Os celtas foram povos com cultura e idioma semelhantes e que habitaram diferentes regiões da Europa entre 1200 a.C. e 500 d.C. O termo celta foi cunhado por gregos que enxergaram diferentes povos com culturas semelhantes como se fossem os mesmos. A romanização e cristianização das terras habitadas pelos celtas levou-os à decadência.
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Quem foram os celtas?
Celtas é a designação referente a tribos que habitaram regiões que se estendiam da Península Ibérica e Ilhas Britânicas até a Ásia Menor e viveram entre 1200 a.C. e 500 d.C. O termo “celta” não era usado pelos próprios celtas, pois foi estabelecido por gregos e romanos que registraram a existência desses povos.
Ainda, tal termo não deve ser entendido como a designação de apenas um povo, mas sim de uma série de etnias e tribos que eram diferentes umas das outras, mas tinham características parecidas, principalmente o idioma e a religião. Por isso, não podemos falar em celtas como um povo único.
A questão linguística é entendida como um dos elementos mais importantes para classificar-se se um povo era celta ou não. Alguns dos idiomas falados pelos celtas são os derivados do gaélico, como o gaélico irlandês e o escocês; e os idiomas do ramo britônico, como o bretão.
Assim os celtas não eram um povo unificado, mas um grupo muito grande de pessoas que habitava uma região muito vasta e que possuía laços de aproximação cultural. Essa aproximação cultural não significa que os celtas eram aliados uns dos outros, pois havia guerra entre eles.
Essa nomenclatura, digamos, generalizante é resultado da forma como outros povos enxergavam os celtas. A visão de gregos e romanos era externa e, portanto, ignorava ou desconhecia a variedade e diversidade existentes entre as tribos e clãs celtas.
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Origem celta
Os celtas surgiram de uma cultura originária da Europa Central, em regiões da atual Áustria e redondezas. Por volta de 1300 a.C., um grupo vasto de povos pertencia a uma cultura conhecida como Cultura dos Campos de Urnas, entendida pelos historiadores como uma cultura protocelta, isto é, uma espécie de estágio de formação da cultura celta.
Alguns especialistas do assunto consideram que a partir da Cultura Hallstatt é que se pode falar na existência de uma cultura essencialmente celta. Ela é uma evolução da Cultura dos Campos de Urnas e surgiu por volta de 1200 a.C., existindo até o século V a.C. Os povos que pertenciam à Cultura Hallstatt dominavam o bronze e, ao final dela, já começavam a dominar o ferro.
O domínio do ferro e o contato desses povos protoceltas com os gregos deram origem à Cultura La Tène por volta dos séculos VI a.C. e V a.C. Foram essas evoluções culturais que originaram a formatação pela qual ficaram conhecidos os celtas, e, na última fase cultural, esses povos já tinham alcançado diversas regiões do continente europeu.
Como mencionado, o termo “celta” consolidou-se pelo uso que os povos clássicos fizeram dele. As primeiras menções aos celtas foram feitas pelos gregos no século VI a.C. — mais especificamente por Hecateu de Mileto e Heródoto, dois eruditos conhecidos por seus trabalhos nas áreas de geografia e história.
O termo utilizado por eles foi “keltoi”, palavra que tem sua etimologia desconhecida. Além disso, os romanos também utilizavam o termo “gauleses” para referir-se aos celtas. A menção de Hecateu de Mileto referia-se a povos que habitavam região próxima de Marselha, e Heródoto referiu-se a povos que viviam próximos do Rio Danúbio.
Onde os celtas viveram?
Como já vimos, os celtas espalharam-se por regiões vastas no continente europeu. Essa difusão tão ampla é entendida pelos historiadores como resultado da procura por melhores terras para viverem, sobretudo porque, com o crescimento do território romano, os celtas começaram a ser vítimas de ataques romanos.
Essa fuga à procura de terras mais pacíficas também pode ter relação com as guerras entre tribos celtas. De toda forma, a presença celta nas Ilhas Britânicas foi maciça, e essa região tornou-se símbolo desse povo. Os celtas, no entanto, estiveram presentes também na Península Ibérica, na Europa Central, e um povo celta, conhecido como gálatas, instalou-se na Ásia Menor, onde fica a Turquia atualmente.
Cada uma dessas regiões foi habitada por uma tribo com características distintas em relação a outras tribos celtas. Podemos falar em várias delas, como os gálatas, que viveram na Ásia Menor; na região da atual Inglaterra existiram os britanni; na Península Ibérica, habitaram os lusitanni e os gallaeci; e na região da atual Bélgica, existiram os belgae. Esses são alguns exemplos de tribos celtas e dos locais em que viveram.
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Características dos celtas
Como percebemos, os celtas reuniam-se em tribos, sendo que cada tribo era resultado da junção de famílias que tinham modos de vida semelhantes. A sociedade celta era estratificada, existindo quatro principais grupos: os druidas, os nobres e guerreiros, os homens livres e os escravos. Em geral, o governo das tribos era feito por um rei.
