Movimento negro

O movimento negro é um conjunto de ações e organizações voltadas para combater o racismo, promover a igualdade racial e valorizar a cultura e identidade negra.
Homem e mulher liderando multidão em uma manifestação do movimento negro.
O movimento negro luta pela inclusão e representatividade da população negra em todas as esferas da sociedade.[1]
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O movimento negro é um movimento que visa à igualdade racial e à valorização da cultura afrodescendente. Ele busca promover políticas de inclusão, combater o racismo e garantir a representatividade. O movimento tem raízes na luta contra a escravidão e o racismo. Ele evoluiu ao longo dos séculos com o objetivo de combater a exclusão social, econômica e política dos negros.

No século XX, algumas organizações surgiram e se destacaram na luta do movimento negro, como os Panteras Negras e o movimento black power, nos Estados Unidos. O Dia da Consciência Negra e a lei de cotas raciais são algumas importantes conquistas do movimento negro no Brasil.

Leia também: Angela Davis — um dos maiores nomes da luta pela causa feminista e negra nos Estados Unidos e no mundo

Resumo sobre movimento negro

  • O movimento negro é uma mobilização social que visa combater o racismo, promover a igualdade racial e valorizar a cultura afrodescendente.
  • Busca a inclusão e representatividade da população negra em todas as esferas da sociedade.
  • Tem origem nas lutas contra a escravidão e o racismo, evoluindo ao longo dos séculos para combater a exclusão social, política e econômica dos negros.
  • No século XX, o movimento negro se organizou de forma mais estruturada e internacional.
  • Os Panteras Negras e o movimento black power, que surgiram nos Estados Unidos na década de 1960, são organizações que tiveram importante papel na luta do movimento negro.
  • A Frente Negra Brasileira e o Movimento Negro Unificado ajudaram a consolidar o movimento negro No Brasil.
  • Entre as conquistas do movimento negro estão a promulgação de leis contra o racismo, implementação de políticas afirmativas como cotas raciais, o reconhecimento da cultura afro-brasileira e a criação do Dia da Consciência Negra.
  • O movimento negro é fundamental para a promoção da igualdade racial e do reconhecimento da cultura afrodescendente, no combate ao racismo estrutural e na busca por representatividade e inclusão social da população negra.
  • Entre as personalidades negras mais importantes estão Zumbi dos Palmares, Martin Luther King Jr., Nelson Mandela, Angela Davis e Marielle Franco.
  • O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro, data que marca a morte de Zumbi dos Palmares, simbolizando a luta contra o racismo e a valorização da cultura afrodescendente no Brasil.

História do movimento negro

A história do movimento negro remonta à luta das populações africanas e afrodescendentes contra a escravidão e o racismo, desde os tempos coloniais até os dias atuais. Essa luta começou com as resistências contra o tráfico transatlântico de escravos e se fortaleceu nas Américas, especialmente após a abolição da escravidão, quando os negros se depararam com a marginalização e exclusão sistemática.

No século XX, o movimento negro passou a se organizar de maneira mais estruturada, impulsionado por correntes ideológicas e políticas como o nacionalismo negro, o panafricanismo e as lutas por direitos civis. Esses movimentos tiveram impacto global, influenciando tanto o continente africano quanto as diásporas negras nas Américas e na Europa.

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O que é o movimento negro?

O movimento negro é um conjunto de ações e organizações voltadas para combater o racismo, promover a igualdade racial e valorizar a cultura e identidade negra. Ele busca a erradicação de formas de discriminação e opressão que afetam a população negra em diversos contextos, como o acesso à educação, ao emprego, à saúde, à cultura e à política.

O movimento negro se manifesta de diversas formas: organizações de base, movimentos sociais, partidos políticos, manifestações artísticas e movimentos de resistência comunitária. O movimento é também uma resposta ao racismo estrutural, que exclui e marginaliza os negros em várias esferas da sociedade.

Veja também: O que foi o movimento sufragista?

Quais são os objetivos do movimento negro?

Os principais objetivos do movimento negro são:

  • Combater o racismo em suas diversas formas, seja ele institucional, estrutural ou cultural.
  • Promover políticas públicas que garantam a inclusão social, econômica e educacional da população negra.
  • Valorizar a cultura e a história afrodescendente, resgatando e preservando as tradições e lutas históricas dos povos negros.
  • Garantir a representatividade política e social dos negros em posições de poder e influência, visando a uma sociedade mais equitativa.
  • Denunciar as violências e injustiças cometidas contra a população negra, como o genocídio da juventude negra, a brutalidade policial e a exclusão social.

