Odin foi uma divindade presente na religiosidade e nos mitos nórdicos, sendo o mais poderoso entre os deuses nórdicos e nomeado o Pai de Todos. Era o representante da poesia, da morte, da guerra, das runas, da vitória e do êxtase, e estava presente na religiosidade de outros povos do norte da Europa.
Odin não era muito cultuado pelos nórdicos, e seu culto não se espalhou por muitas regiões do norte europeu, sendo mais comum entre pessoas da elite da sociedade nórdica, como guerreiros e reis. É uma figura constante nos mitos nórdicos, que postulam que ele seria morto no Ragnarök.
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Resumo sobre Odin
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Era o deus da poesia, da morte, da guerra, das runas, da vitória e do êxtase.
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Tinha uma forte associação com a morte e com os guerreiros.
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Era uma divindade tradicional em diferentes povos nórdicos e recebia outros nomes, como Woden e Wutan.
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Era representado como um velho de barba grisalha, que portava uma lança e possuía dois corvos.
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Seu culto não era muito popular entre os nórdicos.
Quem é Odin?
Odin foi o principal deus na religiosidade dos nórdicos na Antiguidade e durante a Idade Média. Sua figura ficou muito relacionada com os vikings, a forma como nós conhecemos os nórdicos durante a Era Viking, que se estendeu de 793 a 1066. Entretanto, essa divindade constava na religiosidade nórdica antes disso.
Acredita-se que o termo Odin tenha derivação de ódr, que, no latim, significa “furor”. O nome desse deus era transcrito de diferentes maneiras entre os nórdicos e outros povos do norte da Europa. O historiador Johnni Langer destaca que Odin era conhecido também como:
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Wöden, no anglo-saxão;
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Woden, no saxão antigo;
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Wodan, no francônico antigo;
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Wutan e Wuotan, no antigo alto alemão;
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Wut, no alemão;
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Wóds, no gótico.|1|
Podemos perceber, portanto, que essa divindade estava espalhada entre os povos do norte do continente europeu. Sabemos que, durante a Era Viking, Odin era a principal divindade do panteão dos nórdicos e nomeado o Pai de Todos, além de ser o deus da poesia, da morte, da guerra, das runas (inscrições alfabéticas), da vitória e do êxtase.|1|
Era representado como um velho com uma longa barba grisalha, que usava um chapéu pontiagudo e tinha apenas um olho, além de possuir um cavalo de oito patas chamado Sleipnir. Ele tinha um olho só porque havia dado o outro para ter o direito de beber água da fonte de Mimir, obtendo dela o conhecimento de todas as coisas.
Odin havia participado da criação do mundo e morava em Asgard, a morada dos deuses aesires (o panteão nórdico é dividido em dois clãs de deuses inimigos entre si: os aesires e os vanires). Lá, Odin reunia os einherjar — soldados que caíam em batalha e eram escolhidos pelas valquírias para residirem no Valhala até o início do Ragnarök.
Odin tinha uma forte relação com os corvos, isso porque ele tinha dois desses pássaros, chamados Hugin e Munin, cujos nomes significam “pensamento” e “memória” respectivamente. Os dois animais viajavam pelos mundos da cosmologia nórdica e voltavam para contar a Odin todas as coisas que tinham visto.
Odin também era ligado à morte, sobretudo na guerra, o que era reforçado pela simbologia do corvo, que sempre estava presente nos campos de batalha se alimentando dos cadáveres. Além disso, ele possuía uma lança chamada Gungnir, entendida como um símbolo que o associava com a classe dos guerreiros.
Odin na mitologia nórdica
Odin é uma figura recorrente nos mitos nórdicos, sendo mencionado em diversos escritos, como Völuspá, Hávamal, Edda Menor (também conhecida como Edda em Prosa), Völsunga Saga, entre muitos outros. Na Edda em Prosa, por exemplo, Odin é mencionado no Gylfaginning da seguinte maneira:
Odin é o mais elevado e mais velho dos aesir; ele governa todas as coisas e é poderoso como os outros deuses, todos eles servem a ele como filhos obedecem a um pai. Frigg é sua esposa, e ela conhece todos os destinos dos homens, embora ela não revele as profecias […].
Odin é chamado de Pai de Todos porque ele é o pai de todos os deuses. Ele também é chamado de Pai do Massacre, pois todos aqueles que caem no campo de batalha são os seus filhos adotivos; ele os envia para Valhalla e Vingólf, e são então chamados de Einherjar, ou Campeões. Ele também é chamado de Deus dos Enforcados, Deus dos Deuses, Deus das Cargas, e ele também foi nomeado em muitos mais aspectos […].|2|
Vimos que os mitos nórdicos apresentam Odin casado com a deusa Frigg. No entanto, ele é conhecido por seus diversos casos amorosos, sendo, inclusive, o pai de inúmeros deuses. Essa característica é entendida como uma possível associação entre ele e Zeus, o principal deus da religiosidade grega, também conhecido por seus casos extraconjugais.
Um destaque sobre Odin é que os mitos nórdicos narram que ele lutaria contra o lobo gigante Fenrir durante o Ragnarök. Este é entendido na cosmologia nórdica como uma sucessão de eventos catastróficos que levariam à destruição do Universo e à morte de parte dos deuses. Alguns deuses sobreviveriam, o Universo seria reconstruído, e um casal de humanos repovoaria a Terra. Nesse evento, Odin seria devorado por inteiro pelo lobo Fenrir. Em seguida, o lobo lutaria com Vidar, um dos filhos de Odin, e seria morto por ele, que quebraria sua mandíbula.
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Culto a Odin
Odin era o deus supremo do panteão nórdico, mas o seu culto não era tão difundido assim, sendo Thor um deus bem mais cultuado, principalmente pela sua relação com a agricultura. Odin era, principalmente, cultuado por grupos da elite nórdica, como reis, guerreiros, escaldos (poetas).
Não existem evidências de culto a Odin em determinados locais, como a Islândia e o sul da Noruega, e algumas evidências tímidas apontam que havia culto a ele em partes da Suécia e da Dinamarca, por exemplo. A celebração contava com sacrifícios humanos, e, pelo mundo nórdico, algumas representações desse deus eram feitas em estelas (placas de pedra).
Notas
|1| LANGER, Johnni. Odin. In.: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de mitologia nórdica: símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015. p. 345.
|2| STURLUSON, Snorri. Edda em prosa: Gylfaginning e Skáldskaparmál. Belo Horizonte: Barbudânia, 2015. p. 54 e 55.