História do Brasil

A história do Brasil teve início há mais de dez mil anos, quando povos ancestrais ocupavam o território. Em 1500, a expedição de Cabral trouxe os primeiros portugueses para o Brasil.
Indígenas e portugueses na embarcação de Cabral, no início da história do Brasil.

A história do Brasil se iniciou há milhares de anos, quando os povos ancestrais dos indígenas passaram a habitar o território do que seria o Brasil. No período Pré-Cabralino diversos povos domesticaram plantas, muitas delas consumidas por nós ainda hoje; também deram nome a diversos animais, plantas e lugares, que são chamados da mesma forma por nós ainda hoje.

Em 1500 os portugueses chegaram ao Brasil e, junto com eles, a religião cristã, a língua portuguesa e diversos outros elementos fundamentais da nossa cultura. Ainda no Período Colonial muitos africanos chegaram, de forma forçada, ao Brasil, para trabalharem como escravos. Eles também trouxeram sua cultura para o nosso país.

Foi há pouco mais de 200 anos que o Brasil se tornou independente de Portugal, adotando o sistema monárquico por 67 anos, quando a República foi proclamada em 1889. Nossa República é marcada por diversos golpes de Estado e por períodos de ditadura, o último deles se encerrou em 1985, quando se iniciou a Nova República, período da história do Brasil no qual vivemos.

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Resumo sobre história do Brasil

  • A história do Brasil é dividida em diversos períodos, como Pré-Cabralino, Pré-Colonial, Colonial, Primeiro Reinado, Regencial, Segundo Reinado, Primeira República, Era Vargas, República Populista, Ditadura Civil-Militar e Nova República.
  • O Período Pré-Cabralino se estendeu por milhares de anos, é o período anterior à chegada dos europeus.
  • O Período Pré-Colonial ocorreu nos 30 primeiros anos após a chegada dos europeus e foi marcado pelo escambo de pau-brasil.
  • O Período Colonial durou de 1530 até 1822. Período no qual o Brasil foi, de fato, colonizado por Portugal.
  • Após a independência ocorreu o Primeiro Reinado, período de governo de Dom Pedro I.
  • Entre 1831 e 1840 ocorreu o Período Regencial, no qual o Brasil elegeu regentes e diversas guerras civis ocorreram no país.
  • O Segundo Reinado foi o período no qual Dom Pedro II governou o Brasil.
  • A Primeira República foi marcada pelo poder dos coronéis, pelo voto de cabresto e por revoltas tenentistas.
  • A Era Vargas durou de 1930 até 1945, foi marcado como um período autoritário e de desenvolvimento industrial.
  • Entre 1945 e 1964 o Brasil viveu mais um momento democrático, conhecido como República Populista ou Quarta República.
  • Após um golpe de Estado os militares governaram o Brasil de 1964 até 1985, período da Ditadura Civil-Militar.
  • Com a posse de José Sarney, em março de 1985, se iniciou a Nova República, novo momento democrático da história do Brasil.

Origem do Brasil

A origem do Brasil se inicia milhares de anos antes do que a história oficial chamou de “Descobrimento do Brasil”, quando milhares de povos indígenas viviam no litoral do que se tornaria o Brasil. Dos povos originários adotamos muitos hábitos, muitos alimentos e parte da sua língua.

Em 22 de abril de 1500, com a chegada da expedição de Pedro Alvares Cabral, os primeiros portugueses passaram a viver no Brasil. Da expedição de Cabral ficaram dois degredados, criminosos de Portugal abandonados na Bahia, e dois grumetes que desertaram na expedição e fugiram para a floresta, talvez para escapar das péssimas condições de vida dentro das caravelas.

A partir de 1530 o Brasil passou a ser, de fato, colonizado e povoado pelos portugueses. Foi nessa época que passaram a ser trazidos para o Brasil, de forma compulsória, os africanos, representando outro elemento importante na formação do povo e da cultura brasileira.

No século XIX diversos outros povos passaram a imigrar para o Brasil, como italianos, alemães, japoneses, espanhóis, libaneses, armênios, finlandeses e tantos outros. Esse processo continua ainda hoje, e nosso país recebe atualmente povos de todos os continentes, como venezuelanos, haitianos, chineses, nigerianos e portugueses.

Em relação ao território nacional, ele começou a ser construído anos antes do chamado Descobrimento, com acordos realizados entre as autoridades lusitanas e espanholas que culminaram com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, de 1494. Pelo tratado, a parte oriental do que é hoje o Brasil se tornou de Portugal.

