Dinastia Tudor

A Dinastia Tudor foi a sucessão familiar que governou a Inglaterra entre 1485 e 1603. Ela significou a consolidação do absolutismo inglês por meio de décadas de conflitos e assassinatos.
Pintura a óleo representando alguns monarcas da Dinastia Tudor.

A Dinastia Tudor foi a sucessão familiar que governou a Inglaterra entre 1485 e 1603, no período da Idade Moderna. Oriunda da sangrenta Guerra das Rosas, a Dinastia Tudor foi marcada por diversos casos de conflitos familiares, escândalos, assassinatos e conspirações. Foi durante o seu exercício no poder que a Inglaterra se transformou em um Estado absolutista, por meio da ruptura com a Igreja Católica e a eliminação de opositores. Como resultado, a Inglaterra se tornou uma potência mundial, a custos de uma crise financeira da população inglesa mais pobre.

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Resumo sobre a Dinastia Tudor

  • A origem da Dinastia Tudor remete ao término da Guerra das Rosas (1455-1485), travada entre as dinastias York e Lancaster, pelo trono da Inglaterra.

  • A Dinastia Tudor significou o fortalecimento do poder absolutista na Inglaterra, principalmente a partir da promulgação do Ato de Supremacia de 1534, que rompia completamente a relação do Estado com a Igreja Católica.

  • No total, cinco reis e rainhas da Casa Tudor governaram a Inglaterra: Henrique VII, Henrique VIII, Eduardo VI, Maria I e Elizabeth I.

  • O rei Henrique VIII se casou seis vezes devido a seu obsessivo objetivo em gerar um herdeiro para o trono real; seus três filhos, dois quais duas eram meninas, governariam o Estado em algum momento.

  • O rei Henrique VIII, quando contrariado pelo papa ao tentar anular o seu primeiro casamento, rompeu com a Igreja Católica e fundou a sua própria instituição religiosa, a Igreja Anglicana.

  • A sucessão familiar dos Tudor gerou violentas perseguições religiosas, alternadas entre governos católicos e protestantes.

  • A última monarca da dinastia, Elizabeth I, venceu a poderosa Armada Espanhola e consolidou o Reino da Inglaterra como uma potência mundial.

  • Após a morte de Elizabeth, teve início a Dinastia Stuart.

O que foi a Dinastia Tudor?

A Dinastia Tudor foi uma sucessão da família real inglesa que governou o Reino da Inglaterra entre os anos de 1485 e 1603. Os nomes dos reis e rainhas que regeram a Dinastia Tudor foram, em ordem cronológica, Henrique VII, Henrique VIII, Eduardo VI, Maria I e Elizabeth I.

Os governos exercidos por essa família real foram marcados por intensas disputas familiares, reformas políticas e religiosas, guerras e assassinatos. A política agressiva exercida por seus monarcas transformou a Inglaterra em um modelo absolutista de governo, mérito conquistado primeiramente por sua rival, a França.

Qual a origem da Dinastia Tudor?

A origem da Dinastia Tudor remete ao término da Guerra das Rosas (1455-1485), travada entre as dinastias York e Lancaster, pelo trono da Inglaterra. Os Lancaster, vitoriosos, tinham como pretendente ao trono Henrique VII, que, em uma manobra política reconciliatória, casou-se com Elizabeth de York. Veremos, a seguir, como essa guerra foi fundamental para a ascensão da Dinastia Tudor.

→ A Guerra das Rosas

A Guerra das Rosas foi o nome dado ao conflito travado entre as famílias nobres York e Lancaster entre os anos de 1455 e 1485. A denominação dada à guerra é uma referência aos símbolos utilizados por cada uma das dinastias: enquanto os York tinham como brasão uma rosa branca, os Lancaster ostentavam uma rosa vermelha.

A utilização da flor como símbolo de ambas as facções não era coincidência, já que tinham como origem uma dinastia em comum – a Dinastia Plantageneta, que remonta à região de Anjou do século XII, na atual França.

