Jesus Cristo

Jesus Cristo é, para os cristãos, o messias, filho de Deus e o próprio Deus, encarnado e ressurrecto há mais de dois mil anos.
“A Última Ceia”, pintura 1572 que traz Jesus e seus apóstolos sentados em uma mesa.

Jesus Cristo é a figura central do cristianismo. Nascido em Belém, teve uma infância marcada por eventos que revelavam sua missão divina. Sua morte por crucificação, interpretada como um sacrifício redentor, e sua ressurreição, vista como vitória sobre a morte, formam a base da fé cristã.

Seus ensinamentos, centrados em amor e justiça, influenciaram profundamente o mundo ocidental. Considerado um profeta no islamismo e um pregador no judaísmo, sua vida e milagres continuam a ser tema de debate e inspiração.

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Resumo sobre Jesus Cristo

  • Jesus nasceu em Belém durante o reinado de Herodes e cresceu na Galileia. Sua morte, por crucificação, é vista como um sacrifício redentor, marcando profundamente a história religiosa e cultural do Ocidente.
  • O nascimento de Jesus em Belém é um evento cercado de simbolismo, visto como o cumprimento das profecias messiânicas e marcando o início de sua missão redentora.
  • A infância de Jesus, relatada principalmente no Evangelho de Lucas, inclui eventos como a visita ao templo de Jerusalém, destacando sua sabedoria precoce e consciência de sua missão divina.
  • A morte de Jesus, por crucificação, em Jerusalém, é interpretada pelos cristãos como o sacrifício supremo pela redenção dos pecados da humanidade, sendo um ponto central na teologia cristã.
  • A maioria dos historiadores concorda que Jesus foi uma figura histórica real, embora existam debates sobre a precisão dos relatos evangélicos e sua interpretação teológica.
  • Jesus era judeu e suas práticas refletiam o judaísmo do Segundo Templo, reinterpretando a Lei de Moisés com uma perspectiva única sobre o Reino de Deus.
  • O batismo de Jesus no rio Jordão, realizado por João Batista, marca o início de seu ministério público e é visto como uma revelação da Santíssima Trindade.
  • Seus ensinamentos, focados em amor, perdão e justiça, são transmitidos principalmente por meio de parábolas e discursos, sendo a base moral e espiritual do cristianismo.
  • Os milagres atribuídos a Jesus, como curas e controle da natureza, são vistos como sinais de sua divindade e manifestações do Reino de Deus, demonstrando seu poder sobre o mal e a enfermidade.
  • A crucificação, executada sob a autoridade romana, é um evento central na fé cristã, simbolizando a entrega de Jesus para a salvação da humanidade.
  • A ressurreição é vista como a vitória sobre a morte e a confirmação da divindade de Jesus, sendo o fundamento da fé cristã e celebrado como o evento mais importante do cristianismo.
  • No islamismo, Jesus (Isa) é considerado um grande profeta que realizou milagres, mas não como filho de Deus; sua crucificação é negada, afirmando-se que ele foi elevado ao céu.
  • O judaísmo reconhece Jesus como um pregador judeu, mas rejeita sua divindade e messianismo, interpretando suas reivindicações como incompatíveis com a tradição judaica.

Biografia de Jesus Cristo

  • Nascimento de Jesus Cristo

O nascimento de Jesus Cristo, conforme descrito nos Evangelhos de Mateus e Lucas, ocorreu em Belém da Judeia, durante o reinado de Herodes, o Grande. Segundo a tradição cristã, Jesus nasceu de uma virgem, Maria, em cumprimento às profecias messiânicas do Antigo Testamento.

No livro Jesus de Nazaré, Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI, discute como o nascimento virginal é visto como um sinal da nova criação e um evento sobrenatural que destaca a singularidade de Jesus. Ele argumenta que, embora existam debates históricos e teológicos sobre o local exato do nascimento, a tradição cristã sustenta que Belém é o lugar de origem de Jesus, como predito pelo profeta Miqueias (Miqueias 5:2). Para saber mais sobre o nascimento de Jesus, clique aqui.

  • Infância de Jesus Cristo

A infância de Jesus é brevemente abordada nos Evangelhos, especialmente no Evangelho de Lucas, que narra eventos como a apresentação de Jesus no templo e a viagem a Jerusalém durante a Páscoa, quando tinha apenas 12 anos. Joseph Ratzinger destaca em seu livro que esses relatos revelam a autoconsciência precoce de Jesus sobre sua identidade e missão.

