Fenícios

Os fenícios foram um povo semita do Mediterrâneo Oriental. Ficaram conhecidos por suas habilidades marítimas e comerciais e pela criação do alfabeto fonético.

Por Tiago Soares Campos

Gravura representando comerciantes fenícios trazendo mercadorias de suas embarcações.

Os fenícios foram um povo semita habitante da costa oriental do Mediterrâneo, conhecidos por suas habilidades comerciais e marítimas. Sua civilização, formada por cidades-estados independentes, como Tiro e Sídon, se destacou pela interação cultural e econômica com diversas regiões entre a Idade do Bronze e a Idade do Ferro.

Localizados em uma estreita faixa costeira entre as montanhas do Líbano e o Mar Mediterrâneo, os fenícios desenvolveram extensas rotas comerciais que conectavam o Mediterrâneo ao Atlântico, explorando recursos como madeira de cedro, vidro e tecidos púrpura.

Sua cultura, marcada pela interação com civilizações como Egito e Babilônia, foi moldada pelo comércio e pela religião politeísta herdada dos cananeus, com divindades como Baal e Astarte. Politicamente descentralizados, mantinham rivalidades internas, mas colaboravam frente a ameaças externas, enquanto sua sociedade girava em torno de uma elite mercantil poderosa.

Leia também: Quem foram os sumérios?

Resumo sobre fenícios

  • Os fenícios foram um povo semita habitante da costa oriental do Mediterrâneo.
  • A civilização fenícia era formada por cidades-estados independentes, como Tiro e Sídon.
  • O território fenício ocupava uma estreita faixa costeira entre as montanhas do Líbano e o Mar Mediterrâneo.
  • A cultura fenícia era marcada por sua relação com o mar e o comércio.
  • Os fenícios praticavam uma religião politeísta herdada dos cananeus, com divindades como Baal e Astarte.
  • A economia fenícia se baseava no comércio marítimo, destacando-se pela exportação de madeira de cedro, vidro e tecidos púrpura.
  • A sociedade fenícia era organizada em torno de uma elite mercantil poderosa, e o comércio determinava a estratificação social e a prosperidade de suas cidades.
  • Politicamente, os fenícios se organizaram em cidades-estados independentes, governadas por elites locais.
  • O alfabeto fenício revolucionou a comunicação ao simplificar a escrita, tornando-se precursor dos alfabetos grego e latino, com grande impacto na história da escrita.

Videoaula sobre fenícios

Quem são os fenícios?

Os fenícios foram um dos povos semitas mais emblemáticos da história antiga, reconhecidos por sua contribuição significativa ao comércio e à navegação. Habitaram a costa oriental do Mediterrâneo, em uma estreita faixa de terra que hoje corresponde ao Líbano, partes da Síria e de Israel.

Surgiram dos povos cananeus e consolidaram sua presença durante a passagem da Idade do Bronze para a Idade do Ferro, por volta de 1200 a.C., em meio a mudanças geopolíticas que os libertaram temporariamente das pressões de grandes potências, como Egito e Assíria.

Apesar de sua relevância histórica, os fenícios não formaram um império unificado. Sua civilização era composta por cidades-estados autônomas, como Tiro, Sídon e Biblos, que compartilhavam laços culturais, econômicos e religiosos, mas que também competiam entre si por rotas comerciais e influência regional.

O termo “fenício” foi dado por estrangeiros e é derivado do grego phoinikes, uma referência à produção de tecidos tingidos de púrpura, um dos itens mais valiosos do comércio fenício.

Mapa da localização dos fenícios

O território fenício estava estrategicamente localizado entre as montanhas do Líbano e o Mar Mediterrâneo. Essa posição privilegiada os tornou mediadores naturais entre as civilizações do Oriente Próximo e o mundo mediterrâneo.