A Inglaterra acabava de ser derrotada pela França na Guerra dos Cem Anos (1337-1453). Fragilizada política e economicamente, a Inglaterra tinha como governante o rei Henrique VI, da Casa Lancaster, considerado um mau monarca por grande parte da nobreza inglesa devido à instabilidade econômica inglesa e a perda de territórios na França. Por fim, em 1453, o rei sofreu um colapso que imediatamente levou as mais influentes casas inglesas a se mobilizarem por uma disputa pelo trono.

Nesse ínterim, o duque Ricardo da Casa York se proclamava no direito de reinar a Inglaterra. A razão era que, ainda no ano de 1399, o seu antecedente plantageneta Ricardo II havia sido usurpado do trono pelo Lancaster Henrique IV – motivo que levou à cisão entre as duas casas.

A falta de popularidade de Henrique VI, somada à crise de sua saúde mental, fez com que Ricardo fomentasse a ambição de proclamar a coroa para si. Por isso, em 1455, Ricardo mobilizou milhares de soldados, convocados por meio de 17 nobres que apoiavam a causa da Casa York. Até o ano de 1460, os Lancaster sofreram uma sucessão de derrotas; a Batalha de Northampton foi particularmente impactante para os Lancaster, que teve como resultado o aprisionamento do rei Henrique VI por seus inimigos.

Entretanto, naquele mesmo ano, Ricardo foi morto durante a Batalha de Wakefield. Mesmo assim, o seu filho Eduardo IV deu continuidade ao combater novamente os Lancaster na decisiva Batalha de Towton, em 1461, que significou o maior conflito já visto na história da Inglaterra até então: a rainha Margarida de Anjou¸ esposa de Henrique VI, mobilizou algo em torno de 30 mil soldados para lutar contra os cerca de 25 mil homens dos York. Após quase dez horas de confronto, Eduardo se saiu vitorioso e assumiu o trono inglês naquele mesmo ano.

Mas a guerra ainda duraria décadas e o trono passaria por diversas posses. A posição de Eduardo IV no trono era frágil; traído pelo antigo aliado Conde de Warwick, Eduardo foi deposto e Henrique VI voltou a governar a Inglaterra por alguns meses. Eduardo, no entanto, ainda possuía a lealdade de diversos nobres e confrontou os Lancaster, com sucesso, em mais duas grandes batalhas (de Barnet e de Tewkesbury).

Dessa vez, no entanto, tanto o rei Henrique VI quanto o herdeiro Eduardo de Westminster foram mortos, o que quase extinguiu a Casa Lancaster. Até o fim de sua vida, Eduardo IV conduziu o reinado com relativa segurança. Mas mesmo após sua morte, em 1483 – causada por motivos incertos –, a Guerra das Rosas ainda duraria dois anos.

O filho do falecido rei e sucessor direto ao trono, Eduardo V, tinha 12 anos de idade e obteve a proteção de seu tio, duque Ricardo de Gloucester. O jovem rei, no entanto, era influenciado pela poderosa família Woodvile, de quem sua mãe, Elizabeth, fazia parte.

A fim de imediatamente sufocar qualquer tentativa dos Woodvile em afastá-lo da posição privilegiada, Ricardo combinou várias estratégias para usurpar o trono de Eduardo V: ordenou o aprisionamento de figuras importantes dos Woodvile, como o irmão e o filho de Elizabeth, e planejou conspirações que levaram à execução do influente barão de Hastings, fiel apoiador dos York.

Não satisfeito, protestou que Eduardo V era filho ilegítimo de Henrique VI, declarando-se rei, enfim, ainda em 1483. Como título real, nomeou-se Ricardo III e ordenou o aprisionamento de Eduardo V e do sobrinho Ricardo de Shrewbury na Torre de Londres. Até hoje, não se sabe qual foi o destino das duas crianças, embora possivelmente tenham sido assassinadas.

