Coluna Prestes

A Coluna Prestes foi um movimento revolucionário que buscou denunciar a corrupção e promover mudanças políticas durante a República Oligárquica no Brasil.
Fotografia de Luís Carlos Prestes à época da Coluna Prestes.

A Coluna Prestes foi um movimento revolucionário ocorrido no Brasil, entre 1925 e 1927, que protagonizou uma jornada de mais de 25.000 quilômetros percorridos pelo interior do país. Surgindo em um contexto de instabilidade política durante o governo de Artur Bernardes, o movimento foi liderado por tenentes insatisfeitos, como Luís Carlos Prestes, e teve como objetivos denunciar a corrupção política, promover uma revolta popular e fortalecer as forças militares descontentes.

Enfrentando desafios naturais e confrontos, a Coluna contou com a notável participação de mulheres, como Olga Benário, Maria Werneck de Castro e Elza Fernandes, que desempenharam papéis cruciais na marcha. Em 1927, a Coluna Prestes chegou ao fim. Seus líderes, enfraquecidos pela falta de apoio e estratégia clara, decidiram encerrar a jornada sem atingir seus objetivos imediatos. As consequências foram complexas, marcando exílios notáveis, especialmente na União Soviética, onde muitos líderes foram influenciados pelo comunismo, fato que moldou subsequentemente o cenário político brasileiro.

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Resumo sobre a Coluna Prestes

  • A Coluna Prestes foi um movimento revolucionário ocorrido no Brasil entre 1925 e 1927 e liderado por tenentes do Exército insatisfeitos com a situação política e social do país, em especial Luís Carlos Prestes.
  • A Coluna Prestes surgiu em um contexto de instabilidade política na década de 1920, durante o governo de Artur Bernardes, e refletiu as tensões e insatisfações dos militares conhecidos como tenentes.
  • A Coluna Prestes tinha como objetivos denunciar a corrupção política, promover uma revolta popular e fortalecer as forças militares insatisfeitas, buscando mudanças profundas na estrutura política do Brasil.
  • A Coluna Prestes percorreu mais de 25.000 quilômetros pelo interior do Brasil, enfrentando desafios naturais e confrontos com forças leais ao governo, tornando-se um épico na história brasileira.
  • Mulheres como Olga Benário, Maria Werneck de Castro e Elza Fernandes desempenharam papéis cruciais na Coluna Prestes, atuando como enfermeiras, mensageiras e enfrentando os desafios da marcha.
  • A Coluna Prestes chegou ao fim em 1927, quando os líderes, enfraquecidos pela falta de apoio e pela ausência de uma estratégia clara, decidiram encerrar a marcha, não alcançando seus objetivos imediatos.
  • As consequências da Coluna Prestes foram complexas, contribuindo para a mudança do cenário político brasileiro.
  • A dispersão dos líderes resultou em exílios, notadamente na União Soviética, onde muitos foram influenciados pelo comunismo, moldando o curso da política brasileira.

O que foi a Coluna Prestes?

A Coluna Prestes foi um movimento revolucionário que ocorreu no Brasil, entre 1925 e 1927, e que marcou um período de intensa agitação política e social. Esse episódio desempenhou um papel significativo na história brasileira, refletindo as tensões e desafios enfrentados pelo país na primeira metade do século XX.

O movimento militar foi liderado por jovens tenentes, notadamente Luís Carlos Prestes, Miguel Costa e outros. Sua principal característica era a marcha de um grupo de rebeldes pelo interior do Brasil. Essa jornada buscava, em parte, denunciar as mazelas políticas e sociais do país, mas também tinha como objetivo estimular uma revolta popular.

Contexto histórico da Coluna Prestes

O Brasil da década de 1920 estava imerso em instabilidade política e social. O governo de Artur Bernardes enfrentava resistência de diversos setores da sociedade, incluindo militares insatisfeitos com as condições internas e externas do país. A década também testemunhou movimentos tenentistas, compostos principalmente por oficiais do Exército descontentes com a corrupção e a falta de representatividade política.

O tenentismo foi um movimento político-militar que teve origem no Brasil durante as primeiras décadas do século XX, principalmente nas décadas de 1920 e 1930. Esse movimento foi liderado por oficiais do Exército brasileiro conhecidos como “tenentes”, a patente mais baixa dos oficiais do Exército, ocupada pelos jovens ingressantes nas Forças Armadas, que eram jovens militares insatisfeitos com a situação política, social e econômica do país, notadamente a República Oligárquica e as fraudes eleitorais. O tenentismo desempenhou um papel significativo nos eventos que antecederam a Revolução de 1930, que marcou uma mudança profunda na política brasileira.

