História do circo

A história do circo é antiga, com manifestações em civilizações como Egito, China, Grécia e Roma, evoluindo no século XVIII com o formato moderno em arena circular.

Por Tiago Soares Campos

Tenda colorido de circo, uma alusão à história do circo.

A história do circo é antiga, com manifestações em civilizações como Egito, China, Grécia e Roma, onde o Circo Máximo se destacou por eventos grandiosos, evoluindo no século XVIII com Philip Astley, que introduziu o formato moderno em arena circular. Seus personagens, como palhaços, acrobatas, malabaristas, mágicos e domadores, desempenham papéis essenciais e refletem a diversidade artística do espetáculo.

Ao longo dos séculos, o circo passou de itinerante e tradicional para sofisticado e inovador, abolindo o uso de animais devido a preocupações éticas e sociais. No Brasil, trazido por europeus no século XIX, adaptou-se às influências locais, tornando-se uma forma de arte popular representada por figuras como o palhaço Piolin.

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Resumo sobre a história do circo

  • A história do circo é antiga, com manifestações em civilizações como Egito, China, Grécia e Roma, evoluindo no século XVIII com o formato moderno em arena circular.
  • Os personagens do circo incluem palhaços, acrobatas, malabaristas, mágicos e domadores, que desempenham papéis essenciais em apresentações.
  • Enquanto palhaços trazem humor, acrobatas e malabaristas impressionam pela destreza, mágicos encantam com ilusões, e domadores, hoje menos comuns, exploravam o fascínio por animais treinados.
  • O circo evoluiu do formato itinerante do século XVIII para espetáculos contemporâneos sofisticados, como o Cirque du Soleil, que aboliu o uso de animais.
  • Incorporando avanços tecnológicos e novos estilos artísticos, o circo adaptou-se às sensibilidades sociais e ao foco em habilidades humanas.
  • O uso de animais no circo, presente desde seus primórdios, tornou-se controverso devido a relatos de maus-tratos e confinamento inadequado. Atualmente, muitos países proíbem essa prática, levando os circos a priorizarem números humanos e abolirem a exploração animal.
  • O circo chegou ao Brasil no início do século XIX, trazido por europeus, adaptando-se às influências culturais locais. Com figuras como o palhaço Piolin, tornou-se uma tradição popular, e apesar de desafios, mantém-se vivo em regiões do interior e em festivais que renovam sua arte.
  • O termo "circo" vem do latim circus, referência ao formato circular das arenas, e muitos artistas circenses pertencem a famílias com gerações dedicadas à prática. O circo também tem impacto social, ajudando jovens vulneráveis e consolidando-se como espaço de arte e educação.

Origem do circo

O Circo Máximo foi construído na Roma Antiga e é parte importante da história do circo. [1]

O circo tem uma história que remonta à Antiguidade. Suas primeiras manifestações podem ser encontradas nas civilizações egípcia, chinesa, grega e romana. No Egito, registros mostram apresentações envolvendo acrobatas e truques com cordas. Já na China, as tradições circenses datam de cerca de 2000 a.C., com performances que incluíam malabaristas e equilibristas.

O circo como conceito mais próximo do que conhecemos hoje começou a se desenvolver na Roma Antiga, com destaque para o Circo Máximo, um espaço utilizado para corridas de bigas, lutas de gladiadores e exibições de animais selvagens. Contudo, o circo romano não tinha a estrutura itinerante associada aos circos modernos.

Após a queda do Império Romano, práticas similares se espalharam pela Europa durante a Idade Média, com saltimbancos, menestréis e acrobatas que percorriam vilarejos.

Interior de um circo.

Foi no século XVIII que o circo moderno começou a tomar forma, graças ao inglês Philip Astley, considerado o "pai do circo moderno". Em 1768, Astley criou um espaço circular para exibir habilidades de equitação, adicionando posteriormente outros elementos, como palhaços e acrobatas, consolidando o formato que conhecemos hoje.