A sucessão de ações agressivas de Ricardo III imediatamente lhe rendeu impopularidade entre a nobreza. A esperança de uma restauração da estabilidade política recaiu sobre o sucessor legítimo da extinta Casa Plantageneta, Henrique Tudor, então autoexilado na França, não apenas por parte dos Lancaster, mas também dos York – mesmo Ricardo sendo, ele mesmo, um yorkista.

Em 22 de agosto de 1485, a Guerra das Rosas chegou ao fim após a vitória de Henrique Tudor sobre Ricardo III na Batalha de Bosworth Field. Mesmo em desvantagem numérica de dois para um, os cinco mil soldados comandados por Henrique, dos quais cerca de 1.800 eram compostos por mercenários franceses, venceram os quase dez mil homens do rei usurpador. A razão para a derrota dos defensores se deu principalmente à lealdade dos soldados, muitos dos quais não viam Ricardo III como rei legítimo – algo que contribuiu para deserções e a diminuição do moral em campo de batalha. Como consequência da batalha, diz-se que Ricardo morreu com um único golpe fatal por parte de um soldado de Henrique.

Representação da Batalha Bosworth Field, a última batalha da Guerra das Rosas.

Cinco semanas após a batalha, Henrique Tudor foi proclamado rei, unindo-se oficialmente aos York por meio do casamento com a filha de Eduardo IV, Elizabeth de York. Sob o nome real de Henrique VII, o monarca iniciava em 1485, dessa forma, a Dinastia Tudor. Como símbolo dessa união entre os Lancaster e os York, o brasão da Casa Tudor veio a ser representado por duas rosas sobrepostas: uma branca e outra vermelha.

Os brasões, de cima para baixo, referem-se à rosa vermelha da Casa Lancaster, à rosa branca da Casa York e à união das rosas da Casa Tudor.[1]

Dinastia Tudor x absolutismo inglês

A Dinastia Tudor significou o fortalecimento do poder absolutista na Inglaterra, principalmente a partir da promulgação do Ato de Supremacia de 1534, que rompia completamente a relação do Estado com a Igreja Católica. A partir desse ato, o rei Henrique VIII fundou sua própria instituição religiosa, a Igreja Anglicana, da qual ele mesmo era chefe. Todos os bens monásticos da Igreja Católica foram vendidos e renderam ao Tesouro inglês cerca de 1,5 milhões de libras esterlinas.

Sem praticamente nenhuma resistência por parte do Parlamento inglês durante a dinastia, os Tudor se fortaleceram política e financeiramente perante a nobreza e as demais instituições de governo. O poder absoluto dos Tudor, embora sufocasse revoltas populares ou externas, não se mostrou sólido em relação às tensões internas de disputa por poder.

Reis e rainhas da Dinastia Tudor

No total, cinco reis e rainhas da Casa Tudor governaram a Inglaterra:

→ Henrique VII (1485-1509): vencedor Lancaster da Guerra das Rosas, inaugurou a Dinastia Tudor ao se casar com Elizabeth de York, unindo assim as antigas casas inimigas. Sob seu governo, o Reino da Inglaterra prosperou por meio de políticas fiscais cuidadosas, evitando gastos com guerras e financiando obras públicas. Sua política econômica e exteriormente pacífica permitiu que a dinastia se fixasse e, mais tarde, tornasse a Inglaterra um Estado absoluto.

Henrique VII, primeiro monarca da Dinastia Tudor.

→ Henrique VIII (1509-1547): seu governo foi marcado por uma busca obsessiva por um herdeiro masculino, o que resultou em seis casamentos e um rompimento definitivo com a Igreja Católica, levando à criação da Igreja Anglicana em 1534. Esse rompimento com a instituição ocorreu após o papa negar a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, sua primeira esposa, que não conseguiu lhe dar um herdeiro homem. Henrique casou-se então com Ana Bolena, que também não pôde lhe conceder um herdeiro, e conspirou para que ela fosse condenada à morte. No entanto, os seus três filhos de diferentes mães que sobreviveram à infância – Eduardo VI, Maria I e Elizabeth I – iriam governar a Inglaterra em algum momento. Para saber mais sobre a trajetória de Henrique VIII, clique aqui.

