimento de novos mercados, criando rotas comerciais transatlânticas que enriqueciam a Europa e introduziram um regime de exploração no continente americano.

Quem descobriu a América?

Embora a história tradicional atribua a Colombo o descobrimento da América, vestígios arqueológicos indicam que navegadores nórdicos, liderados por Leif Erikson, chegaram ao continente norte-americano aproximadamente cinco séculos antes.

Ainda assim, esses contatos nórdicos foram de natureza mais efêmera e não resultaram em colonização de longo prazo. A viagem de Colombo, por outro lado, desencadeou um processo contínuo e sistemático de colonização, promovendo uma ocupação que viria a modificar a dinâmica global de comércio, poder e cultura. Para saber mais sobre a descoberta da América, clique aqui.

América na Era Pré-Colombiana

Antes da chegada dos europeus, o continente americano era habitado por uma grande variedade de sociedades indígenas, que variavam entre grupos nômades e grandes civilizações urbanas. As civilizações maia, asteca e inca, localizadas nas regiões de Mesoamérica e Andes, destacavam-se pelo elevado grau de complexidade social, arquitetura monumental e avanços na agricultura e astronomia.

Essas sociedades desenvolveram sistemas de irrigação, agricultura intensiva e sofisticadas estruturas de governo que incluíam monarquias e hierarquias complexas. A agricultura pré-colombiana, por exemplo, era adaptada às condições ambientais locais, sustentando densas populações em áreas como o Vale do México e as terras altas andinas.

Entre as sociedades agrícolas, os maias e astecas dominaram a Mesoamérica, onde mantinham um forte comércio e sistemas tributários baseados no controle de cidades-Estados e vilas. No caso dos astecas, a cidade de Tenochtitlán, capital de um vasto império, foi considerada uma das maiores metrópoles da época, com impressionantes obras de engenharia, como canais e templos.

Nos Andes, os incas construíram um império que se estendia por uma vasta área da América do Sul, com uma rede de estradas de milhares de quilômetros que facilitava a administração e integração de diversos povos e territórios sob o domínio de Cusco.

Leia também: Como os espanhóis derrotaram o Império Asteca

Como foi a colonização da América?

A colonização da América iniciou-se logo após a descoberta, com as potências europeias lançando campanhas para conquistar e explorar as novas terras. Esse processo envolveu a destruição sistemática das estruturas sociais, culturais e políticas locais, enquanto se implantava uma organização econômica voltada para a extração de recursos e o comércio.

  • Colonização da América do Norte

Na América do Norte, a colonização foi liderada principalmente por Inglaterra e França, com colônias de caráter diversificado. Os colonos enfrentaram muitos desafios, como o rigoroso clima e as relações, muitas vezes, hostis com as populações indígenas.

A colonização britânica foi baseada em práticas de autossuficiência e crescimento das cidades, o que gerou colônias urbanizadas e com fortes laços comerciais com a metrópole. As Treze Colônias inglesas desenvolveram gradualmente um sentimento de identidade própria, reforçado por uma relativa autonomia devido ao controle descentralizado exercido pela Inglaterra.

  • Colonização da América Central e do Caribe

Na América Central e no Caribe, a colonização espanhola se concentrou na exploração de metais preciosos, especialmente ouro e prata, bem como na exploração agrícola em plantações de açúcar, utilizando o trabalho forçado de indígenas e, mais tarde, de africanos escravizados. Esse sistema, embora altamente lucrativo para a metrópole, teve consequências devastadoras para as populações nativas, que sofreram uma mortalidade massiva devido às condições desumanas de trabalho e epidemias.

As colônias espanholas no Caribe e América Central tornaram-se cruciais para a economia da Espanha, abastecendo-a com metais preciosos que circulavam amplamente na Europa e Ásia.

  • Colonização da América do Sul

Nau de Pedro Álvares Cabral, explorador que chegou ao Brasil, em desenho do século XVI.
Nau de Pedro Álvares Cabral, explorador que chegou ao Brasil, em desenho do século XVI.

A colonização da América do Sul foi predominantemente realizada por Espanha e Portugal, com focos no Império Inca e nas terras férteis do Brasil. Os espanhóis estabeleceram uma economia fortemente baseada na mineração de prata e na tributação das populações indígenas, que foram subjugadas ao sistema de encomiendas e mitas.

No Brasil, os portugueses estabeleceram plantações de açúcar que dependiam da mão de obra escravizada africana. A estrutura socioeconômica dessas colônias era extremamente rígida, com uma pequena elite europeia dominando grandes populações de indígenas e escravizados.

Impactos e consequências da colonização da América

A colonização teve um impacto avassalador nas civilizações indígenas, que perderam grande parte de sua população devido a doenças, violência e trabalho forçado. Documentos históricos registram a destruição de monumentos e centros urbanos indígenas, bem como a queima de códices e manuscritos pré-colombianos, resultando em um “apagamento histórico” que prejudicou o entendimento das culturas nativas.

Além disso, a introdução de novos produtos agrícolas, como trigo e gado, e a escravidão transformaram drasticamente o ambiente ecológico e econômico do continente.

Processo de descolonização e independência da América

Quadro “A Batalha de Long Island” no contexto da independência dos EUA.
Quadro “A Batalha de Long Island” no contexto da independência dos EUA.