→ Origens e contexto do tenentismo

A Coluna Prestes foi um movimento revolucionário liderado por Luís Carlos Prestes (na imagem, o terceiro sentado da sua esquerda para a direita). [1]

O tenentismo teve suas origens no descontentamento de uma parcela dos oficiais do Exército em relação à República Velha (1889-1930), caracterizada pela política do “café com leite”, na qual São Paulo e Minas Gerais se revezavam no controle do poder central. Os tenentes eram, em sua maioria, jovens oficiais de patentes mais baixas que, muitas vezes, eram oriundos de famílias menos abastadas e viam a política oligárquica como corrupta e distante das necessidades do povo.

→ Eventos importantes do tenentismo

Revolta tenentista dos 18 do Forte de Copacabana. [3]
  • Revolta dos 18 do Forte de Copacabana (1922): Em 5 de julho de 1922, um grupo de oficiais tenentes, liderados por Eduardo Gomes e Siqueira Campos, rebelou-se no Rio de Janeiro contra o governo. A revolta foi reprimida, mas marcou o início das ações tenentistas.
  • Coluna Prestes (1925-1927): Embora a Coluna Prestes seja frequentemente associada ao movimento tenentista, ela não foi inicialmente uma revolta contra o governo, mas uma resposta às condições sociais e políticas do país. Luís Carlos Prestes, Miguel Costa e outros líderes percorreram o interior do Brasil, denunciando as injustiças e ganhando apoio popular.
  • Intentona Comunista (1935): Embora tenha envolvido elementos comunistas, a Intentona Comunista também teve a participação de alguns tenentes descontentes. A revolta foi um levante comunista armado em Natal, Recife e Rio de Janeiro, sendo prontamente reprimida.
  • Aliança Liberal e Revolução de 1930: Em 1930, o movimento tenentista se uniu à Aliança Liberal, liderada por Getúlio Vargas e outros líderes dissidentes. A insatisfação com o governo de Washington Luís e a falta de alternância de poder levaram à Revolução de 1930, que resultou na ascensão de Vargas à presidência.

→ Principais figuras do tenentismo

Miguel Costa foi um dos comandantes da Coluna Prestes.
  • Luís Carlos Prestes: Militar e líder da Coluna Prestes, Prestes tornou-se uma figura central no movimento tenentista. Após a Coluna, aderiu às fileiras do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e desempenhou um papel importante na política brasileira.
  • Miguel Costa: importante comandante da Coluna Prestes, o que leva alguns historiadores a chamá-la de Coluna Miguel Costa-Prestes. Costa também participou da revolta tenentista de 1924 e da Revolução de 1932.
  • Eduardo Gomes: Participou da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana e foi um dos líderes tenentistas mais destacados. Anos depois, tornou-se uma figura política relevante no cenário nacional.
  • Siqueira Campos: Outro líder da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, morreu durante a ação. Sua morte contribuiu para torná-lo um mártir do movimento.

→ Consequências do tenentismo

O tenentismo teve um papel crucial na mudança do panorama político brasileiro. A Revolução de 1930, em grande parte liderada por figuras associadas ao movimento, marcou o fim da República Velha e o início de uma nova fase na história política do Brasil, conhecida como Era Vargas. Getúlio Vargas, inicialmente apoiado pelos tenentes, estabeleceu um governo provisório e posteriormente uma nova Constituição em 1934.

Para saber mais detalhes sobre o tenentismo, clique aqui.

Objetivos da Coluna Prestes

Os objetivos da Coluna Prestes eram diversos. Em primeiro lugar, buscava denunciar a corrupção no governo e a falta de representatividade política. Os líderes da Coluna também pretendiam promover uma revolta popular, unindo as camadas marginalizadas da sociedade contra as elites no poder.

Além disso, havia a intenção de fortalecer as forças militares insatisfeitas e criar um ambiente propício para mudanças profundas na estrutura política do Brasil.

Trajetória da Coluna Prestes

A trajetória da Coluna Prestes começou em 1925, quando um grupo de tenentes decidiu iniciar uma marcha pelo interior do país. O movimento rapidamente ganhou apoio de setores descontentes da população, especialmente em regiões rurais onde as condições de vida eram precárias. Durante os dois anos de jornada, a Coluna enfrentou inúmeras dificuldades, desde confrontos armados com forças leais ao governo até as adversidades naturais encontradas no vasto território brasileiro.

A marcha da Coluna Prestes tornou-se um evento importante na história brasileira, envolvendo estratégias militares, embates políticos e um apelo popular que ressoava em diferentes partes do país. No entanto, a falta de apoio massivo e a ausência de uma estratégia política clara acabaram por enfraquecer o movimento ao longo do tempo.