Retrato de Henrique VIII, segundo monarca da Dinastia Tudor.

→ Eduardo VI (1547-1553): por subir ao trono com apenas nove anos, o governo da Inglaterra foi conduzido por um conselho de regentes. O principal responsável pela regência foi seu tio, Lorde Edward Seymour, que aproveitou sua posição para favorecer os próprios interesses. Além disso, Seymour enfraqueceu a influência do conselho, concentrando o poder da regência apenas para si, e ordenou a execução de seu irmão católico, Thomas Seymour. Eduardo nunca chegou a exercer de fato o poder, pois faleceu em 1553. De acordo com as instruções de seu pai, Henrique VIII, caso Eduardo morresse sem herdeiros, sua meia-irmã Maria I deveria assumir o trono.

Retrato de Eduardo VI, terceiro monarca da Dinastia Tudor.

→ Maria I (1553-1558): filha única de Henrique VIII com Catarina de Aragão, ela havia sido declarada ilegítima após o rei anular seu casamento com Catarina e se casar com Ana Bolena. Após a morte de Eduardo VI, houve uma tentativa de manter a viúva Lady Jane Grey no trono por meio de um golpe de Estado. Maria, no entanto, contava com o apoio de muitos nobres, que lhe concederam cerca de 30 mil soldados para garantir sua ascensão ao poder. Sua profunda aversão ao protestantismo fez com que anulasse o Ato de Supremacia e devolvesse ao papa o controle sobre o catolicismo na Inglaterra. Em apenas quatro anos, estima-se que 287 protestantes tenham sido executados na fogueira, o que lhe rendeu o apelido de Bloody Mary, ou "Rainha Sangrenta".

Retrato de Maria I, quarta monarca da Dinastia Tudor.

→ Elizabeth I (1558-1603): restaurou o Ato de Supremacia e o protestantismo na Inglaterra. Seu reinado enfrentou conflitos com Maria, Rainha dos Escoceses, e uma violenta guerra contra Filipe II da Espanha, que organizou uma invasão à Inglaterra por meio de sua dita “invencível” Armada Espanhola, que foi derrotada pela Marinha Real Inglesa. As vitórias navais consolidaram o poder marítimo da Inglaterra, marcando sua ascensão como uma potência mundial, mas a custos de uma alta inflação e crise de alimentos no país. Com o falecimento de Elizabeth I em 1603, teve término a Dinastia Tudor.

Elizabeth I, quinta e última monarca da Dinastia Tudor.

Árvore genealógica da Dinastia Tudor

A Dinastia Tudor, que surgiu a partir da união entre os Lancaster e os York na Inglaterra, em 1485, só chegou ao fim quando a rainha Elizabeth I morreu sem deixar herdeiros, em 1603. Observe a seguir a árvore genealógica da Dinastia Tudor.

Árvore genealógica da Dinastia Tudor. (Crédito da Imagem: Gabriel Franco | História do Mundo)

Rei Henrique VIII e a Dinastia Tudor

Henrique VIII, nascido em 1491, era o segundo filho de Henrique VII e Elizabeth York. Inicialmente, seu pai planejava para ele uma carreira na Igreja Católica, pois seu irmão mais velho, Arthur, era o herdeiro ao trono. No entanto, com a morte prematura de Arthur, Henrique foi nomeado sucessor do reinado, nomeado monarca em 1509, após o falecimento do pai.

Aos 18 anos, casou-se com Catarina de Aragão, viúva de Arthur, como parte de uma aliança política com a Espanha. Embora o casamento tenha começado de forma afetuosa, a dificuldade de Catarina em gerar um filho do sexo masculino frustrou Henrique, algo que fez com que o relacionamento começasse a se deteriorar. O nascimento de Maria, a única filha sobrevivente de Catarina, não foi suficiente para satisfazer suas expectativas dinásticas.