Movimento negro no mundo

O movimento negro no mundo tem raízes profundas nas lutas contra a escravidão e na busca por direitos civis e sociais. Durante o século XX, os Estados Unidos, em particular, tornaram-se um grande foco de ações, influenciando movimentos em outras partes do mundo.

→ Panteras Negras

O Partido dos Panteras Negras, criado em 1966 nos Estados Unidos, foi uma organização política revolucionária voltada para a defesa da comunidade afro-americana. Eles defendiam o uso de armas para autodefesa contra a violência policial, além de promover programas sociais, como distribuição de alimentos e educação para crianças negras.

Os Panteras Negras ficaram conhecidos por seu ativismo combativo e suas posturas radicais, que reivindicavam não apenas igualdade de direitos, mas também o empoderamento econômico e político dos negros. Embora o partido tenha sido alvo de forte repressão governamental, seu legado ainda reverbera em movimentos contemporâneos como o Black Lives Matter.

Manifestantes negros segurando cartazes do movimento negro Black lives matter.
O Black Lives Matter (“Vidas negras importam”, em português) é um movimento contemporâneo.[2]

Durante os Jogos Olímpicos de 1968, ocorreu um evento que retrata um momento icônico na história dos direitos civis e na luta contra o racismo. Na cerimônia de premiação dos 200 metros rasos, os atletas norte-americanos Tommie Smith (medalha de ouro) e John Carlos (medalha de bronze) levantaram seus punhos, calçados com luvas pretas, em um gesto de saudação ao movimento Panteras Negras.

John Carlos, Tommie Smith e Peter Norman demonstrando apoio ao movimento negro nas Olimpíadas de 1968.
John Carlos, Tommie Smith e Peter Norman demonstrando apoio ao movimento negro nas Olimpíadas de 1968.

Esse ato simbólico foi uma manifestação pública contra a discriminação racial nos Estados Unidos e em solidariedade ao movimento dos Panteras Negras, que lutava pelos direitos e empoderamento da população afro-americana. Ao lado deles, o atleta australiano Peter Norman (medalha de prata) também participou silenciosamente do protesto, usando um broche do "Olympic Project for Human Rights" (OPHR), uma organização que denunciava o racismo e a desigualdade.

Norman apoiou o gesto de Smith e Carlos, mas enfrentou duras críticas em seu país por sua solidariedade à causa. Esse momento, com os dois americanos de cabeça baixa e punhos erguidos, simbolizou a luta contra a opressão racial e permanece como um dos mais poderosos protestos pacíficos da história do esporte.

→ Movimento black power

O movimento black power, que emergiu nos Estados Unidos durante os anos 1960, foi uma resposta ao racismo e à segregação racial. Ele defendia o orgulho racial, o empoderamento político e econômico dos negros, além de uma rejeição à assimilação cultural à sociedade branca dominante.

Esse movimento teve impacto profundo na autoestima da população negra, incentivando o uso de símbolos de identidade como o cabelo afro, as roupas tradicionais africanas e a valorização das expressões culturais negras. O movimento black power também inspirou organizações em outros países, como os Panteras Negras no Brasil e movimentos anticoloniais na África.

Movimento negro no Brasil

No Brasil, o movimento negro tem uma história longa e complexa, ligada à abolição da escravidão em 1888 e às lutas subsequentes por igualdade e justiça social. A marginalização da população negra no Brasil pós-abolição deu origem a movimentos de resistência que culminaram na formação de organizações importantes.

Um dos grandes nomes desse movimento no Brasil é José do Patrocínio, que foi um importante jornalista, escritor, ativista e orador brasileiro, conhecido por seu papel fundamental na luta pela abolição da escravatura no Brasil. Nascido em 1853, ele foi uma das principais vozes do movimento abolicionista, utilizando seu talento como comunicador para denunciar os horrores da escravidão e mobilizar a sociedade em prol da libertação dos negros.

José do Patrocínio, um dos precursores do movimento negro no Brasil.
José do Patrocínio, um dos precursores do movimento negro no Brasil.

Patrocínio foi um dos fundadores da Confederação Abolicionista e, por meio de seus artigos e discursos, pressionou as autoridades a promoverem mudanças legislativas, culminando na Lei Áurea de 1888. Além disso, ele foi um dos grandes precursores do movimento negro no Brasil, contribuindo para a valorização da causa racial e para a busca por igualdade social no período pós-abolição. Sua influência foi decisiva tanto no âmbito político quanto cultural, tornando-o um ícone da luta pela justiça social no país.