Outro tratado importante foi o de Madri, de 1750, novamente assinado entre as autoridades dos reis ibéricos. O novo tratado garantiu a maioria da parte ocidental do nosso atual território aos portugueses. Com o Tratado Loizaga-Cotegipe, assinado entre Brasil e Paraguai após a Guerra do Paraguai, algumas partes do território paraguaio passaram para a posse do Brasil; e com o Tratado de Petrópolis, assinado entre Brasil e Bolívia em 1903, o Acre passou para a posse do Brasil.

Politicamente o Brasil se tornou um Estado independente em 7 de setembro de 1822, quando oficialmente se emancipou de Portugal. Até 1889 foi adotado no Brasil o sistema monárquico, e a partir de 15 de novembro de 1889 o Brasil passou a adotar o republicanismo. Desde a Proclamação da República o Brasil enfrentou diversos golpes e períodos de ditaduras.

Veja também: Dia do Fico — momento decisivo do processo de independência do Brasil

Períodos da história do Brasil

→ Período Pré-Cabralino

O Período Pré-Cabralino, ou seja, anterior à chegada da expedição de Cabral ao Brasil em 22 de abril de 1500. Estendeu-se por mais de dez mil anos, quando os primeiros povos caçadores-coletores chegaram ao nosso território. Atualmente o esqueleto de Luzia, descoberto em Lagoa Santa por Peter Lund no século XIX, é o mais antigo do Brasil, com aproximadamente 11 mil anos.

Muitas questões sobre o povoamento do Brasil continuam em aberto, como por onde os primeiros povos adentraram ao território brasileiro. Atualmente três rotas são propostas, pelo litoral norte, via navegação da cabotagem; pela Amazônia, utilizando os rios como rotas de penetração; ou por povos provenientes da Cordilheira dos Andes.

No Brasil pré-cabralino viveram milhares de povos, um dos primeiros foram os povos sambaquieiros, povos que construíam sambaquis e que viveram no litoral ou próximo dele. Os povos dos sambaquis existiram entre 10 mil e 1 mil anos atrás, eram povos que viviam da pesca e da coleta em ambientes costeiros e de Mata Atlântica.

Os sambaquis (montes de conchas) são indícios de povos que habitaram o território brasileiro entre 7,5 mil e mil anos atrás.

A agricultura passou a ser praticada na América por volta de 9 mil anos, e no Brasil os povos indígenas passaram a cultivar dois alimentos principais, a mandioca e o milho. A agricultura possibilitou o aumento demográfico, maiores períodos habitando o mesmo local e o aumento do tamanho das aldeias. Na época da chegada dos portugueses ao Brasil, povos do tronco linguístico Tupi-Guarani ocupavam boa parte do litoral e das regiões de floresta do Brasil, os povos de língua Jê, principalmente das regiões de Cerrado e de Caatinga.

→ Período Pré-Colonial (1500-1530)

O Período Pré-Colonial se iniciou com a chegada da expedição de Cabral ao Brasil, em 22 de abril de 1500, e se encerrou em 1530, quando Portugal passou, de fato, a colonizar o Brasil. Nessas três décadas poucos portugueses se fixaram no Brasil, muitos deles eram degredados ou náufragos, que passaram a residir junto com os indígenas.

Durante o Período Pré-Colonial a exploração do Brasil ficou a cargo da iniciativa privada, e expedições foram enviadas ao nosso país para a exploração do pau-brasil através do escambo com os indígenas. No período não foram fundadas vilas, e as feitorias, moradias provisórias para a exploração do pau-brasil nas matas da região, foram as edificações mais comuns.

Representação de indígenas brasileiros tupinambás no século XVI.

Os portugueses, nas três primeiras décadas após o descobrimento, investiram a maior parte dos seus recursos na exploração do Oriente, principalmente da Índia. Isso ocorreu pelos rápidos e altos lucros gerados pelo comércio das especiarias e porque a Coroa não via suas posses na América ameaçadas por outras potências. Mas, com a chegada de ingleses e principalmente os franceses no litoral brasileiro, Portugal optou por colonizar o Brasil.

  • Figuras lendárias do Período Pré-Colonial 

Algumas pessoas do período se tornaram lendárias, como o Bacharel de Cananeia, que nos deixou poucas fontes sobre sua existência. Ele teria sido um degredado, deixado no Brasil pouco tempo depois da expedição de Cabral, que criou uma comunidade na região de Iguape junto com alguns espanhóis, a maioria náufragos.