Doravante, envolveu-se com a amante Ana Bolena, que exigiu um casamento oficial. O papa se recusou a anular o casamento de Henrique com Catarina, levando-o a romper com a Igreja Católica e fundar a sua própria instituição religiosa, a Igreja Anglicana, por meio do Ato de Supremacia, divulgado em 1534. Agora, intitulando-se líder do Estado e da Igreja, Henrique pôde exercer poder absoluto sobre o Reino da Inglaterra.

Catarina foi afastada e Ana se tornou rainha, mas também não conseguiu gerar um filho herdeiro – exceto Elizabeth, futura rainha da Inglaterra. Descontente, Henrique acusou Ana de traição e mandou executarem-na em 1536.

Seu único filho herdeiro, Eduardo VI, foi gerado pela terceira esposa, Jane Seymour, que morreu após o parto. A quinta esposa de Henrique foi Catarina Howard, que também foi acusada de traição pelo monarca e executada por decapitação. A sexta e última cônjuge foi Catarina Parr, que se tornou viúva do rei em 1547.

O rei Henrique VIII e sua última esposa, Catarina Parr (William H. Kearney, ca. 1830).

Durante os 38 anos de governo, Henrique VIII eliminou opositores e nomeou aliados para cargos importantes, além de ter casado seis vezes em sua procura obsessiva por um herdeiro ao trono real. Politicamente, suas relações internacionais eram instáveis, com várias alianças e conflitos envolvendo principalmente a Espanha, a França e a Escócia. Seu rompimento com a Igreja Católica gerou um forte conflito religioso na Inglaterra, com consequências que perduraram pelas demais gerações da Dinastia Tudor.

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Última rainha da Dinastia Tudor

A última rainha da Dinastia Tudor foi Elizabeth I, que reinou de 1558 a 1603, sucedendo sua meia-irmã “Maria Sangrenta” e encerrando a linhagem da família Tudor. Suas primeiras manobras de governo consistiram na restauração da religião protestante e do Ato de Supremacia, que havia sido revogado por Maria I.

No entanto, teve como uma das principais ameaças ao protestantismo a sua prima Maria, Rainha dos Escoceses, que representava um perigo sob apoio de aliados católicos na França e na Espanha. Devido a um conflito interno na Escócia, Maria foi destronada e presa em seu Estado, mas conseguiu fugir para a Inglaterra em busca da proteção de Elizabeth.

A rainha da Inglaterra, no entanto, não soube o que fazer com a prima, que ficou quase 20 anos encarcerada antes de ser executada em 1587, em parte devido ao temor de Elizabeth sobre possíveis revoltas católicas. A morte de Maria provocou uma tentativa de invasão da Grã-Bretanha por Filipe II da Espanha, que queria eliminar Elizabeth e a influência protestante. A Armada Espanhola, apesar de seu nome, foi derrotada pela Marinha Real inglesa, consolidando a Inglaterra como uma potência marítima e global.

Retrato de Elizabeth I, última monarca Tudor, para comemorar a vitória sobre a Armada Espanhola.

No entanto, essa vitória teve um custo: a inflação aumentou, os impostos subiram e o país enfrentou uma crise alimentícia. Após 45 anos de governo, Elizabeth I faleceu em 1603, aos 69 anos, devido a doenças respiratórias.

Fim da Dinastia Tudor

Com a morte da rainha Elizabeth I, a Dinastia Tudor chegou ao fim. O término dos contraditórios governos exercidos pelos monarcas da linhagem permitiu que a história da Inglaterra possuísse uma conclusão com características próprias, entre as quais o fortalecimento do Reino da Inglaterra, a criação da Igreja Anglicana e a consolidação de uma potência naval.

