Sufrágio universal

O sufrágio universal é o direito que todos os cidadãos têm de votar e serem eleitos.
Conceito de sufrágio universal em fundo azul-marinho; ao lado, uma mão colocando um voto em papel em uma urna.
O sufrágio universal no voto é uma conquista histórica.
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O sufrágio universal é o direito que todos os cidadãos têm de votar e serem eleitos, sem distinção de classe, gênero, raça ou condição socioeconômica, promovendo a participação igualitária no processo político. Existem diferentes tipos de sufrágio, como o universal, que inclui toda a população, o restrito, que impõe limitações, além do direto, indireto, secreto e aberto, variando conforme o sistema eleitoral. O sufrágio feminino foi uma conquista das mulheres após décadas de luta, sendo implementado de forma desigual em diferentes países, como o Brasil, em 1932, e a Nova Zelândia, em 1893.

Leia também: O que diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos?

Resumo sobre o sufrágio universal

  • O sufrágio universal é o direito que todos os cidadãos têm de votar e serem eleitos.
  • Os principais tipos de sufrágio incluem o sufrágio universal, o restrito, o direto, o indireto, além do secreto e do aberto.
  • O sufrágio feminino foi uma conquista histórica de mulheres, sendo implementado de maneira desigual pelo mundo.
  • No Brasil, o sufrágio universal foi conquistado gradualmente, com marcos importantes, como o voto feminino, em 1932, e a Constituição de 1988, que consolidou o direito de voto para todos os cidadãos maiores de 18 anos.

Videoaula sobre sufrágio universal

O que é o sufrágio universal?

O sufrágio universal é o direito de todos os cidadãos de uma nação de votarem em eleições e de serem eleitos para cargos políticos, sem discriminação de classe, raça, gênero, religião ou condição socioeconômica. Esse conceito representa um avanço democrático, promovendo a inclusão de todos os grupos sociais no processo político. O sufrágio universal é considerado um dos pilares da democracia moderna, sendo fundamental para garantir a representação igualitária dos cidadãos no governo.

No entanto, esse direito nem sempre foi universal. Em muitas sociedades, o voto foi inicialmente um privilégio de elites masculinas e proprietárias de terras. Apenas com as lutas por direitos civis e sociais, principalmente no século XX, o conceito de sufrágio universal foi ampliado para abranger toda a população, independentemente de gênero ou classe social.

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Quais são os tipos de sufrágio?

Existem diversos tipos de sufrágio, que variam conforme as regras e restrições impostas em cada sistema eleitoral. Os principais tipos são:

  • Sufrágio universal: ocorre quando todos os cidadãos aptos têm o direito de votar, sem restrições baseadas em gênero, renda ou educação.
  • Sufrágio restrito: limita o direito de voto a determinados grupos, geralmente com base em critérios econômicos, como propriedade ou renda, ou qualificações, como nível de educação.
  • Sufrágio direto: ocorre quando os cidadãos votam diretamente para eleger seus representantes, como nas eleições presidenciais em muitos países.
  • Sufrágio indireto: quando os cidadãos elegem um grupo de representantes que, por sua vez, escolhem os ocupantes de cargos políticos. Um exemplo é o sistema do colégio eleitoral nos Estados Unidos.
  • Sufrágio secreto: o voto é dado de forma confidencial, garantindo que os eleitores possam votar sem medo de retaliação.
  • Sufrágio aberto: o voto é público e as escolhas dos eleitores são conhecidas, sendo um método menos comum atualmente devido à possibilidade de coação.

Sufrágio feminino

Primeiras eleitoras mulheres do Brasil. Foto de 1928, em Natal, Rio Grande do Norte.[1]
Primeiras eleitoras mulheres do Brasil. Foto de 1928, em Natal, Rio Grande do Norte.[1]

O sufrágio feminino representa um dos marcos mais significativos na luta pela igualdade de gênero e direitos civis. Durante séculos, as mulheres foram excluídas do processo eleitoral, sendo vistas como incapazes de participar da vida política. A partir do final do século XIX e início do século XX, movimentos sufragistas começaram a ganhar força em várias partes do mundo, reivindicando o direito ao voto feminino.

Os primeiros países a reconhecerem o sufrágio feminino foram a Nova Zelândia, em 1893, e a Austrália, em 1902. A conquista do voto pelas mulheres não ocorreu de forma homogênea, variando de acordo com o contexto sociopolítico de cada nação. Nos países ocidentais, as mulheres alcançaram esse direito em ondas, normalmente após períodos de mobilização intensa, como a Primeira Guerra Mundial, que colocou as mulheres em papéis tradicionalmente masculinos.

