Doutrina Monroe

A Doutrina Monroe foi instituída pelo presidente norte-americano James Monroe, em 1823, e definiu a política dos Estados Unidos contra a interferência europeia na América.
James Monroe

A Doutrina Monroe foi estabelecida pelo presidente norte-americano James Monroe em discurso proferido no Congresso dos Estados Unidos em 1823. Ele definiu as ações que seu governo tomaria para impedir que a Europa interferisse no processo de independência na América, especialmente na América Latina.

Essa doutrina foi definida com o seguinte lema: “América para os americanos.” Sem a interferência europeia, os Estados Unidos poderiam exercer sua influência sobre as nações independentes em continente europeu.

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Resumo sobre a Doutrina Monroe

  • A Doutrina Monroe foi estabelecida em 1823 pelo presidente norte-americano James Monroe para barrar a interferência da Europa na América.

  • Os Estados Unidos atuaram na defesa das nações americanas e na influência das suas decisões políticas.

  • O lema dessa doutrina era “América para os americanos.”

  • As consequências da Doutrina Monroe foram o reforço da influência norte-americana sobre os demais países do continente e sua expansão territorial para oeste.

Contexto da Doutrina Monroe

Para compreender o contexto histórico da Doutrina Monroe, é preciso observar os acontecimentos ocorridos tanto na América quanto na Europa. No começo do século XIX, Europa e América estavam passando por grandes mudanças.

No Velho Mundo, a Era Napoleônica teve fim em 1825, e as monarquias que foram destituídas após as invasões de Napoleão Bonaparte se reuniram em Viena, Suíça, para um congresso que discutiu o destino do continente após esse período tão turbulento, que começou em 1789 com a Revolução Francesa. A restauração desses reinos modificou o mapa político da Europa.

O domínio francês sobre a Europa alcançou os reinos da Península Ibérica. Tanto portugueses quanto espanhóis estiveram sob julgo napoleônico. Essa modificação dentro da política de Portugal e Espanha teve consequência em suas colônias na América. Os ideais iluministas antiabsolutistas e a força revolucionária de liberdade, fraternidade e igualdade, somados à ausência de um monarca absolutista, fizeram com que os colonos latino-americanos lutassem pelas suas independências.

As nações europeias dominadas por Napoleão Bonaparte não puderam coibir essas manifestações libertárias em suas colônias. Entretanto, logo após a queda do imperador francês, além de restaurarem a ordem anterior à Revolução Francesa, essas monarquias tentaram impedir as independências coloniais.

Os Estados Unidos haviam se tornado independentes em 1776 e despontaram como referência a outras colônias latino-americanas, que pretendiam seguir o mesmo caminho em direção à independência. Os estadunidenses avançaram territorialmente para o oeste, mas não queriam perder de vista os acontecimentos na Europa e na América Latina.

Nesse contexto, as antigas Treze Colônias inglesas passaram a juntar forças para evitar que a restauração das monarquias absolutistas na Europa voltasse a interferir no rumo das nações latino-americanas que se tornavam independentes.

  • Destino Manifesto

Motivados pelo Destino Manifesto, os norte-americanos iniciaram a expansão do seu território em direção a oeste.

Algum tempo depois de conquistar sua independência, os Estados Unidos começaram a investir em sua expansão territorial. Assim, os norte-americanos trataram de conquistar novas terras para o oeste, em direção ao oceano Pacífico. Novamente, é necessário destacar que os eventos ocorridos na Europa auxiliam na compreensão da expansão territorial empreendida pelos Estados Unidos.

Essa expansão não se baseou apenas em conquista territorial e busca por novas riquezas. Outros elementos também se tornaram motivadores para que se povoasse as novas terras conquistadas. A religião e a cultura se tornaram peças fundamentais na expansão norte-americana. A justificativa para isso foi chamada de Destino Manifesto, ou seja, a crença de que os Estados Unidos tinham a missão de levar para os povos, tanto para os indígenas que estavam em suas terras a oeste quanto para os latino-americanos que conquistavam suas independências, a civilização, a democracia e a garantia de liberdade.

Os Estados Unidos, que já eram uma referência no processo de emancipação política, impunham sua força na América contra qualquer tentativa de inferência vinda da Europa. Essa suposta missão norte-americana de disseminar o progresso, a civilização e o cristianismo não se restringiu apenas aos indígenas, que tiveram suas terras tomadas pelos Estados Unidos durante sua marcha para o oeste, já que ela afetou toda a América Latina.

As antigas colônias europeias se tornaram independentes nas duas primeiras décadas do século XIX no âmbito político. Economicamente, as novas nações latino-americanas apenas mudaram a dependência das monarquias portuguesa e espanhola para os Estados Unidos.

Videoaula sobre os Estados Unidos no século XIX

Qual foi a proposta da doutrina de Monroe?

James Monroe foi o quinto presidente dos Estados Unidos e governou o país entre 1817 e 1825. Ele é considerado um dos pais fundadores da nação e teve papel importante no processo de independência das Treze Colônias. Monroe governou os Estados Unidos no período inicial de expansão territorial para o oeste.

Em 2 de dezembro de 1825, ele fez um discurso no Congresso norte-americano estabelecendo os princípios daquilo que seria chamado de Doutrina Monroe. Esses princípios tinham como norteadores a liberdade de todos os americanos e a não interferência europeia no continente.