Participação de mulheres na Coluna Prestes

A revolucionária Olga Benário Prestes, esposa de Luís Carlos Prestes, foi uma das mulheres que participaram da Coluna Prestes. [4]

A participação das mulheres na Coluna Prestes foi notável, embora muitas vezes relegada a um papel secundário. As esposas dos líderes, como Olga Benário Prestes, foram figuras proeminentes, enfrentando as dificuldades da marcha ao lado de seus companheiros. No entanto, outras mulheres também desempenharam papéis importantes, atuando como enfermeiras, cozinheiras, mensageiras e até mesmo como combatentes em algumas situações.

A participação feminina na Coluna Prestes desafiou as normas de gênero da época, destacando a importância das mulheres nas lutas políticas e sociais. No entanto, a história muitas vezes relegou essas contribuições ao esquecimento, enfatizando a necessidade de uma revisão mais abrangente e justa da participação das mulheres nesses eventos.

Entre as diversas mulheres importantes para o movimento, destacam-se Olga Benário Prestes, Maria Werneck de Castro, Elza Fernandes e Maria Rosa Machado. Saiba um pouco sobre cada uma delas a seguir.

→ Olga Benário Prestes (1908-1942)

  • Data de nascimento: 12 de fevereiro de 1908.
  • Data de morte: 23 de abril de 1942 (executada pelos nazistas).
  • Contribuições: Olga Benário, esposa de Luís Carlos Prestes, foi uma militante comunista alemã que desempenhou um papel ativo na Coluna Prestes. Ela atuou como mensageira, desempenhando tarefas perigosas durante a marcha. Após a dispersão da Coluna, Olga foi presa, e sua vida tomou um rumo trágico durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando foi enviada para campos de concentração nazistas, onde acabou sendo executada.

Saiba mais detalhes sobre a vida de Olga Benário Prestes clicando aqui.

→ Maria Werneck de Castro (1899-1981)

  • Data de nascimento: 23 de janeiro de 1899.
  • Data de morte: 29 de dezembro de 1981.
  • Contribuições: Maria Werneck de Castro foi uma enfermeira que participou ativamente da Coluna Prestes, prestando assistência médica aos revolucionários. Ela enfrentou as dificuldades e os desafios da marcha, desempenhando um papel vital na manutenção da saúde dos membros da Coluna.

→ Elza Fernandes (1902-1977)

  • Data de nascimento: 24 de abril de 1902.
  • Data de morte: 9 de agosto de 1977.
  • Contribuições: Elza Fernandes, esposa do líder tenentista Miguel Costa, acompanhou a Coluna Prestes em parte da marcha, enfrentando as adversidades junto com os demais. Após a dispersão, Miguel Costa e Elza exilaram-se na União Soviética, onde ela teve contato com as ideias comunistas e participou de atividades políticas.

→ Maria Rosa Machado (1895-?)

  • Data de nascimento: 1º de junho de 1895.
  • Data de morte: Desconhecida.
  • Contribuições: Maria Rosa Machado foi uma das enfermeiras que acompanharam a Coluna Prestes, prestando cuidados médicos aos combatentes. Sua participação na marcha foi fundamental para a manutenção da saúde dos membros da Coluna em meio às condições adversas.

Fim da Coluna Prestes

O fim da Coluna Prestes ocorreu em 1927, quando o movimento se viu enfraquecido por uma série de fatores. A falta de apoio popular massivo, a exaustão física dos participantes e a ausência de uma estratégia política clara levaram os líderes a reconsiderar seus objetivos. Luís Carlos Prestes, em particular, começou a repensar a viabilidade do movimento e a necessidade de uma abordagem mais estruturada para alcançar as reformas desejadas.

Além disso, a falta de uma estratégia política clara e o cansaço físico dos participantes enfraqueceram o movimento ao longo do tempo. Em 1927, os líderes da Coluna Prestes começaram a reconsiderar a viabilidade do movimento, levando à sua dispersão.

Essa dispersão levou os líderes, incluindo Luís Carlos Prestes e Miguel Costa, a adotarem diferentes estratégias e a buscar novas formas de participação política. Muitos deles passaram a integrar outros movimentos ou a se engajar em atividades políticas diversas.

→ Exílio dos líderes da Coluna Prestes

A decisão de exílio dos líderes da Coluna Prestes ocorreu em parte como uma resposta à perseguição do governo de Artur Bernardes, que via o movimento como uma ameaça à estabilidade política do país. Luís Carlos Prestes, por exemplo, foi um dos líderes que optaram pelo exílio.