O Bacharel de Cananeia se tornou um traficante de escravos indígenas, intérprete e guia de navegação que auxiliou portugueses e espanhóis na região de fronteira entre os dois reinos, pelo Tratado de Tordesilhas. Durante a Guerra de Iguape deixou seus aliados e se uniu aos portugueses. Após o conflito continuou a prestar serviços para os lusitanos.

Outro português que prosperou no Brasil nos primeiros anos após a chegada europeus foi Caramuru, maneira pela qual Diogo Álvares foi chamado pelos indígenas. Ele foi aceito pelos Tupinambás e se casou com a filha do cacique Taparica, chamada Paraguaçu. Ele foi responsável pelo contato entre indígenas e europeus e, em 1526, foi levado para a França junto com Paraguaçu, que foi batizada e passou a ser chamada de Catarina.

→ Período Colonial (1530-1822)

O Período Colonial ocorreu entre 1530, momento em que Portugal passou a explorar o Brasil, e se encerrou em 1822, quando o Brasil se tornou independente. Durante esse período o Brasil foi uma colônia de Portugal, sendo obrigado a cumprir as regras do Pacto Colonial.

Dom João III, rei de Portugal, optou pelo sistema de capitanias hereditárias para tentar colonizar o Brasil, dividindo o território brasileiro em 14 capitanias e entregando cada uma delas a uma pessoa da elite portuguesa, membros da nobreza ou burgueses. Cada um podia doar parte das suas terras para terceiros (as chamadas sesmarias), fundar vilas, explorar economicamente a terra, pagando os devidos impostos, e defendê-la das outras nações e povos indígenas.

O sistema não obteve sucesso, e apenas as capitanias de Pernambuco e São Vicente prosperaram. Algumas capitanias não prosperaram e foram abandonas, outras foram atacadas por indígenas e também foram abandonadas, e alguns capitães não chegaram a iniciar a colonização do Brasil.

Com o fracasso das capitanias a Coroa criou o governo-geral, enviando para o Brasil em 1549 o primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Souza, comandante de uma esquadra com mais de mil pessoas. Tomé de Souza fundou a primeira capital do Brasil, Salvador, na Bahia. Tomé de Souza tinha por principais objetivos auxiliar as capitanias que enfrentavam dificuldades e expulsar os franceses do Brasil.

Junto com a expedição de Tomé de Sousa chegaram ao Brasil os primeiros jesuítas, membros da Igreja Católica que tiveram papel importante na educação brasileira no Período Colonial e também foram responsáveis pela interiorização da colonização, junto com os bandeirantes.

Foi nesse período que se iniciou no Brasil o primeiro ciclo econômico, o do açúcar, atividade econômica que fixou os portugueses na terra, gerou riqueza para a Coroa e para os senhores de engenho e que trouxe os primeiros escravos africanos para o Brasil.

Durante o Período Colonial, a escravidão e a violência se tornaram práticas cotidianas.

São Vicente é considerada a primeira vila do Brasil, fundada em 1532. Em 22 de agosto do mesmo ano foram realizadas as primeiras eleições do Brasil quando os habitantes de São Vicente elegeram os membros da Câmara dos Vereadores. Na última década do século XVII os bandeirantes paulistas encontraram ouro em grande quantidade em Minas Gerais e, nas décadas seguintes, em Goiás e Mato Grosso, iniciando o ciclo do ouro, que durou um século.

A descoberta do ouro fez com que muitas pessoas, principalmente do Nordeste e de Portugal, migrassem para as regiões mineradoras, surgindo as primeiras cidades da região, que rapidamente prosperaram. O ouro era transportado pela Estrada Real até o Rio de Janeiro, fazendo com que em 1763 a capital do Brasil fosse transferida de Salvador para o Rio de Janeiro.

Durante todo o Período Colonial, diversas guerras e revoltas ocorreram, como a Guerra dos Emboabas, a Revolta da Cachaça e Revolta de Filipe dos Santos. Essas revoltas foram chamadas de nativistas, pois, pela primeira vez, pessoas nascidas no Brasil lutaram contra a Coroa portuguesa.

No século XVIII as ideias iluministas da Europa chegaram ao Brasil, assim como as notícias da Guerra de Independência nos Estados Unidos, inspirando e dando origem às primeiras revoltas emancipacionistas, ou seja, movimentos que tinham por objetivo a independência de uma parte do Brasil de Portugal. As principais delas foram a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana e a Revolução Pernambucana.

