Colonização espanhola

A colonização espanhola foi o processo de dominação política, cultural, social e religiosa imposta pela Espanha às suas colônias entre os séculos XV e XIX.
A colonização espanhola estabeleceu o domínio da Espanha sobre a América. Na imagem, representação de uma colônia no Peru.

A colonização espanhola foi o processo de dominação política, cultural, social e religiosa imposta pela Espanha às suas colônias entre os séculos XV e XIX. Baseava-se em aspectos étnicos e geográficos e esteve inserida no contexto de consolidação das práticas mercantilistas, do absolutismo europeu, bem como da Contrarreforma da Igreja Católica.

Caracterizou-se pelo domínio e exploração dos povos pré-colombianos, pela prática da mineração e pelo uso do trabalho compulsório por meio do sistema de mita e encomienda.

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Resumo sobre colonização espanhola

  • A colonização espanhola foi o processo de ocupação de territórios na América, com o objetivo de expandir o império espanhol e aumentar sua riqueza.
  • A América Espanhola foi dividida em quatro vice-reinos (Nova Espanha, Nova Granada, Peru e Rio da Prata) e quatro capitanias gerais (Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile).
  • Dentre os países colonizados pela Espanha, podemos citar: Cuba, Guatemala, Venezuela, Chile, México, Costa Rica, Nicarágua, Argentina, Peru, Panamá, Honduras, Equador, Colômbia, Paraguai, Uruguai e República Dominicana.
  • A Igreja Católica exerceu grande influência no processo de colonização e controle da América Espanhola.
  • O domínio e a conquista do continente americano provocaram a desestruturação e desestabilização das sociedades e das culturas dos nativos.
  • A colonização também possibilitou a disseminação do cristianismo católico, ampliou os conhecimentos geográficos e alterou o eixo econômico do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico.
  • A exploração econômica do continente americano favoreceu o enriquecimento dos países europeus e o florescimento do capitalismo.

Videoaula sobre a colonização espanhola

Antecedentes da colonização espanhola na América

A Espanha, governada pelos reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela, esteve envolvida na Guerra da Reconquista, e somente após a expulsão dos mouros da península Ibérica, ela pode voltar-se à corrida marítima, já iniciada por Portugal.

Foi por meio dos investimentos dos reis espanhóis que o navegador genovês, Cristóvão Colombo, defensor da teoria da esfericidade da Terra, chegou ao continente americano achando que havia chegado às Índias. Posteriormente, outra expedição, também patrocinada pelo governo espanhol, liderada pelo navegador Américo Vespúcio, reconheceu que essas terras eram desconhecidas por eles.

Nomeado como Novo Mundo, o continente americano passou a ser disputado por Portugal e Espanha, que tiveram acordos firmados a fim de dividir o território para ser explorado. O primeiro acordo foi a Bula Iter Coetera, firmada em 1493, com a intermediação da Igreja Católica.

Entretanto, a insatisfação de Portugal com a divisão deu origem a novas negociações mediadas pela Igreja, resultando na assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494, que deslocou a linha imaginária para 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Apesar do acordo, a linha imaginária não foi respeitada e a Espanha acabou perdendo vários territórios para o domínio português.

Os acordos excluíam outros países da divisão, gerando grande insatisfação, principalmente da França e da Inglaterra. Inserida no contexto de consolidação e expansão do mercantilismo, a Espanha iniciou a exploração e colonização do território americano.

Qual foi o objetivo da colonização espanhola na América?

A colonização da América espanhola inseriu-se no contexto de consolidação do absolutismo e das práticas mercantilistas. Nesse sentido, buscava-se aumentar o erário régio (riqueza real) e o poder real por meio do intervencionismo estatal e do metalismo. Além disso, almejava-se expandir o império espanhol e ampliar as áreas de influência da Igreja Católica por meio da expansão do cristianismo no continente.

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Quais foram os países colonizados pela Espanha?

O domínio espanhol sobre a América (em azul) durou cerca de quatro séculos.[1]

Dentre os países colonizados pela Espanha, podemos citar:

  • Cuba;
  • Guatemala;
  • Venezuela;
  • Chile;
  • México;
  • Costa Rica;
  • Nicarágua;
  • Argentina;
  • Peru;
  • Panamá;
  • Honduras;
  • Equador;
  • Colômbia;
  • Paraguai;
  • Uruguai;
  • República Dominicana.

Divisão das colônias espanholas

Buscando estabelecer o controle econômico, político, social e cultural, a América espanhola foi dividida em quatro vice-reinos:

  • Nova Espanha (México e América Central);
  • Nova Granada (Equador, Colômbia, Panamá e Venezuela);
  • Peru (Peru, Bolívia e Chile);
  • Rio da Prata (Argentina, Uruguai e Paraguai).

Esses territórios eram governados por vice-reis nomeados pelo rei da Espanha. Além disso, foram criadas quatro capitanias gerais (Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile), governadas pelos capitães-gerais, também nomeados pelo rei. 

Como era a administração das colônias espanholas

A estrutura administrativa contava com audiências, tribunais, Igreja e forças armadas. Além dessa estrutura, havia os cabildos, ou seja, as Câmaras Municipais, que exerciam o poder local por meio da elite criolla (descendente de espanhóis nascidos na América). Os cabildos eram responsáveis pelos impostos, criação de leis e controle da polícia.

→ Sociedade nas colônias espanholas

A colonização espanhola baseava-se em aspectos étnicos e geográficos, sendo a sociedade estratificada em:

  • chapetones;
  • criollos;
  • mestiços;
  • indígenas;
  • negros escravizados.

Os chapetones ou peninsulares eram imigrantes espanhóis que podiam ocupar altos cargos da administração pública militar e religiosa. Os criollos eram filhos dos espanhóis nascidos na América, podiam ser proprietários de terras, de minas e de escravizados. Entretanto, não podiam exercer altos cargos públicos.

