Hatshepsut foi uma mulher conhecida como uma das poucas a se tornarem faraó no Egito Antigo, ocupando essa posição por mais de duas décadas, no século XV a.C. O seu reinado ficou marcado pela prosperidade do comércio internacional e, ainda, pelas grandes construções que realizou, como a sua própria câmara mortuária.
Assumiu o poder quando estava no sétimo ano da regência de Tutemés III, filho de seu esposo, Tutemés II, com sua esposa secundária. Os historiadores não sabem ao certo como foi o cenário que permitiu que ela assumisse o poder. Morreu de câncer, e, anos depois de sua morte, sofreu uma tentativa de apagamento histórico.
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Resumo sobre Hatshepsut
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Hatshepsut foi uma das poucas mulheres na história egípcia a se tornarem faraó.
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Ela era filha de Tutemés I e casou-se com Tutemés II, seu meio-irmão.
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Na posição de rainha, assumiu o cargo de “esposa de deus”, uma importante posição política e religiosa no Egito.
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Tornou-se regente de Tutemés III com a morte de seu marido.
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Assumiu o trono oficialmente em circunstâncias misteriosas e reinou por mais de duas décadas.
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Ela morreu em fevereiro de 1458 a.C., e acredita-se que a causa de sua morte tenha sido câncer nos ossos.
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Décadas após a morte de Hatshepsut, foi promovida uma campanha de apagamento histórico de seu legado, atribuída pelos historiadores a Amenófis II, filho de Tutemés III.
Hatshepsut na história egípcia
Hatshepsut é uma figura singular na história egípcia, uma vez que foi uma das poucas mulheres a assumirem a posição de faraó. Seu reinado ficou marcado por grande prosperidade, especialmente por conta do forte comércio que se desenvolveu durante o período. Ela foi faraó por 21 anos, durante o século XV a.C.
Ela nasceu por volta do ano 1507 a.C., sendo filha de Tutemés I, faraó, e sua primeira esposa, a rainha Amósis. Por ser filha do faraó, Hatshepsut foi uma mulher de grande importância no Egito e seu nome atesta isso, pois é traduzido como “a mais importante das nobres damas”.
O grande destaque da vida de Hatshepsut foi ter sido faraó, mas outro grande evento que sofreu depois que sua vida terrena foi a tentativa de apagamento da sua história. Uma série de esculturas e outros artigos sobre Hatshepsut foram vandalizados para apagar os rastros de sua existência, fato atribuído pelos historiadores a Amenófis II, filho de Tutemés III.
Hatshepsut como rainha egípcia
Pai de Hatshepsut e então faraó, Tutemés I preocupava-se com a continuidade de sua linhagem. Ele não teve nenhum herdeiro com sua primeira esposa, mas teve um filho, Tutemés II, com sua esposa secundária. Tutemés I casou Tutemés II com Hatshepsut para garantir a legitimidade de seu filho, também meio-irmão de Hatshepsut.
A ligação de Hatshepsut com o trono egípcio teve início com a morte do pai dela. Após Tutemés I morrer, Tutemés II tornou-se faraó e Hatshepsut, sua esposa, tornou-se rainha do Egito. Nessa posição ela também assumiu a posição de “esposa de deus”, um cargo muito importante relacionado à adoração de Amon. Nessa função, ela atuava como auxiliar do alto sacerdote do templo de Amon, em Karnak. Essa função também lhe dava importantes poderes políticos.
Do casamento de Hatshepsut e Tutemés II nasceu uma filha chamada Neferuré. Como Hatshepsut não teve um herdeiro com seu marido, sobrou para Ísis, a esposa secundária do faraó, gerar um. Com Ísis, o faraó teve Tutemés III, nascido por volta de 1481 a.C. Pouco tempo depois, em 1479 a.C., Tutemés II faleceu, deixando o trono para o herdeiro.
Hatshepsut como faraó
Quando Tutemés II morreu, Hatshepsut assumiu como regente do Egito porque Tutemés III não tinha a idade para tanto. Essa regência era apenas um governo de transição até que Tutemés III tivesse idade suficiente, mas, durante o sétimo ano de sua regência, Hatshepsut assumiu como faraó.
Os historiadores não sabem como se deu essa transição de Hatshepsut de regente para faraó, mas ela de fato assumiu o poder egípcio por mais de 20 anos. Ela assumiu os títulos de um governante máximo, embora ainda chamasse publicamente Tutemés III de faraó. A subida de Hatshepsut a tal posição aconteceu em 1478 a.C.
Ela foi o quinto faraó da 18ª dinastia e seu reinado ficou marcado pelo desenvolvimento do comércio. Hatshepsut procurou usar a iconografia egípcia como um meio para reforçar a sua posição no poder. As esculturas e os desenhos a retratavam com feições masculinas, escondendo traços do corpo feminino, como as mamas.
Os historiadores entendem que ela usou desse artifício como meio de fortalecer o seu poder simbolicamente. Ela nomeou a própria filha para a posição de “esposa de deus” e garantiu que ela se casasse com Tutemés III.
A prosperidade do reinado de Hatshepsut é atestada pelos historiadores pela quantidade de grandes obras cujas execuções foram ordenadas por ela. Um dos destaques é o templo de Deir el-Bahari, além da câmara mortuária que ela construiu para si e nomeada de Deir el-Bahari (traduzido como “maravilha das maravilhas”).
Ela manteve importantes laços comerciais com reinos vizinhos, com destaque para uma expedição para o reino de Punt, localizado nas atuais Somália, Etiópia e Eritreia e conhecido por ter vendido inúmeros artigos de luxo para o Egito.
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Morte de Hatshepsut
Hatshepsut morreu em fevereiro de 1458 a.C. e acredita-se que a causa de sua morte tenha sido câncer nos ossos. Outras pesquisas ainda concluíram que ela possuía outros problemas de saúde grave: diabetes e artrite. Com a sua morte, Tutemés III pôde assumir o poder egípcio plenamente.
Décadas depois da morte de Hatshepsut, seu nome foi apagado de escritos e sua imagem em esculturas e pinturas foi vandalizada como forma de apagá-la da história egípcia. Os historiadores acreditam que isso foi promovido por Amenófis II, filho de Tutemés III. A história de Hatshepsut foi resgatada quando seus restos mortais foram encontrados, no começo do século XX.
Fontes
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BONILLA, Juan Miguel Hernández. Dois crânios de babuínos de 3.300 anos atrás revelam o lugar de origem de uma misteriosa civilização. Disponível em: https://brasil.elpais.com/ciencia/2021-01-11/dois-cranios-de-babuinos-de-3300-anos-atras-revelam-o-lugar-de-origem-de-uma-misteriosa-civilizacao.html.
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