No episódio do templo, Jesus surpreende os mestres da lei com sua compreensão das Escrituras, indicando uma sabedoria extraordinária desde jovem. Esses eventos, embora limitados em detalhes, são vistos como indicadores do desenvolvimento espiritual e intelectual de Jesus antes do início de seu ministério público.

  • Morte de Jesus Cristo

A morte de Jesus, por crucificação, é amplamente documentada tanto nos Evangelhos quanto em fontes históricas extrabíblicas, como os escritos de Flávio Josefo e Tácito. Joseph Ratzinger enfatiza que a crucificação não foi apenas um evento político mas também teológico, representando o sacrifício de Jesus para a redenção da humanidade.

Ele discute como a crucificação era um método de execução reservado para os criminosos mais perigosos e como Jesus, ao aceitar essa morte, subverteu a lógica do poder romano e religioso da época. A morte de Jesus é vista como a culminação de sua missão, um ato de entrega total à vontade de Deus.

Jesus Cristo existiu?

Jesus Cristo em representação oriental.

A existência de Jesus Cristo como uma figura histórica é debatida por teólogos e historiadores há séculos. No artigo “Eu acredito no ‘Jesus Histórico’”, Roberto Pereyra analisa as diferentes abordagens dos estudiosos sobre a figura de Jesus. Ele divide a busca pelo “Jesus histórico” em três fases distintas: o “primeiro quest”, do século XVIII até 1906; o “segundo quest”, de 1953 a 1980; e o “terceiro quest”, de 1980 até os dias atuais.

Pereyra argumenta que, embora os Evangelhos não sejam considerados por alguns como fontes históricas objetivas, eles fornecem uma base significativa para a reconstrução da vida de Jesus. Ele também menciona que há um consenso crescente de que Jesus foi uma figura real, um mestre judeu que influenciou profundamente seu contexto social e religioso.

O historiador Tácito escreveu sobre a crucificação de Jesus em uma história do Império Romano durante o primeiro século.

Religião de Jesus Cristo

Jesus era um judeu devoto, e suas práticas e ensinamentos refletem as tradições do judaísmo do Segundo Templo. Ele frequentava sinagogas, observava as festas judaicas e discutia questões da Lei de Moisés com outros líderes religiosos. Joseph Ratzinger observa que Jesus nunca se afastou de suas raízes judaicas, mas reinterpretou a Lei e os Profetas à luz do Reino de Deus que Ele anunciava.

Seu relacionamento com Deus, a quem chamava de Abba (Pai), era visto como único e revolucionário, destacando uma intimidade e uma autoridade espiritual que desafiavam as concepções religiosas da época.

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Batismo de Jesus Cristo

O batismo de Jesus, realizado por João Batista no rio Jordão, foi um evento marcante que inaugurou seu ministério público. Ratzinger dedica um capítulo inteiro ao batismo de Jesus, explicando que esse ato simbolizou não apenas a purificação, mas também a solidariedade de Jesus com a humanidade pecadora. Para Ratzinger, esse evento foi fundamental para entender a missão de Jesus como o filho de Deus enviado para redimir a humanidade.

Ensinamentos de Jesus Cristo

Os ensinamentos de Jesus, como registrados nos Evangelhos, são amplamente reconhecidos por sua profundidade moral e espiritual. No Sermão da Montanha, por exemplo, Jesus apresenta uma nova ética baseada no amor, no perdão e na justiça divina. Joseph Ratzinger argumenta que os ensinamentos de Jesus não apenas reinterpretaram a Lei Mosaica como também a elevaram a um novo nível de espiritualidade e moralidade.

Ele discute como Jesus usava parábolas para transmitir verdades profundas sobre o Reino de Deus, valendo-se de metáforas e histórias acessíveis ao público comum, mas que continham significados teológicos profundos.

Quadro que representa Jesus fazendo o Sermão da Montanha.

Crucificação de Jesus Cristo

A crucificação de Jesus foi o evento central de sua vida e missão. Roberto Pereyra discute como a crucificação foi interpretada de várias maneiras ao longo da história. Para alguns, foi um ato de expiação; para outros, um ato de martírio político contra a opressão romana.