Em 1807, ameaçado por tropas de Napoleão que marchavam para Portugal, Dom João VI fugiu para o Brasil junto com a Corte portuguesa e a maior parte da elite econômica do país. A família real portuguesa chegou ao Brasil em 1808, dando início ao que muitos historiadores chamam de Período Joanino.

No Brasil, Dom João VI, príncipe regente, tomou diversas decisões que enfraqueceram o Pacto Colonial, como a abertura dos portos para as nações amigas e o fim da proibição de manufaturas no Brasil. Além disso foram feitas diversas melhorias no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, como a fundação do Banco do Brasil, do Horto Florestal, Jardim Botânico, da Imprensa Régia, do Teatro São João, entre tantas outras.

Em 1815 o Brasil foi elevado a Reino Unido a Portugal e Algarves. Na prática o Brasil deixou de ser uma colônia de Portugal e passou a ser o centro político do Império português.

Com a Revolução do Porto, ocorrida em 1820, as coisas mudaram em Portugal, e o reino passou a ser uma monarquia constitucional. Dom João VI foi obrigado a retornar ao reino, e as Cortes tentaram recolonizar o Brasil, o que não foi aceito pela elite econômica e política do Brasil, que optou pela independência. Em 7 de setembro de 1822, nas margens do Riacho do Ipiranga, Dom Pedro I declarou o nosso país independente.

→ Período Imperial

  • Primeiro Reinado

Dom Pedro I foi coroado imperador do Brasil em 1º de dezembro de 1822. Em 3 de maio de 1823, no Rio de Janeiro, foi formada a primeira Assembleia Constituinte do nosso país, que reuniu 84 deputados eleitos de todo o Brasil. A assembleia passou a legislar e elaborar o que seria a nossa primeira Constituição.

Descontente com os debates na assembleia e os rumos que a Constituição tomava, Dom Pedro I invadiu a Assembleia em 12 de novembro de 1823, fechando-a e obrigado que os deputados voltassem para suas províncias. O fato ficou conhecido como Noite da Agonia e marcou o início do autoritarismo no Brasil. Em 25 de março de 1824, Dom Pedro I outorgou a primeira Constituição do Brasil, que, apesar de estabelecer uma monarquia constitucional como forma de governo, contava com o Poder Moderador, que na prática dava poderes absolutistas para Dom Pedro I.

O Primeiro Reinado foi marcado pelos atritos entre membros do Partido Português e do Partido Português e pela insatisfação dos primeiros com o imperador. Em 1824 eclodiu no Nordeste a Confederação do Equador, movimento que objetivava a fundação de uma república na região que abrangia a parte ocidental da atual Bahia (na época era parte de Pernambuco), Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Dom Pedro I enviou tropas para a região, na maioria composta por mercenários estrangeiros, que conseguiram vencer os revoltosos. Após a vitória Dom Pedro I impôs pesadas penas aos revoltos, e dois deles, Frei Caneca e Padre Mororó, foram condenados à morte.

Dom Pedro I, primeiro imperador da história do Brasil, em pintura de Benedito Calixto.

Em 1825 se iniciou a Guerra da Cisplatina, uma disputa entre o Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata (Argentina) pela posse da Cisplatina. Após sucessivas derrotas na guerra o Brasil assinou um acordo com a Argentina em 1828, pondo fim ao conflito. A Cisplatina se tornou um Estado independente e passou a se chamar Uruguai. A perda da Cisplatina, até então uma província brasileira, piorou ainda mais a popularidade de Dom Pedro I entre os brasileiros.

Em 21 de novembro de 1830, o jornalista Libero Badaró, um dos principais críticos de Dom Pedro I, foi assassinado a tiros nas ruas de São Paulo, embora o crime nunca tenha sido investigado. Em março de 1831 ocorreu no Rio de Janeiro a “Noite das Garrafadas”, um conflito entre portugueses e brasileiros que se arrastou por três dias. Sob forte pressão popular, Dom Pedro I abdicou ao trono em 7 de abril de 1831, retornando para Portugal. Saiba mais obre o Primeiro Reinado clicando aqui.

  • Período Regencial

Quando abdicou do trono em 1831, Dom Pedro I deixou seu filho, Pedro II, como seu sucessor; o problema é que ele tinha apenas cinco anos de idade. Durante uma década os poucos brasileiros que tinham direito ao voto elegeram os governantes do Brasil, os chamados regentes. Durante o período ocorreram regências trinas, em que três regentes governaram, e regências unas, com apenas um regente no poder.