Personagens do circo

Personagens do circo.

Os personagens do circo desempenham papéis essenciais para criar o ambiente mágico e diverso das apresentações. Entre os mais emblemáticos estão os palhaços, acrobatas, malabaristas, mágicos e domadores de animais.

  • Palhaços: são, talvez, os personagens mais icônicos do circo. Divididos em diferentes tipos, como o augusto, caracterizado por seu comportamento atrapalhado, e o clown branco, mais sério e autoritário, os palhaços trazem humor e conectam-se emocionalmente com o público, sendo muitas vezes o ponto alto das apresentações.
  • Acrobatas: representam a leveza e a habilidade física, executando números que desafiam a gravidade. Suas apresentações incluem o uso de trapézios, liras, cordas bambas e outros equipamentos que exigem técnica e precisão.
  • Malabaristas: conhecidos por sua destreza e coordenação, os malabaristas manipulam objetos como bolas, aros e tochas, frequentemente adicionando elementos de risco às suas performances.
  • Mágicos: com seus truques e ilusões, os mágicos acrescentam um toque de mistério ao espetáculo circense. Eles frequentemente utilizam adereços como cartas, lenços e caixas para impressionar o público.
  • Domadores de animais: embora menos comuns atualmente devido a questões éticas, os domadores eram tradicionalmente uma figura central nos circos do passado, apresentando números com leões, tigres, cavalos e elefantes.

Evolução do circo

Circo na Itália no século XIX. [2]

Ao longo dos séculos, o circo evoluiu significativamente, adaptando-se às mudanças culturais e sociais. Nos séculos XVIII e XIX, os circos tornaram-se itinerantes, viajando em caravanas e apresentando-se em tendas, o que permitiu sua disseminação pelo mundo. Nesse período, circos como o Ringling Bros. and Barnum & Bailey, nos Estados Unidos, e o Cirque d'Hiver, na França, ganharam notoriedade.

Com o avanço do século XX, o circo começou a incorporar novas tecnologias e estilos artísticos. O uso de iluminação elétrica, trilhas sonoras elaboradas e cenários grandiosos trouxe mais sofisticação às apresentações. Além disso, circos contemporâneos, como o Cirque du Soleil, romperam com as tradições ao abolir o uso de animais e focar em performances artísticas, teatrais e acrobáticas.

Tradicional tenda de circo. [3]

A evolução do circo também reflete mudanças nas sensibilidades sociais. A crescente preocupação com os direitos dos animais, por exemplo, levou muitos circos a adotar práticas mais éticas e sustentáveis, enfatizando habilidades humanas em vez de explorar a fauna.

Uso de animais no circo

O uso de animais no circo tem sido um dos aspectos mais controversos dessa forma de entretenimento. Desde os primeiros circos modernos, animais como elefantes, leões, tigres, cavalos e ursos eram frequentemente utilizados em apresentações. Essas exibições fascinavam o público por sua excentricidade e pelo risco aparente envolvido.

Entretanto, a utilização de animais sempre enfrentou críticas devido às condições em que eles eram mantidos. Muitos relatos apontam práticas de maus-tratos, confinamento inadequado e métodos violentos de treinamento. A conscientização crescente sobre os direitos dos animais levou a restrições legais em diversos países, proibindo o uso de animais selvagens nos circos.

Hoje, muitos circos substituíram esses números por apresentações que celebram a criatividade humana. Em exemplos como o Cirque du Soleil, o foco está em performances acrobáticas e narrativas cênicas, marcando uma nova era para o circo, mais alinhada aos valores contemporâneos.

Circo no Brasil

O circo chegou ao Brasil no início do século XIX, trazido por companhias europeias. Inicialmente, os espetáculos eram realizados em teatros ou em estruturas improvisadas, ganhando popularidade entre todas as classes sociais. Durante o Império, o circo era um dos principais meios de entretenimento, com números que incluíam performances de mágicos, acrobatas e palhaços.

