Queda de Constantinopla

A Queda de Constantinopla em 1453 marcou o fim do Império Bizantino e o início da Idade Moderna, resultado da expansão do Império Otomano sob Mehmed II.
Iluminura representando o cerco a Constantinopla, o que levou à queda da cidade.

A Queda de Constantinopla em 1453 marcou o fim do Império Bizantino e o início da Idade Moderna, resultado da expansão do Império Otomano sob Mehmed II, que se aproveitou do enfraquecimento político e econômico dos bizantinos. As causas do evento incluíram a superioridade militar otomana, com inovações em artilharia, e a falta de apoio europeu à cidade, que estava isolada e dividida internamente.

Constantinopla, estrategicamente localizada entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro, era protegida por muralhas imponentes que resistiram até o cerco de 1453. Após 50 dias de bombardeios, os otomanos invadiram a cidade em 29 de maio, matando o imperador Constantino XI e tomando o controle.

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Resumo sobre a Queda de Constantinopla

  • A Queda de Constantinopla em 1453 marcou o fim do Império Bizantino e o início da Idade Moderna, resultando da ascensão do Império Otomano sob Mehmed II, enquanto o Império Bizantino se encontrava enfraquecido militar e economicamente.
  • As principais causas da Queda de Constantinopla foram o cerco do Império Otomano, o avanço tecnológico em artilharia, a superioridade militar dos otomanos e a falta de apoio europeu ao Império Bizantino, que estava dividido internamente e em declínio econômico.
  • Constantinopla era estrategicamente localizada entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro, cercada por três lados de água e protegida por muralhas que a tornaram uma fortaleza de difícil conquista até a chegada das novas tecnologias militares otomanas.
  • O cerco começou em 6 de abril de 1453, e após 50 dias de bombardeios e ataques constantes os otomanos invadiram a cidade em 29 de maio, vencendo a resistência bizantina com seu superior poder militar, resultando na morte do imperador Constantino XI.
  • A Queda de Constantinopla consolidou o Império Otomano como uma potência, interrompeu as rotas comerciais entre Europa e Oriente, impulsionando as Grandes Navegações, e transferiu intelectuais bizantinos para o Ocidente, fomentando o Renascimento.
  • Atualmente, Constantinopla é conhecida como Istambul e se localiza na Turquia, sendo uma das maiores cidades do país e um importante centro cultural e econômico, com uma rica herança histórica de várias civilizações.

Contexto histórico da Queda de Constantinopla

A Queda de Constantinopla ocorreu em 1453 e marcou o fim do Império Bizantino, sendo um dos eventos mais significativos da história medieval. Constantinopla, fundada pelo imperador romano Constantino em 330 d.C., foi a capital do Império Romano do Oriente, que posteriormente se tornou o Império Bizantino. Por mais de mil anos, a cidade resistiu a inúmeros ataques devido à sua localização estratégica e suas fortificações.

No entanto, no século XV, o Império Bizantino estava em declínio, enfraquecido por guerras contínuas com os turcos otomanos e outras potências europeias. Além disso, o enfraquecimento econômico e político da cidade a tornava vulnerável. O Império Otomano, por outro lado, estava em ascensão sob o comando do jovem sultão Mehmed II, que tinha como um de seus maiores objetivos tomar a cidade e fazer dela a capital de seu império.

A Queda de Constantinopla é considerada o marco final da Idade Média e o início da Idade Moderna, mudando profundamente a geopolítica e a economia da Europa e do Oriente Médio.

Quais as causas da Queda de Constantinopla?

A Queda de Constantinopla foi resultado de uma combinação de fatores políticos, militares e econômicos. Um dos principais motivos foi o avanço do Império Otomano. Sob a liderança de Mehmed II, os otomanos expandiram seu território e cercaram Constantinopla, isolando-a gradativamente. A cidade, que outrora fora uma poderosa capital, estava enfraquecida pela perda de territórios, queda populacional e problemas econômicos.

