New Deal

O New Deal foi um planejamento econômico baseado nas ideias do economista John Maynard Keynes e implementado nos EUA por Franklin Delano Roosevelt após a Crise de 1929.
Retrato do 32º presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, o criador do New Deal.

O New Deal foi um plano de recuperação econômica implementado nos Estados Unidos pelo  presidente Franklin Delano Roosevelt no contexto da Grande Depressão, após a Crise de 1929. Com o New Deal, os Estados Unidos buscaram limitar o liberalismo e recuperar a economia por meio de um planejamento econômico de intervenção do Estado baseado nas ideias do economista inglês John Maynard Keynes. A política keynesiana, implementada pelo New Deal, deu origem ao Welfare State (Estado de Bem-Estar Social), que serviu de base para os países capitalistas, principalmente a partir da década de 1950, no contexto da Guerra Fria.

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Resumo sobre o New Deal

  • O New Deal foi um conjunto de medidas implementadas pelo 32º presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, no contexto da Grande Depressão, após a Crise de 1929.
  • O New Deal propôs a substituição do liberalismo econômico, formulado por Adam Smith, pelo keynesianismo, baseado nas ideias de John Maynard Keynes.
  • Algumas das principais medidas do New Deal foram o investimento econômico em obras públicas e a limitação da produção industrial às necessidades dos consumidores.
  • Também foram propostas medidas no âmbito trabalhista, como a diminuição da jornada de trabalho e afixação de um valor salarial mínimo.
  • Ele também promoveu a criação de empregos, a recuperação do poder de compra, o crescimento da renda nacional e a restauração da economia dos Estados Unidos. 
  • A política keynesiana de recuperação econômica, implementada pelo New Deal, deu origem ao Welfare State (Estado de Bem-Estar Social).
  • O New Deal colocou em discussão a eficácia do liberalismo econômico.

O que foi o New Deal?

O New Deal foi um programa de recuperação econômica implementado pelo 32º presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, após a Crise de 1929. No New Deal, o liberalismo econômico, formulado pelo economista escocês Adam Smith, foi substituído pelo keynesianismo, baseado nas ideias do economista inglês John Maynard Keynes.

Contexto histórico do New Deal

Os Estados Unidos haviam se beneficiado economicamente durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1917) por meio do fornecimento de armamento e de suprimento aos países envolvidos no conflito. A acumulação de riquezas associada ao sentimento de prosperidade e patriotismo favoreceram a ampliação do consumo de produtos nacionais no território estadunidense.

Nesse contexto, o modelo fordista de produção (fordismo) incorporou técnicas de outro processo de produção conhecido como taylorismo, objetivando o aumento da produtividade por meio da especialização do trabalho.  O estabelecimento das linhas de produção aumentou significativamente a produção, possibilitando o aumento do consumo. O incentivo do consumo pelo governo deu origem ao estilo de vida americano, conhecido como “American way of life”.

Entretanto, havia grande concentração de renda nas mãos de poucos habitantes dos Estados Unidos, e os salários não acompanhavam o ritmo da produção. A agricultura, cada vez mais mecanizada, ampliava o desemprego no campo e a desigualdade. Com uma política liberal de não intervenção na economia, seguindo o lema “laissez-faire, laisez-passer”, ou seja, “deixai fazer, deixar passar”, o Estado acreditava que o próprio mercado se organizaria para superar a crise que se apresentava.

Assim, bancos e grandes empresas continuavam a emitir e a negociar ações na bolsa de valores, provocando uma onda de especulação financeira que culminou na quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, dando início à maior crise do capitalismo do século XX, que ficou conhecida como Grande Depressão (1929-1933).

População de Louisville na fila para receber suprimentos, em 1937. Ao fundo, um outdoor de incentivo ao consumo retratando o “american way of life”.

Dentre as razões apresentadas para a Grande Depressão, destacam-se: a concentração de riquezas, a concorrência dos produtos estadunidenses com os produtos europeus, tendo em vista a retomada dos países europeus no mercado internacional, a crise agrícola ocasionada pela mecanização do campo e a superprodução por meio da ampliação da oferta de produtos acima da capacidade de consumo da população.  Na Europa, os efeitos da Crise de 1929 favoreceram a ascensão de governos autoritários e totalitários ao poder, tais como o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha.

No Estados Unidos, diante do contexto de instabilidade econômica da Grande Depressão, em 1932, foi eleito o 32º presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, do Partido Democrata. Roosevelt buscou limitar o liberalismo e recuperar a economia por meio de um planejamento econômico de intervenção do Estado baseado nas ideias de John Maynard Keynes. Esse plano ficou conhecido como “New Deal” (Novo Acordo), no qual o liberalismo econômico formulado por Adam Smith foi substituído pelo keynesianismo.

Quais são as características do New Deal?