Pereyra menciona que a pesquisa moderna do Jesus histórico tenta entender a crucificação tanto em seu contexto político quanto religioso, reconhecendo que Jesus foi condenado tanto por líderes judeus quanto pelas autoridades romanas. Joseph Ratzinger, por sua vez, vê a crucificação como o ápice do amor sacrificial de Deus pela humanidade, um mistério que só pode ser plenamente compreendido à luz da fé.

Quadro de Paul Rubens, 1620, retratando a crucificação de Jesus.

Ressurreição de Jesus Cristo

A ressurreição de Jesus, narrada nos quatro Evangelhos, é um evento que transcende a história, marcando a vitória definitiva sobre a morte. Roberto Pereyra explica que o Jesus histórico proposto por alguns estudiosos, muitas vezes, exclui a ressurreição como um evento literal, interpretando-o como um símbolo ou uma experiência espiritual dos discípulos.

No entanto, Joseph Ratzinger defende a ressurreição como um fato histórico e teológico central para o cristianismo. Ele argumenta que, sem a ressurreição, a fé cristã perde seu fundamento, pois é por meio dela que Jesus é confirmado como o filho de Deus e senhor da vida e da morte.

Jesus Cristo e o cristianismo

Jesus Cristo é a pedra angular do cristianismo. Após sua morte e ressurreição, seus seguidores, inicialmente conhecidos como “caminho”, começaram a se organizar em comunidades de fé. Roberto Pereyra menciona que, apesar das perseguições iniciais, o cristianismo se expandiu rapidamente por todo o Império Romano devido à sua mensagem universal de amor e redenção.

 Joseph Ratzinger ressalta que o cristianismo, embora tenha se desenvolvido do judaísmo, rapidamente se diferenciou pela crença na divindade de Jesus e na Trindade, estabelecendo uma nova identidade religiosa e cultural que perdura até hoje.

Jesus Cristo em outras religiões

  • Jesus no islamismo: Jesus (Isa) é considerado um dos maiores profetas, mas não filho de Deus. O Alcorão narra o nascimento milagroso de Jesus e reconhece muitos de seus milagres, mas rejeita a crucificação, afirmando que Ele foi levado ao céu por Deus antes de ser capturado. Roberto Pereyra discute como o islã reverencia Jesus como um profeta que anunciou a vinda de Maomé, mas nega sua divindade e papel redentor. Essa visão, embora respeitosa, diverge fundamentalmente da perspectiva cristã.
Gravura medieval que representa o profeta Maomé, os patriarcas do judaísmo e Jesus em seu meio.
  • Jesus no judaísmo: Jesus é visto como um mestre ou rabino, mas não como o messias ou o filho de Deus. Pereyra explica que, enquanto a existência histórica de Jesus é geralmente aceita, suas reivindicações messiânicas e divinas são rejeitadas. Muitos estudiosos judeus acreditam que as interpretações cristãs de Jesus como messias e salvador foram influenciadas por uma leitura teológica das Escrituras hebraicas, em vez de uma base histórica sólida.

Filmes sobre Jesus Cristo

Os filmes sobre Jesus têm desempenhado um papel importante na formação do imaginário popular sobre sua vida e missão. Obras como A Paixão de Cristo (2004), dirigida por Mel Gibson, destacam o sofrimento físico e emocional de Jesus durante sua crucificação.

Atualmente, a história de Jesus Cristo é mais detalhadamente contada na série The Chosen, uma série de televisão norte-americana que narra a vida de Jesus Cristo sob uma perspectiva única, focando na história e na jornada dos personagens que o seguiram. Criada por Dallas Jenkins, a série busca humanizar e dar profundidade aos apóstolos e outras figuras bíblicas, explorando suas lutas pessoais e a transformação que suas vidas sofrem ao encontrarem Jesus.

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Curiosidades sobre Jesus Cristo

Uma curiosidade envolve a literatura indiana e a hipótese de que Jesus teria viajado para a Índia durante seus anos não documentados pelos Evangelhos, entre sua infância e o início de seu ministério público. Algumas tradições e textos apócrifos sugerem que Jesus, conhecido na Índia como Issa, teria estudado e ensinado em monastérios budistas e hindus.

Além disso, em Srinagar, na Caxemira, existe um túmulo conhecido como Roza Bal, que alguns acreditam ser o local de sepultamento de Jesus, que teria sobrevivido à crucificação e vivido o resto de sua vida na região. Embora a maioria dos estudiosos rejeite essas teorias como lendas, elas continuam a fascinar pesquisadores e aventureiros que buscam desvendar os mistérios da vida de Cristo.

