Batalha de Varsóvia (1915)

A Batalha de Varsóvia de 1915 foi travada entre os exércitos do Império Russo e do Império Alemão na frente oriental da Primeira Guerra Mundial.
Cavalaria do Império Alemão entrando em Varsóvia em 1915, no contexto da Batalha de Varsóvia.

A Batalha de Varsóvia de 1915 foi uma das principais batalhas da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Nela se enfrentaram tropas do Império Alemão e do Império Russo. Após sucessivas derrotas, e quase cercadas em Varsóvia, o alto comando russo ordenou o recuo de suas tropas e o abandono da cidade. Em agosto de 1915 as tropas da Alemanha entraram em Varsóvia sem qualquer resistência dos russos.

Essa batalha fez parte da Grande Retirada, momento no qual todo o exército russo recuou na Polônia. Além de Varsóvia, onde enfrentaram os alemães, os russos também lutaram no Sul da Polônia contra tropas austro-húngaras, onde também foram derrotados e forçados ao recuo.

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Resumo sobre a Batalha de Varsóvia

  • A Batalha de Varsóvia de 1915 foi uma batalha da Primeira Guerra Mundial e foi travada na frente oriental.

  • Enfrentaram-se na batalha tropas do Império Alemão, comandadas por Guilherme II, e do Império Russo, comandadas por Nicolau II.

  • Em 1º de maio de 1915 a Alemanha iniciou o ataque à Polônia Russa pelo oeste, iniciando a Batalha de Varsóvia.

  • No mesmo dia, mais ao sul, tropas da Áustria-Hungria também iniciaram um ataque contra os russos no Sudoeste da Polônia.

  • As tropas alemãs quase cercaram as tropas do Império Russo na cidade de Varsóvia, restando uma única rota que conectava Varsóvia com o restante do Exército Russo.

  • Para evitar o cerco e consequente captura, as tropas russas se retiraram de Varsóvia em 5 de agosto de 1915.

  • No mesmo dia a Alemanha ocupou a cidade de Varsóvia, sendo a vencedora da batalha.

  • Após a Batalha de Varsóvia, as Potências Centrais criaram o Reino da Polônia, um Estado subserviente às Potências Centrais.

  • Com o fim da Primeira Guerra Mundial a Polônia conquistou sua independência.

Contexto histórico da Batalha de Varsóvia

No início do século XX a Europa vivia uma condição contraditória. Por um lado, vivia a Belle Époque, momento de grande desenvolvimento científico e artístico, e por outro, a Paz Armada, uma disputa imperialista entre as diversas nações do continente que levou à corrida armamentista e a uma política de alianças. Essas alianças colocaram de um lado as Potências Centrais, formadas por Áustria-Hungria, o Império Alemão e o Império Turco-Otomano, e de outro, a Tríplice Entente, formada por França, o Reino Unido e o Império Russo.

Em junho de 1914, em Sarajevo, o arquiduque da Áustria-Hungria foi assassinado por um nacionalista sérvio. O Atentado de Sarajevo provocou uma crise política que culminou na eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 28 de julho de 1914.

Entre agosto e novembro de 1914 as Potências Centrais realizaram grandes ofensivas nas duas principais frentes do conflito. Na frente ocidental, os alemães penetraram no território francês conquistando terras até ficarem cerca de 50 quilômetros de Paris. Na frente oriental, as Potências Centrais foram contidas na fronteira da Polônia Russa. Houve uma contraofensiva russa no início de 1915, que também foi contida pelos defensores, e os dois países permaneceram na fronteira inicial da guerra. Foi nesse momento, de relativo equilíbrio na frente oriental, que a Batalha de Varsóvia aconteceu.

Quais são as causas da Batalha de Varsóvia?

O território da atual Polônia estava dividido em três partes antes da Primeira Guerra Mundial, cada uma delas controlada por um império europeu. Dessa forma a Polônia era o ponto central de combate no Leste da Europa, pois ela se localizava na tríplice fronteira entre os três impérios. Antes do conflito o povo polonês viva em três Estados diferentes, com diferentes condições políticas, econômicas e sociais.

A partilha da Polônia realizada em 1799 vigorava ainda no início da Primeira Guerra Mundial.

A maior parte dos polacos viviam na Polônia do Congresso, conhecida também como Polônia Russa, região controlada pelo Império Russo que impôs rígido controle sobre a população local, proibindo inclusive que ela falasse o polonês.