Além disso, suas rotas comerciais se expandiram por todo o Mediterrâneo, alcançando até mesmo o Atlântico, como no caso da Península Ibérica e das Ilhas Britânicas. Cidades como Tiro e Sídon possuíam portos de importância global, conectando culturas e povos por meio do intercâmbio de mercadorias e ideias.

Mapa da Fenícia com suas principais cidades e rotas comerciais.[1]

Características dos fenícios

  • Cultura dos fenícios

A cultura fenícia era profundamente conectada ao mar e ao comércio. Além de absorver influências de civilizações vizinhas, como Egito e Babilônia, os fenícios desenvolveram inovações próprias, como a criação de técnicas avançadas para produção de vidro e tingimento de tecidos com a valiosa púrpura​. Embora suas cidades-estados fossem politicamente autônomas, a identidade cultural compartilhada, centrada no comércio marítimo, unificava o povo fenício.

  • Religião dos fenícios

Ilustração representando cartagineses oferecendo sacrifício humano ao deus fenício Baal.[2]

A religião fenícia era politeísta e herdada dos cananeus. Divindades como Baal (deus da tempestade e da fertilidade), Astarte (deusa do amor e da guerra) e El (criador supremo) desempenhavam papéis centrais. Sacrifícios, incluindo possivelmente humanos em períodos de crise, eram práticas comuns para garantir proteção divina e prosperidade comercial.

As divindades fenícias também foram adaptadas em colônias e influenciaram religiões de outras civilizações, como os cultos a Hércules, identificados com Melkart, o protetor dos navegantes. Saiba mais sobre a religião fenícia clicando aqui.

  • Economia dos fenícios

A economia fenícia baseava-se no comércio marítimo, alavancado pela habilidade excepcional de navegação e pela qualidade de seus produtos. Eles exportavam madeira de cedro, vidro e tecidos tingidos de púrpura, além de atuarem como intermediários no comércio de metais preciosos e outros materiais. A madeira de cedro, por exemplo, era altamente valorizada por egípcios para a construção de navios e templos.

  • Sociedade fenícia

A sociedade fenícia era estruturada em torno de uma elite mercantil e aristocrática. Abaixo dessa camada estavam artesãos, marinheiros e agricultores, cuja importância econômica era significativa devido à centralidade do comércio na cultura fenícia.

  • Política dos fenícios

Os fenícios organizaram-se em cidades-estados independentes, cada uma com sua própria elite governante. Essa descentralização política permitiu flexibilidade em tempos de crise, mas também gerou rivalidades internas. Apesar disso, a ameaça de potências externas frequentemente incentivava cooperação temporária entre as cidades.

Veja também: Fenícios no Brasil — mito ou verdade?

Alfabeto fenício

O alfabeto fenício foi uma das mais importantes inovações culturais e tecnológicas da Antiguidade. Composto por 22 caracteres que representavam sons, ele simplificou a escrita em comparação aos complexos sistemas de escrita cuneiforme e hieroglífica. Esse alfabeto, desenvolvido principalmente para registrar transações comerciais, influenciou diretamente o desenvolvimento dos alfabetos grego e latino, marcando sua relevância histórica. Para saber mais sobre o alfabeto fenício, clique aqui.

Inscrições fenícias do século IV a.C.[3]

Fenícios, hebreus e persas

Os fenícios mantiveram uma complexa relação com outros povos semitas, como os hebreus, e com impérios vizinhos, como o persa. Atuaram como intermediários culturais e econômicos, exportando e importando mercadorias entre essas civilizações e o mundo mediterrâneo. Embora frequentemente tributários de impérios maiores, mantinham uma relativa autonomia devido à sua riqueza e importância comercial.

Legado dos fenícios

O legado dos fenícios é vasto. Além de introduzirem o alfabeto fonético, eles expandiram o comércio e a cultura mediterrânea, fundando colônias como Cartago, que se tornou uma potência mundial. Sua habilidade em navegar e estabelecer rotas comerciais influenciou futuras explorações marítimas, enquanto suas técnicas artísticas e industriais continuaram a ser valorizadas mesmo após a assimilação das cidades fenícias por impérios como o romano.