Outro fator determinante foi a superioridade militar dos otomanos. Mehmed II trouxe para o cerco de Constantinopla uma vasta artilharia, incluindo canhões capazes de destruir as famosas muralhas da cidade, algo que havia sido impossível para invasores anteriores. As inovações tecnológicas em armamento deram aos otomanos uma vantagem decisiva.

Além disso, as divisões internas e externas do Império Bizantino contribuíram para sua queda. Internamente, a população estava dividida entre facções políticas e religiosas. Externamente, o império não recebeu o apoio militar significativo das potências ocidentais, apesar dos apelos de ajuda. O cisma entre a Igreja Católica e a Ortodoxa havia prejudicado as relações entre Constantinopla e o resto da Europa, e as cruzadas anteriores, especialmente a Quarta Cruzada em 1204, que saqueou a cidade, minaram ainda mais essa relação.

Mapa de Constantinopla

O mapa de Constantinopla no século XV revela a importância estratégica da cidade, que se localizava entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro, controlando o estreito de Bósforo. Suas muralhas imponentes, construídas por Teodósio II no século V, eram consideradas uma das maiores fortificações da época.

A cidade era cercada por três lados por água: o Corno de Ouro ao norte, o Mar de Mármara ao sul e o estreito de Bósforo a leste. O Corno de Ouro era protegido por uma gigantesca corrente que impedia a entrada de navios inimigos. Constantinopla também tinha diversas camadas de defesas terrestres, com fossos e muralhas em múltiplos níveis.

Essa localização fazia da cidade um ponto-chave no comércio entre o Oriente e o Ocidente, tornando-a uma cidade rica e próspera durante grande parte de sua história. No entanto, seu isolamento crescente e a superioridade naval e terrestre dos otomanos enfraqueceram essa vantagem.

Mapa de Constantinopla.[1]

Como aconteceu a Queda de Constantinopla?

A Queda de Constantinopla começou no dia 6 de abril de 1453, quando Mehmed II iniciou o cerco à cidade com um exército de aproximadamente 80 mil a 100 mil soldados, enquanto Constantinopla tinha cerca de 7 mil defensores. Os bizantinos, sob o comando do último imperador, Constantino XI, estavam em grande desvantagem numérica e contavam apenas com a proteção de suas muralhas e com a resistência desesperada de seus cidadãos e aliados genoveses.

Os otomanos usaram uma enorme artilharia para bombardear as muralhas da cidade, enquanto simultaneamente bloqueavam as rotas marítimas para impedir qualquer auxílio externo. O cerco durou cerca de 50 dias, com ataques constantes por terra e por mar. Apesar das muralhas resistirem por várias semanas, a artilharia otomana finalmente conseguiu criar brechas.

Em 29 de maio de 1453, as tropas otomanas fizeram um ataque final, entrando na cidade por várias frentes. Constantino XI, segundo relatos, lutou até a morte, recusando-se a fugir. Após a invasão, Mehmed II permitiu que seus soldados saqueassem a cidade por três dias, uma prática comum na época. A cidade foi devastada, e muitos de seus habitantes foram mortos ou vendidos como escravos.

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Consequências da Queda de Constantinopla

A Queda de Constantinopla teve profundas consequências políticas, econômicas e culturais. Politicamente, marcou o fim do Império Bizantino, que havia durado mais de mil anos, e consolidou o Império Otomano como uma das maiores potências da época. Constantinopla foi renomeada como Istambul e se tornou a capital do Império Otomano, tornando-se um centro de cultura, religião e comércio.

A nível econômico, a Queda de Constantinopla causou a interrupção das rotas comerciais entre a Europa e o Oriente. Durante séculos, a cidade havia sido um ponto de conexão vital para o comércio entre as duas regiões. Com o controle otomano sobre a cidade, as rotas comerciais passaram a estar sob o domínio de um império islâmico, o que incentivou os europeus a buscar novas rotas marítimas, contribuindo para o início das Grandes Navegações e a descoberta do continente americano.

Culturalmente, a queda resultou em um êxodo de intelectuais bizantinos para o Ocidente, principalmente para a Itália. Esses estudiosos trouxeram com eles textos antigos e conhecimentos que ajudaram a impulsionar o Renascimento, um movimento cultural que transformou a Europa nos séculos seguintes.