O Reino da Galícia (não confundir com Galiza, no Noroeste da Espanha), também chamada de Polônia Austríaca, possuía certa autonomia em relação ao Império Austro-Húngaro. Mantinha um Parlamento, e sua língua e costumes eram permitidos.

Na Prússia-Polônia, também chamada de Polônia Alemã, houve um forte processo de germanização. A língua polonesa era proibida nesse território, as escolas possuíam currículo alemão e todas as instituições administrativas eram controladas pelo II Reich.

Após o início da Primeira Guerra, tropas russa e alemã passaram a se combater na região fronteiriça entre a Prússia-Polônia e a Polônia Russa. Por quase um ano, após pequenos avanços e recuos de ambos os lados, a frente de batalha continuava estática, sem que nenhum dos lados conseguisse conquistas territoriais relevantes. Quem vencesse na Polônia abriria as portas para a vitória na guerra, pelo menos na frente oriental.

Como aconteceu a Batalha de Varsóvia?

No início de 1915, os alemães transferiram parte de suas tropas da frente ocidental para a frente oriental, preparando uma ofensiva. Nos últimos dias de abril os alemães atacaram as trincheiras russas na região da atual Lituânia, fazendo com que tropas russas da Polônia fossem transferidas para a região.

Em 1° de maio de 1915 as Potências Centrais iniciaram um ataque sincronizado em diversas regiões da frente oriental. Tropas alemãs atacaram a Polônia Russa pelo oeste, conquistando diversas vitórias. Tropas austro-húngaras também atacaram a Polônia Russa, invadindo a região sudoeste do seu território, vencendo consecutivas batalhas.

No final de julho de 1915 a cidade de Varsóvia era uma saliência dentro do território alemão e, em 5 de agosto, o alto comando russo ordenou o recuo das tropas que estavam na cidade. O medo russo era de que os alemães, em um ataque em pinça, cercassem o exército russo em Varsóvia.

Ponte destruída pelos russos na retirada após a Batalha de Varsóvia.

Os russos, ao recuar, utilizaram a técnica da terra arrasada, destruindo vilarejos, incendiando plantações e destruindo a infraestrutura, como pontes e estradas. A destruição obrigou centenas de milhares de poloneses a migrar. No território russo populações alemãs passaram a sofrer violências e pogroms.

No Sudoeste da Polônia Russa a situação foi parecida. Quase cercados pelas tropas austríacas, os russos recuaram. As ações de agosto de 1915 ficaram conhecidas na Rússia como a Grande Retirada.

Abandonada pelos russos, os alemães entraram em Varsóvia ainda em 5 de agosto. Meses depois o príncipe da Áustria-Hungria passou a governar o território sob controle das Potências Centrais.

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Fim da Batalha de Varsóvia

A Batalha de Varsóvia terminou com a derrota das tropas russas e a conquista da cidade de Varsóvia pelas tropas das Potências Centrais no dia 5 de agosto de 1915. As tropas invasoras não encontraram qualquer resistência dos russos, que se retiraram da cidade horas antes. Na Grande Retirada, os russos entregaram a Polônia Russa para os inimigos, o que repercutiu negativamente na Rússia para o Czar Nicolau II.

Quais são as consequências da Batalha de Varsóvia?

Após a vitória na Batalha de Varsóvia foi fundado o Reino da Polônia, um Estado títere das Potências Centrais. Aos poloneses foi permitido o uso de sua língua em todo território, inclusive nas escolas, e a prática de diversas tradições, antes proibidas pelos russos.

Após a derrota das Potência Centrais, em 1918, foi reconhecida a independência da Polônia no mesmo ano. A independência polonesa durou até 1939, quando soviéticos e alemães do III Reich ocuparam o território polonês naquilo que deu início à Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Na Rússia, a derrota na Polônia e a Grande Retirada marcaram o início de uma série de derrotas do exército do país. A guerra provocou na Rússia uma grave crise econômica e política que, em 1917, levou a duas revoluções que terminaram com a implementação do socialismo no país e a execução de toda a família Romanov.

Fontes

GILBERT, Martin. A Primeira Guerra Mundial. Casa da Palavra, São Paulo, 2017.

JANOTTI, Maria de Lourdes. A Primeira Grande Guerra – O confronto de imperialismo. Editora Atual, Santos, 2002.

SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra mundial – História completa. Editora Contexto, São Paulo, 2010.

Por Jair Messias Ferreira Junior