→ Frente Negra Brasileira

Fundada em 1931, a Frente Negra Brasileira foi uma das primeiras organizações negras do Brasil. Seu objetivo era lutar contra o racismo, promover a inserção social da população negra e conquistar direitos civis. A Frente defendia também o resgate da autoestima negra por meio da valorização da cultura africana e afro-brasileira. Apesar de ter sido extinta em 1937, devido à ditadura do Estado Novo, a Frente Negra Brasileira deixou um legado importante para os movimentos negros subsequentes.

→ Movimento negro nos anos 70

Nos anos 1970, com o contexto da Ditadura Militar, o movimento negro no Brasil ganhou novas formas e significados. Nesse período, houve uma conscientização racial mais ampla, impulsionada pelas influências do movimento negro internacional, como o movimento black power e as lutas por direitos civis nos Estados Unidos.

O movimento negro nos anos 70 também passou a articular suas demandas com outras lutas sociais, como o movimento feminista e o movimento operário, ganhando uma dimensão mais ampla de luta por justiça social.

→ Movimento Negro Unificado

Em 1978, foi fundado o Movimento Negro Unificado (MNU), uma das mais importantes organizações do movimento negro no Brasil. Ele surgiu em um contexto de repressão política e foi fundamental para a articulação das reivindicações raciais em um cenário de lutas por direitos humanos e democracia. O MNU lutou contra a discriminação racial em todos os níveis, desde a educação até o mercado de trabalho.

Conquistas do movimento negro

O movimento negro conquistou importantes vitórias ao longo do tempo. Entre elas estão:

  • A promulgação de leis contra o racismo, como a Lei Afonso Arinos (1951) e a Lei 7.716 (1989), que criminaliza práticas discriminatórias.
  • A implementação de políticas afirmativas, como as cotas raciais nas universidades e no serviço público.
  • O reconhecimento da importância da cultura afro-brasileira no patrimônio cultural do país, como a capoeira e o samba.
  • A criação de datas comemorativas, como o Dia da Consciência Negra, que fomenta o debate sobre a questão racial.

Qual a importância do movimento negro?

O movimento negro é de fundamental importância para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. Ele luta para garantir que a população negra tenha acesso aos mesmos direitos e oportunidades que as demais parcelas da sociedade, além de valorizar a identidade e a cultura afrodescendente.

Mulher com trajes típicos, dançando, em texto movimento negro.
O movimento negro visa promover a valorização da cultura negra.[3]

O movimento negro também desempenha um papel vital no combate ao racismo estrutural e na promoção de políticas públicas inclusivas. Ele pressiona para que a história e as contribuições da população negra sejam reconhecidas e valorizadas, tanto no Brasil quanto no mundo.

Personalidades negras mais importantes da história

Martin Luther King Jr., personalidade do movimento negro nos Estados Unidos.
Martin Luther King Jr. lutou contra a segregação racial nos Estados Unidos.

Diversas personalidades negras foram fundamentais na luta por direitos e igualdade. Algumas delas incluem:

  • Zumbi dos Palmares: símbolo da resistência à escravidão no Brasil.
  • Martin Luther King Jr.: líder do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos.
  • Nelson Mandela: lutou contra o apartheid na África do Sul e se tornou o primeiro presidente negro do país.
  • Angela Davis: ativista pelos direitos civis e feminista.
  • Marielle Franco: vereadora brasileira, assassinada em 2018, que lutava pelos direitos da população negra e LGBT.

Saiba mais: Apartheid — regime que dividiu negros e brancos na África do Sul por quase cinco décadas

20 de novembro – Dia da Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, marca a morte de Zumbi dos Palmares e simboliza a luta pela liberdade e igualdade racial no Brasil. A data foi escolhida para conscientizar a população sobre a importância do movimento negro e das lutas históricas da população afrodescendente no Brasil. 

Esse dia é dedicado a reflexões sobre o racismo, a discriminação e as desigualdades que ainda persistem na sociedade, além de promover a valorização da cultura negra e sua contribuição para a formação do país.

→ Videoaula sobre o Dia da Consciência Negra

Créditos das imagens

[1] Jorge hely veiga/ Shutterstock

[2] Joseph Sohm/ Shutterstock

[3] Wikimedia Commons

Fontes

GOMES, Nilma Lino. O movimento negro no Brasil: ausências, emergências e a produção dos saberes. Perspectiva, Florianópolis, v. 10, n. 18, p. 133-152, 2011. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-7984.2011v10n18p133.

GONCALVES, Luiz Alberto Oliveira e SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. Movimento negro e educação. Rev. Bras. Educ. [online]. 2000, n.15, pp.134-158. ISSN 1413-2478.

Por Tiago Soares Campos