Os druidas eram o grupo de maior prestígio na sociedade celta, e sabe-se que eram responsáveis por acumular o conhecimento filosófico assim como por elaborar e aplicar as leis, podendo aplicá-las até mesmo contra um rei. Os druidas também cumpriam o papel de sacerdotes religiosos, mas os historiadores sabem pouco sobre isso.
Os guerreiros celtas, de acordo com os registros gregos e romanos, eram lutadores ferozes e pertenciam à elite da sociedade celta. Os nobres eram cidadãos livres detentores de poderio econômico, e os cidadãos livres eram homens comuns sem o poderio econômico dos nobres. Por fim, os escravos eram prisioneiros de guerra utilizados, principalmente, em atividades relacionadas com a agricultura.
A alimentação dos celtas era majoritariamente vegetariana, uma vez que as carnes eram reservadas para momentos importantes, como os festivais religiosos|1|. A religião celta era politeísta, então eles acreditavam em mais de um deus. A religiosidade celta tinha uma forte ligação com a natureza, e por isso eles realizavam rituais em locais abertos.
Os celtas faziam sacrifícios humanos em homenagem aos seus deuses e costumavam guardar o crânio de familiares porque acreditavam que a alma da pessoa ficava nele. Nesses atos, os celtas analisavam a forma como a pessoa morria com o intuito de fazer previsões para o futuro. Existiam diferentes maneiras de um ritual de sacrifício humano ser realizado.
A decadência dos celtas tem relação direta com a romanização e a cristianização dos lugares em que eles viveram. O lugar que melhor preservou suas tradições foram as Ilhas Britânicas.
Símbolos celtas
A cultura celta permaneceu bastante presente em alguns dos lugares que eles habitaram, sobretudo nas Ilhas Britânicas. Dela uma série de símbolos popularizaram-se e tornaram-se grandes exemplos da arte desses povos. Esses símbolos, em geral, possuíam significados religiosos com origem na tradição celta que foi mantida quando esses povos foram cristianizados. Destacaremos três símbolos e seus significados.
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Tríscele
Esse símbolo é um dos mais tradicionais da cultura celta, e seu nome “tríscele” ou “triskelion” deriva do idioma grego, significando “três pernas”. Já foi encontrado na Cultura La Tène assim como na cultura grega. Acredita-se que tinha relação com a cosmogonia celta e que poderia representar três etapas de uma pessoa: vida, morte e renascimento. Outros acreditam que o símbolo representava corpo, alma e espírito (cada qual em uma das pontas). Com a cristianização dos celtas, o símbolo passou a representar a Trindade.
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Triquetra
A triquetra consiste em uma forma triangular que possui três arcos interligados entre si. É um símbolo que também foi encontrado em outras culturas, e, no caso dos celtas, tinha relação com alguns conceitos religiosos e com a visão de mundo deles. Alguns acreditam que a divisão desse símbolo em três partes representava terra, céu e mar, enquanto outros estudiosos afirmam que ele poderia estar relacionado com uma figura mitológica conhecida como Mórrigan. Com o tempo esse símbolo também foi ressignificado pelos cristãos para que também representasse a Trindade.
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Crann Bethadh
Esse símbolo é conhecido também como árvore da vida celta, uma vez que a expressão “crann bethadh” significa exatamente “árvore da vida”. É um símbolo muito comum em diversas culturas antigas, e, no caso da cultura celta, representava a harmonia e o equilíbrio das forças da natureza.
Na cultura celta, as árvores eram símbolos importantes, pois acreditava-se que elas poderiam ser portas de entrada para o mundo dos espíritos e representar os ancestrais.
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Diferenças entre vikings e celtas
É muito comum que as pessoas confundam povos antigos, uma vez que desconhecem detalhes deles. Uma dessas confusões ocorre entre vikings e celtas. Esses dois povos, apesar de terem coexistido em algumas regiões da Europa e apesar de algumas semelhanças entre si, possuíam muitas diferenças, começando pela própria origem.
Sendo assim, quando falamos de vikings e celtas, referimo-nos a diferentes povos, com diferentes crenças religiosas, tradições e visões mundo. Além disso, possuíam distinções étnicas e linguísticas. Tanto vikings quanto os celtas tiveram origem indo-europeia, portanto, possuíam essa origem distante em comum, mas seu desenvolvimento a partir de então foi muito próprio de cada um.
Os vikings eram os nórdicos que habitavam a Escandinávia no período da Era Viking (entre 793 e 1066). Eles eram descendentes dos grupos indo-europeus que se estabeleceram no norte da Europa ainda no período Neolítico e por volta de 8000 a.C. Além disso, tinham um idioma (norreno) que derivava do tronco germânico.
Os celtas, por sua vez, são entendidos como herdeiros de povos indo-europeus que se estabeleceram na região da Europa Central e que deram origem a uma cultura material conhecida como Cultura La Tène. Os idiomas falados pelos celtas eram diferentes do falado pelos vikings, pois originavam-se de outro tronco linguístico, o tronco celta.
Nota
|1| ZUTIN, Rosyléa Rodrigues. Celtas. Para acessar, clique aqui.
Créditos da imagem
[1] Susana Luzir e Shutterstock