Questão Palestina

Questão Palestina é a luta dos árabes pela criação de um Estado da Palestina e os conflitos territoriais estabelecidos entre eles e os israelenses da região.
Pessoas segurando uma bandeira da Palestina em uma manifestação, uma alusão à Questão Palestina.

A Questão Palestina é uma disputa territorial que acontece no Oriente Médio entre o Estado de Israel e a Palestina, fazendo referência à luta da população árabe pela criação e reconhecimento de um Estado nacional palestino. Impulsionado pelo movimento sionista e por questões de natureza histórica na região, os conflitos locais que se perpetuam até o presente tiveram origem com a partilha desigual realizada pela ONU em 1947, e que deu origem ao Estado de Israel em 1948 e aos territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, pertencentes à Palestina. De lá para cá, uma série de confrontos diretos se produziram, tendo o mais recente deles eclodido no ano de 2023.

Leia também: Como se deu a criação do Estado de Israel?

Resumo sobre a Questão Palestina

  • A Questão Palestina é o movimento histórico, político e territorial de luta do povo árabe pela criação de um Estado nacional da Palestina no Oriente Médio.
  • A Palestina se localiza entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão, sendo uma área historicamente ocupada por diversos povos, dentre os quais se destacam os ascendentes dos judeus e dos árabes.
  • O movimento sionista que surgiu no final do século XIX e a criação do Estado de Israel no ano de 1948, mediante a partilha realizada pela ONU em 1947, intensificaram as disputas entre os árabes e os israelenses na Palestina.
  • Os confrontos diretos entre árabes e israelenses surgiram ainda em 1948, e permanecem até hoje longe de uma solução concreta mesmo depois de várias tentativas de cessar-fogo.
  • Na realidade, a disputa entre Israel e Palestina tem escalado para uma guerra de maiores proporções no Oriente Médio.

O que é a Questão Palestina?

A Questão Palestina é o movimento histórico de disputa territorial no Oriente Médio entre os povos judeus e os árabes palestinos para o domínio sobre as terras que hoje se dividem entre o Estado de Israel e o território da Palestina, composto pela Cisjordânia e pela Faixa de Gaza. Esse confronto envolve, também, questões de cunho étnico, religioso e político, tendo escalado para uma grave crise humanitária que se instalou a partir de uma guerra declarada no ano de 2023 de Israel contra a Palestina.

Contexto histórico da Questão Palestina

A região em que hoje estão localizados os territórios que são centrais para a Questão Palestina, e que são reivindicados para a criação de um Estado nacional palestino, apresenta um histórico de ocupação muito complexo que envolve diversos povos que originaram as populações do Estado de Israel e da Palestina. Por um amplo período de tempo que começou em 2000 a.C. e se estendeu por quase sete séculos, os cananeus, filisteus e hebreus habitaram aquela região, a qual já recebia o nome de Palestina. Os judeus passaram a ocupar aquela região a partir do século X a.C., mas a sua permanência foi bastante conturbada.

Em diferentes momentos da história, sendo um dos mais significativos a queda do Império Romano, os judeus viveram processos de diáspora ocasionados pela sua expulsão em massa do reino então denominado Judeia. No mesmo período, os árabes promoveram a ocupação da área que depois se tornou alvo dos cruzados europeus que estavam em busca da Terra Santa. Com a ascensão do Império Otomano, a Palestina passou a integrar os domínios turcos e assim permaneceu até o início do século XX, mais precisamente o ano de 1917. Cinco anos mais tarde, o Império Otomano chegava ao fim.

O fim do domínio turco na região da Palestina suscitou a assinatura da Declaração de Balfour em 1917. Mediante esse documento o território em questão passou para o domínio do Reino Unido, nação essa que era favorável à criação de um Estado nacional destinado ao povo judeu. Com isso, os judeus que haviam sido forçados a deixar a região retornaram para a Palestina gradativamente. Durante a década de 1930 a migração de judeus para a Palestina se intensificou com a Segunda Guerra Mundial e a perseguição engendrada contra eles pelos nazistas. A maioria dos judeus que se mudou para a região era oriunda do Leste Europeu.

