Umbanda

A umbanda é uma religião brasileira que combina elementos do catolicismo, do espiritismo kardecista, das religiões afro-brasileiras e do xamanismo indígena.
Bandeira da umbanda. [1]

A umbanda é uma religião brasileira que combina elementos do catolicismo, espiritismo kardecista, religiões afro-brasileiras e xamanismo indígena, surgida em 1908 no Rio de Janeiro, por Zélio Fernandino de Moraes, com a missão de promover a caridade e a harmonia espiritual. A crença central da umbanda é em um Deus supremo, Olorum ou Zambi, além de uma hierarquia espiritual composta por orixás e guias que auxiliam na evolução humana. Os cultos ocorrem em terreiros, onde se encontra o congá, altar que simboliza a conexão com as entidades. Os orixás, como Oxalá e Iemanjá, representam forças da natureza e são reverenciados com rituais que incluem cânticos, oferendas e incorporações. Entre as entidades estão caboclos, pretos-velhos e crianças, que orientam e curam os praticantes.

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Resumo sobre a umbanda

  • A umbanda é uma religião brasileira que combina elementos de diferentes tradições religiosas, como o catolicismo, o espiritismo kardecista, as religiões afro-brasileiras e o xamanismo indígena, buscando a prática da caridade e a harmonia entre o plano físico e espiritual.
  • Fundada em 1908 por Zélio Fernandino de Moraes, no Rio de Janeiro, a umbanda surgiu como uma nova religião integradora, combinando elementos do espiritismo e das tradições afro-brasileiras, com a missão de promover a caridade e enfrentar a discriminação religiosa.
  • A umbanda acredita em um Deus supremo, chamado Olorum ou Zambi, e em uma hierarquia espiritual composta por orixás e guias que auxiliam na evolução dos seres humanos, adotando conceitos como karma, reencarnação e a busca pela harmonia com o universo.
  • Os terreiros, templos ou casas de umbanda são espaços sagrados organizados para a realização de rituais e a manifestação das entidades espirituais, centrados em um altar chamado congá, onde estão representados os orixás e outros elementos sagrados.
  • Os orixás na umbanda são entidades espirituais que simbolizam forças da natureza e aspectos da vida humana, como Oxalá, Iemanjá e Xangô, cada um com características, cores e elementos próprios, sendo reverenciados em dias específicos com rituais dedicados a eles.
  • As entidades da umbanda, como caboclos, pretos-velhos e crianças, são espíritos que se manifestam durante os rituais para orientar, curar e ajudar os praticantes, cada uma representando diferentes linhas de trabalho e com funções específicas.
  • Os rituais da umbanda envolvem cânticos, danças, oferendas e a incorporação de entidades para promover a conexão espiritual, incluindo cerimônias de desenvolvimento mediúnico, defumações para purificação e giras de atendimento espiritual.
  •  Os pontos de umbanda são cânticos sagrados usados para invocar, louvar e se comunicar com as entidades e orixás, além dos pontos riscados, que são símbolos desenhados com pemba e utilizados para proteção e direcionamento das energias nos rituais.
  • O hino da umbanda, conhecido como "Refletiu a Luz Divina", foi composto por João Bittencourt em 1961 e é entoado em cerimônias importantes, exaltando a luz divina que guia a prática religiosa e a força dos orixás.
  • A umbanda utiliza diversos símbolos sagrados, como a pemba, as ervas, as guias e as velas, que representam a proteção, a cura espiritual e a conexão com as forças divinas e os orixás, sendo elementos fundamentais nos rituais e práticas da religião.
  • A umbanda acredita em um Deus supremo, conhecido como Olorum ou Zambi, que é o criador de todo o universo, sendo os orixás e entidades manifestações de diferentes aspectos dessa força divina para auxiliar na evolução espiritual dos seres humanos.
  • A umbanda é mais sincrética, incorporando elementos do espiritismo e do catolicismo em seus rituais, enquanto o candomblé segue fiel às tradições africanas, com cultos mais elaborados e um enfoque maior na adoração dos orixás como divindades independentes.

O que é a umbanda?