Onde fica Constantinopla na atualidade?

A cidade de Constantinopla é, na atualidade, conhecida como Istambul, e está localizada na Turquia. Continua a ser uma das cidades mais importantes do país e do mundo, devido à sua localização estratégica entre a Europa e a Ásia, separada pelo estreito de Bósforo. Istambul é a maior cidade da Turquia e uma metrópole vibrante, com uma rica história que reflete as várias civilizações que a dominaram ao longo dos séculos, incluindo gregos, romanos, bizantinos e otomanos.

Hoje, a cidade é um dos principais destinos turísticos do mundo, conhecida por seus monumentos históricos, como a Hagia Sophia, que já foi uma catedral cristã, uma mesquita e agora é um museu; a Mesquita Azul; o Palácio de Topkapi; e o Grande Bazar. A localização geográfica e o passado culturalmente rico de Istambul continuam a torná-la um importante centro cultural, econômico e político no cenário internacional.

Exercícios resolvidos sobre a Queda de Constantinopla

1. A Queda de Constantinopla, em 1453, é considerada um dos eventos mais significativos da história mundial, encerrando o milenar Império Bizantino e inaugurando uma nova era geopolítica. O jovem sultão otomano Mehmed II utilizou inovações militares, como enormes canhões, para superar as fortificações da cidade, que havia resistido a diversos cercos ao longo dos séculos. Sobre esse contexto, pergunta-se: quais foram as principais implicações da Queda de Constantinopla para a Europa e o Oriente no século XV?

a) A criação de novas rotas terrestres para substituir o comércio marítimo entre Europa e Oriente.
b) A reabertura do comércio europeu com a China e a Índia, através do Império Otomano.
c) A necessidade europeia de buscar novas rotas comerciais marítimas e o fortalecimento do Império Otomano como potência.
d) O fortalecimento do Império Bizantino e a manutenção das rotas comerciais tradicionais.
e) A aliança militar entre o Império Otomano e os reinos europeus para garantir o comércio.

Resposta correta: c) A Queda de Constantinopla interrompeu as tradicionais rotas comerciais entre Europa e Oriente, controladas pelo Império Otomano, o que forçou os europeus a buscar novas rotas, impulsionando as Grandes Navegações. Além disso, consolidou o poder otomano como uma das principais potências da época.

2. Constantinopla, localizada entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro, foi por muitos séculos a capital do Império Bizantino e um importante centro de comércio, cultura e religião. Cercada por três lados de água e protegida por suas poderosas muralhas, a cidade resistiu a vários cercos até 1453, quando caiu nas mãos dos otomanos liderados por Mehmed II. Considerando a localização estratégica de Constantinopla, por que sua conquista pelos otomanos teve tanto impacto nas rotas comerciais europeias?

a) Porque os otomanos passaram a controlar a navegação pelo Oceano Atlântico, limitando o comércio europeu.
b) Porque o Império Otomano fechou todas as rotas terrestres para a Índia e a China, forçando os europeus a migrar para a África.
c) Porque a tomada de Constantinopla pelos otomanos interrompeu as rotas tradicionais entre Europa e Ásia, incentivando os europeus a explorar novas rotas marítimas.
d) Porque Constantinopla era o único ponto de passagem para a Rota da Seda, e seu fechamento eliminou o comércio asiático.
e) Porque a queda da cidade impediu completamente o comércio entre a Europa e o Oriente Médio, isolando o continente europeu.

Resposta correta: c) A localização estratégica de Constantinopla permitia controlar as rotas comerciais entre Europa e Ásia. A sua queda sob controle otomano fez com que as rotas tradicionais fossem interrompidas, o que levou os europeus a buscar novas rotas marítimas para continuar o comércio com o Oriente, impulsionando as Grandes Navegações.

Fontes:

SILVA, Marcelo Cândido da. História Medieval. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2019

CROWLEY, Roger. 1453: The Holy War for Constantinople and the Clash of Islam and the West. 1. ed. New York: Hyperion, 2005.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons (reprodução)

Por Tiago Soares Campos