Papa Francisco é o atual líder da Igreja Católica. Nascido Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires, em 1936, cresceu em uma família de imigrantes italianos, e, desde cedo, foi marcado por uma vida simples e próxima ao povo. Ingressou na Companhia de Jesus em 1958, destacando-se como professor e líder provincial dos jesuítas na Argentina, onde fortaleceu seu compromisso com a justiça social.
Nomeado arcebispo de Buenos Aires em 1998 e cardeal em 2001, manteve uma postura de humildade, defendendo a dignidade humana e os marginalizados. Em 2013, ao ser eleito papa, escolheu o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, simbolizando seu desejo por uma Igreja simples e inclusiva.
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Resumo sobre o papa Francisco
- Jorge Mario Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, Argentina, numa família de imigrantes italianos.
- Em 1958, Bergoglio entrou na Companhia de Jesus, onde se destacou por sua dedicação pastoral e compromisso com a justiça social.
- Nomeado bispo auxiliar em 1992 e arcebispo de Buenos Aires em 1998, Bergoglio adotou um estilo de vida simples e próximo ao povo.
- Elevado a cardeal em 2001 por João Paulo II, Bergoglio manteve uma postura de humildade e preocupação com temas sociais.
- Em 2013, tornou-se o primeiro papa jesuíta e latino-americano, escolhendo o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis.
- Papa Francisco tem se posicionado como um defensor da vida e da dignidade humana, condenando o aborto, defendendo a inclusão dos homossexuais na Igreja, o combate à pobreza e à fome, a proteção do meio ambiente e a transparência nos casos de abuso sexual, buscando sempre uma Igreja acolhedora e misericordiosa.
Biografia do papa Francisco
Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina, em uma família de imigrantes italianos. Seu pai, Mario Giuseppe Bergoglio Vasallo, nasceu em Portacomaro, Itália, em 2 de abril de 1908, e trabalhou como ferroviário até falecer em 1959. Sua mãe, Regina Maria Sivori Gogna, nasceu em Buenos Aires, em 28 de novembro de 1911, e era filha de imigrantes genoveses. Ela faleceu em 1981.
Casaram-se em Buenos Aires, em 1935, e Jorge foi o mais velho dos cinco filhos do casal. Seus irmãos eram Oscar Adrian, Marta Regina, Alberto Horacio e Maria Elena.
Francisco cresceu no bairro de Flores, onde desenvolveu uma paixão pelo San Lorenzo, famoso clube argentino. Ele acompanhou intensamente a campanha do título argentino de 1946, que guarda na memória até hoje.
Na juventude, estudou na Escuela Técnica Industrial N° 27 Hipólito Yrigoyen, onde se formou como técnico químico, corrigindo rumores de que teria uma graduação ou mestrado em Química. Teve também uma breve experiência amorosa, chegando a pedir sua namorada em casamento, e brincava dizendo que, caso ela não aceitasse, se tornaria padre — o que, de fato, se concretizou.
Ainda jovem, enfrentou um sério problema de saúde que resultou na perda de um pulmão. Em março de 1958, ingressou no noviciado da Companhia de Jesus, iniciando seus estudos religiosos e sua formação em Filosofia, que concluiu na Universidade Católica de Buenos Aires em 1960. Entre 1964 e 1966, atuou como professor de Literatura e Psicologia em colégios jesuítas. Em 1969, formou-se em Teologia e foi ordenado sacerdote em 13 de dezembro pelo arcebispo Ramón José Castellano.
Em 1973, emitiu seus votos definitivos na Companhia de Jesus e foi nomeado superior provincial dos jesuítas na Argentina. Nos anos 1980, atuou como reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel, e, após um período de estudos na Alemanha, passou a servir como confessor e diretor espiritual em Córdoba. Além de sua língua nativa, o espanhol, Francisco fala italiano, francês, alemão e tem conhecimentos de inglês, português e latim.
Em março de 2013, foi eleito papa, adotando o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, com foco em valores como a paz, a simplicidade e o cuidado com os pobres. Primeiro papa latino-americano e jesuíta, Francisco é reconhecido por sua ênfase na justiça social, proteção ambiental e inclusão, reafirmando a missão da Igreja de servir a todos, especialmente os marginalizados.
