Artes Liberais Clássicas

As Artes Liberais Clássicas, divididas em Trivium e Quadrivium, foram o principal modelo de educação na Antiguidade Clássica e na Idade Média.
Na Idade Antiga e em parte da Idade Média, a música era considerada uma das sete artes liberais
Na Idade Antiga e em parte da Idade Média, a música era considerada uma das sete artes liberais
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Por Me. Cláudio Fernandes

As chamadas “Artes Liberais Clássicas”, ou “As Sete Artes Liberais”, constituíram o modelo de educação durante a antiguidade clássica (greco-romana) e a Idade Média. O termo “Liberal”, implicado no título que se dá a tais artes, procede do latim liber, que significa “livre”, no sentido de ter liberdade para escolher a instrução, para procurar a educação, sob a orientação de um mestre. Essa era a principal característica da educação liberal até o fim da Idade Média: a não obrigatoriedade da educação e o não enquadramento dela pelo poder estatal.

O esquema das Sete Artes Liberais era dividido em Trivium e Quadrivium, sendo o primeiro composto pelas disciplinas de lógica, gramática e retórica; e o segundo, de aritmética, astronomia, música e geometria. Esse esquema figurou pela primeira vez durante o século IX d.C., sob o império erguido por Carlos Magno, que procurou reordenar a cultura herdada do Império Romano.

Entretanto, essa organização em duas áreas remetia à concepção de estudo desenvolvida pelo matemático e filósofo grego Pitágoras de Samos. Pitágoras, tal como vários de seus contemporâneos, era muito interessado em obter um tipo de conhecimento que desse conta da totalidade das coisas existentes, desde o âmbito propriamente humano (isto é, da linguagem, dos modos de expressão e de raciocínio) até o âmbito natural (isso implicava desvendar os símbolos “ocultos” na linguagem da natureza).

Nesse sentido, o Trivium, lógica, gramática e retórica, abarcava o âmbito da linguagem desenvolvida pelos homens, desde o raciocínio lógico-dialético até o método gramatical (entonação, contato com poemas épicos, fábulas, texto de oradores, etc.). Já o Quadrivium dava continuidade a esses estudos, disponibilizando ao estudante ferramentas para entender a organização do mundo natural e a simbólica dos números. As formas geométricas, os cálculos (teoremas, etc.) de fenômenos do mundo físico e astronômico, bem como o conhecimento das sete notas musicais, eram estudados pelas disciplinas do Quadrivium.

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Como bem nota o educador José Monir Nasser, havia também uma singular analogia entre as Sete Artes Liberais e a ordem cósmica dos sete planetas visíveis a olho nu: [...] “analogia com o sentido simbólico dos planetas, relacionando a retórica com Vênus; a gramática com a Lua; a lógica com Mercúrio; a aritmética com o Sol; a música com Marte; a geometria com Júpiter; e a astronomia com Saturno”. (Nasser, José Monir. Para entender o Trivium. In: Joseph, Miriam. O Trivium: as artes liberais da lógica, da gramática e da retórica. São Paulo: É realizações, 2008. p.15)

Esse modelo de educação liberal foi infundido também nas Universidades Medievais, e o método da escolástica, no qual se formaram personalidades como São Tomás de Aquino, seguia os quadros do Trivium e do Quadrivium. Um dos principais expositores medievais do método da educação liberal foi Hugo de São Victor, com sua obra Didascalicon.

Por Cláudio Fernandes

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