Após a dispersão da Coluna Prestes e a repressão ao movimento no Brasil, Luís Carlos Prestes exilou-se na União Soviética. Ele buscou refúgio na União Soviética devido à sua simpatia pelo comunismo e ao desejo de buscar apoio internacional para as causas políticas que defendia. O exílio de Prestes na União Soviética ocorreu durante a década de 1930, uma época em que o comunismo estava em ascensão como uma força política global. Durante seu tempo na União Soviética, Prestes teve contato com lideranças comunistas e participou de atividades políticas dentro do contexto da Revolução Russa e da Internacional Comunista.

♦ Contato com o comunismo

O exílio dos líderes da Coluna Prestes teve uma influência significativa na orientação ideológica do grupo. Muitos deles, durante esse período, aproximaram-se do comunismo, que emergia como uma força política global. Luís Carlos Prestes, por exemplo, tornou-se membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) durante seu exílio na União Soviética.

O período na União Soviética contribuiu para a radicalização das suas ideias e para a influência do comunismo em sua trajetória política. Ele se aproximou das ideias marxistas e, ao retornar ao Brasil, desempenhou um papel importante no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e em outros movimentos de esquerda.

O contato com o comunismo durante o exílio desempenhou um papel crucial na radicalização das ideias políticas dos líderes da Coluna Prestes. Inspirados pela revolução socialista russa e pelas ideias marxistas, esses líderes retornaram ao Brasil com uma perspectiva mais radical e comprometida com a transformação social.

O PCB, que contou com a adesão de alguns ex-líderes da Coluna Prestes, desempenhou um papel importante na política brasileira nas décadas seguintes, especialmente durante a Era Vargas e no contexto da Segunda Guerra Mundial. A influência do comunismo e as experiências vividas no exílio moldaram a atuação política desses líderes, que buscavam transformações sociais e políticas mais profundas no Brasil.

Consequências da Coluna Prestes

As consequências da Coluna Prestes foram complexas e diversas. Em curto prazo, o movimento não alcançou seus objetivos imediatos de promover uma revolta generalizada contra o governo. No entanto, a marcha teve um impacto na conscientização política, destacando as desigualdades sociais e a corrupção existentes no país.

A Coluna Prestes também influenciou outros movimentos políticos e sociais que surgiram nas décadas seguintes, alimentando o desejo de mudança e reforma. Muitos dos líderes da Coluna Prestes desempenharam papéis importantes em eventos posteriores, contribuindo para a formação do cenário político brasileiro.

Além disso, a participação das mulheres na Coluna Prestes deixou um legado importante, desafiando as normas de gênero e destacando a importância da igualdade na luta política. Essa contribuição, muitas vezes esquecida, ressurge como um elemento crucial na compreensão da complexidade e diversidade do movimento.

Exercícios resolvidos sobre a Coluna Prestes

Questão 1

Durante a década de 1920, a Coluna Prestes emergiu como um movimento revolucionário no Brasil, liderado por tenentes insatisfeitos. Seus objetivos incluíam denunciar a corrupção política e promover uma revolta popular. Considerando o desfecho da Coluna Prestes em 1927, como as consequências desse movimento impactaram a política brasileira nas décadas seguintes?

A) Consolidou a estabilidade política.

B) Reforçou as estruturas oligárquicas.

C) Contribuiu para a radicalização ideológica.

D) Promoveu a descentralização do poder.

E) Refletiu a continuidade da República Velha.

Resolução:

Alternativa C.

A Coluna Prestes, apesar de não atingir seus objetivos imediatos, teve um impacto duradouro ao contribuir para a radicalização ideológica, influenciando movimentos políticos e moldando o cenário brasileiro nas décadas seguintes.

Questão 2

A Coluna Prestes contou com a significativa participação de mulheres, desafiando normas de gênero da época. Além das funções tradicionais, como enfermeiras e mensageiras, de que maneira a participação das mulheres na Coluna Prestes contribuiu para a conscientização política na sociedade da época?

A) Reforçou estereótipos de gênero.

B) Despertou discussões sobre igualdade de gênero.

C) Consolidou a submissão feminina.

D) Ignorou a relevância das mulheres.

E) Enfraqueceu o movimento feminista.

Resolução:

Alternativa B.

A participação ativa das mulheres na Coluna Prestes contribuiu para abrir discussões sobre igualdade de gênero, desafiando estereótipos e impulsionando a conscientização política em relação ao papel das mulheres na sociedade e nas lutas políticas.

Créditos de imagem

[1] Americas South and North / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Acervo CPDOC / FGV / Wikimedia Commons (reprodução)

[3] Zenóbio Couto / Wikimedia Commons (reprodução)

[4] Deutsches Bundesarchiv / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

CARONE, Edgar. O Tenentismo. São Paulo: Difel, 1975.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2012.

Por Tiago Soares Campos