A umbanda é uma religião brasileira que combina elementos de diversas tradições religiosas, como o catolicismo, o espiritismo kardecista, as religiões afro-brasileiras, o culto aos orixás e o xamanismo indígena. Surgida no início do século XX, a umbanda busca a prática da caridade espiritual e a harmonia entre o plano físico e espiritual. Seus seguidores acreditam na existência de um Deus supremo e em várias entidades espirituais, que se manifestam através de médiuns para ajudar e orientar os praticantes e consulentes. A umbanda é caracterizada pela simplicidade de seus rituais e pela busca da paz, do amor e da evolução espiritual.

Origem e história da umbanda

Zélio Fernandino de Morais é considerado o organizador da umbanda. [2]

A umbanda foi fundada em 1908, no Rio de Janeiro, por Zélio Fernandino de Moraes, um jovem médium que, durante uma sessão espírita, recebeu a manifestação de uma entidade chamada Caboclo das Sete Encruzilhadas. Essa entidade proclamou a criação de uma nova religião, que integraria elementos do espiritismo e das tradições afro-brasileiras. A umbanda nasceu em um contexto de discriminação e perseguição às religiões de matriz africana, oferecendo uma alternativa que dialogava com o cristianismo e o espiritismo, ao mesmo tempo que preservava elementos das tradições afro-brasileiras e indígenas.

A partir de sua fundação, a umbanda se espalhou por diversas regiões do Brasil, ganhando adeptos em diferentes camadas sociais. A religião passou por diversas transformações ao longo dos anos, incorporando novas práticas e rituais, o que resultou em diferentes vertentes, como a umbanda esotérica, umbanda de Caboclo e umbanda de Angola. Cada uma dessas vertentes possui particularidades que refletem as influências regionais e culturais que a religião absorveu ao longo de sua história.

No que a umbanda acredita?

A umbanda acredita na existência de um Deus supremo, chamado de Olorum ou Zambi, que é a fonte de toda a criação. Além de Deus, a religião reconhece a existência de uma vasta hierarquia espiritual composta por orixás, guias e protetores que auxiliam na evolução dos seres humanos. Os orixás são divindades ligadas aos elementos da natureza e a aspectos da vida humana, enquanto os guias espirituais, como caboclos, pretos-velhos e crianças, são espíritos que se manifestam para orientar e ajudar os praticantes.

Os umbandistas acreditam no karma e na reencarnação, conceitos herdados do espiritismo kardecista. Segundo essa visão, as ações de uma pessoa em vidas passadas influenciam sua vida presente, e o objetivo é alcançar a evolução espiritual por meio de boas ações, caridade e equilíbrio emocional. A umbanda também valoriza o respeito aos ancestrais e às forças da natureza, entendendo que cada ser humano deve buscar sua harmonia com o universo.

Veja também: Hinduísmo — antiga tradição religiosa que está baseada no politeísmo, na reencarnação e na lei do karma

Local de culto da umbanda

Congá é o altar no qual estão representados os orixás e as entidades espirituais da umbanda. [3]

Os locais de culto da umbanda são conhecidos como terreiros, templos ou casas de umbanda. Esses espaços são organizados para permitir a manifestação dos espíritos e a realização de rituais, e geralmente possuem um altar chamado congá, onde estão representados os orixás e as entidades espirituais. O congá é o centro do terreiro e é decorado com imagens, velas, flores e outros elementos simbólicos que representam as forças invocadas durante os rituais.

O espaço do terreiro é sagrado e deve ser respeitado por todos que o frequentam. Antes de entrar, os praticantes e visitantes costumam passar por um ritual de limpeza, que pode incluir defumações e o uso de ervas para purificar o corpo e o espírito. O terreiro também possui um espaço destinado à incorporação dos médiuns, onde os espíritos se manifestam para realizar consultas, passes e orientações espirituais.

