Holocausto

Holocausto foi o genocídio dos judeus realizado pelos nazistas ao longo da Segunda Guerra Mundial, resultando na morte de 6 milhões de pessoas.

Holocausto é como ficou conhecido o genocídio de judeus realizado a comando dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Pelos judeus, ele é conhecido como Shoá, palavra em hebraico que significa “calamidade”. Ao longo da guerra, os nazistas realizaram ações sistemáticas de extermínio dessa etnia, e o resultado disso foi 6 milhões de pessoas mortas.

Os nazistas nomearam o seu programa de extermínio dos judeus como Solução Final, e, durante esse programa, também foram perseguidos comunistas, ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová, pessoas com problemas físicos e mentais etc. Entre as práticas realizadas no Holocausto estão o fuzilamento em massa de indivíduos, a utilização dos prisioneiros como trabalhadores escravos, o aprisionamento em guetos e campos de concentração, entre outras.

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Como se iniciou o Holocausto?

Na faixa está escrito “Alemães não compram em lojas de judeus”. O antissemitismo na sociedade alemã levou ao genocídio conhecido como Holocausto. [1]

O Holocausto não foi um acontecimento casual e repentino. O genocídio dos judeus pela Europa foi resultado de um longo caminho de perseguição contra essas pessoas e foi consequência direta do forte antissemitismo que existia em todo o continente. No caso da Alemanha, o antissemitismo era muito forte desde o século XIX.

Primeiramente existem historiadores que argumentam que genocídios como o Holocausto foram baseados em ações do neocolonialismo. A crueldade e os assassinatos em massa cometidos contra diferentes povos na África deram força prática a ideias antissemitas. Os alemães, inclusive, foram os responsáveis pelo genocídio do povo hererós, que habitava a região da atual Namíbia.

No caso dos judeus na Alemanha, o primeiro momento de todo esse processo de extermínio deu-se por meio do discurso de ódio. A retórica contra eles fortaleceu-se no pós-Primeira Guerra e transformou-os em bode expiatório da derrota alemã. Todo tipo de teoria conspiratória passou a ser destilado contra os judeus, e quando os nazistas alcançaram o poder, o discurso virou ação.

Assim os judeus foram expulsos do serviço público, depois tiveram suas lojas boicotadas e atacadas. A perseguição nas ruas aumentou consideravelmente, e os casos de violência física começaram a acontecer. Depois eles foram proibidos de casar-se com não judeus, pedidos de cidadania para judeus estrangeiros foram negados, e os judeus alemães tiveram sua cidadania retirada.

Os judeus foram privados de liberdade e de todos os direitos enquanto cidadãos. Quando a guerra começou, os nazistas intensificaram o roubo de seus bens e começaram a agrupá-los em guetos, em algumas partes da Europa. Do alto comando do Partido Nazista veio a ordem de extermínio, e daí vieram todos os horrores do Holocausto.

Dois momentos marcantes no antissemitismo na Alemanha deram-se com as Leis de Nuremberg e a Noite dos Cristais. Ambas serviram como termômetros importantes do grau de ódio e preconceito contra os judeus e delimitaram o avanço sistemático contra eles na Alemanha.

Leis de Nuremberg

As Leis de Nuremberg foram decretadas em 1935 e estabeleceram os princípios para a determinação da cidadania alemã. Aqueles que tivessem ¾ de sangue judeu em sua descendência não teriam direito à cidadania alemã. Assim, definia-se os judeus apenas como “sujeitos de Estado”, isto é, eles não tinham direitos, mas deviam cumprir suas obrigações civis.

Por meio dessas leis, proibiu-se o casamento entre judeus e não judeus, assim como as relações sexuais entre judeus e não judeus, e quem não as cumprisse era acusado de “corrupção sexual”. Os judeus também foram proibidos de contratar empregadas domésticas alemãs com menos de 45 anos de idade.

