A cortina de ferro é um termo que foi popularizado por Winston Churchill, ex-primeiro-ministro britânico, em 1946, durante viagem aos Estados Unidos. Esse termo era usado para se referir às nações que compunham o bloco socialista, estabelecido na Europa com o avanço da influência da União Soviética.
A existência do bloco socialista foi uma das marcas da Guerra Fria, caracterizada pela polarização entre esse bloco e o bloco capitalista. A consolidação do bloco socialista se deu por meio de ações como o Comecon e o Pacto de Varsóvia, estabelecendo alianças econômicas e militares da União Soviética com as nações socialistas do Leste Europeu.
Leia também: Como se deu o fim da URSS?
Resumo sobre a cortina de ferro
-
A cortina de ferro é uma expressão utilizada para se referir ao bloco socialista que existia no continente europeu.
-
Foi popularizada por meio de um discurso de Winston Churchill nos Estados Unidos, em 1946.
-
Foi utilizada em outros contextos anteriores, como pelos nazistas ao se referirem à União Soviética.
-
Esse bloco socialista na Europa foi fortalecido por meio de ações como o Comecon e o Pacto de Varsóvia.
O que foi a cortina de ferro?
A cortina de ferro é uma expressão que foi comumente usada para designar o bloco de nações socialistas que existiu na Europa durante o período da Guerra Fria. Essa expressão definia a divisão do continente europeu entre o bloco capitalista e o bloco socialista, sendo que as nações socialistas eram as que estavam atrás de uma “cortina de ferro”.
As nações do bloco socialista eram as do Leste Europeu que estavam sob o raio de influência da União Soviética e do governo de Moscou, a grande potência socialista do planeta na segunda metade do século XX. Os estados sob a influência soviética, apesar de soberanos, poderiam tornar-se alvo das interferências soviéticas, como aconteceu na Hungria em 1956 e na Checoslováquia em 1968.
O termo cortina de ferro foi, portanto, utilizado para se referir à fronteira ideológica que existia na Europa no cenário bipolar da Guerra Fria. À medida que a tensão diplomática aumentou, as fronteiras reais entre o bloco socialista e o bloco capitalista na Europa realmente passaram a contar com fronteiras guarnecidas e equipadas com arame farpado.
Como surgiu o termo cortina de ferro?
Atribui-se o termo cortina de ferro a um pronunciamento de Winston Churchill, então ex-primeiro-ministro britânico. Esse discurso foi realizado no Westminster College, em Fulton, Missouri, Estados Unidos, no dia 5 de março de 1946.
No discurso, Churchill afirmou que uma cortina de ferro teria descido sobre a Europa em uma referência direta ao bloco socialista, que se estabeleceu no continente após a Segunda Guerra Mundial.
Esse bloco socialista se formou à medida que as tropas soviéticas foram avançando no continente europeu. Esse avanço se deu durante a luta contra o nazismo, e, à medida que os locais eram liberados pelos soviéticos, tornavam-se locais de influência soviética. Com o final da guerra, essas regiões se transformaram em parte do bloco socialista.
O termo chegou a ser usado em outros contextos, sendo encontrado em um livro russo da década de 1910, e foi explorado também pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial para se referirem aos soviéticos. O próprio Churchill teria usado a expressão antes do discurso mencionado como forma de demonstrar sua preocupação com o avanço da influência soviética na Europa.
Pacto de Varsóvia
A expressão cortina de ferro, então, foi apenas uma forma para simbolizar o bloco socialista, mas, a partir da década de 1950, foram realizadas ações oficiais para formar esse bloco política e diplomaticamente.
Os Estados Unidos procuraram impedir o avanço do socialismo por meio do Plano Marshall, que fornecia auxílio econômico, principalmente, às nações da Europa Ocidental. Em oposição a esse plano, foi formado o Conselho para Assistência Econômica Mútua (Comecon), a fim de fornecer auxílio econômico para as nações socialistas do Leste Europeu.
Além disso, os Estados Unidos criaram uma aliança militar por meio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). No caso do bloco socialista, foi formado o Pacto de Varsóvia, que formalizou um grupo de nações aliadas militarmente à União Soviética, permitindo a ampliação dos soviéticos sobre o bloco de nações socialistas.
Saiba mais: Revolução Chinesa de 1949 — a ascensão dos comunistas ao poder chinês
Muro de Berlim
Outro símbolo da ordem bipolar no cenário da Guerra Fria e da tensão e separação entre os dois blocos foi o Muro de Berlim, que existiu entre os anos de 1961 e 1989. A construção desse muro foi resultado da divisão da Alemanha entre capitalismo (Alemanha Ocidental) e socialismo (Alemanha Oriental).
No centro dessa divisão estava Berlim, cidade que foi dividida entre as duas nações. A grande questão foi a quantidade de pessoas que começou a abandonar a Alemanha Oriental e se estabelecer em Berlim Ocidental (capital da Alemanha Ocidental). Isso se explicava pelo grande desenvolvimento econômico na Alemanha Ocidental graças ao Plano Marshall.
O desenvolvimento do lado ocidental, somado à censura e falta de liberdade do lado oriental, fez com que cerca de três milhões de pessoas abandonassem a Alemanha Oriental, e, para conter esse fluxo de cidadãos que fugiam do país, o governo da Alemanha Oriental decidiu construir um muro isolando Berlim Ocidental. Na passagem do dia 12 para 13 de agosto de 1961, milhares de soldados da Alemanha Oriental cercaram Berlim Ocidental com arame farpado, concretizando o fechamento da fronteira.
Com o tempo, foi construído um muro muito alto, torres de segurança foram estabelecidas, e um perímetro com soldados e cães de guarda foi criado para impedir que cidadãos da Alemanha Oriental fossem para o lado Ocidental.
O Muro de Berlim foi um dos símbolos da Guerra Fria, e sua queda, em 1989, simbolizou também o enfraquecimento e o iminente fim do socialismo na Europa.