Dinastia Tudor x Dinastia Stuart

Devido à falta de herdeiros, quando de sua morte, Elizabeth I tinha como parente mais próximo à sucessão do trono o seu sobrinho, o rei da Escócia Jaime Stuart – que, nesse caso, tinha como nome real Jaime VI da Escócia e seria nomeado Jaime I da Inglaterra quando tomasse posse da Coroa inglesa. A relação de Jaime com os Tudor remonta a 1503, quando Jaime IV se casou com Margarida Tudor, filha de Henrique VII com Elizabeth de York – ou seja, irmã de Henrique VIII e bisavó de Jaime VI.

A coroação de Jaime VI significou a união pessoal da Inglaterra e da Escócia (que mantiveram suas administrações de maneira independente, diferentemente da união real, em que mais de um Estado se submete a um só Parlamento e sistemas de poder) e o início na Dinastia Stuart.

A história da Dinastia Stuart seria marcada pelas Revoluções Inglesas, que diminuiriam o poder dos reis para aumentar a autonomia do Parlamento. Disso, resultou-se a Monarquia Constitucional, que na Inglaterra significaria uma autoridade simbólica e sem grande influência no âmbito político – modelo que perdura no país até os dias de hoje.

Séries e filmes sobre a Dinastia Tudor

⇒ Elizabeth (1998): filme que narra a ascensão de Elizabeth I ao trono. Sua continuação, Elizabeth: A Era de Ouro (2007), enfatiza as tensões ao final de seu reinado.

⇒ The Tudors (2007-2010): série com ênfase na vida pessoal de Henrique VIII e suas relações com as seis esposas.

⇒ The White Queen (2013): minissérie com ênfase nas personagens femininas envolvidas na Guerra das Rosas.

⇒ The White Princess (2017): derivada de The White Queen, a minissérie narra os primeiros eventos oriundos da união entre os York e os Lancaster após a Guerra das Rosas.

⇒ The Spanish Princess (2019-2020): série de curta duração que conta parte da história dos Tudor por meio da perspectiva de Catarina de Aragão, a primeira esposa de Henrique VIII. É também parte da saga The White Queen.

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Curiosidades sobre a Dinastia Tudor

  • A história da Dinastia Tudor serviu de inspiração para a criação da série de livros As Crônicas de Gelo e Fogo, escrita por George R. R. Martin.

  • A recusa por consolidar um casamento deu a Elizabeth I o apelido de “Rainha Virgem”.

  • O escritor Thomas More, autor de Utopia, foi executado por ordens de Henrique VIII ao rejeitar a separação das Igrejas.

  • O dramaturgo inglês William Shakespeare, contemporâneo à Dinastia Tudor, foi autor de diversas peças de teatro que contam histórias sobre os membros da família, com destaque a Richard III.

  • Conta-se que Henrique VIII, nos primeiros anos de governo, era um exímio atleta e praticava diversos esportes, entre os quais levantamento de peso, tênis, luta, natação, esgrima e tiro ao alvo.

  • É possível que a família Tudor – em especial, a rainha Elizabeth – tenha criado uma tendência na Inglaterra quinhentista: dentes pretos. O consumo excessivo de doces tendia a apodrecer os dentes dos nobres (afinal, o açúcar era um bem consumido apenas pelos mais ricos). Muitos, inclusive, chegavam a extrair a sua maioria.

  • Os Tudor foram responsáveis por disseminar um estilo arquitetônico não apenas para grandes estruturas reais, mas também residências. A mais notável característica desse tipo de construção está nas paredes com “fachadas em enxaimel” – estruturas em tábuas de madeira (que dão a impressão de terem sido sobrepostas a uma parede branca) preenchidas com tijolo ou gesso.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

Fontes

CORVISIER, André. História Moderna. São Paulo: Difel, 1980.

MINOIS, George. Henrique VIII. São Paulo: Unesp, 2022.

RIDLEY, Jasper. A Brief Story of the Tudor Age. Londres: Robinson, 2002.

SKIDMORE, Chris. Bosworth: The Birth of the Tudors. Londres: Phoenix, 2013.

TUCKER, Spencer C. Battles That Changed History: An Encyclopedia of World Conflict. Santa Barbara: ABC-CLIO, 2011.

Por Cassio Remus de Paula