Origem e história dos fenícios

Os fenícios surgiram como um povo distinto na Idade do Bronze, evoluindo dos cananeus. Suas cidades-estados começaram a prosperar após o colapso de civilizações vizinhas durante a invasão dos Povos do Mar. Apesar das adversidades, consolidaram-se como mestres do comércio e da navegação durante a Idade do Ferro, explorando novos territórios e criando uma rede comercial global para a época.

Curiosidades sobre os fenícios

  • A palavra “fenício” deriva de um termo grego que significa “vermelho-púrpura”, uma referência à cor dos tecidos tingidos produzidos por eles.
  • Biblos, uma das cidades mais antigas, deu origem ao termo “Bíblia”, devido ao comércio de papiro.
  • Eles foram os primeiros a explorar as Ilhas Britânicas em busca de estanho para a produção de bronze.

Saiba mais: Esparta – tudo sobre uma das principais cidades-estados gregas

Exercícios resolvidos sobre fenícios

1. Os fenícios, habitantes da costa do Mediterrâneo Oriental, foram um dos povos mais notáveis da Antiguidade, conhecidos por sua habilidade no comércio marítimo e pela disseminação cultural por meio de colônias. O legado fenício no Mediterrâneo pode ser compreendido principalmente por:

a) sua contribuição para a expansão territorial de grandes impérios, como o egípcio e o assírio.
b) o desenvolvimento de rotas comerciais terrestres conectando o Mediterrâneo à Ásia Central.
c) a criação de um sistema de escrita acessível, a disseminação de práticas religiosas e o comércio marítimo intenso.
d) a unificação de todas as suas cidades-estados sob um governo centralizado.
e) a conquista militar de territórios mediterrâneos como forma de ampliar sua hegemonia.

Resposta correta: c)

Os fenícios se destacaram pela criação do alfabeto fonético, que simplificou a escrita e influenciou outras culturas, e por sua atuação no comércio marítimo e na disseminação cultural por meio de colônias. Eles não formaram um governo unificado nem buscaram expansão militar significativa, mas sua influência cultural e econômica foi marcante no Mediterrâneo.

2. Os fenícios, conhecidos como mestres da navegação, criaram um dos sistemas de escrita mais revolucionários da Antiguidade: o alfabeto fonético. Por que o alfabeto fenício foi uma inovação importante na Antiguidade e qual era seu propósito principal?

a) Ele simplificava a escrita para registrar transações comerciais, permitindo maior eficiência nas trocas entre diferentes culturas.
b) Ele era usado exclusivamente para fins religiosos, ajudando na disseminação dos cultos fenícios nas colônias.
c) Ele substituiu completamente os sistemas cuneiforme e hieroglífico, tornando-se o único sistema de escrita do Mediterrâneo.
d) Ele unificou as cidades-estados fenícias, promovendo maior centralização política.
e) Ele foi adotado diretamente por todas as civilizações da época, eliminando outros sistemas de escrita.

Resposta correta: a)

O alfabeto fenício era focado na simplificação da escrita, o que o tornava especialmente útil no comércio, facilitando o registro de transações. Embora influente, ele não substituiu completamente os sistemas de escrita contemporâneos nem tinha como objetivo promover a unificação política ou religiosa das cidades fenícias.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Wikimedia Commons

[3] Wikimedia Commons

Fontes

CAMPOS, Tiago. Compêndio de História Antiga. São Paulo: Cosenza, 2024.

NICOLAU KORMIKIARI, M. C. Fenícios pelo Mediterrâneo: formas de contato diversificadas. Cadernos do LEPAARQ (UFPEL), v. 15, n. 29, p. 173-185, 24 jun. 2018.

SOUZA, João Francisco de. Considerações gerais sobre os fenícios. Revista de História, São Paulo, v. 26, n. 54, p. 309–332, 1963. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.1963.121967. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/121967.

Vídeoaulas