Com esse propósito, a Doutrina Monroe reforçou o poder dos Estados Unidos sobre a América ao conquistar novos territórios a oeste e expandir suas fronteiras para a costa do Pacífico. Além disso, por meio dessa doutrina, os norte-americanos evitaram que as monarquias europeias, que restauraram seus territórios após o fim da Era Napoleônica (1815), impedissem as independências de suas colônias na América.

Havia a clara tentativa europeia de recolonizar o continente. Por isso, a ideologia “América para os americanos” se adequou ao contexto daquela época e colocou os Estados Unidos como nação líder e grande potência garantidora da liberdade e democracia na América.

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Reais objetivos da Doutrina Monroe

Alguns críticos da política norte-americana de expansão territorial afirmam que a Doutrina Monroe tinha como real objetivo a garantia de que apenas os Estados Unidos deveriam exercer influência sobre as novas nações latino-americanas, seja nas questões políticas, econômicas ou culturais. Tal doutrina garantiria a hegemonia norte-americana sobre o continente. Além disso, o lema de “América para os americanos” seria uma referência apenas aos americanos residentes nos Estados Unidos.

Outro interesse advindo dessa ideologia foi a expansão territorial. Os norte-americanos se aproveitaram das mudanças ocorridas na Europa logo após o final da Era Napoleônica para conquistar as terras até então pertencentes a nações europeias como França e Inglaterra. Além da conquista da terra, os Estados Unidos afastariam qualquer interferência da Europa em sua marcha parta o oeste.

Resumindo, pode-se afirmar que os reais objetivos da Doutrina Monroe seriam em benefício apenas dos americanos dos Estados Unidos e não dos americanos de todo o continente.

Consequências da Doutrina Monroe

A prática da Doutrina Monroe impediu que a Europa reconquistasse suas colônias na América, justamente no momento em que as monarquias restauravam seu domínio após o fim da Era Napoleônica. Além disso, os Estados Unidos concluíram sua conquista territorial dominando os lados leste e oeste da América do Norte. Ao alcançar a Califórnia, os norte-americanos descobriram grandes minas de ouro, o que trouxe benefícios econômicos para o país.

O rápido desenvolvimento econômico dos Estados Unidos foi diretamente favorecido pela Doutrina Monroe. A crença em levar aquilo que seriam ideais civilizatórios para outros povos promoveu também a conquista de novas terras e o desenvolvimento tecnológico na região, como a construção de linhas férreas que possibilitaram maior rapidez na comunicação.

Por meio da Doutrina Monroe, os Estados Unidos não apenas afastaram uma ameaça de interferência europeia na América como reforçaram seu domínio sobre as nações latino-americanas recém-independentes. O lema “América para os americanos” se tornou sinônimo de domínio dos Estados Unidos sobre os demais países do continente. A industrialização dos Estados Unidos ocorrida em meados do século XIX fez com que a economia da América Latina se tornasse fornecedora de matéria-prima para atender à demanda advinda desse processo.

Atualmente, os presidentes norte-americanos costumam utilizar em seus discursos ideias que fazem referência à Doutrina Monroe, pois mostram que as intervenções militares realizadas em países estrangeiros, por exemplo, são uma missão norte-americana para garantir a liberdade, a democracia e o progresso em todo o mundo.

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Exercícios resolvidos sobre Doutrina Monroe

Questão 1

Sobre a Doutrina Monroe, é correto afirmar que:

a) foi uma doutrina estabelecida pela Igreja Católica para conter o avanço do Protestantismo na América Latina.

b) idealizada por James Monroe, ela estabeleceu princípios para que os Estados Unidos afastassem da América qualquer influência europeia no continente.

c) foi um conjunto de regras feitas no Parlamento inglês para barrar as ações de Napoleão Bonaparte após o Bloqueio Continental.

d) os Estados Unidos enviaram armas e munições para que todas as colônias latino-americanas entrassem em guerra contra as metrópoles europeias.

Resposta:

Letra B

A Doutrina Monroe reforçou a hegemonia dos Estados Unidos no continente americano, evitando que as nações europeias recolonizassem as suas antigas colônias.

Questão 2

A Doutrina Monroe traçou os caminhos que os Estados Unidos trilhariam pelos tempos seguintes em relação à América Latina. Sobre isso, assinale a alternativa correta:

a) Os Estados Unidos fizeram uma campanha para manter a cordialidade e a boa vizinhança entre as nações latino-americanas.

b) O lema da Doutrina Monroe, “América para os americanos”, se tornou sinônimo de domínio norte-americano sobre os países latino-americanos recém-independentes.

c) Logo após a sua independência, os Estados Unidos se mantiveram próximos à Inglaterra e usaram a Doutrina Monroe para evitar a independência das antigas colônias europeias na América.

d) A Doutrina Monroe não teve nenhum efeito sobre a América Latina e foi abandonada pelos Estados Unidos por causa do fracasso da expansão territorial.

Resposta:

Letra B

A Doutrina Monroe se tornou motivo de críticas por conta dos interesses econômicos norte-americanos em relação à América Latina que estavam camuflados no discurso de democracia e progresso.

Por Carlos César Higa