Por Me. Cláudio Fernandes
No início da Segunda Guerra Mundial, os nazistas organizaram grupos de operações especiais subordinados às SS (tropa de elite paramilitar do III Reich) e que foram intitulados Einsatzgruppen. Essas organizações consistiam, grosso modo, em grupos de extermínio treinados para procurar e matar aqueles que eram considerados “indesejados” pelo regime de Hitler. Os Einsatzgruppen recebiam das forças armadas do III Reich todo o suporte de que precisavam para cumprir suas missões. Eles tiveram uma forte atuação em 1941, quando houve o ataque alemão à União Soviética. Para compreendermos o teor de tais missões, é necessário saber um pouco do contexto em que aconteceram.
Sabemos que pouco tempo antes de a Alemanha invadir a Polônia, em setembro de 1939, e desencadear a Segunda Guerra Mundial, os nazistas firmaram um acordo secreto com os soviéticos, conhecido como Pacto Ribbentrop-Molotov. Esse pacto tinha como objetivo principal garantir o não envolvimento da URSS na resistência europeia contra as investidas da Alemanha. Em troca, os soviéticos tomariam parte do espólio de guerra dos países invadidos – como a própria Polônia. Contudo, sabemos também que esse pacto foi rompido em junho de 1941, quando foi posta em prática a Operação Barbarossa, isto é, uma megaoperação militar alemã contra a União Soviética. Foi nessa fase de invasão do território soviético que começaram as atuações dos Einsatzgruppen.
Os Einsatzgruppen eram liderados pelo oficial Reinhard Tristan Eugen Heydrich e tinham a função oficial de “garantir a segurança dos territórios ocupados”. Além dessa função burocrática, outras missões eram dadas a esses grupos, como bem destaca o historiador Philippe Burrin:
Os únicos documentos que nos permitem uma apreciação da tarefa dos Einsatzgruppen são assinados por Heydrich e datam do início da campanha. O primeiro é uma carta do dia 2 de julho endereçada aos HSSPF que Himmler acabara de nomear. Não tendo tido a ocasião de encontrá-los em Berlim antes de sua partida, Heydrich comunicava-lhes as diretrizes essenciais que havia dado aos Einsatzgruppen. Sua missão consistia em garantir a segurança dos territórios ocupados. Além de tarefas habituais (confisco dos arquivos, criação de uma rede de vigilância e informação, etc.), ele deveriam executar certas categorias de pessoas. As principais eram os funcionários do partido comunista, os elementos radicais e os “judeus que ocupavam posições no partido e no Estado” (“Juden in Partei – und Staatsstelugen”). [1]
Entre as “missões especiais” contra os judeus soviéticos, estavam: a promoção de pogroms (destruição de habitações, sinagogas e lojas judaicas), bem como a eliminação por fuzilamento desses judeus. Posteriormente, entretanto, os alvos passaram a ser não apenas judeus ligados ao Partido Comunista Soviético, mas quaisquer judeus que fossem encontrados nas regiões ocupadas. Não bastasse esse tipo de “alvo”, os Einsatzgruppen prosseguiram com o fuzilamento de doentes mentais e deficientes físicos em sanatórios da URSS. Todos os mortos eram enterrados em grandes valas comuns.
A ação dos Einsatzgruppen foi considerada por muitos historiadores como uma antecipação às deportações em massa e aos campos de concentração e extermínio que foram desenvolvidos pelos nazistas nos anos seguintes.