Nesse período foi feita uma proposta de criação de um Estado judeu, mas a medida não foi para frente. Depois de ter findado o conflito mundial que estava em curso, o Reino Unido deixou de exercer domínio sobre a Palestina no ano de 1946. Um ano mais tarde, em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a divisão daquelas áreas, que já eram alvos de disputas entre judeus e árabes, e a criação de um Estado para cada povo. Houve forte rejeição da parte dos árabes, que ficariam com 45,4% do território. A outra parcela (53,5%) seria destinada ao Estado dos judeus, o que foi aprovado.

Foi criado, com isso, o Estado de Israel no ano de 1948. A rejeição por parte dos árabes se deu pelo fato de eles serem a população mais numerosa, mas ficarem com uma parcela de área menor do que a da população judia.

Onde fica o território da Palestina?

O território da Palestina fica no Oriente Médio, em uma região situada entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão. Atualmente a Palestina compreende um território dividido em duas regiões:

  • Faixa de Gaza, que possui aproximadamente 360 km² e faz fronteira com Israel e o Egito, sendo banhada pelas águas do Mediterrâneo.
  • Cisjordânia, que possui área de 5.860 km² e faz fronteira com Israel e Jordânia, território do qual é separada pelo Rio Jordão.

Confira, no mapa a seguir, a localização da Palestina.

A Palestina, destacada no mapa da figura acima em vermelho, é dividida em duas áreas no Oriente Médio: a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.

Causas da Questão Palestina

As origens da Questão Palestina remontam a milhares de anos antes da era atual, devido ao fato de aquela região ter sido ocupada por diferentes povos ao longo do tempo. Entretanto, a disputa direta entre árabes e judeus pela Palestina se intensificou ao final do século XIX, com o surgimento do movimento sionista. O sionismo diz respeito a um movimento político nacionalista do povo judeu que defende a criação de um Estado próprio na Palestina, tendo surgido na década de 1890 mediante a publicação de um livro do jornalista Theodor Herzl.

Ao mesmo tempo que o movimento nacionalista judeu ganhava cada vez mais adeptos, principalmente depois da aprovação da Declaração de Balfur (1917), o nacionalismo árabe começou a crescer na década de 1930 à medida que a população judia crescia na Palestina.

As tensões entre ambas as populações se intensificaram na década de 1940, com a partilha do território e a designação de uma parcela maior de área para o Estado de Israel. Ambos os povos reivindicavam, também, a cidade de Jerusalém como a sua capital, o que resultou na divisão do seu controle no período atual.

Pode-se afirmar que a Questão Palestina surgiu a partir do nacionalismo judeu e do posicionamento contrário assumido pelos árabes com relação aos ideais sionistas, o que resultou em acirramento de tensões na região e o desenvolvimento de um conflito que permanece ativo no presente. Cabe reforçar a importância dos agentes internacionais na não solução da Questão Palestina, a exemplo do papel que os Estados Unidos têm desempenhado nos conflitos que recentemente eclodiram na região do Oriente Médio e a forma como a comunidade internacional se posiciona diante dos acontecimentos.

Conflito entre Israel e Palestina

O conflito entre Israel e Palestina se iniciou imediatamente após a criação do Estado de Israel no ano de 1948, medida essa que havia sido proposta pela ONU no ano anterior e que não foi bem recebida pelos árabes. Por causa disso, ainda em 1948, teve início no Oriente Médio a Primeira Guerra Árabe-Israelense, que teve a duração de um ano e culminou na perda de territórios da Palestina e na consequente expansão israelense. Além disso, foi durante esse primeiro confronto que aconteceu o nakba (termo para “destruição” em árabe), que consistiu na expulsão e fuga de mais de 700.000 palestinos de suas residências.

A guerra que se estendeu de 1948 a 1949 foi a primeira de um total de três conflitos diretos estabelecidos entre judeus e palestinos no Oriente Médio durante a segunda metade do século XX. A Guerra dos Seis Dias (1967) e a Guerra do Yom Kippur (1973) foram outros dois conflitos árabe-israelenses marcados pelo expansionismo de Israel. Nesse ínterim, surgiram instituições voltadas para a defesa da criação de um território palestino e papéis políticos e militares no Oriente Médio, dos quais se destaca a Organização pela Libertação da Palestina (OLP) e o grupo paramilitar Hamas, que é listado como grupo terrorista por membros da comunidade internacional.

Além desses, aconteceu também a Primeira Intifada (1987-1993), confronto originado a partir da reação dos palestinos contra a ocupação israelense de seus territórios designados. Após um período de breve estabilidade na região, resultado da assinatura dos Acordos de Oslo (1993), que representou um acordo de paz entre Israel e Palestina, ocorreu a Segunda Intifada (2000-2005).