No Brasil, o circo se adaptou às influências culturais locais, criando personagens e estilos próprios. O palhaço brasileiro, por exemplo, ganhou características únicas, com destaque para figuras icônicas como Piolin, que se tornou um símbolo nacional do humor circense.

Com o passar do tempo, o circo brasileiro enfrentou desafios, como a concorrência do cinema e da televisão. Ainda assim, permanece uma tradição viva em muitas regiões, especialmente no interior, onde é considerado uma forma de arte popular. Iniciativas como escolas de circo e festivais ajudam a preservar e renovar essa tradição.

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Curiosidades sobre o circo

O mundo do circo é repleto de curiosidades fascinantes, que vão desde aspectos históricos até peculiaridades sobre os bastidores.

  • Uma das curiosidades mais notáveis é que o termo "circo" deriva da palavra latina circus, que significa círculo, em referência ao formato do espaço onde as apresentações ocorrem.
  • Outra curiosidade interessante é que muitos artistas circenses vêm de famílias com gerações dedicadas a essa arte. Essa tradição é especialmente forte entre malabaristas e trapezistas, que frequentemente iniciam o treinamento ainda na infância.
  • Entre os recordes curiosos, destaca-se o Cirque du Soleil, que é atualmente o maior e mais lucrativo circo do mundo, com espetáculos que combinam teatro, música e acrobacias de tirar o fôlego.
  • O Brasil possui o Circo Nacional, uma instituição voltada para a formação e preservação da arte circense no país.
  • A vida nos bastidores também é cheia de particularidades. Muitos artistas vivem em comunidades itinerantes, compartilhando uma rotina que mistura treinamento intenso, viagens constantes e apresentações regulares. Essa dinâmica cria um senso único de camaradagem e resiliência entre os artistas.
  • O circo, além de entretenimento, tem se tornado uma ferramenta pedagógica e social, ajudando jovens em situação de vulnerabilidade a desenvolver habilidades como disciplina, criatividade e trabalho em equipe, fortalecendo seu impacto cultural e social.

Créditos de imagem

[1] Pascal Radigue / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Fondo Paolo Monti / BEIC / Civico Archivio Fotografico de Milão / Wikimedia Commons (reprodução)

[3] KMJ / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

COELHO, Marília; MINATEL, Roseane. Circo: a arte do riso e prática da reconstrução social. Revista Tópos, v. 1, n. 2, p. 1-15, 2011. Disponível em: https://revista.fct.unesp.br/index.php/topos/article/download/2278/2084/6747.

KRONBAUER, Gláucia Andreza; NASCIMENTO, Maria Isabel de Moura. Circo, educação e continuidade: a criação da Escola Nacional e a formação do artista no Brasil entre 1975-1984. Revista HISTEDBR On-Line, v. 17, n. 2, p. 20-35, 2017. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8650407.

LOPES, Daniel de Carvalho. Olhares preliminares para a historiografia do circo no Brasil: um campo bibliográfico em construção. Corpo-Grafías Estudios críticos de y desde los cuerpos, v. 12, n. 12, p. 106-117, jan./jun. 2025. Disponível em: https://www.circonteudo.com/olhares-preliminares-para-a-historiografia-do-circo-no-brasil-um-campo-bibliografico-em-construcao-pdf/.

PIMENTA, Daniele. A dramaturgia circense: conformação, persistência e transformações. 2009. Tese (Doutorado em Artes) – Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009. Disponível em: https://www.circonteudo.com/trabalho-academico/a-dramaturgia-circense-conformacao-persistencia-e-transformacoes-pdf/.

ROCHA, Gilmar. O circo no Brasil: estado da arte. BIB - Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, n. 70, p. 51-70, 2010. Disponível em: https://bibanpocs.emnuvens.com.br/revista/article/view/344.