O Período Regencial foi marcado pela descentralização do poder e o enfraquecimento do poder central, com sede no Rio de Janeiro. O período também foi marcado por inúmeras revoltas, como a Revolta dos Malês, Guerra dos Farrapos, Cabanagem, Balaiada e Sabinada.

Em 1831 a regência criou a Guarda Nacional, uma força militar que tinha por principal objetivo se contrapor ao exército, considerado português demais. Em 1834 foi aprovado o Ato Adicional de 1834, lei que criou as assembleias provinciais, a regência una e dissolveu o Conselho de Estado.

A pouca legitimidade da regência e as inúmeras revoltas que ocorriam no Brasil levaram os membros do Partido Liberal, maioria no Senado, a aprovar a coroação de Dom Pedro II, com apenas 14 anos, como imperador do Brasil. Em 23 de julho de 1840, Dom Pedro II passou a governar o Brasil encerrando o conturbado período da regência. Saiba mais sobre o Período Regencial clicando aqui.

  • Segundo Reinado

O Segundo Reinado ocorreu entre 23 de julho de 1840, quando Dom Pedro II passou a governar o Brasil, até 15 de novembro de 1889, quando ocorreu a Proclamação da República. Dom Pedro II assumiu o trono com apenas 14 anos, quando a Revolução Farroupilha estava em seu auge.

Dom Pedro II teve o mais longo governo da história do Brasil.

Tropas do Império do Brasil conseguiram importantes vitórias sobre os revoltosos a partir de 1842 e, três anos depois, a última das revoltas regenciais foi encerrada com um acordo de paz por meio do qual os farrapos conquistaram boa parte das suas reivindicações do início do conflito. Os líderes farroupilhas também foram perdoados pelo imperador.

Foi durante o Segundo Reinado que o café se tornou o principal produto da economia brasileira. Inicialmente cultivado no Vale do Paraíba com mão de obra escrava, logo as plantações se espalharam pelo oeste paulista, sul de Minas e norte do Paraná. Nessa região os imigrantes se tornaram os principais trabalhadores do cultivo do café. A expansão para o oeste paulista foi marcada pelo desmatamento da Mata Atlântica e do Cerrado e pelo extermínio de diversos povos indígenas.

A escravidão perdurou durante quase todo o Segundo Reinado, mas foi nesse período que a escravidão foi gradativamente perdendo importância econômica. Isso ocorreu principalmente por causa das leis aprovadas no período, como a Eusébio de Queiroz, a Lei do Ventre Livre, dos Sexagenários e, enfim, a Lei Áurea, aprovada pelo Senado e assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, pouco mais de um ano antes do fim da monarquia.

Além disso, ocorreu a Guerra do Paraguai, ocorrida entre 1864 e 1870 e travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra se iniciou quando tropas paraguaias, comandadas por Solano López, invadiram cidades fronteiriças do território brasileiro com o objetivo de pressionar Dom Pedro II para que ele permitisse a passagem de navios paraguaios pelo Rio Paraná.

A guerra terminou com a derrota paraguaia, a destruição de parte da infraestrutura do país e com sua população masculina adulta quase dizimada pelas tropas brasileiras. Durante o conflito o exército se fortaleceu, ganhou poder político e se tornou uma importante força política. Em 15 de novembro de 1889 um golpe liderado pela cúpula do exército derrubou Dom Pedro II e proclamou a república.

De forma indireta o Marechal Deodoro da Fonseca, um dos líderes do golpe, foi nomeado o primeiro presidente do Brasil. Dom Pedro II e a família real foram imediatamente exilados do Brasil e enviados para a Europa. Para saber mais sobre o Segundo Reinado, clique aqui.

→ Período Republicano 

  • Primeira República

A Primeira República ocorreu entre 15 de novembro de 1889, data da Proclamação da República, e 3 de outubro de 1930, quando Getúlio Vargas assumiu o poder após liderar um golpe de Estado que contou com o apoio das Forças Armadas. A República no Brasil se iniciou com um período de ditadura militar, conhecido como República da Espada. Durante o período, dois militares eleitos de forma indireta governaram o Brasil, o Marechal Deodoro da Fonseca e o Marechal Floriano Peixoto.

Em 1891 foi aprovada a primeira constituição republicana, que acabou com o voto censitário, permitiu o voto a todos os brasileiros maiores de 21 anos e alfabetizados, e separou Estado e Igreja. O primeiro presidente civil foi Prudente de Moraes, eleito pelo Partido Republicano Fluminense. Durante a Primeira República ainda foram presidentes do Brasil: Campos Sales, Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Venceslau Brás, Delfim Moreira, Epitácio Pessoa, Arthur Bernardes e Washington Luís.