Orixás da umbanda

Os orixás na umbanda são entidades espirituais que representam forças da natureza e aspectos da vida humana. Cada orixá possui características próprias, como cores, elementos e arquétipos associados. Entre os principais orixás cultuados na umbanda, destacam-se:

  1. Oxalá: considerado o orixá supremo, associado à criação do mundo e da humanidade. Representa a paz, a harmonia e a sabedoria. Ele é invocado para trazer equilíbrio e serenidade.
  2. Iemanjá: orixá das águas salgadas, rainha do mar e mãe dos orixás. É protetora das famílias, dos pescadores e de todos que têm o mar como sustento. Também é invocada para questões de fertilidade e proteção.
  3. Xangô: orixá da justiça, do fogo e dos trovões. Representa a força e o poder do equilíbrio e da razão. Ele é invocado em situações que envolvem decisões judiciais e busca por justiça e verdade.
  4. Ogum: orixá da guerra, das batalhas e do ferro. Ele é o protetor dos guerreiros e dos trabalhadores, sendo invocado para proteção, coragem e sucesso em empreendimentos.
  5. Oxóssi: orixá da caça e da fartura. Está associado à natureza, à prosperidade e ao conhecimento. É invocado para obter orientação e abertura de caminhos, além de proporcionar fartura.
  6. Oxum: orixá das águas doces, dos rios e cachoeiras. É a divindade do amor, da beleza e da fertilidade. Protetora das gestantes e das mulheres, sendo invocada para questões amorosas e de prosperidade emocional.
  7. Iansã (Oyá): orixá dos ventos, das tempestades e dos raios. É conhecida por sua força e coragem, e é invocada para ajudar a superar obstáculos e trazer mudanças necessárias.
  8. Obaluaiê: orixá da cura e das doenças. Ele é responsável pelo ciclo da vida e da morte, sendo invocado para questões de saúde e para proteção contra enfermidades.
  9. Nanã: orixá das águas paradas, dos pântanos e da lama. Representa a sabedoria ancestral e a passagem entre a vida e a morte. É invocada para assuntos relacionados ao fim de ciclos e sabedoria espiritual.
  10. Logunedé: orixá que combina as energias de Oxum e Oxóssi, sendo um orixá jovem e dinâmico. É conhecido por sua dualidade, pois representa tanto a caça quanto as águas doces. Logunedé é invocado para trazer alegria, equilíbrio entre trabalho e prazer, e prosperidade. Ele é um orixá de proteção e também está relacionado à beleza e à leveza.

Cada orixá tem um dia específico para ser cultuado, e os rituais podem incluir oferendas, danças e cantos dedicados a essas entidades.

Entidades da umbanda

Estátuas de pretos-velhos, entidades da umbanda. [4]

As entidades da umbanda são espíritos que se manifestam durante os rituais e que têm a função de guiar e ajudar os praticantes. Essas entidades se dividem em diferentes linhas de trabalho, cada uma com suas características e funções específicas:

  • Caboclos: espíritos de índios que representam a força e a sabedoria das matas. São conhecidos por sua energia de cura e orientação espiritual.
  • Pretos-velhos: espíritos de antigos escravos, simbolizam a paciência, a humildade e a sabedoria ancestral. Costumam dar conselhos e ajudar na resolução de problemas.
  • Crianças (Erês): espíritos infantis que representam a pureza e a alegria. São conhecidos por sua leveza e simplicidade ao lidar com questões espirituais.
  • Exus: entidades que atuam na linha da justiça e da comunicação entre os mundos material e espiritual. São frequentemente mal interpretados, mas têm um papel fundamental na proteção e equilíbrio das energias.

Rituais da umbanda

As oferendas são um dos principais rituais da umbanda. Na imagem, oferenda a Iemanjá. [5]

Os rituais da umbanda são momentos de conexão com o mundo espiritual e envolvem cânticos, danças, oferendas e a incorporação de entidades. Entre os rituais mais comuns estão:

  • Gira: cerimônia em que os médiuns incorporam as entidades para realizar atendimentos espirituais, passes e orientações aos consulentes.
  • Defumação: ritual de purificação do ambiente e das pessoas, realizado com ervas e resinas que são queimadas para afastar energias negativas.
  • Oferendas: realizadas para agradar e agradecer aos orixás e entidades, as oferendas podem incluir alimentos, bebidas, flores e outros elementos simbólicos.
  • Ritual de desenvolvimento mediúnico: prática destinada a desenvolver a mediunidade dos praticantes, envolvendo exercícios espirituais e orientação dos guias.

Acesse também: Xintoísmo — religião de origem japonesa que tem como algumas de suas práticas rituais de purificação, orações e oferendas

Pontos de umbanda

Os pontos de umbanda são cânticos sagrados entoados durante os rituais. Eles têm a função de invocar, louvar e se comunicar com os orixás e entidades espirituais. Os pontos podem ser cantados para abrir uma gira, chamar uma entidade específica ou agradecer aos espíritos. Além disso, existem os pontos riscados, que são desenhos traçados no chão ou em superfícies com pemba (giz sagrado) e que têm a função de abrir caminhos, proteger o espaço e selar compromissos espirituais.