No Brasil, o voto feminino foi garantido em 1932, com a promulgação do Código Eleitoral provisório durante o governo de Getúlio Vargas, embora apenas mulheres alfabetizadas, casadas e com autorização do marido pudessem votar. Em 1934, essas restrições foram eliminadas, e o direito ao voto feminino foi assegurado sem discriminações. Para saber sobre o movimento feminino pelo direito ao voto, clique aqui.

Sufrágio universal no mundo

A tabela abaixo apresenta alguns dos principais países e o ano em que conquistaram o sufrágio universal:

País

Ano da Conquista do Sufrágio Universal

Nova Zelândia

1893

Austrália

1902

Finlândia

1906

Estados Unidos

1920 (com a 19ª Emenda)

Brasil

1934

França

1944

Japão

1947

África do Sul

1994 (com o fim do apartheid)

Arábia Saudita

2015

Sufrágio universal no Brasil

No Brasil, o sufrágio universal foi consolidado de forma gradual. Em 1824, com a primeira Constituição, o voto era censitário, ou seja, restrito aos homens que possuíam determinada renda. O sufrágio feminino, por exemplo, só foi permitido em 1932, e o voto secreto foi instituído no mesmo ano.

A Constituição de 1988, após o fim da Ditadura Militar, consolidou definitivamente o sufrágio universal, garantindo o direito de voto a todos os cidadãos alfabetizados com 18 anos ou mais, sem distinção de gênero, raça ou classe social. A partir de então, o voto se tornou obrigatório para cidadãos entre 18 e 70 anos, e facultativo para analfabetos, maiores de 70 anos e jovens de 16 a 18 anos.

Leia também: História do processo eleitoral brasileiro

Sufrágio universal direto e secreto

O sufrágio direto é aquele em que os eleitores escolhem diretamente seus representantes, como ocorre nas eleições para presidente, governador, deputados e vereadores no Brasil. O voto secreto é uma prática que garante a confidencialidade do voto do eleitor, protegendo-o contra possíveis coações e pressões.

A combinação do voto direto e secreto é um dos pilares das democracias modernas, assegurando que a escolha do eleitor seja pessoal e livre, sem influências externas que possam manipular o resultado eleitoral. Esses dois princípios foram implementados no Brasil a partir de 1932, com o Código Eleitoral provisório do governo Vargas.

Diferenças entre sufrágio e voto

O sufrágio e o voto são conceitos relacionados, mas não são sinônimos. O sufrágio é o direito que um cidadão tem de participar das eleições, seja votando, seja sendo votado. Já o voto é o ato de exercer esse direito, ou seja, é a manifestação concreta da escolha eleitoral.

O sufrágio é um conceito mais amplo, que abrange tanto o direito de votar quanto o de se candidatar. Já o voto refere-se exclusivamente ao ato de escolher um candidato em uma eleição. Assim, todo voto é uma consequência do sufrágio, mas nem todo sufrágio resulta em um voto, pois nem todos os cidadãos aptos a votar necessariamente exercem esse direito.

Sufrágio universal x sufrágio restrito

O sufrágio universal é caracterizado pela ampla participação de todos os cidadãos, sem distinções de renda, educação, raça ou gênero. Por outro lado, o sufrágio restrito impõe barreiras à participação eleitoral, como critérios de renda, propriedade ou nível educacional. Um exemplo histórico de sufrágio restrito foi o voto censitário, em que apenas pessoas com certa renda ou posse de propriedades podiam votar.

No sufrágio universal, o direito ao voto é visto como um direito fundamental de todos os cidadãos. Já no sufrágio restrito, o voto é considerado um privilégio reservado a determinados grupos. A transição do sufrágio restrito para o universal é um marco nas histórias das democracias modernas, refletindo a ampliação dos direitos civis e a inclusão de grupos anteriormente excluídos.

Créditos da imagem

[1] Domínio público / Acervo Arquivo Nacional (reprodução)

Fontes

VIEIRA, Oscar Vilhena; GLEZER, Rubens (Ed.). A razão e o voto: Diálogos constitucionais com Luís Roberto Barroso. São Paulo: Editora FGV, 2017. 572 p.

CANÊDO, Letícia Bicalho (Comp.). O sufrágio universal: e a invenção democrática. Contribuição de Pierre Bourdieu e outros. São Paulo: Estação Liberdade, 2005. 512 p.

Por Tiago Soares Campos