O período também é chamado de República Oligárquica, uma vez que os grandes cafeicultores do Sudeste eram a principal força política do país. Na época as eleições eram descentralizadas e o voto era aberto, o que gerava inúmeras fraudes nas diferentes etapas da eleição, apuração e divulgação dos resultados. O voto de cabresto, prática na qual o eleitor era forçado a votar em um candidato do coronel, foi comum no período, principalmente nas áreas rurais.

Alianças políticas feitas entre os membros do Partido Republicano Paulista e do Partido Republicano Mineiro, regiões com os maiores colégios eleitorais do Brasil, permitiram que esses dois partidos se revezassem na Presidência da República, o que ficou conhecida como Política do Café com Leite.

Os tenentes, maneira pela qual os militares de baixa patente passaram a ser chamados, formaram um importante movimento social do período que participou de diversas revoltas contra o sistema político e os governantes. Em 1922 os tenentes lideraram a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, dois anos depois a Revolução de 1924 e a Coluna Prestes-Miguel Costa, que perambulou pelos sertões do Brasil entre 1924 e 1927.

No final da década de 1920 uma crise na Política do Café com Leite levou Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul a criarem a Aliança Liberal e a lançarem Getúlio Vargas como candidato à presidência. Os paulistas, apoiados pelos outros estados, lançaram Júlio Prestes como candidato, que acabou sendo o vencedor da eleição.

Após a eleição o candidato a vice da chapa de Getúlio Vargas, João Pessoa, foi assassinado a tiros. O fato, praticado por questões pessoais e não políticas, foi o estopim de um movimento que levou ao poder Getúlio Vargas em 1930, através de um novo golpe de Estado. Vargas passou a governar de forma provisória, mas ficou no poder por 15 anos. Saiba mais sobre a Primeira República clicando aqui.

  • Era Vargas

Vargas derrubou a velha oligarquia, que estava no poder desde a década de 1930 e, para ele, representava o atraso do Brasil. Em 1932, os paulistas protestaram contra Vargas, exigindo uma constituição. O assassinato de quatro jovens paulistas por tropas varguistas, em 23 de maio de 1932, acirrou uma crise política que se tornou guerra civil no dia 9 de julho, quando tropas paulistas passaram a enfrentar tropas federais em três frentes de batalha.

O conflito durou quase três meses e terminou com a derrota militar dos paulistas. Mas o objetivo paulista foi alcançado e uma nova constituição foi aprovada em 1934.

Durante a Era Vargas o Brasil estava dividido entre a esquerda, liderada pela Aliança Nacional Libertadora, e a direita, liderada pela Ação Integralista Brasileira. Em 1935 setores da esquerda tentaram um golpe de Estado, a Intentona Comunista. Em 1937, após um suposto plano comunista ser divulgado, que depois se soube ser falso, Vargas deu um autogolpe, tornando inválida a constituição de 1934 e iniciando o Estado Novo, a ditadura varguista.

Getúlio Vargas governou o Brasil por quase 20 anos.

Durante a Era Vargas a industrialização se aprofundou no Brasil, graças aos investimentos estatais na indústria de base e a abertura para investimentos estrangeiros na economia. Vargas também se aproximou dos trabalhadores, aprovando o salário mínimo e aprovando a Consolidação das Leis Trabalhistas, que garante ainda hoje diversos direitos para o trabalhador. Em 1932, Vargas aprovou a criação da Justiça Eleitoral e do Código Eleitoral de 1932, que foi o primeiro a permitir o voto feminino no Brasil.

Foi ainda durante a Era Vargas que a Força Expedicionária Brasileira foi enviada à Itália para combater tropas nazistas e fascistas. Os pracinhas brasileiros desembarcaram em Nápoles em 1944 e passaram a lutar sob o comando dos Estados Unidos, que lideram as operações na Itália.  Com o final da guerra houve grande mobilização popular no Brasil pela democracia, e Vargas renunciou em 29 de outubro de 1945. A democracia voltou ao Brasil, e Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente. Para saber mais sobre a Era Vargas, clique aqui.

