Alexandria é uma cidade do Egito que foi fundada por Alexandre, o Grande, em 332 a.C. A criação da cidade se deu durante a campanha de expansão que Alexandre fez sobre os domínios persas e tinha como propósito evitar ou garantir a proteção do delta do Nilo em caso de invasão do local pelos persas.
A cidade de Alexandria transformou-se em uma das principais cidades de cultura grega no mundo antigo, sendo conhecida por sua prosperidade econômica e por sua cultura vibrante. Essa cidade ficou marcada por duas grandes construções: a Biblioteca de Alexandria e o Farol de Alexandria. Entrou em declínio por conta dos conflitos religiosos.
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Resumo sobre Alexandria
- Alexandria é uma cidade que foi fundada por Alexandre, o Grande, em 332 a.C.
- A cidade foi construída sobre uma vila de pescadores chamada Rakotis.
- Sua criação se deu para garantir a defesa do delta do Nilo em caso de invasão persa.
- Foi uma das cidades mais importantes do mundo na Antiguidade.
- Ficou conhecida pela Biblioteca de Alexandria, maior biblioteca da Antiguidade.
- Foi o local onde se construiu o Farol de Alexandria, uma das maravilhas do mundo antigo.
- É atualmente a segunda maior cidade egípcia.
História de Alexandria
Alexandria é conhecida como uma das principais cidades da Antiguidade, sendo considerada um grande centro cultural do mundo helênico. A cidade possuía um importante porto, que atraía comerciantes de diferentes partes do mundo antigo e prédios importantíssimos, incluindo uma das maravilhas do mundo antigo.
A cidade de Alexandria foi fundada por Alexandre, o Grande, no ano de 332 a.C. sobre uma vila de pescadores egípcios chamada Rakotis. Depois de derrotar os persas na Síria, Levante e Gaza, Alexandre dirigiu-se ao Egito para tomá-lo dos persas. O Egito era domínio persa, embora se rebelasse continuamente contra os persas, o que favorecia o rei macedônio.
Alexandre conquistou o Egito, mas manteve a autonomia egípcia para evitar rebeliões. Contudo, ele se apresentou como sucessor dos faraós, estabeleceu fortificações militares estratégicas e colocou as finanças do Egito nas mãos de um homem grego, o qual confiava. A presença de Alexandre no Egito foi importante justamente pela cidade que ele fundou lá.
A cidade de Alexandria foi fundada como parte de uma estratégia militar de Alexandre para evitar que o Egito fosse invadido por tropas persas pelo Mar Mediterrâneo ou para garantir que houvesse defesa no delta do Nilo em caso de invasão. Existem fontes gregas que sugerem que a construção de Alexandria seguiu ordens detalhadas de Alexandre.
Os historiadores, no entanto, duvidam disso, uma vez que Alexandria era cercada por uma grande equipe de arquitetos e engenheiros que, provavelmente, assumiram o comando da construção da cidade após ordem de Alexandre para construí-la. Além disso, o foco de Alexandre era derrotar Dario III e conquistar a Pérsia, o que sugere que ele não daria tanta atenção assim a um assunto secundário.
Depois de ter deixado o Egito para dar continuidade a sua campanha militar, Alexandre colocou a cidade de Alexandria sob responsabilidade de Cleômenes de Náucratis, sendo sob o comando dele que a construção de Alexandria se desenrolou. Cleômenes construiu a cidade seguindo o projeto de Hipódamo de Mileto.
Alexandre não viveu para ver o que se tornou a cidade que ele fundou, pois o crescimento exponencial de Alexandria aconteceu depois da morte dele. Com a morte do rei macedônio, a cidade passou a ser parte dos domínios de Ptolomeu, um dos generais de Alexandre. Sob o domínio ptolomaico a cidade de Alexandria se tornou capital do Egito.
No reinado de Ptolomeu II, a cidade de Alexandria passou a ser o local de uma das grandes construções da Antiguidade, o Farol de Alexandria, considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. O farol guiava os navios que navegavam no Mar Mediterrâneo na direção da cidade, que foi um dos grandes centros comerciais da Antiguidade.
O crescimento de Alexandria fez dela um grande centro comercial, mas, sobretudo, cultural, atraindo inúmeros estudiosos, filósofos, matemáticos, cientistas, historiadores, entre outros. Depois do período ptolomaico, a cidade de Alexandria passou ao domínio romano, presenciando acontecimentos importantes, como conflitos durante os triunviratos.
Sob domínio romano, a cidade de Alexandria continuou como um importante centro comercial e cultural. O crescimento do cristianismo, por sua vez, contribuiu para acelerar a decadência de Alexandria. A cidade foi dividida por conflitos religiosos entre cristãos, pagãos e judeus, sobretudo por conta do crescimento do cristianismo.
Os cristãos, à medida que cresciam na cidade, passaram a perseguir violentamente grupos de outras religiões. Quando o imperador romano Teodósio I anunciou a proibição da fé pagã, os cristãos partiram para destruir todos os templos e símbolos pagãos na cidade. A animosidade contra os pagãos fez com que os cristãos assassinassem a filósofa Hipátia de Alexandria, uma das grandes intelectuais da cidade.