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Papa Francisco da Companhia de Jesus
Jorge Mario Bergoglio iniciou sua caminhada religiosa ao ingressar na Companhia de Jesus em março de 1958, após trabalhar como técnico químico. Sua formação na ordem jesuíta incluiu uma base sólida em Humanidades e Filosofia, além de uma experiência prática no ensino de Literatura e Psicologia em colégios jesuítas.
A Companhia de Jesus, conhecida por seu rigor acadêmico e compromisso com a justiça social, moldou profundamente a perspectiva de Bergoglio, que se destacou por uma postura voltada ao serviço e ao trabalho em comunidades carentes.
Em 1973, foi nomeado provincial dos jesuítas na Argentina, cargo que exerceu durante um período de turbulências políticas e sociais no país. Sua atuação nesse contexto foi marcada pela busca de equilíbrio entre a discrição e o compromisso com os valores cristãos, fortalecendo seu papel como líder religioso. Em 1980, assumiu o cargo de reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel, evidenciando sua capacidade de liderança dentro da Companhia.
Episcopado de papa Francisco
Em 1992, o papa João Paulo II nomeou Bergoglio bispo auxiliar de Buenos Aires, reconhecendo sua dedicação e visão pastoral. Em 1997, ele foi nomeado arcebispo coadjutor e, após o falecimento de seu predecessor, assumiu como arcebispo em 1998. Durante seu episcopado, ele implementou reformas que visavam tornar a Igreja mais próxima das pessoas, especialmente das populações mais vulneráveis.
Bergoglio adotou uma rotina de vida simples, evitando o uso de luxos típicos do clero, como o palácio episcopal, preferindo uma residência modesta. Ele se deslocava frequentemente de ônibus e metrô, o que o aproximava do cotidiano dos fiéis.
Em seu trabalho pastoral, priorizou o cuidado com os marginalizados, incluindo as populações indígenas e os imigrantes, e defendeu a dignidade dos trabalhadores. Além disso, suas homilias e discursos frequentemente abordavam questões de justiça social, estabelecendo um vínculo profundo com os temas de igualdade e solidariedade.
Papa Francisco como cardeal
Em 2001, Bergoglio foi elevado a cardeal por João Paulo II, num período em que a Argentina vivia uma crise econômica intensa. Bergoglio usou sua posição para chamar a atenção para os efeitos dessa crise sobre os pobres e para defender uma economia que colocasse o ser humano no centro. Na época, ele criticou fortemente o consumismo e a desigualdade, abordando temas como o trabalho digno, o acesso aos direitos fundamentais e a importância de uma economia inclusiva.
Ele continuou a manter uma vida discreta em Roma, evitando o luxo e mantendo uma imagem de humildade e devoção ao próximo. O lema escolhido por ele, “Miserando atque eligendo”, que significa “com misericórdia o escolheu”, tornou-se um símbolo de sua trajetória pastoral centrada na compaixão e na misericórdia.
Eleição de papa Francisco como novo papa
Em 2013, após a renúncia inesperada do papa Bento XVI, o conclave elegeu Bergoglio como sucessor. Sua eleição foi vista como uma ruptura com o tradicionalismo, sendo o primeiro papa jesuíta, o primeiro latino-americano e o primeiro papa de fora da Europa em mais de mil anos.
No momento de sua eleição, Bergoglio já tinha uma reputação de pastor dedicado aos pobres e conhecido por sua abordagem prática e humilde. Sua eleição representou uma mudança significativa para a Igreja Católica, com a expectativa de uma liderança mais próxima dos valores sociais e de um compromisso renovado com a inclusão.
Escolha do nome Francisco
Ao escolher o nome Francisco, Bergoglio homenageou São Francisco de Assis, símbolo de simplicidade, cuidado com os pobres e profundo respeito pela natureza. A escolha desse nome refletiu a orientação que ele pretendia dar ao seu pontificado, com foco na justiça social, na humildade e na preservação do meio ambiente.
Essa decisão foi um marco, pois sugeria uma mudança de ênfase nas prioridades da Igreja, direcionando-a a uma espiritualidade de serviço, diálogo inter-religioso e cuidado com a criação.