O movimento de descolonização das Américas ocorreu em várias fases, impulsionado pelos ideais de liberdade e igualdade que emergiram do iluminismo e das revoluções na Europa e na América do Norte. As colônias buscavam estabelecer-se como nações independentes e romper com os sistemas de opressão impostos pelas metrópoles europeias.

  • Descolonização da América do Norte: A independência das Treze Colônias britânicas, conquistada em 1776, após a Guerra de Independência, foi o primeiro passo na descolonização da América. A insatisfação com a cobrança de impostos e a restrição ao comércio geraram movimentos de resistência que culminaram na declaração de independência. O processo foi caracterizado por um confronto direto com a Inglaterra, levando ao estabelecimento de uma república democrática e à formação de uma identidade nacional distinta, que inspirou outros movimentos de independência no continente.
  • Descolonização da América Central e do Caribe: Na América Central e no Caribe, o processo de descolonização foi gradual e influenciado por uma combinação de revoltas internas e pressões internacionais. A independência do Haiti em 1804, conquistada por uma revolta de escravizados liderada por Toussaint Louverture, marcou um evento sem precedentes, sendo a primeira república negra independente. Esse processo foi seguido por outras regiões que, gradualmente, obtiveram independência ao longo dos séculos XIX e XX, enfrentando intervenções estrangeiras e desafios para a consolidação de governos estáveis.
  • Descolonização da América do Sul: Os movimentos de independência na América do Sul foram liderados por figuras emblemáticas como Simón Bolívar e José de San Martín, que buscaram criar uma América Latina unificada e livre do domínio europeu. As guerras de independência ocorreram em diversos países, como Colômbia, Peru e Argentina, e envolveram uma série de batalhas e alianças regionais. A independência não foi apenas uma ruptura com a Espanha, mas também um esforço para construir uma nova identidade e um novo sistema político para as nações emergentes.
O venezuelano Simon Bolívar, conhecido como um dos libertadores da América.
O venezuelano Simon Bolívar, conhecido como um dos libertadores da América.

Consequências e legados da independência da América

O legado da independência na América é diverso e complexo. As novas nações enfrentaram a necessidade de desenvolver economias sustentáveis, muitas vezes limitadas pela falta de uma base industrial e pela dependência das exportações agrícolas e minerais. As desigualdades sociais e raciais, exacerbadas durante o período colonial, mantiveram-se como desafios críticos. As populações indígenas e afrodescendentes continuaram marginalizadas, e a luta por inclusão e igualdade permanece uma marca profunda na história do continente.

Leia também: Características da colonização espanhola

Exercícios resolvidos sobre história da América

1. A colonização da América, iniciada no final do século XV, envolveu intensas disputas territoriais e a imposição de sistemas econômicos, culturais e religiosos por parte das potências europeias sobre as populações indígenas. No contexto da colonização da América, o sistema de encomiendas, utilizado pelos espanhóis, tinha como objetivo:

A) fornecer autonomia política às comunidades indígenas para resistirem ao controle europeu.
B) organizar o trabalho voluntário dos europeus nas colônias para garantir a produção agrícola.
C) integrar economicamente as populações indígenas ao mercado europeu de forma voluntária.
D) garantir ao colonizador o direito de receber tributos e trabalho forçado de indígenas sob sua proteção.
E) estimular o desenvolvimento de pequenas propriedades indígenas para o abastecimento interno das colônias.

Resposta correta: D)

A encomienda foi um sistema pelo qual as autoridades espanholas concediam a um colonizador o direito de exigir trabalho e tributos dos indígenas sob sua “proteção”. Em troca, os colonizadores deviam garantir a segurança e a cristianização dos indígenas. Esse sistema foi utilizado para explorar economicamente os recursos locais e as populações indígenas, que foram submetidas a condições de trabalho intensivas e pouco justas, com graves consequências para sua sobrevivência e cultura.

2. O processo de descolonização na América se intensificou a partir do final do século XVIII, impulsionado pelos ideais iluministas e pelo exemplo das Treze Colônias britânicas, que declararam independência em 1776. Após a independência, muitos países latino-americanos enfrentaram dificuldades para consolidar um governo estável e autônomo devido:

A) à manutenção das estruturas de poder elitistas e à dependência econômica das exportações.
B) à rápida industrialização, que gerou conflitos entre classes sociais emergentes.
C) ao desenvolvimento de um sistema de pequenas propriedades com ampla distribuição de renda.
D) à ausência de movimentos de resistência durante o processo de independência.
E) à total ausência de interferências externas, o que dificultou o estabelecimento de alianças econômicas.

Resposta correta: A)

Após a independência, muitas nações latino-americanas continuaram dependentes economicamente das exportações de produtos primários e foram governadas por elites locais, que perpetuaram desigualdades sociais e dificultaram a integração das populações indígenas e afrodescendentes. Essas condições contribuíram para a instabilidade política e a vulnerabilidade das economias locais, que mantiveram relações de dependência com as antigas metrópoles e novas potências econômicas.

Fontes

PRADO, Maria Ligia; PELEGRINO, Gabriela. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2014

BETHEL, Leslie. América Latina Colonial. São Paulo: EDUSP, 2009

Por Tiago Soares Campos