Noite dos Cristais

Loja judia atacada durante a Noite dos Cristais, em 1938.

A Noite dos Cristais foi um pogrom, isto é, um ataque violento coordenado contra um certo grupo que, nesse caso, eram os judeus. Esse ataque foi ordenado pela própria cúpula nazista e realizado na virada de 9 para 10 de novembro de 1938. A investida espalhou-se por toda a Alemanha, com os judeus sendo atacados em suas residências, além de terem tido suas lojas, e até sinagogas, destruídas em todo o país.

A Noite dos Cristais resultou na destruição de mais de mil sinagogas, além da morte provável de mais de mil pessoas, embora o número oficial determine que apenas 91 pessoas foram mortas. A Noite dos Cristais também deu início ao aprisionamento de judeus em campos de concentração, pois 30 mil deles foram presos e encaminhados para os campos de Buchenwald, Dachau e Sachsenhausen.

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Solução Final

Após o início da Segunda Guerra Mundial, um debate muito importante no interior do Partido Nazista era “a questão judia”. Adolf Hitler tinha como ideia inicial promover o extermínio dos judeus após a vitória alemã nesse conflito. Enquanto isso, os nazistas continuavam aprisionando-os e promovendo todo tipo de absurdo contra eles.

A violência contra os judeus era consideravelmente maior no leste europeu. Na Polônia, por exemplo, eles foram obrigados a mudar-se para guetos, locais onde milhares deles foram agrupados em um pequeno espaço de terra. Os judeus já eram sujeitos a jornadas de trabalho forçado na Alemanha, e, com a guerra, isso se estendeu por essa porção do continente.

Uma série de ideias, nesse sentido, foi proposta pela cúpula nazista, como a deportação dos judeus para a União Soviética e para Madagáscar, na África. No entanto, à medida que os nazistas perdiam o controle da guerra, as ações contra essa etnia radicalizavam-se. Até que Reinhard Heydrich e Heinrich Himmler elaboraram o plano conhecido como Solução Final.

O nome Solução Final foi utilizado pelos nazistas como um eufemismo para o extermínio dos judeus. Esse plano estipulou que eles deveriam ser fisicamente eliminados, e isso deu início a uma série de ações. Neste texto destacaremos o papel dos Einsatzgruppen (grupos de extermínio) e dos campos de concentração criados durante o Holocausto.

  • Grupos de extermínio

A ação desses grupos deu-se no leste europeu e tornou-se uma prioridade dos alemães na guerra, na medida em que os objetivos de conquista territorial não eram alcançados. No final de 1941, a posição dos nazistas em relação aos judeus era de que os que não poderiam trabalhar seriam sumariamente executados.

Em algumas regiões do leste europeu, os grupos de extermínio promoveram uma limpeza étnica sem se importar com a utilização dos judeus como mão de obra. Conhecidos como Einsatzgruppen, os grupos de extermínio incluíam membros do exército alemão, da SS (organização paramilitar — Schutzstaffel) e das polícias nazistas.

Os grupos de extermínio atuaram atrás das linhas alemãs, isto é, agiam nas regiões já dominadas pelos nazistas, e faziam-no em quatro grandes grupos. O papel dos grupos de extermínio era reunir todos os judeus de certa localidade, executá-los e enterrá-los em valas comuns. Os quatro grupos ficaram conhecidos como Einsatzgruppe A, Einsatzgruppe B, Einsatzgruppe C e Einsatzgruppe D.

Os grupos de extermínio efetuavam a limpeza étnica por meio de fuzilamentos em massa. Em locais como a Lituânia, esses grupos foram responsáveis pela morte de mais de 110 mil judeus. Um exemplo bastante conhecido do modus operandi dos grupos de extermínio deu-se com o Massacre de Babi Yar, que aconteceu em setembro de 1941.