Hino da umbanda

Também conhecido como "Refletiu a Luz Divina", o hino da umbanda é um cântico que simboliza a união e a fé dos praticantes na religião. Composto por João Bittencourt em 1961, o hino é entoado em ocasiões especiais, como a abertura de cerimônias e celebrações importantes. Acompanhe a seguir o hino da umbanda:

Refletiu a luz divina
Com todo seu esplendor
É no reino de Oxalá
Aonde há paz e amor
Luz que refletiu na terra
Luz que refletiu no mar
Luz que veio de Aruanda
Para nos iluminar

A umbanda é paz e amor
Um mundo cheio de Luz
É força que nos dá vida
E a grandeza nos conduz

Avante, filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá

Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá

Refletiu a luz divina
Com todo seu esplendor
É no reino de Oxalá
Aonde há paz e amor
Luz que refletiu na terra
Luz que refletiu no mar
Luz que veio de Aruanda
Para nos iluminar

A umbanda é paz e amor
Um mundo cheio de Luz
É força que nos dá vida
E a grandeza nos conduz

Avante, filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá

Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá

Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá

Símbolos da umbanda

As guias são um dos símbolos da umbanda. Na imagem, azul é de Iemanjá, marrom é de Xangô, verde é de Oxóssi. [6]

A umbanda possui diversos símbolos que representam seus valores e crenças. Entre os principais estão:

  • Pemba: giz sagrado usado para traçar pontos riscados, que simbolizam a proteção e o direcionamento das energias.
  • Ervas sagradas: usadas em banhos, defumações e rituais de purificação, representam a força da natureza e a cura espiritual.
  • Guias: colares de contas que representam a proteção dos orixás e guias espirituais. Cada guia possui cores e materiais específicos, relacionados às entidades que representam.
  • Velas: usadas para iluminar o ambiente e conectar os praticantes com as entidades. Cada cor de vela possui um significado especial e é usada em diferentes rituais.

Na umbanda acreditam em Deus?

Sim, na umbanda acredita-se em um Deus supremo, conhecido como Olorum ou Zambi, que é o criador de todo o universo. Esse conceito de Deus na umbanda é similar ao do cristianismo e do espiritismo, em que Deus é visto como a fonte de toda a vida e energia. Os orixás, guias e outras entidades espirituais são manifestações de diferentes aspectos da criação divina, que ajudam a humanidade em seu processo de evolução e equilíbrio espiritual.

Diferenças entre umbanda e candomblé

Embora a umbanda e o candomblé compartilhem algumas raízes e elementos das religiões afro-brasileiras, existem diferenças significativas entre as duas:

  • Umbanda: é mais sincrética, incorporando elementos do catolicismo e do espiritismo, e possui rituais mais simplificados. Seus cultos são voltados para a caridade espiritual, e os orixás são representados de maneira mais simbólica. A umbanda busca uma abordagem mais universalista, integrando diferentes crenças e práticas religiosas.
  • Candomblé: é uma religião mais fiel às tradições africanas e possui rituais mais elaborados. Seus cultos envolvem cânticos em línguas africanas, danças e oferendas específicas aos orixás. No candomblé, os orixás são vistos como divindades que possuem características humanas e naturais, e os rituais são voltados para o culto e a adoração dessas entidades. O candomblé valoriza a tradição oral e a preservação dos costumes africanos.

Créditos de imagem

[1] Associação de umbanda Caxias (AUC) / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Adilscius1234 / Wikimedia Commons (reprodução)

[3] Tânia Rêgo / Agência Brasil / Wikimedia Commons (reprodução)

[4] Junius / Wikimedia Commons (reprodução)

[5] TwistSim / Wikimedia Commons (reprodução)

[6] Thiago MTB / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

JUNIOR, Ademir. O livro essencial de umbanda. São Paulo: Universo dos Livros, 2020.

SIMAS, Luis. Umbandas: Uma história do Brasil. São Paulo: Civilização Brasileira, 2021.

Por Tiago Soares Campos
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