Por Lilian Aguiar
O movimento Iluminista aconteceu entre 1680 e 1780, em toda a Europa, sobretudo na França, no século XVIII. O Iluminismo caracterizou-se pela importância dada à razão. Com isso, a razão encaminharia o homem à sabedoria e o conduziria à verdade. A maior expressão da manifestação aconteceu com o Iluminismo Francês, a partir daí propagou-se por todo o mundo ocidental. Notamos que nesse período a França era atormentada pelas contradições do antigo Regime e, principalmente, pelo jugo de um sistema fundiário moroso, de caráter aguçado, que por fim gerou insatisfação nos diversos setores da sociedade, especialmente entre a burguesia e os pequenos camponeses.
A Teoria Iluminista francesa contou com o apoio de grandes intelectuais da época, como Voltaire (1694-1778). Voltaire assumiu um tom extremamente crítico do ideário iluminista, escritor competente e intelectual combativo, ele criticava ferozmente os privilégios da nobreza e do clero, apesar de acreditar em Deus. Suas posições o levaram ao exílio na Inglaterra, onde entrou em contato com as ideias de Jonh Locke e Isaac Newton. O iluminista pregava a liberdade de expressão e a igualdade de direitos, lutava contra a opressão absolutista, mas reconhecia em suas reflexões políticas que certos países, os mais atrasados, deveriam ser governados por monarcas centralizadores acompanhados por pensadores iluministas; era o despotismo esclarecido tomando forma. Apesar de assumir posições favoráveis à liberdade e igualdade de direitos, Voltaire não encarava com bons olhos a população mais pobre, desprezando-a completamente.
Um dos raros pensadores de tradição nobre que assumiu as ideias iluministas foi Montesquieu (1689-1755). Em sua maior obra, O Espírito das Leis, ele defendeu a visão do poder em três esferas, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Cada um deles deveria ao mesmo tempo ser independente e fiscalizar os outros. O aristocrata francês era contrário às revoluções, propôs um sistema de governo com um poder Executivo limitado pelo Parlamento, cujos membros seriam recrutados entre proprietários de terra e pessoas educadas da sociedade. Ele acreditava que a honra aristocrática impunha aos parlamentos servir a comunidade.
Um dos mais destacados e originais pensadores iluministas foi Jean Jacques Rousseau (1712-1778). Diferentemente da maioria dos iluministas, ele não era um defensor incondicional do racionalismo. Suas principais obras foram O discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens e O contrato social. No primeiro livro ele defendia que o homem, na sua essência mais natural, era bom, assim a natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade o depravou, tornando-o miserável. A origem da infelicidade humana e das diferenças sociais estaria no surgimento da propriedade privada da terra. No O Contrato Social ele defendia a concepção de que a democracia baseava-se na vontade da maioria, isto é, na soberania do povo, que se manifestava pelo voto. Os governos eleitos, portanto, deveriam refletir e seguir essa vontade geral. Ele advogava a favor da soberania popular.
É importante ressaltar como as ideias iluministas francesas influenciaram as instituições políticas modernas. Até hoje, com pequenas modificações, a maioria dos países mantém características iluministas.