O New Deal buscava conciliar a iniciativa privada e as leis de mercado com a intervenção do Estado em alguns setores da economia visando combater a crise econômica por meio da geração de empregos e da garantia de direitos sociais.

O New Deal previu o investimento econômico de quatro bilhões de dólares em obras públicas, criou medidas que buscavam elevar os preços dos produtos industrializados que tinham se desvalorizado com a crise econômica, limitou a produção industrial às necessidades dos consumidores e estimulou o mercado consumidor.

No âmbito trabalhista, diminuiu a jornada de trabalho, criou o seguro-desemprego, fixou um valor salarial mínimo para os trabalhadores e concedeu empréstimos aos fazendeiros endividados para que pudessem retomar suas atividades e, assim, ampliar a oferta de empregos.

Quais foram as consequências do New Deal?

Com as práticas estabelecidas pelo New Deal, foram criados milhões de empregos. Com a valorização salarial, os trabalhadores conseguiram recuperar o seu poder de compra, resultando no crescimento da renda nacional a partir da metade da década de 1930, o que possibilitou a restauração da economia dos Estados Unidos

O New Deal deu origem ao Welfare State (Estado de Bem-Estar Social) que serviu de base para os países capitalistas, principalmente a partir da década de 1950, no contexto da Guerra Fria. Além disso, o New Deal colocou em discussão a eficácia do liberalismo econômico.

Veja também: Capitalismo — o sistema econômico cujos principais pilares são a propriedade privada, o lucro e o trabalho assalariado

Exercícios resolvidos sobre o New Deal

Questão 1

(Espcex)  O “New Deal”, de 1933, foi um plano posto em prática pelo Presidente dos Estados Unidos da América – Franklin Delano Roosevelt –, que articulava as ações do governo com os da iniciativa privada. Para tanto, foram adotadas as seguintes medidas:

I. Supervalorização do dólar para tornar as importações mais competitivas.

II. Empréstimo do governo aos bancos para evitar mais falências.

III. Implantação de um sistema de seguridade social, com a criação do seguro-desemprego.

IV. Não intervenção na economia, pois o próprio mercado resolveria a crise.

V. Criação de um vasto programa de obras públicas, com o intuito de gerar novos empregos.

Assinale a alternativa que apresenta todas as medidas corretas, dentre as listadas acima.

A) Somente a I.   

B) I e IV.   

C) II, III e V.   

D) IV e V.   

E) Somente a IV.  

Resolução:

Alternativa C.

A alternativa I está incorreta, pois, durante o New Deal, buscou-se diminuir a inflação por meio do fim da especulação da moeda americana.

A alternativa IV está incorreta, pois o New Deal adotou o keynesianismo por meio da defesa da intervenção do Estado na economia, buscando controlar a produção do país.

Questão 2

(Enem)  O New Deal visa restabelecer o equilíbrio entre o custo de produção e o preço, entre a cidade e o campo, entre os preços agrícolas e os preços industriais, reativar o mercado interno – o único que é importante – pelo controle de preços e da produção, pela revalorização dos salários e do poder aquisitivo das massas, isto é, dos lavradores e operários, e pela regulamentação das condições de emprego.

CROUZET, M. Os Estados perante a crise, In: História geral das civilizações. São Paulo: Difel, 1977 (adaptado).

Tendo como referência os condicionantes históricos do entreguerras, as medidas governamentais descritas objetivavam

A) flexibilizar as regras do mercado financeiro.   

B) fortalecer o sistema de tributação regressiva.   

C) introduzir os dispositivos de contenção creditícia.   

D) racionalizar os custos da automação industrial mediante negociação sindical.   

E) recompor os mecanismos de acumulação econômica por meio da intervenção estatal.   

Resolução:

Alternativa E.

O New Deal buscou reestruturar a economia por meio da intervenção do Estado, da criação de empregos e do controle da produção do país. Além disso, concedeu empréstimos aos fazendeiros para recuperarem seus negócios.

Fontes

BOULOS, A.;  ADÃO, E.; FURQUIM, L. Multiversos: Ciências Humanas: ética, cultura e direitos. 1ª Ed. São Paulo: FTD, 2020

MATHIAS, J. F. C. M.; YOUNG, C. E. F.; COUTO, L. C. C. B.; ALVARENGA JUNIOR., M. GREEN NEW DEAL COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO PÓS-PANDEMIA: LIÇÕES DA EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL. Revista Tempo Do Mundo, n. 26, 2021, p. 145-174.

POGGI, T. Os opositores conservadores do New Deal. Revista Eletrônica Da ANPHLAC, n. 7, 2013.

VICENTINO, C.; VICENTINO, J.; DORIGO, G. Projeto Múltiplo. História, volume único. São Paulo: Scipione, 2014.  

Por Vanessa Clemente Cardoso