Os mestiços eram oriundos da união entre espanhóis com indígenas ou negros. Eles eram livres. Os indígenas eram os nativos tidos como livres, embora possuíssem obrigações. Os negros escravizados trabalhavam sem nenhum direito. Na sociedade da América Espanhola, os chapetones e os criollos possuíam mais direitos que os demais.

→ Economia das colônias espanholas

A Espanha praticou nas suas colônias o bulionismo — a busca de metais preciosos, tais como ouro e prata. O trabalho compulsório realizado nas minas pautava-se no uso da mão de obra predominantemente indígena sob as formas de encomienda e mita.

O sistema de mita, apropriado pelos espanhóis, já era praticado pelos povos pré-colombianos, como os incas. Ele consistia na obrigação de trabalhar, durante seis meses a um ano, em obras públicas, na mineração e nas atividades agrícolas. Os nativos recebiam o valor de um terço do salário de um trabalhador livre.

na encomienda, os espanhóis chamados de encomenderos recebiam um pedaço de terra no continente americano para explorar, podendo utilizar a mão de obra da população nativa. Entretanto, os encomenderos deveriam pagar tributos à Coroa espanhola e garantir a catequização da população.

Além da mineração, foram praticadas a agricultura e a pecuária, buscando o abastecimento interno das minas, e a produção de tabaco e cana-de-açúcar, destinada à exportação.

Qual a importância da Igreja Católica na colonização espanhola?

A pintura de William H. Powell retrata o encontro dos nativos com os colonizadores espanhóis e o cristianismo católico.

A Igreja Católica exerceu grande influência no processo de colonização e controle da América Espanhola. Havia uma aliança entre o papa e o governo que cedia ao rei o direito de administrar os interesses da Igreja em suas colônias e o dever de ajudar na expansão do catolicismo. O discurso religioso foi utilizado para o controle da população nativa por meio da realização das missões, dos aldeamentos e da instalação de tribunais da Inquisição.

Ademais, o domínio do continente americano esteve inserido no contexto da Contrarreforma da Igreja Católica. Nesse sentido, visando ampliar o número de fiéis e áreas de influência em novos territórios, nos continentes asiático, africano e americano, a Igreja Católica firmou acordos com reis católicos e enviou missões religiosas.

Saiba mais: Como ocorreu a independência da América Espanhola

Consequências da colonização espanhola

O domínio e a conquista do continente americano provocaram a desestruturação e desestabilização das sociedades e das culturas dos nativos. O contato entre europeus e nativos favoreceu a disseminação de doenças, tais como gripe, varíola e sarampo, trazidas pelos europeus, e sífilis e hepatite, disseminadas pelos nativos. As trocas culturais alteraram a forma de percepção e compreensão do mundo até então conhecido por esses povos. 

A colonização também possibilitou a disseminação e o fortalecimento do cristianismo católico nas colônias espanholas. Os conhecimentos geográficos foram ampliados, e ocorreu a alteração do eixo econômico do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico.

A exploração econômica do continente americano favoreceu o enriquecimento dos países europeus, como a Espanha, possibilitando a consolidação do mercantilismo e garantindo os meios necessários para o florescimento do capitalismo.

Exercícios resolvidos sobre a colonização espanhola

1. (Ucpel) Com relação ao sistema colonial espanhol nas Américas, considere as afirmativas abaixo.

I. A estratificação social da América hispânica apresentou uma rígida hierarquia e embasava-se em critérios étnicos e geográficos.

II. A mão de obra escrava africana foi predominante nas atividades agrária e mineradora.

III. Apesar da proibição da escravidão indígena instituiu-se aos nativos trabalho compulsório com a mita e a encomienda.

IV. Os cabildos eram constituídos por indivíduos nascidos na colônia e tinham como atribuição principal o recolhimento de impostos e aplicação da justiça.

Estão corretas as afirmativas

a) I, II e IV 

b) II, III e IV   

c) I, II e III 

d) I, III e IV 

e) I, II, III e IV 

Resposta: Letra D

Comentário: A colonização espanhola baseava-se em aspectos étnicos e geográficos, sendo a sociedade estratificada em: chapetones (imigrantes espanhóis), criollos (filhos dos espanhóis nascidos na América), mestiços, indígenas e escravizados. Nela, os chapetones e os criollos possuíam mais direitos que os demais. Além disso, ela apresentava o uso do trabalho compulsório e predominante da população indígena.

2. (Espm) Na América Espanhola os cabildos ou ayun­tamientos eram:

a) tribunais judiciários que atuavam como ouvidorias, sendo seus membros nomea­dos pelo rei.   

b) formas de servidão indígena para o traba­lho agrícola em vastas extensões de terra. 

c) formas de trabalho compulsório das comu­nidades indígenas na economia mineradora.   

d) as câmaras municipais formadas por ele­mentos de projeção social responsáveis pela administração local.   

e) governadores, nomeados pelo rei, encar­regados de representar o poder central nas colônias.   

Resposta: D

Comentário: Os cabildos eram as Câmaras Municipais e exerciam o poder local por meio da elite criolla.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons

Fontes

ARRUDA, José Jobson de A. e PILETTI, Nelson. Toda a História. 4 ed. São Paulo: Ática, 1996.

CAMPOS, Flávio de; CLARO, Regina; DOLHNIKOFF, Miriam. História: Escola e democracia. 1ª Ed. São Paulo: Moderna, 2018.

PANAZZO, Silvia; VAZ, Maria Luísa. Jornadas. Hist. – História, 7º ano. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, José. Projeto Múltiplo; História, volume único. São Paulo: Scipione, 2014.

Por Vanessa Clemente Cardoso