Outros enfrentamentos aconteceram e acontecem entre Israel e Palestina, o que resultou na ocupação israelense de áreas cada vez maiores na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, com a perda, portanto, de territórios palestinos. A perda constante de territórios palestinos é, hoje, um dos principais motivos para a manutenção do conflito.

Para saber mais detalhes sobre esse conflito, clique aqui.

Conflitos na Faixa de Gaza

Muitos dos confrontos diretos estabelecidos entre Israel e Palestina acontecem na região da Faixa de Gaza. Quando da eclosão das disputas no século XX, com a primeira guerra de 1948, a Faixa de Gaza foi ocupada por tropas egípcias e sofreu com a perda de área para Israel. Menos de uma década mais tarde os territórios de Gaza foram anexados pelos israelenses durante a Crise de Suez (1956), que contou, também, com a participação do Egito. Nos embates subsequentes, como foi o caso da Guerra dos Seis Dias (1967), da Primeira Intifada (1987-1993) e da Segunda Intifada (2000-2005), Gaza foi bastante afetada pela ocupação israelense e pela consequente perda de territórios para o país vizinho.

As tensões na Faixa de Gaza se intensificaram a partir do ano de 2007, quando o grupo paramilitar Hamas foi eleito para governar aquela parcela da Palestina. À época, a eclosão dos confrontos se deu pelo grupo que perdeu as eleições, o Fatah. Esse segundo grupo tem como um dos principais pontos discrepantes do Hamas o fato de reconhecer o Estado de Israel, embora também defenda a criação do Estado da Palestina.

Desde esse período, Israel efetuou uma série de incursões na Faixa de Gaza com vistas a ampliar o seu domínio territorial e afirmar a sua soberania sobre toda a região que compreende seu próprio limite estatal e aquele da Palestina.

Acesse também: Qual a diferença entre Hamas e Fatah?

Questão Palestina na atualidade

A Questão Palestina não somente permanece como um dos principais conflitos territoriais, políticos e religiosos do mundo atual, como escalou para um estágio bastante complexo do ponto de vista humanitário, cuja solução parece distante. Está em vigor no Oriente Médio uma guerra entre Israel e o Hamas. Os enfrentamentos começaram com um ataque do Hamas em território israelense no dia 7 de outubro de 2023, o que provocou a morte de 1.400 pessoas e resultou em centenas de pessoas levadas como reféns.

Israel respondeu mediante ataques diretos contra a Faixa de Gaza, inicialmente, e a Cisjordânia, incluindo mais recentemente outros territórios árabes que demonstraram apoio aos palestinos, como o Líbano, um ano após o ataque do Hamas. A maneira como os israelenses têm agido no confronto suscitou uma onda de apelos da comunidade internacional para a cessão dos confrontos, principalmente pelo fato de a guerra estar atingido proporções cada vez mais alarmantes tanto territorial quanto humanitariamente.

Crédito de imagem

[1] Volodymyr TVERDOKHLIB / Shutterstock

Fontes

AJLABS. Israel-Gaza war in maps and charts: Live Tracker. Al Jazeera, 21 out. 2023. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/longform/2023/10/9/israel-hamas-war-in-maps-and-charts-live-tracker.

CAMARGO, Cláudio. Guerras Árabe-israelenses. In.: MAGNOLI, Demétrio. (Org.) História das Guerras. São Paulo: Editora Contexto, 2006. 3. ed.

REDAÇÃO. 8 perguntas para entender o conflito entre israelenses e palestinos que já dura sete décadas. BBC News Mundo, 07 out. 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgl311k1dkno.

REDAÇÃO. Em 3 mapas, como território palestino encolheu e Israel cresceu desde partilha da ONU em 1948. BBC News Brasil, 18 mai. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57147042.

SAID, Edward W. A Questão da Palestina. São Paulo: Editora Unesp, 2012. Tradução: Sonia Midori.

THE WHITE HOUSE. Joint Statement on Israel. The White House, 22 out. 2023. Disponível em: https://www.whitehouse.gov/briefing-room/statements-releases/2023/10/22/joint-statement-on-israel-2/.

UNITED NATIONS. The Question of Palestine. Disponível em: https://www.un.org/unispal/.

Por Paloma Guitarrara