  • República Populista

A República Populista ocorreu entre 29 de outubro de 1945, renúncia de Vargas, e 31 de março de 1964, Golpe Civil-Militar. O período, que ocorreu entre duas ditaduras, foi um período democrático no Brasil, onde os presidentes foram eleitos de forma direta pelos brasileiros. Três grandes partidos dominaram a política no período:

  • a UDN, União Democrática Nacional, partido liberal, conservador e anticomunista, tinha como principal figura Carlos Lacerda;
  • o Partido Trabalhista Brasileiro, o partido de Vargas;
  • o Partido Social Democrático, que tinha como principal liderança Juscelino Kubitscheck.

Dutra foi o primeiro presidente do período, sendo sucedido por Getúlio Vargas, que chegou ao poder, segundo suas palavras “nos braços do povo”. O retorno de Vargas ao poder irritou parte da elite brasileira, as autoridades e investidores dos Estados Unidos, setores conservadores da sociedade e parte das forças armadas.

Durante seu segundo governo Vargas criou a Petrobras e seu ministro da Fazenda, João Goulart, concedeu um aumento de 100% do salário mínimo. A crise política se aprofundou mais ainda quando Carlos Lacerda, principal opositor de Vargas, sofreu um atentado no qual foi ferido e seu segurança, um militar, morreu. Um dos principais seguranças de Vargas foi preso pelo atentado a tiros. Prestes a sofrer impeachment, Vargas se suicidou em 24 de agosto de 1954. O vice-presidente, Café Filho, assumiu o poder.

Multidão acompanhando translado do corpo de Getúlio Vargas.[1]

Nas eleições de 1955, Juscelino Kubitscheck foi eleito, o que novamente desagradou os grupos conservadores que tentaram evitar a posse de JK. Com o Golpe Preventivo de 1955, liderado pelo general Henrique Teixeira Lott, a posse do presidente eleito foi garantida.

JK, através de seus Planos de Metas, criou diversas rodovias no Brasil, atraiu diversas indústrias automobilísticas para o Brasil, construiu a rodovia Fernão Dias, a Regis Bittencourt e construiu a nova capital do país, Brasília. A construção da nova capital em apenas um mandato, no então isolado Centro-Oeste, foi considerado um feito para a época.

Jânio Quadros, foi eleito presidente da República nas eleições de 1960, ele era de uma coligação da qual a UDN fazia parte. João Goulart, o antigo ministro de Vargas, foi eleito para vice-presidência pelo PTB. Na época presidente e vice-presidente eram eleitos de forma independente.

Apenas sete meses após tomar posse Jânio Quadros renunciou, abrindo uma nova crise política. Os setores conservadores eram contrários à posse de Jango, e o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu a presidência provisoriamente. A crise foi solucionada com a implementação do parlamentarismo, e João Goulart passou a dividir o poder com um primeiro-ministro. Após um plebiscito João Goulart saiu vitorioso, e o presidencialismo foi reestabelecido.

Em 1962 João Goulart aprovou a criação do 13º salário, desagradando diversos setores da economia. João Goulart radicalizou seu discurso, propondo diversas reformas, como a agrária, política, educacional e fiscal, as chamadas reformas de base. Jango ainda apoiou militares de baixa patente em seus movimentos reivindicatórios, o que foi considerado quebra de hierarquia pelos autos oficiais das forças armadas.

Em 31 de março de 1964, as forças armadas, com o apoio de diversos empresários, de parte dos políticos, de membros do Judiciário, de setores conservadores da Igreja Católica e dos Estados Unidos, deram um golpe de Estado, o início da Ditadura Civil-Militar.

  • Ditadura Militar

A Ditadura Civil-Militar ocorreu entre 31 de março de 1964, data do golpe que levou os militares ao poder, até 15 de março de 1985, quando José Sarney tomou posse. Durante a Ditadura Civil-Militar apenas generais do exército governaram o Brasil, as eleições presidenciais foram indiretas e apenas dois partidos foram permitidos, o MDB e Arena.

Durante toda a ditadura grupos opositores foram perseguidos pelo Estado, a situação se agravou nos chamados Anos de Chumbo (1968-1974), período no qual militares da linha dura das forças armadas governou o país. Segundo dados da Comissão Nacional da Verdade, foram assassinadas durante a Ditadura Civil-Militar 434 pessoas, entre professores, sindicalistas, membros do movimento estudantil, das ligas camponesas, políticos, religiosos, entre outros.

O Decreto-Lei nº 1.077/1970, conhecido como Decreto Leila Diniz, impôs a censura prévia a todos os meios de comunicação. O ufanismo foi largamente difundido pelos mecanismos de propaganda da Ditadura, com o objetivo de fortalecer o sentimento nacionalista e de aumentar a popularidade do governo. Nos discursos e nas propagandas do Estado o Brasil era apontando como um gigante em crescimento, fadado a ser um dos maiores países do mundo.

