Ciclo do café

O ciclo do café foi um ciclo da economia brasileira que se estendeu do século XIX até a primeira metade do século XX, sendo marcado pelo predomínio do café em nossa economia.
Mapa mental sobre o ciclo do café
O ciclo do café se estendeu do século XIX até a primeira metade do século XX
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O ciclo do café foi um dos ciclos que existiram na economia brasileira, sendo marcado pelo predomínio do café na economia brasileira e existindo entre o século XIX e a primeira metade do século XX. O café tornou-se o produto mais importante do Brasil graças ao aumento da demanda no consumo do café na Europa e nos Estados Unidos.

O ciclo do café se estendeu pelo Vale do Paraíba e pelo Oeste Paulista, dando origem a diversas fazendas que produziam unicamente esse item. Contribuiu fortemente para a urbanização, especialmente do Oeste Paulista, além de ter contribuído para a industrialização do Brasil.

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Resumo sobre o ciclo do café

  • O ciclo do café foi um dos ciclos da história econômica do Brasil.

  • Estendeu-se do século XIX à primeira metade do século XX.

  • Foi marcado pelo predomínio do café na economia brasileira.

  • Concentrou-se no Vale do Paraíba e no Oeste Paulista.

  • Contribuiu para a urbanização e para a industrialização do estado de São Paulo.

  • Encerrou-se com a Grande Depressão e a redução da demanda internacional pelo café.

O que foi o ciclo do café?

O ciclo do café foi um dos ciclos da economia brasileira e estendeu-se do século XIX até a primeira metade do século XX. Foi marcado por um predomínio do café na economia brasileira e responsável por fazer do Brasil o maior produtor de café do planeta no período.

O café brasileiro era produzido para ser exportado para a América do Norte e Europa e trouxe enorme prosperidade ao país, em especial para o Sudeste, a região que se beneficiou com o ciclo. Além disso, o ciclo do café possibilitou certo desenvolvimento industrial em São Paulo, além de contribuir para o crescimento urbano desse estado.

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Antecedentes do ciclo do café

O ciclo do café se estabeleceu no Brasil, no século XIX, mas o cultivo do café foi introduzido aqui no século XVIII. Inicialmente, o café era apenas um produto interno, mas, a partir do século XIX, a integração do Brasil ao mercado internacional permitiu que esse item pudesse ser exportado daqui.

A demanda internacional pelo café na Europa e nos Estados Unidos incentivou o aumento de nossa produção. Além disso, a economia brasileira sofria com os impactos da decadência da economia mineradora. Há de se destacar, ainda, que a decadência dos cultivos da cana-de-açúcar e do algodão também contribuiu para que o café conquistasse espaço.

O aumento da demanda internacional se deu pelo aumento no consumo do café, que caiu no gosto dos norte-americanos principalmente. Além disso, a existência de um clima e solo propícios para o cultivo do café contribuiu para que esse produto ganhasse importância no país. Por fim, a mão de obra escravizada em grande quantidade também contribuiu para o crescimento do cultivo.

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Como foi o ciclo do café

O ciclo do café ganhou impulso no Brasil, a partir da década de 1830, com o cultivo da planta se espalhando pelo Vale do Paraíba, região que se estende pelos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. O aumento da demanda incentivou o aumento das regiões que se dedicavam à produção do café; por isso, o cultivo se expandiu para o Oeste Paulista.

No Oeste Paulista, o café encontrou a “terra roxa”, conhecida por ser bastante fértil e propícia para o cultivo cafeeiro. A expansão do cultivo do café no Brasil fez dessa mercadoria o produto mais importante da economia brasileira já na década de 1850. A partir da década de 1870, o Oeste Paulista se estabeleceu como a principal região produtora de café, substituindo o Vale do Paraíba, que sofreu do esgotamento do solo.

No que se refere à mão de obra, a produção cafeeira explorou em larga escala o trabalho de africanos escravizados e de seus descendentes. O predomínio de escravizados se deu no Vale do Paraíba, enquanto o Oeste Paulista priorizou a vinda de imigrantes, que eram intensamente explorados, mas recebiam um salário.

Escravizados em fazenda de café em 1882.
Escravizados em fazenda de café em 1882.

Outras importantes características do ciclo do café no Brasil foram:

  • concentração da produção em latifúndios;

  • incentivo à urbanização;

  • incentivo à industrialização;

  • flutuação e manipulação dos preços;

  • socialização dos prejuízos etc.

O ciclo do café e a industrialização do Brasil

Uma das grandes consequências do ciclo do café é que essa atividade contribuiu para um tímido crescimento industrial do Brasil. Isso aconteceu porque os cafeicultores, donos das fazendas de café, acumularam uma enorme fortuna com esse negócio, resultando em um acúmulo de capital. Esses cafeicultores começaram a utilizar esse capital acumulado e a investir na formação de indústrias.

Essas indústrias foram formadas, principalmente, no estado de São Paulo, fazendo desse estado o grande centro da economia brasileira ao deter a produção cafeeira e grande parte das indústrias do país. Esse processo de industrialização também foi acompanhado pelo estabelecimento de uma malha ferroviária que ligava os centros produtores de café ao litoral de São Paulo.