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Ideologia do papa Francisco
A Igreja Católica não entende razoável aplicar o termo “ideologia” aos seus padres, bispos e sacerdotes em geral, uma vez que o termo tem conotação marxista e é contrário a diversas orientações doutrinárias da instituição. Em vez disso, pode-se analisar as características particulares do pontificado do papa Francisco em relação a diversos temas atuais.
Na entrevista concedida à revista italiana Credere em fevereiro de 2024, o papa Francisco reafirmou o princípio de acolhimento que fundamenta a missão pastoral da Igreja, enfatizando que “todos, todos, todos” são bem-vindos. Ele abordou a questão das bênçãos a casais homossexuais, destacando que o coração do documento Fiducia Supplicans é a acolhida, e que não se deve negar a bênção a ninguém.
No entanto, ele esclareceu que, embora a Igreja acolha todas as pessoas, as uniões homossexuais não podem ser abençoadas, conforme os ensinamentos tradicionais da Igreja. O papa destacou que a acolhida é fundamental, mas que as bênçãos são reservadas para as uniões reconhecidas sacramentalmente pela Igreja.
Na entrevista ao Vatican News em junho de 2022, o papa Francisco reiterou enfaticamente a posição da Igreja Católica em defesa da vida desde a concepção, posicionando o aborto como uma violação grave do direito à vida dos mais vulneráveis e indefesos.
Francisco sustenta que a vida é sagrada em todas as suas etapas e, por isso, considera o aborto uma questão de dignidade humana que transcende debates culturais ou ideológicos. Ele acredita que a proteção dos não nascidos é um dever moral e ético, fundamentado no respeito universal à vida.
Além disso, Francisco estende sua defesa da vida para além da questão do aborto, incluindo também a proteção e o cuidado com os mais vulneráveis em todos os contextos sociais, como idosos, doentes, pessoas em situação de pobreza extrema e migrantes. Ele conecta essa defesa com a “opção preferencial pelos últimos”, destacada em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium, em que enfatiza a necessidade de uma postura de cuidado e compaixão, que ele considera central à missão cristã.
A postura do papa reflete um posicionamento integral sobre a dignidade humana, que engloba desde a vida no ventre materno até o cuidado com pessoas marginalizadas e excluídas na sociedade. Ele também defende que as comunidades e instituições católicas se engajem no apoio a mulheres que enfrentam gestações difíceis, promovendo iniciativas que garantam assistência prática e emocional, como um testemunho de amor e acolhimento. Para Francisco, defender a vida é uma expressão do amor cristão, que deve incluir apoio às mães e às crianças para que não se sintam desamparadas.
Ao longo de seu pontificado, Francisco tem enfatizado que a defesa da vida e da dignidade humana deve ser integral e compassiva, indo além de condenações para oferecer alternativas e cuidados concretos.
Outro ponto importante para Francisco é a transparência e prestação de contas. Para isso, ele recomendou a elaboração de relatórios anuais que descrevam políticas, procedimentos e práticas adotadas, além dos progressos e desafios encontrados. Esses relatórios, segundo o papa, não são apenas documentos, mas instrumentos fundamentais para avaliar a implementação de uma cultura de tutela e identificar áreas que necessitam de aprimoramento.
Por fim, o papa Francisco defende que a Igreja deve ser um exemplo de transformação e responsabilidade para o mundo, demonstrando que a proteção dos menores é parte integrante de sua missão. Ele declarou que é dever de todos na Igreja garantir que erros do passado não se repitam e que medidas efetivas sejam tomadas para prevenir abusos no futuro.
Créditos das imagens
[1] Ricardo Perna / Shutterstock
[3] Riccardo De Luca - Update / Shutterstock
Fontes
VATICANO. Papa Francisco. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt.html. Acesso em: 05 nov. 2024.
FRANCISCO, Papa. Dilexit Nos: sobre o amor humano e divino do coração de Jesus Cristo. São Paulo: Paulus, 2024. 120 p.
FRANCISCO, Papa. Carta encíclica do Santo Padre Francisco "Dilexit nos" sobre o amor humano e divino do coração de Jesus. São Paulo: Edições Loyola, 2024. 128 p.