Mulheres em manifestação contra a Ditadura Militar.[2]

Entre 1968 e 1973 ocorreu o milagre econômico, no qual o PIB brasileiro teve alto crescimento. Durante o período o Estado financiou a construção de megaobras, como a Ponte Rio-Niterói, a usina hidrelétrica de Itaipú, o início das obras da usina nuclear Angra I e da Transamazônica. O crescimento do PIB ocorreu graças ao investimento estatal e empréstimos estrangeiros.

O milagre também só foi possível pela forte repressão ao movimento operário. Durante a Ditadura o poder de compra do salário mínimo caiu pela metade e houve o aumento da desigualdade social no país. Em 1973, com a Crise do Petróleo, o Milagre Econômico se encerrou.

Durante o governo Geisel iniciou o processo de abertura política, que culminou com a Lei de Anistia de 1979 e a eleição de Tancredo Neves e José Sarney, ainda de forma indireta, para presidente; os dois eram civis. Pouco antes de ser empossado, Tancredo Neves faleceu e, no seu lugar, assumiu José Sarney em 15 de março de 1985.

O presidente Figueiredo, o último militar a governar, não participou da cerimônia de transferência de faixa presidencial. A posse de Sarney marcou o fim da Ditadura Civil-Militar. Saiba mais sobre o período da Ditadura Militar clicando aqui.

A aprovação da Constituição de 1988 é um símbolo da redemocratização do Brasil.[3]
  • Nova República

O período se iniciou em 15 de março de 1985, com a posse de José Sarney, primeiro presidente civil desde o Golpe de 1964, e perdura até os dias atuais. A Nova República herdou uma crise econômica da Ditadura Civil-Militar que se agravou a partir da segunda metade da década de 1980, conhecida como “a década perdida”. Em março de 1990 a inflação chegou a 84%, e houve crise de abastecimento de diversos produtos.

A inflação só foi contida após o Plano Real, lançado no governo Itamar Franco pelo ministro da Fazenda de Fernando Henrique Cardoso. O plano foi composto por diversas medidas, como ajuste fiscal, privatização de estatais, a busca do equilíbrio das contas públicas, entre outras.

Pelo Plano Real, Fernando Henrique Cardoso foi eleito duas vezes para a presidência, ocupando o cargo entre 1995 e 2002. Durante seu governo foram criados diversos programas sociais, como o Bolsa Escola, futuro Bolsa Família, o Vale-Gás e o Bolsa Alimentação.

Luís Inácio Lula da Silva assumiu a presidência em 1º de janeiro de 2003 e exerceu seus dois primeiros mandatos presidenciais. Durante o seu governo foram criados e ampliados diversos programas sociais, entre eles o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e o Fome Zero. Também foi iniciada a obra de transposição do Rio São Francisco.

Com grande popularidade Lula conseguiu eleger sua sucessora, Dilma Rousseff, ex-guerrilheira do período da Ditadura-Civil Militar. Dilma exerceu seu primeiro mandato e foi reeleita em 2014, passando a exercer o segundo mandato no ano seguinte. Mas, em 2016, após perder a maioria no Congresso Nacional, sofreu impeachment, por pedaladas fiscais. Em seu lugar assumiu o vice, Michel Temer.

Luís Inácio Lula da Silva exerce seu terceiro mandato presidencial no Brasil.[4]

Em 2018 foi eleito presidente Jair Messias Bolsonaro, militar de carreira do exército brasileiro. Seu governo, de caráter conservador, contou com membros de três alas, a chamada ala ideológica, militar e de políticos de carreira. Durante o seu governo ocorreu a pandemia de covid-19, quando mais de 700 mil brasileiros perderam a vida. Lula foi novamente eleito em 2022, vencendo o então presidente Bolsonaro por uma margem apertada de votos.

Créditos das imagens

[1] Acervo Arquivo Nacional (reprodução)

[2] Acervo Arquivo Nacional (reprodução)

[3] Wikimedia Commons (reprodução)

[4] Juergen Nowak / Shutterstock

Fontes

FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. Companhia das Letras, São Paulo, 2007.

MESGRAVIS, Laima. História do Brasil Colônia. Editora Contexto, São Paulo, 2015.

PEREGALLI, Enrique. A América que os europeus encontraram. Editora Atual, São Paulo, 2019.

Por Jair Messias Ferreira Junior
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