Importância do ciclo do café

O café foi o principal produto da economia brasileira até a década de 1930, perdendo espaço a partir daí para outras áreas da economia brasileira. A duração de cerca de um século do ciclo já demonstra a importância que o café teve para a economia brasileira. Sua alta produtividade permitiu que o Brasil se inserisse de maneira relevante no mercado internacional.

O sucesso da economia cafeeira ainda permitiu um desenvolvimento industrial embrionário em nosso país, além de ter contribuído para a urbanização dele, devido à grande quantidade de cidades que surgiram no Oeste Paulista por conta da expansão do café. Vale destacar também que a economia cafeeira incentivou a construção de uma malha ferroviária que integrou o estado de São Paulo e o litoral.

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Crise do café no Brasil

O café brasileiro começou a enfrentar grandes desafios no mercado internacional, sobretudo pela flutuação de preços. Essa flutuação nos preços era, em grande parte, culpa dos próprios cafeicultores, que superproduziam café, fazendo com que a oferta fosse muito maior que a demanda pelo item.

Essas superproduções de café afetaram a lucratividade da mercadoria e fizeram com que milhões de sacas de café ficassem empacadas nos estoques. Os cafeicultores, inclusive, procuraram se proteger dos prejuízos causados por essa superprodução estabelecendo o Convênio de Taubaté, um acordo em que o governo brasileiro assumia o papel de comprar as sacas de café que ficassem empacadas.

Fim do ciclo do café

A socialização do prejuízo com o cultivo do café a partir do século XX deu sobrevida de algumas décadas a esse ciclo. De toda forma, entende-se que o ciclo se encerrou no começo da década de 1930. A Grande Depressão foi um grande baque para os cafeicultores do Brasil, uma vez que o grande mercado do café brasileiro, os Estados Unidos, diminuiu drasticamente o seu consumo de café.

Além disso, a partir da década de 1930, o governo de Vargas começou a priorizar a indústria, marcando o fim do ciclo cafeeiro.

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Quais as consequências do ciclo do café?

Importante que pensarmos que, além de benefícios para a economia brasileira, o ciclo do café também gerou problemas de ordem ambiental, política e econômica. É importante pensarmos que o cultivo monocultor do café gerou impactos ambientais significativos, como desmatamento e esgotamento do solo do Vale do Paraíba.

Do ponto de vista social, o ciclo do café permitiu a formação de uma elite econômica que gozava de sua riqueza para obter privilégios. O ciclo do café, portanto, foi baseado na desigualdade social, uma vez que um grupo muito pequeno de pessoas começou a concentrar terras e riquezas. Essa elite cafeeira se consolidou como a elite política do Brasil, moldando o destino do país.

Outras consequências desse ciclo foram:

  • enriquecimento do Centro-Sul do Brasil;

  • início da industrialização brasileira;

  • crescimento urbano;

  • migração interna de escravizados para atender à demanda dos cafezais por trabalhadores;

  • estabelecimento dos cafeicultores como nova elite econômica do Brasil.

Curiosidades sobre o café

  • O Oeste Paulista recebeu milhares de italianos que eram contratados para trabalhar no cultivo cafeeiro.

  • As primeiras mudas de café chegaram ao Brasil em 1727.

  • O Brasil chegou a produzir 70% de todo o café consumido no planeta.

  • Em 24 de maio, celebra-se o Dia Nacional do Café.

Exercícios sobre ciclo do café

Questão 01

Qual acontecimento internacional afetou a economia brasileira a ponto de impactar severamente o ciclo do café:

a) Primeira Guerra Mundial

b) Grande Depressão

c) Revolução Russa de 1917

d) Segunda Guerra Mundial

e) Nenhuma das alternativas acima

Resposta: Letra B

A Grande Depressão, nome pelo qual é conhecida a Crise de 1929, é até hoje a maior crise da história do capitalismo, causando impactos significativos na economia europeia e, sobretudo, na norte-americana. Essa crise econômica fez com que o café brasileiro ficasse empacado, causando enormes prejuízos aos cafeicultores.

Questão 02

O ciclo do café ficou marcado pela decadência da produção cafeeira no Vale do Paraíba e sua superação pelo Oeste Paulista. Qual das alternativas traz uma explicação sobre a decadência da produção cafeeira no Vale do Paraíba:

a) derrubada de d. Pedro I

b) Guerra do Paraguai

c) os maciços investimentos do Barão de Mauá em São Paulo

d) esgotamento do solo

e) crescimento da indústria em São Paulo

Resposta: Letra D

O esgotamento do solo foi uma das razões do declínio da produção cafeeira no Vale do Paraíba. O cultivo do café nessa região ficou marcado por um manuseio inadequado do solo, não havendo técnicas de rotação do solo nem adubação, resultando na perca da fertilidade do solo e na queda da produtividade.

Fontes

FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Por Daniel Neves Silva