Em seguida, o Templo de Terápis foi destruído e a Biblioteca de Alexandria foi incendiada (não se sabe exatamente quem a incendiou). Esses eventos são considerados marcos no declínio da cidade, uma vez que inúmeros intelectuais a abandonaram. Alexandria tornou-se um importante centro cristão no século V, mas foi conquistada na sequência por sassânidas (619), bizantinos (628) e pelos árabes muçulmanos (641).
A conquista árabe colocou Alexandria sob domínio muçulmano, contribuindo para que as igrejas cristãs fossem destruídas ou transformadas em mesquitas.
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Alexandria antiga
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Farol de Alexandria
Alexandria ficou marcada por seu esplendor cultural, mas outro chamariz muito importante dessa cidade foi o Farol de Alexandria, construção que ficou conhecida como uma das sete maravilhas do mundo antigo. Esse farol foi construído entre 300 a.C. e 280 a.C., período em que a cidade estava sob o reinado de Ptolomeu II.
O arquiteto responsável pela construção do Farol de Alexandria foi um homem chamado Sóstrato de Cnido. O farol possuía cerca de 134 metros de altura, podendo ser visto a uma distância de 50 quilômetros e sendo uma das maiores construções da Antiguidade. Estava localizado em uma ilha nas proximidades de Alexandria chamada Faros.
O Farol de Alexandria foi destruído por conta de terremotos que atingiram o Egito em diferentes momentos. Foram registrados terremotos em 796, 950, 1303 e 1323 que destruíram progressivamente a estrutura do farol que deixou de existir oficialmente em 1480.
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Biblioteca de Alexandria
A Biblioteca de Alexandria também foi construída durante o período ptolomaico, sendo um dos grandes símbolos do alto nível de desenvolvimento cultural que essa cidade alcançou. A construção da biblioteca começou a ser planejada por Ptolomeu I por volta de 295 a.C. A ideia pode ter partido de um filósofo chamado Demétrio de Faleros.
Sua construção foi finalizada em algum momento do século III a.C., sendo inaugurada durante o reinado de Ptolomeu II. A biblioteca integrava um templo e um complexo cultural, sendo parte do que ficou conhecido como Mouseion. Estima-se que chegou a abrigar mais de 500 mil rolos de papiro, abrigando obras que reuniam conhecimento de diversos povos da Antiguidade.
Sabemos que a biblioteca foi destruída em um incêndio, mas não sabemos quem foi o seu causador. Existem três teorias para a destruição da biblioteca: um incêndio causado acidentalmente por Júlio César, um incêndio promovido pelos cristãos ou um incêndio promovido pelos árabes muçulmanos. De toda forma, a biblioteca entrou em decadência pela pouca importância que os romanos davam ao local. Para saber mais sobre a biblioteca, clique aqui.
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Escola de Alexandria
Como vimos, a cidade de Alexandria foi um importante centro cultural da Antiguidade. O conjunto do conhecimento produzido lá por filósofos, médicos, cientistas, matemáticos, historiadores, entre outros intelectuais, recebeu o nome de “Escola de Alexandria”, sendo um local de referência do conhecimento e da cultura helenística. Do ponto de vista religioso, a cidade de Alexandria sediou a Escola Catequética de Alexandria, fundada em 190, sendo um local de referência na formação de sacerdotes cristãos e de estudos teológicos.
Alexandria moderna
Atualmente, a cidade de Alexandria é uma das cidades mais importantes do Egito, possuindo mais de 5 milhões de habitantes e sendo o principal porto para importação e exportação do Egito. Além disso, é um dos principais centros turísticos do país, atraindo milhões de turistas anualmente.
Personalidades famosas de Alexandria
Entre pessoas importantes que nasceram em Alexandria estão:
- Cleópatra, rainha do Egito;
- Hipátia, filósofa e matemática;
- Téon de Alexandria, pai de Hipátia e matemático;
- Abdel Wahid bin Yazid el-Iskandarani, vizir do Emirado de Córdoba;
- Ahmed Sheba, cantor egípcio;
- Verjine Svazlian, historiadora de origem armênia que nasceu em Alexandria.
Créditos da imagem
[1] Erman Gunes / Shutterstock
Fontes
MOSSÉ, Claude. Alexandre, o Grande. São Paulo: Estação Liberdade, 2008.
MARK, Joshua J. Alexandria, Egypt. Disponível em: https://www.worldhistory.org/alexandria/
MARK, Joshua J. Library of Alexandria. Disponível em: https://www.worldhistory.org/Library_of_Alexandria/
HAUGHTON, Brian. What happened to the great library at Alexandria https://www.worldhistory.org/article/207/what-happened-to-the-great-library-at-alexandria/
CARTWRIGHT, Mark. Lighthouse of Alexandria. Disponível em: https://www.worldhistory.org/Lighthouse_of_Alexandria/