Esse mistério se amplia com a ausência de registros históricos detalhados sobre a infância de Jesus, especialmente durante sua fuga para o Egito com Maria e José, um período envolto em mitos e especulações sobre os locais onde a Sagrada Família teria vivido e como Jesus teria sido educado em uma cultura estrangeira.

Além disso, a existência de uma relíquia antiga chamada Sudário de Turim (ou Santo Sudário: um pedaço de pano com o rosto de um homem) desperta, há séculos, o interesse dos cientistas:

A face do homem retratado no Sudário de Turim: a imagem do tecido é um negativo e só se revela quando fotografada.
  • Estudo da celulose: o estudo da celulose do sudário indicou um envelhecimento natural compatível com tecidos do século I, o que reforça a hipótese de autenticidade.
  • Datação por raio X e envelhecimento do linho: recentemente, estudos com a técnica de espalhamento de raio X em ângulo amplo (WAXS) analisaram a estrutura do linho do Sudário, sugerindo que o tecido data de aproximadamente 2000 anos. Isso desafia os resultados de uma análise anterior de carbono-14, que indicava uma origem medieval. A pesquisa sugere que o envelhecimento natural do linho é consistente com tecidos do século I, reforçando a hipótese de que o Sudário poderia ter sido utilizado na época de Jesus.
  • Presença de aloé e mirra: análises químicas recentes detectaram vestígios de aloé e mirra, substâncias tradicionalmente utilizadas em rituais funerários na antiga Judeia. Isso não apenas aponta para a autenticidade do tecido como um artefato religioso como também sugere que ele poderia ter sido usado para envolver o corpo de um indivíduo crucificado, em conformidade com as práticas descritas nos Evangelhos.​
  • Estudo do pólen: pesquisas botânicas encontraram grãos de pólen de plantas típicas da região do Oriente Médio, especificamente da área em torno de Jerusalém, no Sudário. Isso fortalece a tese de que o tecido esteve presente nessa região durante algum período de sua existência, contribuindo para a argumentação de que o Sudário poderia ter envolvido o corpo de Jesus.
  • Exames de fluorescência e detecção de sangue: confirmaram a presença de hemoglobina e bilirrubina, componentes do sangue humano, especialmente em áreas que correspondem às feridas de uma crucificação. Esses resultados são consistentes com o relato bíblico do martírio de Jesus, embora a interpretação dos dados continue sendo um ponto de debate entre estudiosos.​
  • Imagens tridimensionais: estudos utilizando computadores da Nasa mostraram que a imagem no Sudário tem propriedades tridimensionais, o que é incomum em uma fotografia bidimensional. Essa característica foi descrita como um “absurdo dentro da Física”, indicando que a imagem não poderia ter sido feita por meios convencionais.
  • Presença de pólens raros: análises de pólen realizadas pelo dr. Max Frei e pelo dr. Avinoan Danin identificaram espécies de plantas exclusivas da região de Jerusalém, como a Pistacia lentiscus e a Gundelia tournefortii. Isso sugere que o Sudário esteve na Terra Santa.
  • Tipo sanguíneo e DNA: as manchas de sangue no Sudário são de tipo AB+, um tipo raro, mas comum entre judeus. Análises adicionais detectaram fragmentos de DNA humano masculino.
  • Marcas de espinhos e crucificação: o Sudário apresenta marcas correspondentes a uma coroa de espinhos, algo exclusivo à crucificação de Jesus. Além disso, marcas de pregos nos pulsos e pés são consistentes com as descrições da crucificação romana.

Fontes

RATZINGER, Joseph. Box Coletânea Jesus de Nazaré: Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição / Do batismo no Jordão à transfiguração / A infância. 1. ed. São Paulo: Planeta, 2020. 720 p.

PEREYRA, R. Eu acredito no “Jesus histórico”. Kerygma, Engenheiro coelho (SP), v. 5, n. 2, p. 148–166, 2009. Disponível em: https://revistas.unasp.edu.br/kerygma/article/view/203. Acesso em: 24 set. 2024.

WRIGHT, N.T. O Novo Testamento em seu mundo: Uma introdução à história, à literatura e à teologia dos primeiros cristãos. 1. ed. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2024. 976 p.

Por Tiago Soares Campos