Esse massacre ocorreu como vingança dos nazistas contra um ataque da resistência soviética a um prédio ocupado pelos nazistas em Kiev. Após isso os nazistas ordenaram o fuzilamento de todos os judeus de Kiev, e, em 36 horas, 33.761 judeus foram fuzilados e colocados em valas comuns.

O historiador Timothy Snyder afirmou que a ação dos grupos de extermínio foi responsável pela morte de 1 milhão de judeus durante toda a Segunda Guerra|1|. Já o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos afirma que eles foram responsáveis pela morte de, pelo menos, 1,5 milhão de judeus|2|.

Campos de concentração

Os campos de concentração foram responsáveis pela morte de milhões de pessoas. [1]

Os campos de concentração foram locais encontrados pelos nazistas para ampliar o extermínio dos judeus na Europa, uma vez que os Einsatzgruppen não conseguiam promover a matança na velocidade que a situação alemã na guerra demandava. Desse modo, muitos judeus eram encaminhados para campos de concentração, e, quando não eram mais necessários, iam para os campos de extermínio.

Os campos de concentração executavam os judeus por meio das câmaras de gás. Nelas, eles poderiam morrer pelo uso do monóxido de carbono, que asfixiava suas vítimas, ou do Zyklon-B, pesticida que, ao ser aquecido, liberava um gás que garantia a morte da vítima por intoxicação aguda. O uso da câmara de gás foi uma ideia tirada do Aktion T4 — programa pelo qual os nazistas executavam pessoas com distúrbios mentais ou deficiência física.

Os campos de extermínio criados pelos nazistas para lidar com “questão judia” foram: Auschwitz-Birkenau, Belzec, Chelmno, Majdanek, Sobibor e Treblinka. Somando todos esses campos, estipula-se que eles mataram 3 milhões de pessoas. Somente em Auschwitz-Birkenau morreram 1,2 milhão de pessoas aproximadamente.

Além das execuções, os judeus também poderiam morrer por diversos fatores relacionados ao tratamento diário que recebiam. O trabalho exaustivo, as violências rotineiras, a má alimentação e as péssimas condições de vida e higiene fizeram com que outros milhares deles morressem de exaustão, inanição e doenças diversas.

Como acabou o Holocausto?

Milhões de judeus foram resgatados com vida dos campos de concentração após a derrota dos nazistas, em 1945. [1]

O Holocausto teve fim com a derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. Desse modo, à medida que os nazistas perdiam território, os campos de concentração eram liberados pelas forças aliadas, e seus prisioneiros, libertos. Tanto soviéticos quanto americanos realizaram essa liberação. Como mencionado, o saldo de mortos ao final do Holocausto foi de 6 milhões de pessoas.

Depois da derrota alemã, dezenas de oficiais nazistas foram julgados, no Tribunal Militar Internacional de Nuremberg, pelos crimes de guerra e contra humanidade, incluídas as ações do Holocausto. Entre os julgados, houve condenações à morte, prisão perpétua, prisão temporária e absolvições.

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Filmes

O Holocausto é um dos temas históricos mais abordados pelo cinema, e, portanto, existe uma grande variedade de produções que o aborda. Entre os filmes, alguns títulos são:

  • A lista de Schindler (1993), dirigido por Steven Spielberg.

  • O menino do pijama listrado (2008), dirigido por Mark Herman.

  • O pianista (2002), dirigido por Roman Polanski.

  • A vida é bela (1997), dirigido por Roberto Benigni.

  • Amém (2002), dirigido por Constantin Costa-Gavras.

  • O filho de Saul (2015), dirigido por László Nemes.

  • O diário de Anne Frank (1959), dirigido por George Stevens.

Notas

|1| SNYDER, Timothy. Terras de sangue: a Europa entre Hitler e Stalin. Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 237.

|2| Einsatzgruppen: an overview. Para acessar, clique aqui [em inglês].

Créditos das imagens

[1] Everett Historical e Shutterstock

Por Daniel Neves Silva
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